Firmiano de Morais Pinto

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Firmiano de Morais Pinto
Firmiano de Morais Pinto
Firmiano de Morais Pinto
5.° Prefeito de São Paulo
Período 16 de janeiro de 1920 até 15 de janeiro de 1926
Vice-prefeito Álvaro Gomes da Rocha Azevedo (1920)
Henrique de Sousa Queirós (1920-1924)
Luís Augusto Pereira de Queirós (1924-1925)
Luciano Gualberto (1925-1926)
Antecessor(a) Álvaro Gomes da Rocha Azevedo
Sucessor(a) José Pires do Rio
Dados pessoais
Nome completo Firmiano de Morais Pinto
Nascimento 1861
Itu, SP, Brasil
Morte 1938 (77 anos)
São Paulo, SP, Brasil

Firmiano de Morais Pinto (Itu, 1861São Paulo, 1938) foi um político brasileiro. Foi deputado federal e prefeito de São Paulo de 16 de janeiro de 1920 a 15 de janeiro de 1926.

História[editar | editar código-fonte]

Em 4 de maio de 1861 nascia o filho de Francisca Emília de Morais e de Antônio José Pinto. Em Itu, no interior do estado de São Paulo, Firmiano de Morais Pinto veio ao Mundo, e sua linha familiar mais próxima era composta ainda pela irmã, chamada Albertina de Morais Pinto – que foi casada com Martinho da Silva Prado Júnior, um deputado federal paulista eleito em 1891. Era descendente de avós militares: o alfere Antônio Pinto e o capitão-mor Joaquim Vieira de Morais, de Itu e de Porto Feliz – respectivamente.  [1]

Firmiano passou a maior parte de sua vida na cidade de São Paulo, onde se formou bacharel em ciências jurídicas e sociais no ano de 1882 na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Em 1886, aos 25 anos de idade, casou-se com Cândida de Arruda Botelho, que tinha 18 e era filha do Conde do Pinhal, Antônio Carlos de Arruda Botelho, membro da elite cafeeira da época. Em 1891, Firmiano assumiu a gerência do Banco União de São Carlos a pedido de seu sogro que havia fundado o banco. Ingressou na política como secretário de polícia do Conselheiro Francisco de Carvalho Soares Brandão, que na época presidia a província de São Paulo.[2]

Sempre foi amante de cavalos e de hipismo, chegando inclusive a presidir o Jockey Club de São Paulo entre 1922 e 1925, enquanto também era prefeito da cidade de São Paulo.[3]

Posteriormente, exercendo o cargo de juiz municipal em Limeira, se tornou o primeiro juiz do Brasil a colocar a Lei Áurea em execução – tornando livres todos os escravos do município.[2] Foi deputado federal por São Paulo e sucedeu seu grande amigo Washington Luís na prefeitura da Cidade de São Paulo entre 1920 e 1926, uma de suas grandes obras foi a abertura da Praça do Patriarca em abril de 1922 e posterior inauguração em 1925. Se tornou herói nacional, reconhecido pelo Supremo Tribunal, ao defender e se manter junto da população da cidade que governava durante o período conturbado da Revolta de 1924.

Faleceu em 1938,[1] aos 77 anos, e recebeu diversos tipos de homenagens, como o grau de Comendador da Ordem Militar de Cristo, de Portugal, a 18 de dezembro de 1923.[4]

Política[editar | editar código-fonte]

Ingressou na política como secretário de polícia do Conselheiro Francisco de Carvalho Soares Brandão, que na época presidia a província de São Paulo. Posteriormente, exercendo o cargo de juiz municipal em Limeira, se tornou o primeiro juiz do Brasil a colocar a Lei Áurea em execução – tornando livres todos os escravos do município.

