José I de Portugal

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Dom José I

Rei de Portugal

José I, c. 1773, por Miguel António do Amaral, no Museu Hermitage
Reinado 31 de julho de 1750
24 de fevereiro de 1777
Consorte Mariana Vitória de Bourbon
Coroação 8 de setembro de 1750, Lisboa
Antecessor(a) João V
Sucessor(a) Maria I
Nascimento 6 de junho de 1714
  Lisboa
Morte 24 de fevereiro de 1777 (62 anos)
Sepultado em Panteão dos Braganças, Mosteiro de São Vicente de Fora, Lisboa
Nome completo  
José Francisco António Inácio Norberto Agostinho
Herdeiro(a) Maria I (filha)
Casa Bragança
Dinastia Bragança
Pai João V
Mãe Maria Ana de Áustria
Título(s) O Reformador
Filho(s) D. Maria I
D. Maria Ana
D. Maria Francisca Doroteia
D. Maria Francisca Benedita, Princesa do Brasil

José I de Portugal (nome completo: José Francisco António Inácio Norberto Agostinho de Bragança; 6 de junho de 1714 - 24 de fevereiro de 1777), cognominado o Reformador devido às reformas que empreendeu durante o seu reinado, foi Rei de Portugal da Dinastia de Bragança desde 1750 até à sua morte. Casou, em 1729, com Mariana Vitória de Bourbon, infanta de Espanha.

Reinado

O reinado de José I é sobretudo marcado pelas políticas do seu secretário de Estado, o Marquês de Pombal, que reorganizou as leis, a economia e a sociedade portuguesa, transformando Portugal num país moderno.

Quando subiu ao trono, José I tinha à sua disposição os mesmos meios de acção governativa que os seus antecessores do século XVII, apesar do progresso económico realizado no país, na primeira metade do século XVIII.

Esta inadaptação das estruturas administrativas, jurídicas e políticas do país, juntamente com as condições económicas deficientes herdadas dos últimos anos do reinado de João V, vai obrigar o monarca a escolher os seus colaboradores entre aqueles que eram conhecidos pela sua oposição à política seguida no reinado anterior.

Diogo de Mendonça Corte-Real, Pedro da Mota e Silva e Sebastião José de Carvalho e Melo passaram a ser as personalidades em evidência, assistindo-se de 1750 a 1755 à consolidação política do poder central e ao reforço da posição do marquês de Pombal, com a consequente perda de importância dos outros ministros.

A 1 de novembro de 1755, José I e a sua família sobrevivem à destruição do Paço Real no Terremoto de Lisboa por se encontrarem na altura a passear em Santa Maria de Belém. Depois desta data, José I ganhou uma fobia a edifícios de pedra e cal, vivendo o resto da sua vida num complexo luxuoso de tendas no Alto da Ajuda em Lisboa.

D. José na sua adolescência, enquanto Príncipe do Brasil, em retrato de Pierre-Antoine Quillard.

Outro acontecimento notável do seu reinado foi a tentativa de regicídio que sofreu a 3 de setembro de 1758 e o subsequente processo dos Távoras. Os Marqueses de Távora, o Duque de Aveiro e familiares próximos, acusados da sua organização, foram executados ou colocados na prisão, enquanto que a Companhia de Jesus foi declarada ilegal e os jesuítas expulsos de Portugal e das colónias.

Uma segunda fase, de 1756 a 1764, caracteriza-se pela guerra com a Espanha e a França, pelo esmagamento da oposição interna - expulsão dos Jesuítas, reforma da Inquisição e execução de alguns nobres acusados de atentarem contra a vida do rei, entre os quais o duque de Aveiro e o marquês de Távora -, e pela criação de grandes companhias monopolistas, como a do Grão-Pará.

Uma terceira fase, até 1772 é marcada por uma grande crise económica e, até final do reinado, assiste-se à política de fomento industrial e ultramarino e à queda económica das companhias monopolistas brasileiras.

O atentado sofrido por D. José em 1758. Este atentado foi o catalizador do Processo dos Távoras.

Todo o reinado é caracterizado pela criação de instituições, especialmente no campo económico e educativo, no sentido de adaptar o País às grandes transformações que se tinham operado. Funda-se a Real Junta do Comércio, o Erário Régio, a Real Mesa Censória; reforma-se o ensino superior, cria-se o ensino secundário (Colégio dos Nobres, Aula do Comércio) e o primário (mestres régios); reorganiza-se o exército. Em matéria de política externa, José conservou a política de neutralidade adoptada por seu pai. De notar ainda, o corte de relações com a Santa Sé, que durou 10 anos.

