Deficiência auditiva: diferenças entre revisões

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- Deficiência profunda: caso não ocorra intervenção, dificilmente a fala e a linguagem se desenvolverão. Por ser um caso mais complexo, o uso do [[Aparelho auditivo|aparelho]] e a realização de terapias fonoaudiológicas intensas podem ajudar no desenvolvimento da fala e da linguagem, porém ocorrerá de forma mais lenta e com mais dificuldade. Mesmo assim, deve-se considerar as características [[Indivíduo|individuais]], pois os resultados variarão muito.
- Deficiência profunda: caso não ocorra intervenção, dificilmente a fala e a linguagem se desenvolverão. Por ser um caso mais complexo, o uso do [[Aparelho auditivo|aparelho]] e a realização de terapias fonoaudiológicas intensas podem ajudar no desenvolvimento da fala e da linguagem, porém ocorrerá de forma mais lenta e com mais dificuldade. Mesmo assim, deve-se considerar as características [[Indivíduo|individuais]], pois os resultados variarão muito.

== Cognição e intervenção ==
Grande parte da população mundial está caminhando para o [[envelhecimento]]. Esse processo traz consigo uma série de implicações, começando pelo [[envelhecimento das células]] existentes no [[corpo humano]] principalmente as da [[audição]]. <ref>{{Citar periódico |titulo=Envelhecimento ativo e sua relação com a independência funcional |ultimo=Ferreira |primeiro5=Maria Adelaide Silva Paredes |ultimo4=Silva |primeiro4=Antonia Oliveira |ultimo3=Costa |primeiro3=Sônia Maria Gusmão |ultimo2=Maciel |primeiro2=Silvana Carneiro |primeiro=Olívia Galvão Lucena |url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0104-07072012000300004&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt |doi=10.1590/S0104-07072012000300004 |acessodata=2020-09-13 |numero=3 |paginas=513–518 |issn=0104-0707 |data=2012-09 |jornal=Texto &amp; Contexto - Enfermagem |ultimo5=Moreira}}</ref>

Não é fácil passar por esse processo sem pensar nos danos e nas intercorrências que podem acarretar na saúde do idoso, podendo afetar a sua vida como um todo, englobando os aspectos físico, emocional e social .Quando pensamos nesses aspectos estamos falando de graves complicações para o bem-estar da pessoa em idade mais avançada como o [[Diabetes mellitus|diabetes]], [[problemas cardíacos]], [[Hipertensão arterial|hipertensão]], [[visão]], [[habilidades motoras]] grossa e fina , [[perda de audição]], [[isolamento social]] ,[[doenças mentais]], entre outros.<ref>{{citar livro|título=Enfermagem na saúde do idoso|ultimo=Moleta|primeiro=Ana Carla|editora=Editora e Distribuidora Educacional S.A|ano=2017|local=Londrina|página=|páginas=208}}</ref>

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A [[cognição]] é compreendida como a capacidade em processar informações e transformá-las em conhecimento, tomando consciência de si e de suas habilidades mentais e/ ou cerebrais como a [[percepção]], [[linguagem]] ([[compreensão]] e [[fluência verbal]]), [[atenção]], associação, [[Imaginação|imaginação,]] juízo, [[Raciocínio dedutivo|raciocínio]], [[memória]], [[Tomada de decisão|tomadas de decisões]], solução de problemas e formação de estruturas complexas do [[conhecimento]]. <ref>{{Citar periódico |titulo=FLORÍSTICA DOS COMPONENTES ARBÓREO E ARBUSTIVO DO CAMPUS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA (UFSM), SANTA MARIA, RS |url=http://dx.doi.org/10.5902/2179460x19022 |jornal=Ciência e Natura |data=2016-01-31 |issn=2179-460X |numero=1 |acessodata=2020-09-13 |doi=10.5902/2179460x19022 |primeiro=Thaíssa Nunes |ultimo=Cabreira |primeiro2=Thais Scotti do |ultimo2=Canto-Dorow}}</ref>

