Apeadeiro de Óbidos

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Óbidos
Apeadeiro de Óbidos
aspeto geral, em 2019, visto do castelo
Identificação: 62836 OBI (Óbidos)[1]
Denominação: Apeadeiro de Óbidos
Administração: Infraestruturas de Portugal (até 2020: centro;[2] após 2020: sul)[3]
Classificação: A (apeadeiro)[1]
Tipologia: D [3]
Linha(s): Linha do Oeste (PK 99+597)
Altitude: 10 m (a.n.m)
Coordenadas: 39°21′53.48″N × 9°9′32.68″W

(=+39.36486;−9.15908)

Mapa

(mais mapas: 39° 21′ 53,48″ N, 9° 09′ 32,68″ O; IGeoE)
Município: border link=ÓbidosÓbidos
Serviços:
Estação anterior Comboios de Portugal Comboios de Portugal Estação seguinte
Caldas da Rainha
terminal
  IR   Bombarral
Lisboa S.Ap.
Caldas da Rainha
terminal
  R   Dagorda-Peniche
T. Vedras
Caldas da Rainha
Leiria
Fig. Foz
    Dagorda-Peniche
Lisboa S.Ap.
Caldas da Rainha
terminal
    Dagorda-Peniche
M.S.-Meleças

Conexões:
Ligação a autocarros
Ligação a autocarros
76
Equipamentos: Acesso para pessoas de mobilidade reduzida
Inauguração: [quando?]
Diagrama:
Website:

O Apeadeiro de Óbidos (nome anteriormente grafado como "Obidos"),[4] é uma interface da Linha do Oeste, que serve a vila de Óbidos, no Distrito de Leiria, em Portugal.

Aspeto do desativado edíficio de passageiros de Óbidos, visto do castelo em outubro de 2015.

Descrição[editar | editar código-fonte]

Localização e acessos[editar | editar código-fonte]

O local do edifício de passageiros da despromovida estação e atual apeadeiro de Óbidos situa-se a noroeste do aglomerado populacional muralhado numa distância linear mímima de apenas 122 m[5] mas com um desnível de 60 m.[6] É bem visível da muralha e torres mas dista por estrada entre 1,1 km[7] e 716 m,[8] consoante o tratejo — encurtável a menos de 200 m indo por caminhos de pé-posto na encosta.[9] Todo o complexo da estação foi integrado na zona de proteção do Castelo de Óbidos instaurada em 1952, servindo a via férrea a sul da estação como limite noroeste do perímetro desta zona.[10]

Nenhuma das sete carreiras locais de autocarro do serviço camarário “Obi” (concessionado à Rodoviária do Oeste) serve o local da estação de Óbidos,[11] que é frequentado porém por uma das carreiras intermunicipais da mesma empresa (n.º 76), com 3-4 circulações diárias em período escolar (ainda que destas apenas uma passe também no centro da vila).[12] As outras carreiras rodoviárias de longo e médio curso que servem a vila têm paragem em local distante da estação[7] — a quase dois quilómetros, via EM575 e EN8=EN114 com desnível apreciável.[13]

Infraestrutura[editar | editar código-fonte]

O encerrado edifício de passageiros situa-se do lado noroeste da via (lado esquerdo do sentido ascendente, para Figueira da Foz).[14][15] Como apeadeiro numa linha de via única, esta interface tem uma só plataforma, que tem 115 m de comprimento e 50 cm de altura.[3]

A sul do apeadeiro (ao PK 98+632) existe uma passagem superior que leva a EM574-2,[16] sendo a via férrea aqui o limite poente de Pinhal, um subúrbio moderno de Óbidos.[17] A norte deste apeadeiro, já perto do limite municipal e urbano das Caldas da Rainha, existem ainda dois atravessamentos superiores da via (aos PK 101+886 e PK 101+952), que levam a A8.[16]

Serviços[editar | editar código-fonte]

Em dados de 2022, esta interface é servida por comboios de passageiros da C.P. de tipos regional e inter-regional, com dez circulações diárias em cada sentido, entre Lisboa - Santa Apolónia / Mira-Sintra - Meleças e Caldas da Rainha / Coimbra-B.[18]

História[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Linha do Oeste § História
Aviso de 1926, onde ainda aparece a denominação original, "Obidos".

