Rogéria

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Rogéria
Rogéria
Rogéria no 26 Prêmio da Música Brasileira, em 2015.
Nome completo Astolfo Barroso Pinto
Outros nomes Rogéria
Nascimento 25 de maio de 1943
Cantagalo, RJ
Nacionalidade brasileira
Morte 4 de setembro de 2017 (74 anos)
Rio de Janeiro, RJ
Ocupação Atriz, cantora, maquiadora e transformista
Outros prêmios

Rogéria, de nome completo Astolfo Barroso Pinto, (Cantagalo, 25 de maio de 1943Rio de Janeiro, 4 de setembro de 2017)[1] foi uma atriz, cantora, maquiadora e transformista brasileira. Iniciou-se na carreira artística como maquiadora das celebridades na extinta TV Rio. Morou por cinco anos em Paris, onde apresentou diversos shows. Sabia cantar e falar fluentemente em francês. Em 1979, recebeu o Troféu Mambembe, pelo espetáculo que fez ao lado de Grande Otelo.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Rogéria nasceu em Cantagalo, no interior fluminense, a mesma cidade de outra figura célebre - como declarou, “Em Cantagalo, nasceu a maior bicha do Brasil – no caso, eu – e o maior macho do Brasil, Euclides da Cunha”. Desde sua infância tinha consciência de sua homossexualidade. Não sendo aceita por sua família conservadora e tradicional, saiu de casa em sua adolescência, passando a trabalhar como transformista em boates e maquiadora de celebridades. Antes disso, conseguiu emprego como jurada, no auditório da Rádio Nacional, particularmente nos programas estrelados pela cantora Emilinha Borba e de quem era fã incondicional.

Ao vencer um concurso de fantasias no carnaval de 1964, tentaram renomeá-la de Astolfo, "que fazia demais a ‘linha executivo’", para Rogério, que levou o público aos gritos de "Rogéria", inspirando seu nome artístico.[2]

Vida Pessoal[editar | editar código-fonte]

Sendo uma transformista e devido ao seu carisma e bom humor, era sempre ovacionada pelo público, tendo sido pioneira na televisão brasileira, abrindo portas para profissionais homossexuais. Ela optou por não realizar a cirurgia de redesignação sexual e também não alterou seu nome de batismo nos seus documentos. Vivia sozinha no Rio de Janeiro desde os anos 60. Era eventualmente vista pela mídia acompanhada de homens anônimos e famosos, mas por ser discreta, não assumiu nenhum relacionamento sério.

Carreira[editar | editar código-fonte]

Rogéria começou sua carreira como maquiadora da TV Rio, e ao conviver com inúmeros atores célebres teve o que descreveu como equivalente de uma estadia no Actors Studio, sendo estimulada a interpretar. Sua estreia ocorreu em 29 de maio de 1964, em um notório reduto gay de Copacabana, a Galeria Alaska.[2]

Figura frequente no cinema brasileiro, participou também como jurada em vários programas de auditório nas últimas décadas, de Chacrinha a Gilberto Barros e também Luciano Huck.

Rogéria foi coreógrafa da comissão de frente da Escola de Samba São Clemente, representando Maria, a louca, num enredo que tratava dos 200 anos da vinda da família real ao Brasil. Em sua passagem, foi recebida com carinho pelo público.

Em 2016, lançou sua biografia Rogéria – Uma mulher e mais um pouco, de Marcio Paschoal.[3]

Morte[editar | editar código-fonte]

Em 13 de julho de 2017, a atriz foi internada devido a uma infecção generalizada, permanecendo por duas semanas em uma clínica em Laranjeiras, na zona sul do Rio. Em 8 de agosto, Rogéria foi novamente internada no Hospital Unimed Barra, na Zona Oeste do Rio, devido a um quadro de infecção urinária e em 25 de agosto foi transferida da Unidade de Tratamento Intensivo do hospital para o quarto. No entanto, seu quadro clínico se agravou após uma crise convulsiva, seguida de um choque séptico, causa de sua morte em 4 de setembro de 2017, aos 74 anos.[4]

Filmografia[editar | editar código-fonte]

Televisão[editar | editar código-fonte]

