Hormônio liberador de gonadotrofina: diferenças entre revisões

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[[Ficheiro:GNRH1 structure.png|miniaturadaimagem|A estrutura do GNRH1 (do PDB 1YY1)]]
{{PBPE|Hormônio liberador de gonadotrofina|hormona libertadora de gonadotrofina}} (também conhecido pela sigla '''GnRH''', do inglês ''Gonadotropin-Releasing Hormone'') é um [[hormônio]] [[peptídeo|peptídico]] liberado pelo [[hipotálamo]] que estimula a [[hipófise]] a liberar o [[hormônio folículo-estimulante]] de [[Gonadotrofina coriônica humana|gonadotrofinas]] e [[hormônio luteinizante]], que são necessários à [[gametogênese]] e a [[esteroidogênese]] de [[mamíferos]].{{sfn|Gilbert|2019|p=829}}
{{PBPE|Hormônio liberador de gonadotrofina|hormona libertadora de gonadotrofina}} (também conhecido pela sigla '''GnRH''', do inglês ''Gonadotropin-Releasing Hormone'') é um [[hormônio]] [[peptídeo|peptídico]] liberado pelo [[hipotálamo]] que estimula a [[hipófise]] a liberar o [[hormônio folículo-estimulante]] de [[Gonadotrofina coriônica humana|gonadotrofinas]] e [[hormônio luteinizante]], que são necessários à [[gametogênese]] e a [[esteroidogênese]] de [[mamíferos]].{{sfn|Gilbert|2019|p=829}} O peptídeo pertence à família de hormônios liberadores de gonadotrofinas, e constitui o passo inicial no eixo hipotálamo-hipófise-gonadal.


== Estrutura ==
{{referências}}
A identidade do GnRH foi esclarecida pelos vencedores do Nobel de 1977 Roger Guillemin e Andrew V. Schally:<ref>{{Citar web |url=https://www.nobelprize.org/prizes/medicine/1977/summary/ |titulo=The Nobel Prize in Physiology or Medicine 1977 |acessodata=2020-08-02 |website=NobelPrize.org |lingua=en-US}}</ref>

pyroGlu-His-Trp-Ser-Tyr-Gly-Leu-Arg-Pro-Gly-NH<sub>2</sub>

== Síntese ==
O gene, GNRH1, para o precursor de GnRH está localizado no cromossomo 8 e é expresso exclusivamente em uma população discreta de neurônios no hipotálamo. Nos mamíferos, o produto final do decapeptídeo linear é sintetizado a partir de um pré-hormônio de 92 aminoácidos no hipotálamo anterior pré-óptico.<ref>{{Citar web |url=https://www.grin.com/document/512579 |titulo=GRIN - Genetics Basis of Gonadotropin-Releasing Hormone GnRH |acessodata=2020-08-02 |website=www.grin.com |lingua=en}}</ref> É o alvo de vários mecanismos reguladores do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal, como o efeito bimodal do [[estrogênio]]<ref>{{Citar periódico|ultimo=Radovick|primeiro=Sally|ultimo2=Levine|primeiro2=Jon E.|ultimo3=Wolfe|primeiro3=Andrew|data=2012-04-09|titulo=Estrogenic Regulation of the GnRH Neuron|url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3356008/|jornal=Frontiers in Endocrinology|volume=3|doi=10.3389/fendo.2012.00052|issn=1664-2392|pmc=3356008|pmid=22654870}}</ref>, com influência tanto inibitória quanto estimuladora na secreção de GnRH.

== Função ==
Os terminais nervosos do GnRH envolvidos na regulação da função hipofisária anterior residem na eminência mediana, onde o GnRH é liberado na vasculatura do portal hipofisário.

De lá, ele é transportado para a [[glândula pituitária]], que contém as [[células gonadotrópicas]], onde o GnRH ativa seu próprio receptor, o [[receptor do hormônio liberador de gonadotropina]] (GnRHR), um receptor acoplado à proteína G de sete transmembranas, que estimula a ativação da [[fosfolipase C]] e a produção de [[inositol trifosfato]], que resulta na mobilização do [[cálcio]], na produção de [[diacilglicerol]] e na ativação da proteína [[Cinase|quinase C]].<ref>{{Citar periódico|ultimo=Millar|primeiro=Robert P.|data=2005-08|titulo=GnRHs and GnRH receptors|url=https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/16140177/|jornal=Animal Reproduction Science|volume=88|numero=1-2|paginas=5–28|doi=10.1016/j.anireprosci.2005.05.032|issn=0378-4320|pmid=16140177}}</ref> Isso resulta na ativação de proteínas envolvidas na síntese e secreção das gonadotrofinas LH e FSH. O GnRH é degradado por proteólise em poucos minutos.

