Presépio

Na tradição cristã, um presépio é a exibição especial, particularmente durante a época natalícia, de objetos de arte que representam o nascimento de Jesus.[1] Embora o termo possa ser usado para qualquer representação do tema muito comum da Natividade de Jesus na arte, ele tem um sentido mais especializado referindo-se a exibições sazonais, em particular conjuntos de figuras esculturais individuais e adereços que são dispostos para exibição.
Outros personagens da história do nascimento de Jesus, como pastores, ovelhas e anjos, podem ser exibidos perto da manjedoura em um estábulo (ou caverna) destinado a abrigar animais de fazenda, conforme descrito no Evangelho de Lucas. Um burro e um boi são tipicamente representados na cena, e os Reis Magos e seus camelos, descritos no Evangelho de Mateus, também são incluídos. Muitos também incluem uma representação da Estrela de Belém. Diversas culturas acrescentam outros personagens e objetos que podem ou não ser bíblicos.
O primeiro presépio vivo, atribuído a São Francisco de Assis, surgiu em 1223 na cidade italiana de Greccio. Francisco teria se inspirado em sua visita à Terra Santa, onde lhe foi mostrado o local tradicional do nascimento de Jesus.
Presépios e tradições distintas foram criados em todo o mundo e são exibidos durante a época natalina em igrejas, casas, shoppings e outros locais, e ocasionalmente em terrenos e prédios públicos. Os presépios não escaparam da controvérsia e, nos Estados Unidos e em países laicos como a França, sua inclusão em terrenos ou prédios públicos provocou contestações judiciais.
Origens e história inicial
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A tradição do presépio vem da Itália. Uma das primeiras representações artísticas do presépio foi encontrada na catacumba romana cristã primitiva de São Valentim.[2] Ela data de cerca do ano 380.[3] Outra, de data semelhante, está sob o púlpito em Sant'Ambrogio, Milão, esculpida no sarcófago de Estilicão.[4]
O primeiro presépio sazonal, que parece ter sido uma representação dramática em vez de escultural, é atribuído a São Francisco de Assis.[5][6] Sua criação[5] é descrita por São Boaventura em sua Vida de São Francisco de Assis c. 1260.[7]

A popularidade dos presépios inspirou muitas imitações em todos os países cristãos e, no início da era moderna, presépios esculpidos, muitas vezes exportados da Itália, foram instalados em muitas igrejas e casas cristãs.[8] Essas cenas elaboradas atingiram seu apogeu artístico no Estado Papal, na Emília, no Reino de Nápoles e em Gênova. Na tradição da Igreja Morávia, os presépios têm sido o centro do presépio de Natal, que é "construído para contar a Boa Nova da vinda do Menino Jesus" e "é o Evangelho em miniatura, desde a profecia de Isaías e a anunciação de Maria até a visita dos Reis Magos e a fuga para o Egito".[9][10]
Para os cristãos morávios, o presépio serve para celebrar "a história da maravilha do nascimento de Cristo para que o Filho de Deus possa ser acolhido nos corações dos lares no Natal".[9][10] No final do século XIX, os presépios tornaram-se muito populares em muitas denominações cristãs, e muitas versões em vários tamanhos e feitas de vários materiais, como terracota, papel, madeira, cera e marfim, foram comercializadas, muitas vezes com um cenário de fundo de um estábulo.[1]
Nos Estados Unidos, o Metropolitan Museum of Art, na cidade de Nova Iorque, exibe anualmente um presépio barroco napolitano diante de uma parede de 6,1 metros de abeto azul.[11]
Figuras do presépio
[editar | editar código]- Menino Jesus: É o filho de Deus. Foi o escolhido para ser o salvador do povo.
- Virgem Maria: É a mãe do filho de Deus. Do seu ventre, nasceu Jesus Cristo.
- São José: É o pai adotivo do Menino Jesus; foi um homem judeu, conhecido como carpinteiro de profissão.
- Gruta ou Curral: É o local simbolizado pelo presépio. O curral era onde se guardava o gado. Por isso, no presépio, o Menino Jesus fica sobre palhas, numa manjedoura.
- Manjedoura: É um lugar de aconchego onde Jesus ficou quando nasceu. É como se fosse o berço de Jesus.
