Saltar para o conteúdo

Santanaraptor: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
→‎Classificação: adição de filogenia conforme Sayão et. al (2020)
Linha 38: Linha 38:


Apesar desta classificação, paleontólogos como Chase Brownstein contestaram a classificação, considerando que algumas das características do fóssil holótipo poderiam ser consideradas como de um [[Coelurosauria|celurossauro]] [[Basal (filogenética)|basal]] com características típicas de [[Noasauridae|noassaurídeos]].<ref>{{citar periódico|ultimo=Doran Brownstein|primeiro=Chase|titulo=Dinosaurs from the Santonian–Campanian Atlantic coastline substantiate phylogenetic signatures of vicariance in Cretaceous North America|periódico=Royal Society Open Science|ano=2021|volume=8|número=8|páginas=210127|doi=10.1098/rsos.210127|bibcode=2021RSOS....810127D}}</ref>
Apesar desta classificação, paleontólogos como Chase Brownstein contestaram a classificação, considerando que algumas das características do fóssil holótipo poderiam ser consideradas como de um [[Coelurosauria|celurossauro]] [[Basal (filogenética)|basal]] com características típicas de [[Noasauridae|noassaurídeos]].<ref>{{citar periódico|ultimo=Doran Brownstein|primeiro=Chase|titulo=Dinosaurs from the Santonian–Campanian Atlantic coastline substantiate phylogenetic signatures of vicariance in Cretaceous North America|periódico=Royal Society Open Science|ano=2021|volume=8|número=8|páginas=210127|doi=10.1098/rsos.210127|bibcode=2021RSOS....810127D}}</ref>

Abaixo segue uma [[filogenia|análise filogenética]] de ''Santanaraptor'' em Tyrannosauroidea por Sayão et. al em 2020.<ref>{{citar periódico|titulo=The frst theropod dinosaur (Coelurosauria, Theropoda) from the base of the Romualdo Formation (Albian), Araripe Basin, Northeast Brazil|periódico=[[Nature]]|idioma=inglês|ultimo1=Sayão|primeiro1=Juliana Manso|ultimo2=Saraiva|primeiro2=Antônio Álamo Feitosa|ultimo3=Brum|primeiro3=Arthur Souza|ultimo4=Bantim|primeiro4=Renan Alfredo Machado|autor5=Rafael Cesar Lima Pedroso deAndrade|ultimo6=Xin|primeiro6=Cheng|ultimo7=Silva|primeiro7= Helder de Paula|autor8=Flaviana Jorge de Lima|ultimo9=Kellner|primeiro9=Alexander|autorlink9=Alexander Kellner|url=https://www.nature.com/articles/s41598-020-67822-9.pdf?origin=ppub|doi=10.1590/0001-3765201720160918|ano=2020}}</ref>
{{clado|label1=[[Tyrannosauroidea]]
|1={{clado|1=''[[Tanycolagreus topwilsoni]]''
|2=''[[Proceratosaurus bradleyi]]''
|3={{clado|1= ''[[Guanlong wucaii]]''
|2={{clado
|1=''[[Dilong paradoxus]]''
|2={{clado|1='''''Santanaraptor placidus'''''
|3=''[[Juratyrant langhami|"Stokesosaurus" langhami]]''
|4={{clado|1=[[Tyrannosauridae]]}}}}}}}}}}}}


==Paleoambiente==
==Paleoambiente==

Revisão das 02h55min de 25 de julho de 2022

Como ler uma infocaixa de taxonomiaSantanaraptor
Ocorrência: Cretáceo Inferior 110 Ma
Reconstituição do esqueleto.
Reconstituição do esqueleto.
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Reptilia
Superordem: Dinosauria
Ordem: Saurischia
Subordem: Theropoda
Infraordem: Coelurosauria
Superfamília: Tyrannosauroidea
Gênero: Santanaraptor
Kellner, 1999
Espécie: S. placidus
Nome binomial
Santanaraptor placidus
Kellner, 1999

Santanaraptor é um gênero de dinossauro terópode do clado Tyrannosauroidea encontrado no Brasil e datado do Cretáceo Inferior (Albiano), com aproximadamente 110 milhões de anos. A espécie-tipo é denominada Santanaraptor placidus. É conhecido por um único espécime parcial com tecido mineralizado, que foi escavado em 1996 na Formação Romualdo do Grupo Santana no estado do Ceará, nordeste do Brasil.[1]