Primeiros planos[editar | editar código-fonte]

Nos primeiros anos dos caminhos de ferro em Portugal, na década de 1850, as autarquias dos concelhos no Litoral Oeste começaram a exigir a construção de vias férreas pelas suas povoações, tendo defendido que a linha de Lisboa ao Porto servisse Torres Vedras, Peniche, Óbidos, Caldas da Rainha, Alcobaça e Leiria.[19] Este esforço revelou-se infrutífero, uma vez que o governo decidiu que a linha deveria ir mais longe da costa, e só em 1869 é que foi novamente planeada a instalação de uma rede ferroviária na região Oeste, no sistema ligeiro Larmanjat, de Lisboa a Alcobaça.[19] No entanto, a linha do Larmanjat não chegou a passar de Torres Vedras, tendo funcionado apenas alguns anos, devido a problemas financeiros.[19]

Planeamento e inauguração[editar | editar código-fonte]

Na Década de 1880, ressurgiu a ideia de construir um caminho de ferro pesado na região do Oeste, desta vez pela Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses.[20] Assim, este apeadeiro situa-se no lanço da Linha do Oeste entre Torres Vedras e Leiria, que abriu à exploração em 1 de Agosto de 1887.[21]

Décadas de 1910 e 1920[editar | editar código-fonte]

Em 1913, a estação de Óbidos estava servida por carreiras de diligências até A-da-Gorda, Amoreira, Serra d'El-Rei, Atouguia da Baleia e Peniche.[22]

Em Outubro de 1926, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses anexou uma carruagem de terceira classe aos comboios de mercadorias n.º 2505, entre Óbidos e Caldas da Rainha, e n.º 2540, de Óbidos a Torres Vedras, para responder ao pico de procura durante as festas e a feira de Santa Iria, em Óbidos.[23]


Pj. ferr. Rio Maior - Peniche
FF
Caldas
Rio Maior
Ss
Óbidos
Peniche
Dagorda
Lx
existentes
planeadas
FF Fig. FozSs Santarém (via Setil) • Lx Lisboa (via Cacém)

Ligação planeada à Linha do Norte[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Ramal de Rio Maior

Durante o mandato de António Cardoso Avelino na Pasta das Obras Públicas (1871-1876), fora feita uma tentativa para construir uma linha transversal de Ponte de Santana (na Linha do Norte) até São Martinho do Porto, passando pelo Cartaxo, Rio Maior, Óbidos, e Caldas da Rainha, que não teve sucesso.[24] (O eixo Óbidos - Caldas - São Martinho viria a ser integrado na Linha do Oeste, construída na década seguinte.)

Posteriormente foram feitos novos planos para uma via férrea unindo as linhas do Norte e o Oeste, e em meados do Século XX o Distrito de Santarém estava a pedir a construção de uma linha do Setil a Peniche, que deveria cruzar-se com a Linha do Oeste nas Caldas da Rainha ou em Óbidos, segundo duas correntes de opinião diferentes.[25]

Décadas de 1950 e 1960[editar | editar código-fonte]

Seis dos oito painéis azulejares alusivos à vila de Óbidos que ornamentam a estação, de autoria de Victória P. e manufatura Viúva Lamego, instalados em 1945.[26]

Em 1958, a estação de Óbidos vendeu 18 874 bilhetes, sendo os meses mais movimentados Julho, Agosto e Setembro, enquanto que os períodos mais fracos foram de Fevereiro a Maio, uma situação normal naquela altura na Linha do Oeste, devido à procura balnear.[27]

Edifício da estação em 2009, em aparente serviço de lavandaria a agremiação desportiva local.