Sucedeu-lhe a filha, a futura rainha Maria I de Portugal (Maria Francisca Isabel Josefa Antónia Gertrudes Rita Joana de Bragança); Lisboa, 17 de dezembro de 1734 — Rio de Janeiro, 20 de Março de 1816) que, antes de assumir o trono, foi Princesa do Brasil, Princesa da Beira e duquesa de Bragança. A continuidade dinástica da Casa de Bragança ficou assegurada com o seu casamento com o irmão do Rei e tio da princesa, o futuro rei Pedro III de Portugal. O casamento foi realizado no Palácio de Nossa Senhora da Ajuda, em Lisboa, a 6 de julho de 1760. Dado o casal já ter filhos quando Maria ascendeu ao trono, passou a ser o rei Pedro III, sendo ainda o 19.º duque de Bragança, 16º duque de Guimarães e 14.º duque de Barcelos, 12.º marquês de Vila Viçosa, 20º conde de Barcelos, 16.º conde de Guimarães, de Ourém, de Faria, e de Neiva, 22.º conde de Arraiolos. Tiveram quatro filhos e três filhas.

Jaz no Panteão dos Braganças, no mosteiro de São Vicente de Fora em Lisboa.

Títulos, estilos, e honrarias

Predefinição:Info/Estilos reais

Títulos e estilos

O estilo oficial de D. José I enquanto Rei de Portugal:
Pela Graça de Deus, José I, Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc.

Honrarias

Enquanto monarca de Portugal, D. José I foi Grão-Mestre das seguintes Ordens:

Genealogia

Ascendência

Descendência

Nome Retrato Longevidade Notas
Havidos de Mariana Vitória de Bourbon
(31 de março de 1718 – 15 de janeiro de 1781; casados a 19 de janeiro de 1729)
Maria I de Portugal Retrato de uma senhora de meia-idade, muito pálida, de vestido prateado com mangas de renda, um manto cor-de-rosa de pele de arminho, e uma faixa verde e vermelha com uma Cruz de Cristo pendente. Com uma peruca branca empoada e um véu fino com jóias e penas. Aponta para a Coroa Real, em cima de uma almofada de veludo numa mesa ao seu lado. 17 de dezembro de 1734 –
20 de março de 1816
Rainha de Portugal, a título próprio, de 1777 a 1816. Casou-se com o Infante D. Pedro, seu tio. Do casamento nasceram 4 filhos (um deles nado-morto) e 3 filhas.
Maria Ana Francisca, Infanta de Portugal Retrato a três quartos de uma senhora de cabelos castanhos, apanhados em duas tranças, de pé ao lado de um cravo, e envergando um vestido verde e azul e uma capa encarnada. 7 de outubro de 1736 –
16 de maio de 1813
Seguiu com a restante família real para o Brasil, onde veio a falecer.
Maria Francisca Doroteia, Infanta de Portugal Retrato a três quartos de uma senhora de cabelos castanhos, apanhados numa trança comprida, envergando um vestido de seda púrpura e uma capa verde, e empunhando um leque. 21 de setembro de 1739 –
14 de janeiro de 1771
Foi-lhe proposto casar com Luís Filipe II, Duque de Orleães (mais tarde conhecido como Philippe Égalité), mas recusou-se.
Maria Francisca Benedita, Infanta de Portugal Retrato de busto de uma senhora de meia-idade, com uma peruca empoada com um pequeno véu preso por um ramalhete de flores, com um vestido simples de cor branca. 25 de julho de 1746 –
18 de agosto de 1829
Casou-se com o sobrinho, D. José, Príncipe da Beira, em 1777. Não houve descendência. Ficou conhecida como A Princesa-Viúva por ter enviuvado precocemente e nunca ter tido voltado a casar.

Ver também

Bibliografia

  • Joel Serrão (dir.), Pequeno Dicionário de História de Portugal, Lisboa, Iniciativas Editoriais, 1976
  • Joaquim Veríssimo Serrão, História de Portugal, Volume VI: O Despotismo Iluminado (1750-1807), Lisboa, Verbo, 1982

Ligações externas

Realeza Portuguesa
Dinastia de Bragança
Descendência

Precedido por:
João V

Rei de Portugal e dos Algarves
daquém e dalém-mar em África

1750 - 1777
Seguido por:
Maria I de Portugal
(I de Bragança)
Precedido por:
Pedro de Bragança

Príncipe do Brasil

Precedido por:
João V de Portugal
(III de Bragança)

Duque de Bragança

1750 - 1777