Conflito de Xinjiang

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Conflito de Xinjiang
Data anos 1960 – presente
Local Xinjiang, China
Situação em andamento
Beligerantes
 China PRPTO
(1969–1989)
FURTO
(1969–1989)
Apoiado por:
 União Soviética União Soviética (1969–1989)
Mongólia República Popular da Mongólia (1960–1989)
Movimento Islâmico do Turquestão Oriental

OLTO (2000–2003)

Apoiado por:
al-Qaeda[1][2]
Tehrik-i-Taliban Pakistan[3]
Movimento Islâmico do Uzbequistão[4]
União da Jihad Islâmica
AESTO[5]
Lobos Cinzentos[6][7]

Hizb ut-Tahrir[8][9][10][11]
Comandantes
Xi Jinping (2012-present)
Mao Zedong (1945–1976)
Deng Xiaoping (1981–1987)
Jiang Zemin (1989–2002)
Hu Jintao (2002–2012)
Yusupbek Mukhlisi (1969–1989) Abdullah Mansour[12]
Hasan Mahsum  
Abdul Haq  
Abdul Shakoor al-Turkistani  
~1.000 mortos (2007–2015)[13][14][15]
Mapa de Xinjiang indicando a principal nacionalidade de cada prefeitura:
  maioria uigur
  maioria han
  maioria cazaque

O conflito de Xinjiang,[16] Sinquião[17][18] ou Xinjião[19] é um conflito separatista[20] na província Xinjiang no extremo-oeste da República Popular da China.[21] Grupos separatistas uigures afirmam que a região, que eles chamam de Turquestão Oriental, não é legalmente uma parte da China, mas foi invadida por ela em 1949 e desde então está sob ocupação chinesa. O movimento separatista é liderado por grupos militantes de islamistas turcos, principalmente pelo movimento de independência do Turquestão Oriental, contra o governo nacional em Pequim.[22]

Segundo o Asia-Pacific Center for Security Studies, as duas principais fontes de separatismo na província de Xinjiang são a religião e a etnia. Do ponto de vista da religião, os habitantes da região (também conhecido como uigures) em sua maioria são muçulmanos,enquanto que a maioria da população chinesa é da etnia e as principais religiões são o budismo, o confucionismo, o taoismo, ou um um sincretismo entre as três. Sua outra grande diferença e fonte de atrito, com a China Oriental é étnica. Culturalmente, os uigures têm uma semelhança maior com os povos da Ásia Central. Esta diferença ajuda a criar uma sensação de união contra um inimigo em comum. Com língua, religião e identidade étnica mais próxima aos povos da Ásia Central,do que aos chineses do leste da China, os uigures representam um desafio ao desejo do Partido Comunista de restabelecer o território que a China tinha durante o tempo do Império Chinês e foi desagregado durante a guerra civil que chegou ao fim em 1949. Com o recrudescimento do conflito em 1996, Pequim opera uma gigantesca repressão.[23][24]

Cronologia[editar | editar código-fonte]

Eventos iniciais[editar | editar código-fonte]

Alguns colocam o início da fase moderna do conflito na região de Xinjiang na década de 1950.[20]

Na década de 1980, houve uma dispersão de manifestações estudantis e revoltas contra a ação policial, que teve um aspecto étnico, e a revolta no distrito de Baren, em abril de 1990, uma revolta fracassada, resultou em mais de 50 mortes.

Pós-1990[editar | editar código-fonte]

A repressão da polícia e a execução de 30 separatistas suspeitos durante o Ramadã de 1996. Os resultados destas execuções foram sentidos em 1997, quando uma série de manifestações públicas, caracterizadas pela imprensa oficial chinesa como "tumultos",[25] Entretanto, a imprensa ocidental, alegava que as manifestações eram pacíficas.[26] Essas manifestações culminaram no Incidente de Gulja no dia 5 de fevereiro do mesmo ano, quando uma violenta repressão do Exército de Libertação Popular resultaram em nove mortes oficiais,[27] ao mesmo tempo que as lideranças uigures, alegaram que mais de 100 pessoas morreram. Em 25 de fevereiro, uma série de atentados terroristas em Ürümqi mataram nove e feriram 68. A situação em Xinjiang ficou relativamente calma por nove anos, embora as tensões inter-étnicas, sem dúvida permaneceram.Esta paz relativa durou até meados de 2006, quando algumas das tensões étnicas recrudesceram.[28]