Em 1961, a estação de Óbidos fazia serviço de passageiros e bagagens contava com cinco vias, sendo uma delas transversal[28] (esta existia desde[quando?] pelo menos 1957,[10] tendo sido removido o segmento central antes de 1977,[quando?] remanescendo duas placas giratórias, nas vias laterais, com cotos ortogonais).[29] Em termos de transporte de carga, podia receber mercadorias no regime de Pequena Velocidade, na tarifa de pequenos volumes, e expedia, em regime de vagão completo, as seguintes mercadorias: trigo, milho e outros cereais, barrotes e toros para exportação e toros para minas nacionais, gado cavalar, muar e asinino, e fios e tecidos.[30] No regime de Grande Velocidade, a principal mercadoria exportada foi frutas verdes.[30] Ainda assim, a estação de Óbidos era das menos movimentadas da Linha do Oeste, em termos de mercadorias — tendo registado apenas cerca de 3000 t em 1958, valor muito inferior aos registados em Valado, Martingança e Pataias.[31]

Comboio de entusiastas Caldas-Setúbal passando em Óbidos em 2022, vendo-se o desuso da infraestutura.

Décadas de 1990[editar | editar código-fonte]

Em 1996 a estação foi depromovida à categoria de apeadeiro, tendo sido levantadas a segunda via de circulação e todas as vias de resguardo.[26] Em 1999 edifício da estação foi cedido à Câmara Municipal de Óbidos e aí funcionou inicialmente o respetivo Gabinete Técnico Florestal, ficando mais tarde ao abandono e alvo de degradação; em finais de 2015 o edifício voltou à gestão ferroviária.[32] A estação e o seu entorno imediato permaneceram inalterados durante o grande despertar do turismo em Óbidos que se iniciou nos finais da década de 1990.[33] Em 2015 foram avançadas propostas de aproveitamento turístico do imóvel por parte de operadores privados, incluindo um ex-Presidente da Câmara Municipal de Óbidos, chegando a tutela a considerar a sua alienação.[32][34][35]

Aspeto da via a valorizar.
Ponte ferroviária sobre o rio Arnoia a norte da estação, com o castelo ao fundo.

Modernização da Linha do Oeste[editar | editar código-fonte]