Ano Programa Personagem Notas
1982 Cassino do Chacrinha Jurada[5]
1982 Estúdio A...Gildo Cantora[6]
1983 Batalha dos Astros Jurada[7]
1986 Viva a Noite Repórter
1989 Tieta Ninete Burtini / Valdemar Pinto
1997 Sai de Baixo Brigitte Episódio: "Adivinha Quem Vem Para Jantar"
1999 Você Decide Episódio: "Mulher 2000"
2000 Zorra Total Ela mesma Quadro: "Rosto a Rosto com Alberto Roberto"
2000 Ô Coitado Ela mesma Episódio: " Guerra dos Sexos"
2000 Brava Gente Sissi
2001 Brava Gente Sissi Episódio: "O Enterro da Cafetina"
2002 Desejos de Mulher Regina
2002 A Grande Família Ela mesma Episódio: "Ô Velho Gostoso"
2006 Cilada Marilene Episódio: "Carnaval"
2007 Paraíso Tropical Carolina da Silva
2007 Toma Lá, Dá Cá Tia Dolly Episódio: "Dolly Pancada Seca"
2008 Duas Caras Astolfo Barroso
2008 Dicas de um Sedutor Lulu Episódio: "Amor não Tem Idade"
2009 A Praça É Nossa Ela mesma
2010 Os Caras de Pau Seu Astolfo Episódio: "Dia dos Pais"
2011 Amor & Sexo Ela mesma Episódio: "14 de julho"
2012 Malhação Carmem Rios / Rômulo Rios
2012 Preliminares Apresentadora[8]
2013 Lado a Lado Alzira Celeste Episódios: "15-23 de fevereiro"
Com Frescura Apresentadora
Divertics Ela mesma Episódio: "15 de dezembro"
2015 Babilônia Úrsula Andressa / Oswaldo Alvarenga[9]
2015 Tá no Ar: a TV na TV Ela mesma Episódio: "26 de março"
2016 Episódio: "23 de fevereiro"
2017 Bastidores do Carnaval Comentarista Programa especial da RedeTV!

Cinema[editar | editar código-fonte]

Ano Titulo Personagem Notas Ref.
1968 Enfim Sós... Com o Outro Glorinha
1968 O Homem que Comprou o Mundo
1975 O Sexualista Cândida Arruda
1978 O Gigante da América
1979 Gugu, o Bom de Cama Ela mesma
1991 A Maldição do Sanpaku Loura
1994 A Causa Secreta Participação especial [10]
1999 Hi Fi Curta metragem
2000 Vestido Dourado
2001 Copacabana Rogéria
2016 Divinas Divas Ela mesma [11]

(2018) Rogeria - Senhor Astolfo Barroso Pinto

Teatro[editar | editar código-fonte]

Foram muitas as incursões de Rogéria nos palcos do Brasil e do mundo. Foi vedete de Carlos Machado e em 1979 ganhou o Troféu Mambembe por uma peça que fazia com Grande Otelo.[2] Em fevereiro de 1976, participou de um espetáculo chamado Alta Rotatividade – comédia na qual contracenava com a atriz Leila Cravo e os atores Agildo Ribeiro e Ary Fontoura.[12]

No ano de 2007, estreou o espetáculo 7, O Musical, sob a direção de Charles Möeller e Cláudio Botelho. No espetáculo, atua ao lado de Zezé Motta, Eliana Pittman, Alessandra Maestrini, Ida Gomes, Jarbas Homem de Mello e outros. O espetáculo estreou em São Paulo no ano de 2009.

Desde 2004 ao lado da atriz Camille K, faz uma peça com outros notórios transformistas no Teatro Rival do Rio, Divinas Divas, que ficou dez anos em cartaz.[13] A produção inspirou um documentário homônimo dirigido pela atriz Leandra Leal.[14]

Referências

  1. a b Assessoria de Comunicação da Prefeitura (2010). «Filhos Ilustres de Cantagalo». Site da Prefeitura Municipal de Cantagalo, Rio de Janeiro. Consultado em 8 de janeiro de 2013. Arquivado do original em 10 de agosto de 2011 
  2. a b c Rogéria celebra 50 anos de carreira em autobiografia, Estado de Minas
  3. Entretenimento, Portal Uai (23 de outubro de 2016). «Uma mulher como nenhuma outra». Consultado em 5 de setembro de 2017 
  4. «Atriz Rogéria morre aos 74 anos no Rio». G1 
  5. «Aos 74 anos, morre Rogéria, a 'travesti da família brasileira'». Notícias da TV. UOL. 4 de setembro de 2017. Consultado em 5 de setembro de 2017 
  6. «Morre Rogéria; relembre trabalhos da artista na TV». Gshow. Globo.com. 4 de setembro de 2017. Consultado em 5 de setembro de 2017 
  7. Rogéria revisita carreira no 'Meu Vídeo é um Show'. Vídeo Show. Rede Globo. 22 de março de 2017. Consultado em 5 de setembro de 2017 
  8. André Barcinski (4 de setembro de 2017). «Adeus, Rogéria!». Blog do Barcinski. UOL. Consultado em 5 de setembro de 2017 
  9. Bruno Astuto (9 de março de 2015). «Rogéria comemora volta às novelas em Babilônia: "Me sinto uma star"». Revista Época. Consultado em 11 de março de 2015 
  10. Cinemateca Brasileira, A Causa Secreta [em linha]
  11. País, Ediciones El (19 de outubro de 2016). «Filme retrata a primeira geração de travestis brasileiras». EL PAÍS 
  12. «A história da ex-apresentadora do Fantástico que despencou nua do motel». Glamurama. Consultado em 5 de setembro de 2017 
  13. Espetáculo ‘Divinas Divas’ faz única apresentação Teatro Rival
  14. Leandra Leal dirige documentário sobre travestis na época áurea da Cinelândia, Folha de S. Paulo

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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