- Um burro, um boi, o galo e as ovelhas: Os animais representam a simplicidade do local onde Jesus nasceu. "Jesus não nasceu em palácios, nem em lugares luxuosos, mas sim no meio dos animais". O boi representa ainda a bondade e a força pacífica e ainda o povo hebreu e o sacrifício. O burro simboliza a humildade e os pagãos.[12] O galo anuncia a chegada de Jesus numa boa nova. Já as ovelhas simbolizam além de serem os animais dos pastores querem demonstrar que Jesus veio ao mundo sacrificar-se por nós.
- Anjos: Os anjos anunciam aos pastores a chegada do filho de Deus. Eles sabem que nasceu o salvador.
- Pastores: Os pastores são homens do campo, que simbolizam a simplicidade do povo, já que Deus acolhe a todos sem se importar com sua condição social. Representam ainda o povo hebreu.[12]
- Estrela de Belém: A estrela de Belém é aquela que se coloca no alto da árvore de Natal. Foi ela que guiou os três Reis Magos quando Jesus Cristo nasceu.
- Três Reis Magos: Os três Reis Magos - Gaspar, Baltasar e Belchior - representam os povos pagãos. Eram considerados sábios. Estes três nomes simbolizam as raças distintas, representando a universalidade da Salvação. Eles vieram do Oriente conduzidos pela estrela. Chegaram à cidade de Belém, local de nascimento do Menino Jesus, trazendo presentes: mirra, ouro e incenso. O ouro representava a realeza, a mirra era símbolo da paixão e o incenso é oferecido a Deus: representa a divindade de Jesus.[12]
Ver também
[editar | editar código]Referências
- ↑ a b «Introduction to Christmas Season». General Board of Discipleship (GBOD). The United Methodist Church. 2013. Consultado em 5 de janeiro de 2015. Arquivado do original em 6 de janeiro de 2015
- ↑ Osborne, John (31 de maio de 2020). Rome in the Eighth Century: A History in Art (em inglês). [S.l.]: Cambridge University Press. ISBN 978-1-108-87372-7
- ↑ Tuleja, Thaddeus F. (1999). Curious Customs: The Stories Behind More Than 300 Popular American Rituals (em inglês). [S.l.]: BBS Publishing Corporation. ISBN 978-1-57866-070-4
- ↑ «Milano-Sant'Ambrogio – Il museo diffuso: una delle più antiche rappresentazioni della natività» (em italiano). 25 de dezembro de 2019. Consultado em 24 de dezembro de 2024
- ↑ a b Matheson, Lister M. (2012). Icons of the Middle Ages: Rulers, Writers, Rebels, and Saints (em inglês). [S.l.]: ABC-CLIO. ISBN 978-0-313-34080-2
- ↑ «#MyLivingNativity». Upper Room Books (em inglês). Consultado em 31 de outubro de 2018. Arquivado do original em 7 de novembro de 2021
- ↑ St. Bonaventure. «The Life of St. Francis of Assisi». e-Catholic 2000. Consultado em 28 de setembro de 2013. Arquivado do original em 14 de junho de 2014
- ↑ Orsini, Joseph E. (2000). Italian Family Cooking (em inglês). [S.l.]: Macmillan. ISBN 978-0-312-24225-1
- ↑ a b «The Putz and Illumination» (em inglês). Igreja dos Irmãos Morávios. 19 de novembro de 2018. Consultado em 3 de dezembro de 2023
- ↑ a b Hillinger, Charles (25 de dezembro de 1985). «The Star of Bethlehem Is Moravian Church Tradition». Los Angeles Times (em inglês). Consultado em 3 de dezembro de 2023
- ↑ «Met Museum Celebrates Christmas andHanukkah at Main Building and Cloisters | the Metropolitan Museum of Art». 17 de novembro de 2015. Consultado em 21 de dezembro de 2016. Arquivado do original em 21 de dezembro de 2016
- ↑ a b c Cf. Devellard, J.R. «Símbolos do Natal» (PDF). . In, Revista Magis – Cadernos de Fé e Cultura, vol. 39, Dezembro de 2001, p. 6-25. (Consultado em 28 de dezembro de 2012).
Ligações externas
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