2007-presente[editar | editar código-fonte]

A atenção do mundo foi trazida para o conflito após uma incursão em Xinjiang em outubro de 2007, quando um campo de treinamento terrorista foi descoberto na região.[29] seguida de uma tentativa frustrada de um atentado terrorista em um avião da companhia aérea China Southern Airlines[30] e uma emboscada na região que matou quatro policiais em 4 de agosto de 2008, faltando apenas quatro dias para a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Verão de 2008, na capital chinesa.[31]

Outros incidentes incluem as revoltas em julho de 2009 em Ürümqi, os distúrbios de setembro de 2009, e o atentado de Aksu em 2010, que levou ao julgamento de 376 pessoas.[32] O atentado de Cotã em julho de 2011 provocou a morte de 18 civis. Apesar de todos os executores serem de origem uigures,[33] tanto pessoas da etnia han como uigures foram vítimas.[34] Em 2011, seis homens de etnia uigur tentaram sequestrar um avião indo para Ürümqi, mas falharam depois que os passageiros e tripulantes resistiram e conseguiram desarmar os sequestradores.

Em 24 de abril de 2013,novos confrontos ocorreram entre um grupo armado e um grupo de assistentes sociais perto da cidade de Casgar. Durante a ação de forças policiais, 21 pessoas morreram, sendo que 15 eram funcionários do governo chinês.[35][36][37] Um oficial do governo local disse que os confrontos eclodiram após três autoridades locais relatarem que homens suspeitos armados com facas que estavam escondidos em uma casa no município de Selibuia, perto de Casgar.[38]

Dois meses depois, em 26 de junho de 2013, 27 pessoas foram mortas em confrontos, 17 delas foram mortas por desordeiros, enquanto as outras dez pessoas foram acusadas de serem agressores que foram mortos a tiros pela polícia no município de Lukqun.[39]

Em 1 de março de 2014, um grupo de agressores armados com facas atacaram diversas pessoas na Estação Ferroviária Central de Kunming matando pelo menos 29 pessoas e ferindo outras 130.[40] A China culpou militantes de Xinjiang pelo ataque.[41]

Críticas[editar | editar código-fonte]