Com a proclamação da República do Brasil, que ocorreu em 1889, os municípios passaram a ser administrados por intendências formadas por três membros[5] (essas intendências governaram São Paulo entre 1890 e 1899, quando então Antônio da Silva Prado, o primeiro prefeito de São Paulo, assumiu) segundo o decreto de 15 de janeiro de 1890.[6] Firmiano fez parte deste grupo que governou São Paulo em 1894, mas em 1986 elegeu-se como deputado federal. Porém, logo no início de sua legislatura – em 1987 – renunciou ao cargo para se tornar Secretário do estado de São Paulo, sob a administração do então presidente do Estado; Manuel Ferraz de Campos Sales (que posteriormente se tornou o quarto presidente da república, no período de 1898 a 1902). Em 1898, se tornou secretário da Agricultura e demonstrou esforço notável para a defesa de imigrantes no estado, principalmente italianos.[1]

Voltou ao cargo de deputado federal em 1900 e se manteve na câmara dos deputados até meados de 1902. Em toda sua carreira política, Firmiano conseguiu manter boas relações com a Europa e isso acabou lhe rendendo mais um cargo diferente: foi designado comissário de São Paulo em Paris em 1912, permanecendo até 1916.[1] Em 1920, Washington Luís convidou-lhe para ser seu sucessor na Prefeitura de São Paulo, já que - de ali em diante - assumiria o cargo de governador.

Firmiano aceitou o convite de Washington Luís, concorreu à Prefeitura de São Paulo e venceu com folga as eleições. Foi prefeito, então, de 1920 a 1926, cumprindo dois mandatos (sendo reeleito nas eleições de 1922). Foi um dos grandes responsáveis pela urbanização da cidade, principalmente da região da Penha, que se resumia - basicamente- à colina. Por meio da divisão de antigas propriedades rurais, criou propriedades menores com maior potencial econômico, que acabaram dando origem às Vilas Guaiuva, Guilhermina, Esperança, Matilde, entre outras. Sua gestão também é lembrada pela retomada das obras do Parque Dom Pedro II, em 1922, que haviam sido iniciadas em meados de 1918 para abrigar o Parque das Indústrias, mas havia sido paralisada por causa da epidemia de gripe que atingiu a cidade.[2]

Como prefeito, autorizou, também, a compra do terreno que pertencia a padres da Congregação da Paixão de Jesus Cristo para construir o Cemitério São Paulo.  Estimulou, ainda, a divisão da Chácara Japão, que viria a se transformar no Jardim Europa e se tornar um dos bairros mais importantes da cidade. Foi um dos principais responsáveis pela canalização do Rio Tamanduateí por meio das obras da Avenida do Estado e do projeto de construção da Avenida Nove de Julho. Foi responsável também pela criação da Praça com o nome de José Bonifácio de Andrada e Silva, também conhecida como Praça do Patriarca.

Foi o principal criador e desenvolvedor do projeto de construção do Mercado Municipal, também no centro da cidade, próximo ao Parque Dom Pedro II. Contribuiu e incentivou a Semana de Arte Moderna de 1922, liberando o uso do Theatro Municipal para a realização do evento. Apesar de todas as contribuições estruturais e urbanas, seu maior destaque como prefeito se deu em meio à Revolução de 1924, quando foi o único governante a não abandonar seu posto após a invasão das tropas do General Isidoro Lopes que viriam a formar a Coluna Prestes.

Sem deixar a cidade em meio à bombardeios e invasões, Firmiano se manteve à frente da cidade e defendeu São Paulo e sua população de forma intransigente. Durante os 23 dias de Revolta, liderou diversos movimentos e Comissões de Emergência (Saúde, Transportes, Abastecimento, entre outras). Com a ajuda e as doações de recursos das mais poderosas e ilustres figuras da província, conseguiu manter um nível mínimo de ordem em São Paulo. É lembrado pelos casos do asfalto e da telefônica por ter viajado dia e noite, mesmo doente, para conseguir chegar em uma reunião onde se pôs favorável ao veto de um ato que, sob sua ótica, viria a prejudicar os munícipes e lesar seus interesses.[2]

Ainda sob sua gestão, o Primeiro Centenário da Independência do Brasil foi comemorado, e Firmiano foi o anfitrião das comemorações e festas,[2] recebendo o Presidente da época, Epitácio Pessoa, e o Rei Alberto da Bélgica acompanhando de sua esposa, a Rainha Elizabeth, e outras pessoas ilustres. Na época, pensando nestas comemorações e eventos, concentrou as obras urbanísticas para a inauguração do Monumento do Ipiranga, que estava sendo executada pelo escultor Ettore Ximenes.

