Josef Mengele

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Josef Mengele
Josef Mengele
Apelido "O Anjo da Morte"
Dados pessoais
Nascimento 16 de março de 1911

Gunzburgo, Reino da Baviera,
 Alemanha
Morte 7 de fevereiro de 1979 (67 anos)
Bertioga, São Paulo,  Brasil
Esposas Irene Schönbein
Martha Mengele
Vida militar
País  Alemanhasta
Força Schutzstaffel
Anos de serviço 1938–1945
Hierarquia Hauptsturmführer
Batalhas Segunda Guerra Mundial
Honrarias Cruz de Ferro (1ª e 2ª Classe)
Cruz de Mérito de Guerra (2ª Classe com Espadas)
Medalha do Fronte Ocidental
Distintivo de Ferido
Decoração do Bem Estar Social
Divisa Honorária pela Velha Guarda
Assinatura

Josef Mengele (Günzburg, 16 de março de 1911Bertioga, 7 de fevereiro de 1979) foi um médico alemão que se tornou conhecido por ter atuado durante o regime nazista. O apelido de Mengele era Beppo, mas ele era conhecido como Todesengel, "O Anjo da Morte", no campo de concentração de Auschwitz.

Mengele foi oficial médico chefe da principal enfermaria do campo de Birkenau, que era parte do complexo Auschwitz-Birkenau. No entanto, não foi o oficial médico em chefe de Auschwitz; acima na hierarquia encontravam-se os médicos Eduard Wirths e Hilario Hubrichzeinen.

No fim da Segunda Guerra Mundial Josef Mengele fugiu da Alemanha passando por alguns países, até encontrar acolhida na Argentina, onde permaneceu algum tempo até que seu companheiro Adolf Eichmann foi localizado em Buenos Aires por agentes do Mossad. Mengele fugiu para o Paraguai e depois para o Brasil.

Morreu em 7 de fevereiro de 1979 na cidade de Bertioga, São Paulo como Wolfgang Gerhard. Em 1992 foi realizado na Inglaterra o exame genético feito com a amostra de sangue doada por Rolf, filho de Josef Mengele, e fragmentos de ossos do corpo exumado do cemitério de Embu das Artes pelos doutores Alec Jeffreys, da Universidade de Leicester, e Erika Hagelberg, da Universidade de Oxford, confirmando que os restos mortais eram de Josef Mengele.[1]

As experiências de Mengele

Em suas experiências com seres humanos em Auschwitz, (ver: Experimentos humanos nazistas) ele injetou tinta azul em olhos de crianças, uniu as veias de gêmeos, deixou pessoas em tanques de água gelada para testar suas resistências, amputou membros de prisioneiros e coletou milhares de órgãos em seu laboratório.

O bloco 10 no campo de Auschwitz, onde Mengele realizava as suas experiências.

A partir de 1943, os gêmeos eram seleccionados e colocados em barracões especiais. Quando na rampa de seleção localizava gêmeos, os irmãos eram colocados num recinto especial e eram tratados melhor que os restantes internos.

Praticamente todas as experiências de Mengele careciam de valor científico, mas foram financiadas pelo governo nazista. Incluíam, por exemplo, tentativas de mudar a cor dos olhos mediante injeções de substâncias químicas nos olhos de crianças, amputações diversas e outras cirurgias brutais e, pelo menos numa ocasião, uma tentativa de criar siameses artificialmente mediante a união de veias de irmãos gémeos (a operação foi um fracasso e o único resultado foi que as mãos dos pacientes se infectaram gravemente). As pessoas objeto de experiências de Mengele, no caso de sobreviverem, foram quase sempre assassinadas depois para dissecação.

Em cooperação com outros médicos, Mengele tentou também encontrar um método de esterilização em massa; muitas das vítimas foram mulheres a quem injectava diversas substâncias, sucumbindo muitas delas ou ficando estéreis noutros casos.

Mengele fez experiências com ciganos e judeus que tinham doenças hereditárias como nanismo, síndrome de Down, irmãos siameses e outras afeções. Um dos casos registrados sobre o tratamento dado aos anões, está o da Família Orvitz, conhecidos na Romênia como Trupe Lilliput, eram uma familia de artístas formada por sete anões, mais seus irmãos altos.

Também viviseccionou algumas pessoas mestiças, submergindo depois os seus cadáveres numa tina com um líquido que consumia as carnes, deixando livres os ossos. Os esqueletos eram enviados para Berlim como macabro mostruário da degeneração física dos judeus ou outros.