Descoberta

Esqueleto montado no Museu Nacional

O fóssil foi encontrado na Formação Romualdo em 1991, na época ainda chamada de Membro Romualdo da Formação Santana, sendo identificado pela equipe do setor de Paleovertebrados do Museu Nacional da UFRJ, chefiada pelo paleontólogo Alexander Kellner em 1996.[2] A descrição foi feita em 1999 com a designação da espécie sendo uma homenagem ao filósofo, professor santanense, fundador do Museu de Paleontologia de Santana do Cariri e reitor da Universidade Regional do Cariri, Plácido Cidade Nuvens.[3]

O holótipo (MN 4802-V) consiste sobretudo da porção posterior do animal, com 3 vértebras caudais, ísquio, tíbia, fêmur, fíbula e tecidos, que incluem epiderme, fibras musculares e possivelmente vasos sanguíneos.[1]

Descrição

Tamanho comparado

O espécime encontrado media 1,6 metros e pertencia a um juvenil. O fóssil consiste em ossos da pélvis, membros posteriores e cauda. Estes fornecem pouca informação sobre sua aparência geral. No entanto, era definitivamente um celurossauro, e alguns de seus detalhes sugerem que poderia ser um tiranossauróide. Presume-se que seja semelhante a Dilong e Guanlong, pois tinha braços longos, mãos com três dedos e membros posteriores finos.[4]

Calcula-se que o Santanaraptor adulto pudesse alcançar 2,5 metros. A descoberta foi uma das mais importantes do Brasil pois foram encontrados tecidos moles, tais como músculos e vasos sanguíneos preservados de tal maneira que estão dentre os mais bem preservados do mundo, pois conservam sua estrutura tridimensional.[3]

Classificação

Reconstituição artística com base nos táxons Dilong e Gualong e na montagem do esqueleto

Quando descoberto em 1996, Kellner percebeu se tratar de um terópode de características maniraptoranas.[2] Embora o nome possa presumir um parentesco com Dromaeosauridae, como Velociraptor, Kellner não indicou qualquer parentesco maior do que a posição do gênero em Coelurosauria e Maniraptora em 1999.[1] Em 2004, Thomas Holtz classificou o Santanaraptor como um tiranossauróide,[5] uma classificação posteriormente reafirmadas em 2018 pela dupla Rafael Decourt e Orlando Grillo.[6] Este dinossauro, portanto, amplia a distribuição paleogeográfica da superfamília Tyrannosauroidea como sendo o primeiro membro da mesma no continente de Gondwana.[5]

Apesar desta classificação, paleontólogos como Chase Brownstein contestaram a classificação, considerando que algumas das características do fóssil holótipo poderiam ser consideradas como de um celurossauro basal com características típicas de noassaurídeos.[7]

Abaixo segue uma análise filogenética de Santanaraptor em Tyrannosauroidea por Sayão et. al em 2020.[8]

Tyrannosauroidea

Tanycolagreus topwilsoni

Proceratosaurus bradleyi

Guanlong wucaii

Dilong paradoxus

Santanaraptor placidus

"Stokesosaurus" langhami

Tyrannosauridae

Paleoambiente

Recorte de estratos das formações Romualdo e Ipubi

Santanaraptor foi encontrado em rochas sedimentares terrestres pertencentes a Formação Romualdo. Esta formação, junto com a Formação Crato são produtos de uma única fase, onde sequências complicadas de estratos de sedimentos refletem condições mutáveis em mar aberto.[9] A idade da Formação Romualdo, anteriormente conhecida como o Membro Romualdo da Formação Santana, tem sido controversa, embora a maioria dos paleontólogos tenha concordado que ela se encontra na fronteira dos estágios Aptiano-Albiano, entre 112 à 108 milhões de anos atrás. No entanto, a presença de estratos do Cenomaniano não pode ser descartada.[9][10]