Nos finais da década de 2010 foi finalmente aprovada a modernização e eletrificação da Linha do Oeste; no âmbito do projeto de 2018 para o troço a sul das Caldas da Rainha, o Apeadeiro de Óbidos irá ser alvo de remodelação a nível das plataformas e respetivo equipamento; será porém desmontado o sistema ATV (sinalização para atravessamento de via seguro) existente (ao PK 99+598), sem que seja substituído por novo — caso único nesta empreitada.[16] A modernização contemplará ainda a construção de uma nova passagem desnivelada (ao PK 99+780) que permitirá à EM575 (a “Estrada Real”) atravessar superiomente a via férrea e eliminar a passagem de nível rodoviária (ao PK 99+723) contígua à estação;[36] será ainda eliminada uma passagem de nível vizinha (ao PK 99+832) que serve um estradão agrícola.[16]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b (I.E.T. 50/56) 56.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50 : Rede Ferroviária Nacional. IMTT, 2011.10.20
  2. Diretório da Rede 2021. IP: 2019.12.09
  3. a b Diretório da Rede 2024. I.P.: 2022.12.09
  4. Ferreira de Mesquita “Aviso ao publico (9.º Aditamento ao Aviso ao público A n. 102)Gazeta dos Caminhos de Ferro 929 (1926.09.01): p. s/n [33/35]. (Toda a acentuação sic.)
  5. Distância loxodrómica entre +39,364911;-9.159067 e +39,364347;-9.157871
  6. “Castelo de Óbidos” Monumentos : Boletim da Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais 68-69. Ministério do Equipamento Social: 1952
  7. a b Posto de Turismo de Óbidos. «Como chegar». Consultado em 5 de novembro de 2022 
  8. «Cálculo de distância pedonal (39,3650; −9,1592 → 39,3643; −9,1578)». OpenStreetMaps / GraphHopper. Consultado em 8 de outubro de 2023 : 716 m: desnível acumulado de +59−14 m
  9. «Óbidos: da estação ao castelo». Consultado em 5 de novembro de 2022 
  10. a b Castelo e Vila de Óbidos : Monumento Nacional : Planta da zona de protecção Ministério do Equipamento Social: 1952
  11. «Obi : Horário de Inverno» (PDF). Consultado em 11 de julho de 2020 
  12. Rodoviária do Oeste. «Resultados da pesquisa de horários» 
  13. «Cálculo de distância rodoviária (39,3651; −9,1592 → 39,3591; −9,1574)». OpenStreetMaps / GraphHopper. Consultado em 8 de outubro de 2023 : 1850 m: desnível acumulado de +75−38 m
  14. (anónimo): Mapa 20 : Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1985), CP: Departamento de Transportes: Serviço de Estudos: Sala de Desenho / Fergráfica — Artes Gráficas L.da: Lisboa, 1985
  15. Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1988), C.P.: Direcção de Transportes: Serviço de Regulamentação e Segurança, 1988
  16. a b c d ELABORAÇÃO DO PROJETO DE MODERNIZAÇÃO DA LINHA DO OESTE – TROÇO MIRA SINTRA / MELEÇAS – CALDAS DA RAINHA, ENTRE OS KM 20+320 E 107+740 (PDF). Volume 00 – Projeto Geral. [S.l.: s.n.] 
  17. Hotel Louro. «Mapa da Vila de Óbidos». Consultado em 5 de novembro de 2022 
  18. Comboios Regionais : Linha do Oeste (em vigor desde 2022.09.20)
  19. a b c RODRIGUES et al, 1993:294-295
  20. RODRIGUES et al, 1993:297
  21. TORRES, Carlos Manitto (16 de Janeiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1682). p. 61-64. Consultado em 29 de Maio de 2014 
  22. «Serviço de Diligencias». Guia official dos caminhos de ferro de Portugal. 39 (168). Outubro de 1913. p. 152-155. Consultado em 15 de Fevereiro de 2018 
  23. «Viagens e Transportes» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 39 (932). 16 de Outubro de 1926. p. 316. Consultado em 24 de Janeiro de 2018 
  24. SERRÃO, 1986:238
  25. GALO, Jaime Jacinto (16 de Julho de 1948). «A Rêde Ferroviária de Portugal» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 60 (1454). p. 380-382. Consultado em 24 de Janeiro de 2018 
  26. a b Pedro André: “Óbidos : Guardião do OesteTrainspotter 65 (2016.01): p.34-39
  27. SILVA et al, 1961:202
  28. SILVA et al, 1961:189
  29. Sinalização da estação de Óbidos” (diagrama anexo à I.T. n.º 28), 1977
  30. a b SILVA et al, 1961:205-206
  31. SILVA et al, 1961:203
  32. a b Carlos Cipriano: “Refer e Câmara Municipal deixam estação de Óbidos esquecida e vandalizadaGazeta das Caldas (24 de Junho, 2016)
  33. O Turismo no Desenvolvimento Regional e Local PARTE II 14º Congresso da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Regional: 4 a 6 de Julho de 2008
  34. Carlos Cipriano: “Estação de Óbidos foi limpa mas continua sem águaGazeta das Caldas (22 de Julho, 2016)
  35. Carlos Cipriano: “Quer comprar a estação de Óbidos?Gazeta das Caldas (7 de Fevereiro, 2015)
  36. Não é claro pelo resumo não-técnico consultado como se articulará este desnivelamento com a ponte rodoviária (sobre o Rio Arnoia) existente nem como se restablecerá a ligação à restante rede rodoviária da atual Rua da Estação, contígua à P.N. a eliminar que cruza a EM575.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • RODRIGUES, Luís; TAVARES, Mário; SERRA, João (1993). Terra de Águas. Caldas da Rainha História e Cultura 1.ª ed. Caldas da Rainha: Câmara Municipal de Caldas da Rainha. 527 páginas 
  • SERRÃO, Joaquim Veríssimo (Março de 1986). História de Portugal: O Terceiro Liberalismo (1851-1890). Volume 9 de 19. Lisboa: Verbo. 423 páginas 
  • SILVA, Carlos; ALARCÃO, Alberto; CARDOSO, António (1961). A Região a Oeste da Serra dos Candeeiros: Estudo económico-agrícola dos concelhos de Alcobaça, Nazaré, Caldas da Rainha, Óbidos e Peniche. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 767 páginas 
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Ligações externas[editar | editar código-fonte]