Por vezes realizava sessões de submersão em água gelada de prisioneiros fortes para observar as suas reações ante a hipotermia. Também cooperou com o seu equivalente da Força Aérea, o médico Sigmund Rascher da Luftwaffe, em algumas experiências em que submetia pessoas a mudanças de pressão extremas, e os indivíduos morriam com horrorosas convulsões por excessiva pressão intracraniana. Rascher foi o equivalente de Mengele na experimentação em seres humanos, mas com fins militares. A sua perversidade andava a par da de Mengele, mas a sua história e final foram muito distintos.

Devido as atrocidades cometidas por ele durante a guerra, seu título de Doutor foi revogado pelas Universidades de Frankfurt e Munique.

Mengele fez numa ocasião carregar um vagão de trem com caixões que os prisioneiros notaram "demasiado pesados para o seu volume". Os caixões iam com destino a Günzburg e alguns prisioneiros deduziram corretamente que continham lingotes de ouro, provenientes das extrações dentárias das vítimas do campo. Este foi um dos primeiros indícios de que Mengele tinha pressentido o fim da Alemanha Nazista.

A evasão

Em 26 de Novembro de 1944, Richard Baer, comandante de Auschwitz, recebeu uma estranha ordem para desmantelar a instalação, decaindo o ritmo de extermínio do campo. A ordem provinha diretamente de Adolf Hitler, e a muitos causou surpresa a situação.

Apenas 23 dias antes Mengele tinha estado na seleção de prisioneiros para enviar às câmaras de gás. Para ele a ordem não causou estranheza, pois estava convencido que a Alemanha Nazista perderia a guerra.

Mengele abandonou de forma encoberta o campo em 17 de Janeiro de 1945, e 10 dias depois o Exército Vermelho chegou ao campo e capturou seus prisioneiros.

Josef Mengele abandonou Auschwitz e foi para o antigo campo de concentração de Gross-Rosen. Em Agosto de 1944 este campo fora encerrado. Em Abril de 1945 fugiu para o oeste disfarçado como membro da infantaria regular alemã, com identidade falsa, mas foi capturado.

Como prisioneiro de guerra, cumpriu pena de prisão perto de Nuremberg. Foi libertado depois, quando se desconhecia a sua identidade. Durante os julgamentos de Nuremberg não se mencionou Josef Mengele como genocida.

Sabe-se que fugiu para a Argentina, provavelmente ainda na década de 1940. As rotas de fuga usadas por vários criminosos de guerra nazistas eram conhecidas como Ratlines.

Todavia, com a captura de Adolf Eichmann por agentes da Mossad, em Buenos Aires, Mengele decidiu fugir da Argentina e se escondeu no Paraguai para depois passar para o Brasil, onde teria vivido em Mamborê, Estado do Paraná. Lá, exercera ilegalmente a medicina, recebendo pacientes e prescrevendo medicamentos, sempre com identidade falsa. A Polícia Civil recebera a notícia do exercício ilegal da profissão, e por conta da investigação, Mengele fugiu antes da ação penal ter sido ajuizada. Prescrito esse crime, o delegado de polícia requereu o arquivamento do inquérito policial, e o Poder Judiciário assim declarou, já nos anos 80.

Ato contínuo à fuga de Mamborê, Mengele continuou seu périplo pelo Brasil, tendo residido clandestinamente em diversas localidades: Serra Negra, Assis, Marília, Nova Europa, Mogi das Cruzes, Poá e Bertioga, no estado de São Paulo, até à sua morte.[carece de fontes?]

Inacreditavelmente, nem a Mossad nem o Centro Simon Wiesenthal conseguiram localizá-lo apesar de o seu filho Rolf o ter visitado duas vezes e com ele trocar correspondência.

Sabe-se hoje que no Brasil viveu num sítio em Caieiras de propriedade de um casal de austríacos, Wolfram e Liselotte Bossert, sob o nome falso de Wolfgang Gerhard. Quando lhe perguntavam o passado, afirmava que como oficial alemão se limitava a selecionar as pessoas aptas para o trabalho e que nunca matara ninguém.

Em 1979, o seu estado de saúde estava em franca deterioração e a família austríaca que o assistia convidou-o a refrescar-se numa praia de pendente muito suave, Bertioga, no litoral paulista, Mengele aceitou. Quando alguns membros se introduziram na água, Mengele seguiu-os até alcançar uma distância de 100 m, mas a escassa profundidade. Então, por motivos confusos e nunca esclarecidos, afogou-se, apesar de um dos amigos que o acompanhava ter imediatamente dado auxílio (supôs-de cãibras, ataque cardíaco, etc., ou mesmo suicídio).