A atividade do GnRH é muito baixa durante a infância e é reativada no início da [[puberdade]]. Os pulsos de GnRH são fundamentais para o sucesso da função reprodutiva. No entanto, uma vez estabelecida a gravidez, a atividade de GnRH não é necessária. A atividade pulsátil pode ser interrompida pela doença hipotalâmica-hipofisária, seja por disfunção (ou seja, supressão hipotalâmica) ou lesões orgânicas (trauma, tumor). Níveis elevados de [[prolactina]] diminuem a atividade de GnRH. Por outro lado, a [[hiperinsulinemia]] aumenta a atividade do pulso, levando à atividade desordenada de LH e FSH, como observado na [[Síndrome dos Ovários Policísticos|síndrome dos ovários policísticos]]. A formação de GnRH está ausente congenitamente na [[síndrome de Kallmann]].

=== Controle de FSH e LH ===
O GnRH estimula a secreção hipofisária do hormônio luteinizante (LH) e do hormônio folículo-estimulante (FSH). Esses processos são controlados pelo tamanho e frequência dos pulsos de GnRH, bem como pelo feedback de [[Andrógeno|andrógenos]] e [[estrógenos]]. Os pulsos de GnRH de baixa frequência são necessários para a liberação de [[Hormônio folículo-estimulante|FSH]], enquanto os pulsos de GnRH de alta frequência estimulam os pulsos de [[Hormônio luteinizante|LH]] de maneira individual.

Existem diferenças na secreção de GnRH entre mulheres e homens. Nos homens, o GnRH é secretado em pulsos a uma frequência constante; no entanto, nas mulheres, a frequência dos pulsos varia durante o ciclo menstrual, e há um grande aumento de GnRH imediatamente antes da ovulação.<ref>{{Citar web |url=https://www.glowm.com/section_view/item/284/recordset/18975/value/284 |titulo=Gonadotropin-releasing Hormone (GnRH) and the GnRH Receptor (GnRHR) {{!}} GLOWM |acessodata=2020-08-02 |website=www.glowm.com |lingua=en}}</ref>

A secreção de GnRH é pulsátil em todos os [[vertebrados]]<ref>{{Citar periódico|ultimo=Tsutsumi|primeiro=Rie|ultimo2=Webster|primeiro2=Nicholas J.G.|data=2009|titulo=GnRH Pulsatility, the Pituitary Response and Reproductive Dysfunction|url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4307809/|jornal=Endocrine journal|volume=56|numero=6|paginas=729–737|issn=0918-8959|pmc=4307809|pmid=19609045}}</ref> e é necessária para a correta função reprodutiva. Assim, um único hormônio, GnRH<sub>1</sub>, controla um processo complexo de crescimento folicular, [[Ovocitação|ovulação]] e manutenção do [[corpo lúteo]] na mulher e [[espermatogênese]] no homem.

=== Como um neurohormônio ===
O GnRH é considerado um [[neurohormônio]], um [[Hormona|hormônio]] produzido em uma célula neural específica e liberado em seu terminal neural. Uma área chave para a produção de GnRH é a área pré-óptica do hipotálamo, que contém a maioria dos [[Neurónio|neurônios]] secretores de GnRH. Os neurônios da GnRH se originam no nariz e migram para o cérebro, onde estão espalhados por todo o septo medial e hipotálamo e conectados por dendritos muito maiores >1 milímetro. Eles são agrupados para receberem entrada sináptica compartilhada, um processo que lhes permite sincronizar sua versão do GnRH.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Campbell|primeiro=Rebecca E.|ultimo2=Gaidamaka|primeiro2=Galina|ultimo3=Han|primeiro3=Seong-Kyu|ultimo4=Herbison|primeiro4=Allan E.|data=2009-06-30|titulo=Dendro-dendritic bundling and shared synapses between gonadotropin-releasing hormone neurons|url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2705602/|jornal=Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America|volume=106|numero=26|paginas=10835–10840|doi=10.1073/pnas.0903463106|issn=0027-8424|pmc=2705602|pmid=19541658}}</ref>