Esse ambiente era dominado por pterossauros, incluindo: Anhanguera, Araripedactylus, Araripesaurus, Brasileodactylus, Cearadactylus, Coloborhynchus, Santanadactylus, Tapejara, Thalassodromeus, Tupuxuara,[11] Barbosania, Maaradactylus,[12] Tropeognathus e Unwindia.[13] A fauna de dinossauros conhecida além de Santanaraptor foi representada por outros terópodes como o espinossaurídeo Irritator,[14] o compsognatídeo Mirischia,[15] um dromaeossaurídeo unenlagiineo indeterminado,[16] e um megaraptorano.[14] Os crocodiliformes Araripesuchus e Caririsuchus,[17] assim como as tartarugas Brasilemys,[18] Cearachelys,[19] Araripemys, Euraxemys,[20] e Santanachelys, são conhecidos dos depósitos.[21] Havia também camarões, moluscos, ouriços-do-mar, ostracodes e moluscos.[22] Vários fósseis de peixes bem preservados registram a presença de: tubarões hibodontes, peixes-viola, lepisosteideos, amiideos, picnodontideos, aspidorhynchideos, cladocyclideos, albulideos, chanideos, mawsoniideos e algumas formas incertas.[23] De acordo com Naish e colegas, a falta de dinossauros herbívoros pode significar que a vegetação local era escassa e, portanto, incapaz de sustentar uma grande população deles. Os abundantes terópodes carnívoros provavelmente teriam se voltado para a exuberante vida aquática como fonte primária de alimento. Eles também levantaram a hipótese de que após eventos de tempestade, carcaças de pterossauros e peixes podem ter chegado à costa, fornecendo aos terópodes muita carniça.[15] Vários animais piscívoros estavam presentes na formação, o que pode, em teoria, ter levado a alta competição. Aureliano e colegas afirmaram que deve ter havido, portanto, algum grau de divisão de nicho, onde diferentes animais teriam se alimentado de presas de tamanhos e locais variados dentro da lagoa.[14]