A versão oficial é que se feriu, talvez acidentalmente, com um pedaço de madeira quando nadava em Bertioga, e isso provocou a sua morte por afogamento. Causa estranheza o fato de que Mengele não sabia nadar. Os seus ossos foram exumados em 1985, no cemitério de Rosário, na cidade de Embu das Artes, na grande São Paulo. A perícia, conduzida por especialistas do IML e da FOUSP, determinou que a ossada era do médico nazista: um defeito que tinha nos dentes superiores anteriores foi comprovado, além de coincidir em idade e estatura. Em 1992, uma análise de DNA confirmou finalmente a sua identidade[2]. Mengele nunca foi punido pelas suas atitudes, falecendo praticamente sozinho no litoral paulista[3]

Mengele na ficção

A divulgação das atrocidades de Mengele levou à criação de um mito popular em volta da sua figura semi-lendária. Várias representações ficcionais de Mengele surgiram desde a Segunda Guerra Mundial.

Uma famosa versão literária ficcional de Mengele foi criada por Ira Levin, em seu livro Os meninos do Brasil (The Boys from Brazil), em que o médico consegue clonar Adolf Hitler. Em 1978, foi lançado o filme baseado no livro com Gregory Peck como Mengele.

O escritor brasileiro Pedro Bandeira também se inspirou na figura de Mengele para criar o antagonista da terceira aventura protagonizada pelo grupo Os Karas, formado por detetives juvenis. Lançado em 1995, o livro Anjo da Morte traz os heróis às voltas com o plano sórdido de um ex-oficial nazista escondido no Brasil, o temido Kurt Kraut. Apesar do nome diverso, o vilão guarda semelhanças demais com Mengele, compartilhando com ele até seu sinistro apelido, que dá título à aventura.

Mengele foi base para uma série de médicos nazistas imaginários. Entre eles o Dr. Khristian Szell (Laurence Olivier) do filme Maratona da morte (Marathon Man, 1976), também um livro de William Goldman. Há vários personagens baseados em Mengele nos quadrinhos e obras populares infanto-juvenis, e é a provável inspiração para o Doctor Schabbs, personagem do jogo de computador Wolfenstein 3D, um cientista louco que criava zumbis. Mais recentemente, o personagem Dr. Arden vivido pelo ator James Cromwell,na segunda temporada da série American Horror Story, também pode ter sido baseado na vida de Mengele.

Também serviu como base à personagem Dieter Vogel (interpretada pelo Dinamarquês Jesper Christensen) no filme A Dívida(2010) de John Madden. Neste filme a personagem tem um fim muito semelhante à de muitos lideres nazis(Como por exemplo Adolf Eichmann), tendo sido capturado por uma força especial da Mossad, com o intuito de o julgar em Israel, mas diferente do fim de Mengele.

Foi tema da música "Angel of Death" da banda de Thrash Metal Slayer lançada no Cd Reign in Blood em 1986. Mais recentemente, foi tema da música "Carbonized" da banda de Death Metal Impiety lançada em 2004 no Cd Paramount Evil e também da banda brasileira Dorsal Atlântica com a faixa "Joseph Mengele".

Algumas de suas experiências envolvendo judeus anões, foram tema do espetáculo de teatro A-5087, de Ronaldo Ventura[4].

Em 2013, a diretora de cinema argentina Lucia Puenzo produz o filme "Wakolda" (distribuido no Brasil como "O médico alemão") contando uma versão dos dias de Mengele como médico na cidade de Bariloche, na Patagônia.

Ver também

Referências

  1. Stephanie Kim Abe (Dezembro de 2012). «"Esse não é Mengele"». Revista Babel. Consultado em 3 de janeiro de 2015 
  2. (em inglês) «Scientists Decide Brazil Skeleton Is Josef Mengele.». New York Times. July 22, 1985. Consultado em 21 de março de 2008. American, Brazilian and West German scientists announced jointly today that a skeleton recently exhumed from a graveyard near here was unquestionably that of Dr. Josef Mengele.  Verifique data em: |data= (ajuda)
  3. História Abril - Josef Mengele
  4. http://curupirateatro.blogspot.com.br/p/5087.html
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