Os neurônios GnRH são regulados por muitos neurônios aferentes diferentes, usando vários transmissores diferentes (incluindo noradrenalina, GABA, glutamato).<ref>{{Citar periódico|ultimo=Plant|primeiro=Tony M.|ultimo2=Barker‐Gibb|primeiro2=Mandi L.|data=2004-01-01|titulo=Neurobiological mechanisms of puberty in higher primates|url=https://academic.oup.com/humupd/article/10/1/67/687436|jornal=Human Reproduction Update|lingua=en|volume=10|numero=1|paginas=67–77|doi=10.1093/humupd/dmh001|issn=1355-4786}}</ref>{{referências}}


== Bibliografia ==
== Bibliografia ==

Edição atual tal como às 18h11min de 2 de agosto de 2020

A estrutura do GNRH1 (do PDB 1YY1)

Hormônio liberador de gonadotrofina (português brasileiro) ou hormona libertadora de gonadotrofina (português europeu) (também conhecido pela sigla GnRH, do inglês Gonadotropin-Releasing Hormone) é um hormônio peptídico liberado pelo hipotálamo que estimula a hipófise a liberar o hormônio folículo-estimulante de gonadotrofinas e hormônio luteinizante, que são necessários à gametogênese e a esteroidogênese de mamíferos.[1] O peptídeo pertence à família de hormônios liberadores de gonadotrofinas, e constitui o passo inicial no eixo hipotálamo-hipófise-gonadal.

Estrutura[editar | editar código-fonte]

A identidade do GnRH foi esclarecida pelos vencedores do Nobel de 1977 Roger Guillemin e Andrew V. Schally:[2]

pyroGlu-His-Trp-Ser-Tyr-Gly-Leu-Arg-Pro-Gly-NH2

Síntese[editar | editar código-fonte]

O gene, GNRH1, para o precursor de GnRH está localizado no cromossomo 8 e é expresso exclusivamente em uma população discreta de neurônios no hipotálamo. Nos mamíferos, o produto final do decapeptídeo linear é sintetizado a partir de um pré-hormônio de 92 aminoácidos no hipotálamo anterior pré-óptico.[3] É o alvo de vários mecanismos reguladores do eixo hipotálamo-hipófise-gonadal, como o efeito bimodal do estrogênio[4], com influência tanto inibitória quanto estimuladora na secreção de GnRH.

Função[editar | editar código-fonte]

Os terminais nervosos do GnRH envolvidos na regulação da função hipofisária anterior residem na eminência mediana, onde o GnRH é liberado na vasculatura do portal hipofisário.

De lá, ele é transportado para a glândula pituitária, que contém as células gonadotrópicas, onde o GnRH ativa seu próprio receptor, o receptor do hormônio liberador de gonadotropina (GnRHR), um receptor acoplado à proteína G de sete transmembranas, que estimula a ativação da fosfolipase C e a produção de inositol trifosfato, que resulta na mobilização do cálcio, na produção de diacilglicerol e na ativação da proteína quinase C.[5] Isso resulta na ativação de proteínas envolvidas na síntese e secreção das gonadotrofinas LH e FSH. O GnRH é degradado por proteólise em poucos minutos.

A atividade do GnRH é muito baixa durante a infância e é reativada no início da puberdade. Os pulsos de GnRH são fundamentais para o sucesso da função reprodutiva. No entanto, uma vez estabelecida a gravidez, a atividade de GnRH não é necessária. A atividade pulsátil pode ser interrompida pela doença hipotalâmica-hipofisária, seja por disfunção (ou seja, supressão hipotalâmica) ou lesões orgânicas (trauma, tumor). Níveis elevados de prolactina diminuem a atividade de GnRH. Por outro lado, a hiperinsulinemia aumenta a atividade do pulso, levando à atividade desordenada de LH e FSH, como observado na síndrome dos ovários policísticos. A formação de GnRH está ausente congenitamente na síndrome de Kallmann.