Depois dos acontecimentos e dos atos heroicos em meio à revolta, foi acusado de cumplicidade às tropas do General Isidoro pelo Governo Federal[7] quando havia, corajosamente, enfrentado o chefe da revolta frente a frente de forma civilizada. Defendeu-se das acusações de forma brilhante e teve seu julgamento definido como ação benemérita por Sentença do Supremo Tribunal.[2] Após cumprir os dois mandatos como prefeito de São Paulo, retornou à câmara dos deputados em 1926 e permaneceu até dezembro de 1929. Se reelegeu novamente como deputado nas eleições de 1929, mas não cumpriu todo o mandato por causa da Revolução de 1930.

Vida empresarial e social[editar | editar código-fonte]

Firmiano de Morais Pinto possuía propriedades rurais no interior do estado, próximas à região de Ibaté e era amante de hipismo. Foi um grande apoiador da construção da sede da Sociedade Hípica Paulista no quarteirão formado pelas ruas Pedroso de Moraes, Mourato Coelho, Arthur de Azevedo, e Teodoro Sampaio – onde antes se localizava o Sitio Capão.[2]

Em 1904, figurou entre os fazendeiros de café que mais produziram em São Carlos, ficando na 7ª posição com 375.000 kg de café.[8]

Pouco tempo depois de se juntar ao quadro associativo do Jockey Club de São Paulo,[3] se tornou um grande proprietário e criador. Ocupou também os cargos de Diretor e de Presidente do Clube entre 1922 e 1925, enquanto ainda era Prefeito de São Paulo.  

Frequentemente visitava, junto com seu grande amigo e ex-presidente da República, Washington Luís, o Hipódromo da Mooca na Rua Bresser – onde iam sempre acompanhados de suas esposas: Cândida de Arruda Botelho e Sofia Pais de Barros.

Homenagens[editar | editar código-fonte]

Herma de Firmiano de Morais Pinto (1947), de Luiz Morrone.

Depois de sua morte, em 1938, a Cidade de São Paulo ofereceu tributo por meio de uma herma[2]

Nove anos após sua morte, um busto também foi feito em sua memória – desta vez executada pelo italiano Luiz Morrone. A obra foi inaugurada no dia 8 de fevereiro de 1947 como sinal de agradecimento por sua atuação heroica em meio aos dias difíceis da Revolução de 1924. O monumento foi imortalizado na Praça Buenos Aires, no bairro de Higienópolis.[9][10]

Em 4 de Maio de 1961 foi realizada, também, uma festa de comemoração pelo centenário do ex-prefeito e herói da cidade.

Referências

  1. a b c d «PINTO, Firmiano de Morais» (PDF) 
  2. a b c d e f g h «O Defensor da Revolução - Firmiano Morais, O Quinto Prefeito de SP». SP In Foco. 9 de junho de 2014 
  3. a b Paulo, Jockey Club de São. «Jockey Club de São Paulo». www.jockeysp.com.br. Consultado em 30 de novembro de 2018 
  4. «Entidades Estrangeiras Agraciadas com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Firmino de Moraes Pinto". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 21 de novembro de 2020 
  5. «Acervo arquivístico -Fundos Documentais Custodiados» (PDF) 
  6. «decreto n.13, de 15.01.1890». www.al.sp.gov.br. Consultado em 30 de novembro de 2018 
  7. Abreu, Alzira Alves de (3 de março de 2015). Dicionário histórico-biográfico da Primeira República (1889-1930). [S.l.]: Editora FGV. ISBN 9788522516582 
  8. Conceição, Carla Fernandes da (31 de outubro de 2017). «Reprodução social e laços de parentesco da elite do município de São Carlos/SP - 1873 a 1904.». Conversas & Controvérsias. 4 (1): 105–126. ISSN 2178-5694 
  9. Solutions, Webcore Interactive. «Monumentos de São Paulo». www.monumentos.art.br. Consultado em 30 de novembro de 2018 
  10. Departamento do Patrimônio Histórico da Prefeitura de São Paulo. «Firmiano de Morais Pinto» (PDF). Inventário de Obras de Arte em Logradouros Públicos da Cidade de São Paulo. Consultado em 13 de junho de 2020 
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