Ver também

Referências

  1. a b c KELLNER, A.W.A. (1999). «Short Note on a new dinosaur (Theropoda, Coelurosauria) from the Santana Formation (Romualdo Member, Albian), northeastern Brazil». Boletim do Museu Nacional (Serie Geologia). 49: 1–8 
  2. a b Alexander Kellner (4 de janeiro de 1996). «Fossilized theropod soft tissue» (PDF). Nature (em inglês). 379. Consultado em 17 de julho de 2022 
  3. a b FAPERJ (27 de agosto de 2002). «Santanaraptor». Consultado em 28 de março de 2013 
  4. Benton, Michael J. (2012). Prehistoric Life. Edimburgo, Escócia: Dorling Kindersley. p. 321. ISBN 978-0-7566-9910-9 
  5. a b Holtz, Thomas R. Jr. (2004). Tyrannosauroidea. The Dinosauria (em inglês) Second ed. [S.l.]: University of California Press 
  6. Delcourt, Rafael; Grillo, Orlando Nelson (2018). «Tyrannosauroids from the Southern Hemisphere: Implications for biogeography, evolution, and taxonomy». Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology. 511: 379–387. Bibcode:2018PPP...511..379D. doi:10.1016/j.palaeo.2018.09.003 
  7. Doran Brownstein, Chase (2021). «Dinosaurs from the Santonian–Campanian Atlantic coastline substantiate phylogenetic signatures of vicariance in Cretaceous North America». Royal Society Open Science. 8 (8). 210127 páginas. Bibcode:2021RSOS....810127D. doi:10.1098/rsos.210127 
  8. Sayão, Juliana Manso; Saraiva, Antônio Álamo Feitosa; Brum, Arthur Souza; Bantim, Renan Alfredo Machado; Rafael Cesar Lima Pedroso deAndrade; Xin, Cheng; Silva, Helder de Paula; Flaviana Jorge de Lima; Kellner, Alexander (2020). «The frst theropod dinosaur (Coelurosauria, Theropoda) from the base of the Romualdo Formation (Albian), Araripe Basin, Northeast Brazil» (PDF). Nature (em inglês). doi:10.1590/0001-3765201720160918 
  9. a b Martill, David M.; Bechly, Günter; Loveridge, Robert F. (2007). «The Crato Fossil Beds of Brazil: Window into an Ancient World». Cambridge University Press. 236 páginas. ISBN 978-1-139-46776-6. Consultado em 6 de outubro de 2018 
  10. Martill, D.M (2007). «The age of the Cretaceous Santana Formation fossil Konservat Lagerstätte of north-east Brazil: a historical review and an appraisal of the biochronostratigraphic utility of its palaeobiota». Cretaceous Research. 28: 895–920. Consultado em 6 de outubro de 2018 
  11. Barrett, Paul; Butler, Richard; Edwards, Nicholas; Milner, Andrew R. (31 de dezembro de 2008). «Pterosaur distribution in time and space: An atlas». Zitteliana Reihe B: Abhandlungen der Bayerischen Staatssammlung für Paläontologie und Geologie. 28: 61–107. Consultado em 4 de setembro de 2018. Cópia arquivada em 5 de setembro de 2018 
  12. Bantim, Renan A.M.; Saraiva, Antônio A.F.; Oliveira, Gustavo R.; Sayão, Juliana M. (2014). «A new toothed pterosaur (Pterodactyloidea: Anhangueridae) from the Early Cretaceous Romualdo Formation, NE Brazil». Zootaxa. 3869 (3): 201–223. PMID 25283914. doi:10.11646/zootaxa.3869.3.1 
  13. Martill, David M. (2011). «A new pterodactyloid pterosaur from the Santana Formation (Cretaceous) of Brazil». Cretaceous Research. 32 (2): 236–243. doi:10.1016/j.cretres.2010.12.008 
  14. a b c Aureliano, Tito; Ghilardi, Aline M.; Buck, Pedro V.; Fabbri, Matteo; Samathi, Adun; Delcourt, Rafael; Fernandes, Marcelo A.; Sander, Martin (3 de maio de 2018). «Semi-aquatic adaptations in a spinosaur from the Lower Cretaceous of Brazil». Cretaceous Research. 90: 283–295. ISSN 0195-6671. doi:10.1016/j.cretres.2018.04.024 
  15. a b Martill, David; Frey, Eberhard; Sues, Hans-Dieter; Cruickshank, Arthur R.I. (9 de fevereiro de 2011). «Skeletal remains of a small theropod dinosaur with associated soft structures from the Lower Cretaceous Santana Formation of NE Brazil». Canadian Journal of Earth Sciences. 37 (6): 891–900. Bibcode:2000CaJES..37..891M. doi:10.1139/cjes-37-6-891. Consultado em 4 de setembro de 2018. Cópia arquivada em 5 de setembro de 2018 
  16. Candeiro, Carlos Roberto A.; Cau, Andrea; Fanti, Federico; Nava, Willian R.; Novas, Fernando E. (1 de outubro de 2012). «First evidence of an unenlagiid (Dinosauria, Theropoda, Maniraptora) from the Bauru Group, Brazil». Cretaceous Research (em inglês). 37: 223–226. ISSN 0195-6671. doi:10.1016/j.cretres.2012.04.001 
  17. Figueiredo, R.G.; Kellner, A.W.A. (2009). «A new crocodylomorph specimen from the Araripe Basin (Crato Member, Santana Formation), northeastern Brazil». Paläontologische Zeitschrift. 83 (2): 323–331. doi:10.1007/s12542-009-0016-6 
  18. de Lapparent de Broin, F. (2000). «The oldest pre-Podocnemidid turtle (Chelonii, Pleurodira), from the early Cretaceous, Ceará state, Brasil, and its environment». Treballs del Museu de Geologia de Barcelona. 9: 43–95. ISSN 2385-4499. Consultado em 29 de setembro de 2018. Cópia arquivada em 20 de setembro de 2018 
  19. Gaffney, Eugene S.; de Almeida Campos, Diogenes; Hirayama, Ren (27 de fevereiro de 2001). «Cearachelys, a New Side-necked Turtle (Pelomedusoides: Bothremydidae) from the Early Cretaceous of Brazil». American Museum Novitates (3319): 1–20. doi:10.1206/0003-0082(2001)319<0001:CANSNT>2.0.CO;2. hdl:2246/2936Acessível livremente 
  20. Gaffney, Eugene S.; Tong, Haiyan; Meylan, Peter A. (2 de setembro de 2009). «Evolution of the side-necked turtles: The families Bothremydidae, Euraxemydidae, and Araripemydidae». Bulletin of the American Museum of Natural History. 300: 1–698. doi:10.1206/0003-0090(2006)300[1:EOTSTT]2.0.CO;2. hdl:2246/5824. Consultado em 29 de setembro de 2018. Cópia arquivada em 1 de outubro de 2018 
  21. Hirayama, Ren (1998). «Oldest known sea turtle». Nature (em inglês). 392 (6677): 705–708. Bibcode:1998Natur.392..705H. ISSN 0028-0836. doi:10.1038/33669 
  22. Mabesoone, J.M.; Tinoco, I.M. (1 de outubro de 1973). «Palaeoecology of the Aptian Santana Formation (Northeastern Brazil)». Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology (em inglês). 14 (2): 97–118. Bibcode:1973PPP....14...97M. ISSN 0031-0182. doi:10.1016/0031-0182(73)90006-0 
  23. Brito, Paulo; Yabumoto, Yoshitaka (2011). «An updated review of the fish faunas from the Crato and Santana formations in Brazil, a close relationship to the Tethys fauna». Bulletin of Kitakyushu Museum of Natural History and Human History, Ser. A. 9. Consultado em 6 de setembro de 2018. Cópia arquivada em 25 de setembro de 2018 


Ícone de esboço Este artigo sobre dinossauros é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.