Controle de FSH e LH[editar | editar código-fonte]

O GnRH estimula a secreção hipofisária do hormônio luteinizante (LH) e do hormônio folículo-estimulante (FSH). Esses processos são controlados pelo tamanho e frequência dos pulsos de GnRH, bem como pelo feedback de andrógenos e estrógenos. Os pulsos de GnRH de baixa frequência são necessários para a liberação de FSH, enquanto os pulsos de GnRH de alta frequência estimulam os pulsos de LH de maneira individual.

Existem diferenças na secreção de GnRH entre mulheres e homens. Nos homens, o GnRH é secretado em pulsos a uma frequência constante; no entanto, nas mulheres, a frequência dos pulsos varia durante o ciclo menstrual, e há um grande aumento de GnRH imediatamente antes da ovulação.[6]

A secreção de GnRH é pulsátil em todos os vertebrados[7] e é necessária para a correta função reprodutiva. Assim, um único hormônio, GnRH1, controla um processo complexo de crescimento folicular, ovulação e manutenção do corpo lúteo na mulher e espermatogênese no homem.

Como um neurohormônio[editar | editar código-fonte]

O GnRH é considerado um neurohormônio, um hormônio produzido em uma célula neural específica e liberado em seu terminal neural. Uma área chave para a produção de GnRH é a área pré-óptica do hipotálamo, que contém a maioria dos neurônios secretores de GnRH. Os neurônios da GnRH se originam no nariz e migram para o cérebro, onde estão espalhados por todo o septo medial e hipotálamo e conectados por dendritos muito maiores >1 milímetro. Eles são agrupados para receberem entrada sináptica compartilhada, um processo que lhes permite sincronizar sua versão do GnRH.[8]

Os neurônios GnRH são regulados por muitos neurônios aferentes diferentes, usando vários transmissores diferentes (incluindo noradrenalina, GABA, glutamato).[9]

Referências

  1. Gilbert 2019, p. 829.
  2. «The Nobel Prize in Physiology or Medicine 1977». NobelPrize.org (em inglês). Consultado em 2 de agosto de 2020 
  3. «GRIN - Genetics Basis of Gonadotropin-Releasing Hormone GnRH». www.grin.com (em inglês). Consultado em 2 de agosto de 2020 
  4. Radovick, Sally; Levine, Jon E.; Wolfe, Andrew (9 de abril de 2012). «Estrogenic Regulation of the GnRH Neuron». Frontiers in Endocrinology. 3. ISSN 1664-2392. PMC 3356008Acessível livremente. PMID 22654870. doi:10.3389/fendo.2012.00052 
  5. Millar, Robert P. (agosto de 2005). «GnRHs and GnRH receptors». Animal Reproduction Science. 88 (1-2): 5–28. ISSN 0378-4320. PMID 16140177. doi:10.1016/j.anireprosci.2005.05.032 
  6. «Gonadotropin-releasing Hormone (GnRH) and the GnRH Receptor (GnRHR) | GLOWM». www.glowm.com (em inglês). Consultado em 2 de agosto de 2020 
  7. Tsutsumi, Rie; Webster, Nicholas J.G. (2009). «GnRH Pulsatility, the Pituitary Response and Reproductive Dysfunction». Endocrine journal. 56 (6): 729–737. ISSN 0918-8959. PMC 4307809Acessível livremente. PMID 19609045 
  8. Campbell, Rebecca E.; Gaidamaka, Galina; Han, Seong-Kyu; Herbison, Allan E. (30 de junho de 2009). «Dendro-dendritic bundling and shared synapses between gonadotropin-releasing hormone neurons». Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America. 106 (26): 10835–10840. ISSN 0027-8424. PMC 2705602Acessível livremente. PMID 19541658. doi:10.1073/pnas.0903463106 
  9. Plant, Tony M.; Barker‐Gibb, Mandi L. (1 de janeiro de 2004). «Neurobiological mechanisms of puberty in higher primates». Human Reproduction Update (em inglês). 10 (1): 67–77. ISSN 1355-4786. doi:10.1093/humupd/dmh001 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Gilbert, Scott F.; Barresi, Michael J. F. (2019). Biologia do Desenvolvimento. São Paulo: Artmed 
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