Os críticos argumentam que a resposta do governo aos interesses uigures vai contribuir de uma forma rasa para a resolução desses problemas. Em um futuro próximo isso poderá afetar de forma drástica a imagem e a economia da China.[42]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Potter 2013, pp. 71-74.
  2. «Foreign terrorist organizations» (PDF). state.gov. p. 237 
  3. Potter 2013, p. 74.
  4. «Beijing, Kunming, Urumqi and Guangzhou: The Changing Landscape of Anti-Chinese Jihadists». Jamestown Foundation. 23 de maio de 2014 
  5. «About US | East Turkistan Educational and Solidarity Assocciation». maarip.org 
  6. B. Raman (24 de julho de 2012). «US & Terrorism in Xinjiang». South Asia Analysis Group. Cópia arquivada em 6 de novembro de 2014 
  7. Shimatsu, Yoichi (13 de julho de 2009). «Behind the China Riots -- Oil, Terrorism & 'Grey Wolves'». Dunhuang, China. New America Media. Cópia arquivada em 6 de novembro de 2014 
  8. 张, 竹力 (13 de julho de 2008). «新疆警方毙俘15名"圣战分子"». 中青报订阅 
  9. 张, 竹力 (13 de julho de 2008). «乌鲁木齐警方通报捣毁"圣战"分子据点经过». 青年参考 
  10. «新疆警方直捣"圣战培训班"». 佛山日报. 13 de julho de 2008. p. A3 location= 乌鲁木齐 
  11. Emmanuel Karagiannis (4 de dezembro de 2009). Political Islam in Central Asia: The Challenge of Hizb Ut-Tahrir. [S.l.]: Routledge. pp. 71–. ISBN 978-1-135-23942-8 
  12. MacLean, William (23 de novembro de 2013). «Islamist group calls Tiananmen attack 'jihadi operation': SITE». Reuters 
  13. "Beijing's Xinjiang Policy: Striking Too Hard?", The Diploat, January 23, 2015. "China’s long-running Uighur insurgency has flared up dramatically of late, with more than 900 recorded deaths in the past seven years".
  14. "The Guardian", "At least 50 reported to have died in attack on coalmine in Xinjiang in September", October 1 2015. Retrieved November 22 2015.
  15. "China says 28 foreign-led 'terrorists' killed after attack on mine". Reuters, Nov 20, 2015.
  16. The Xinjiang Conflict: Uyghur identity, Language, Policy, and Political discourse (PDF), East West center 
  17. Gonçalves, Rebelo (1947). «Sinquião». Tratado de Ortografia da Língua Portuguesa. Coimbra: Atlântida - Livraria Editora 
  18. Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. ISSN 1830-7809. Consultado em 13 de janeiro de 2022 
  19. Bibliotecas e arquivos de Portugal - Volume 3. Lisboa: Portugal. Direcção-Geral dos Assuntos Culturais. 1973. p. 29 
  20. a b Uyghur Separatist conflict, American, consultado em 3 de março de 2014, cópia arquivada em 4 de outubro de 2013 .
  21. Ismail, Mohammed Sa'id; Ismail, Mohammed Aziz (1960), Moslems in the Soviet Union and China (Privately printed pamphlet), 1, (Hejira 1380), Teerã, IR, p. 52  translation printed in Washington: JPRS 3936, 19 September 1960.
  22. Por dentro dos campos de 'reeducação' para onde são mandados muçulmanos na China, BBC .
  23. Uyghur Muslim Ethnic Separatism in Xinjiang, China - Asia-Pacific Center for Security Studies
  24. «Q&A: China and the Uighurs». BBC News 
  25. "Xinjiang to intensify crackdown on separatists", China Daily, 10/25/2001
  26. Amnesty International Document - "China: Remember the Gulja massacre? China's crackdown on peaceful protesters", Web Action WA 003/07 AI Index: ASA 17/002/2007, Start date: 01/02/2007 The amnesty.org article.
  27. Human Rights Watch
  28. See Hierman, Brent. "The Pacification of Xinjiang: Uighur Protest and the Chinese State, 1988–2002." Problems of Post-Communism, May/Jun2007, Vol. 54 Issue 3, pp 48–62
  29. «Chinese police destroy terrorist camp in Xinjiang, one policeman killed». CCTV International. 1 de outubro de 2007 
  30. Elizabeth Van Wie Davis, "China confronts its Uyghur threat," Asia Times Online, 18 April 2008.
  31. Jacobs, Andrew (5 de agosto de 2008). «Ambush in China Raises Concerns as Olympics Near». The New York Times 
  32. «China prosecuted hundreds over Xinjiang unrest». Londres: The Guardian. 17 de janeiro de 2011 
  33. Choi, Chi-yuk (22 de julho de 2011). «Ban on Islamic dress sparked Uygur attack». Cotã: South China Morning Post 
  34. Krishnan, Ananth (21 de julho de 2011). «Analysts see Pakistan terror links to Xinjiang attack». The Hindu 
  35. «China's Xinjiang hit by deadly clashes». BBC News. 24 de abril de 2013 
  36. «Violence in western Chinese region of Xinjiang kills 21». CNN. 24 de abril de 2013 
  37. «21 dead in Xinjiang terrorist clash». CNTV. 24 de abril de 2013 
  38. «Violence erupts in China's restive Xinjiang». Al Jazeera. 24 de abril de 2013 
  39. «State media: Violence leaves 27 dead in restive minority region in far western China». Washington Post 
  40. «Unidentified Assailant kills 29 at Kunming Railway Station in China». IANS. news.biharprabha.com. Consultado em 2 de março de 2014 
  41. Blanchard, Ben (1 de março de 2014). «China blames Xinjiang militants for station attack». Reuters. Chicago Tribune. Consultado em 1 de março de 2014 
  42. Hasmath, R. (2013) “Responses to Xinjiang Ethnic Unrest Do Not Address Underlying Causes”, South China Morning Post, 5 July.