Cuidados relacionados a saúde são necessários para que com a chegada da [[velhice]] os [[Idoso|idosos]] possam ter [[qualidade de vida]] e o mínimo de intercorrências que possam limitar as suas [[Habilidade cognitiva|habilidades]] . <ref>{{Citar periódico |titulo=Integralidade da atenção à saúde: suas expressões na organização tecnológica do trabalho em serviços locais de saúde |url=http://dx.doi.org/10.11606/t.6.2001.tde-17072013-224945 |acessodata=2020-09-13 |primeiro=Ruth Terezinha |ultimo=Kehrig}}</ref> O apoio da [[família]] para ajudar a melhorar a [[autoestima]] e o suporte de uma [[equipe interdisciplinar,]] são fundamentais para diagnosticar e orientar quanto aos cuidados que serão necessários para que desfrutem de uma vida o mais próximo possível dentro da normalidade.<ref>{{Citar periódico |titulo=A DUPLA FACE DO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO: POTÊNCIA E FRAGILIDADE |url=http://dx.doi.org/10.29327/53721-5 |publicado=UNIEDUSUL |data=2019 |isbn=978-65-80277-17-9 |paginas=46–58 |acessodata=2020-09-13 |primeiro=Ana Célia Soares |ultimo=GOMES |primeiro2=Suzana Carielo Da |ultimo2=FONSECA}}</ref> Após o [[diagnóstico]] do médico [[Otorrinolaringologia|otorrinolaringologista]] e do [[fonoaudiólogo]], serão discutidos qual será o [[aparelho auditivo]] indicado para o seu tipo de [[perda auditiva]], se a perda é unilateral ou bilateral e se há alguma [[comorbidade]] associada . &nbsp;Nestes casos poderá ser indicado o uso de [[Aparelho auditivo|aparelho de amplificação sonora individual]] (AASI), o [[implante coclear]] (IC) ou outros dispositivos que atendam à necessidade do usuário .<ref>{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.20513/2447-6595.2017v57n2 |jornal=Revista de Medicina da UFC |data=2017-08-24 |issn=2447-6595 |numero=2 |acessodata=2020-09-13 |doi=10.20513/2447-6595.2017v57n2}}</ref> Após a adaptação dos dispositivos deve-se iniciar o processo de [[reabilitação auditiva]] para que a adaptação aconteça com o mínimo de desconforto e de forma gradativa para que o [[cérebro]] se adapte aos “novos” [[Estímulo nervoso|estímulos]] recebidos .<ref>{{Citar periódico |titulo=DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM DO ALUNO COM SURDEZ/DEFICIÊNCIA AUDITIVA POR MEIO DAS HISTÓRIAS INFANTIS |url=http://dx.doi.org/10.17648/galoa-cbee-6-30578 |publicado=Galoa |data=2014-11-05 |local=Campinas - SP, Brazil |acessodata=2020-09-13 |doi=10.17648/galoa-cbee-6-30578 |primeiro=BEATRIZ |ultimo=FAVARO}}</ref>

Adaptar-se ao uso desses dispositivos é de extrema importância para a qualidade de vida dos idosos, uma vez que além do benefício referente a compreensão de fala, eles irão proporcionar a recuperação da auto estima e consequentemente a retomada do convívio social.<ref>{{Citar periódico |titulo=Qualidade de vida e autoestima de idosos na comunidade |primeiro2=Thaís Gabriela Cruz |primeiro6=Mariana Mapelli de |ultimo5=Nascimento |primeiro5=Janaina Santos |ultimo4=Pegorari |primeiro4=Maycon Sousa |ultimo3=Ferreira |primeiro3=Pollyana Cristina dos Santos |ultimo2=Matias |ultimo=Tavares |url=http://dx.doi.org/10.1590/1413-812320152111.03032016 |primeiro=Darlene Mara dos Santos |doi=10.1590/1413-812320152111.03032016 |acessodata=2020-10-22 |numero=11 |paginas=3557–3564 |issn=1413-8123 |data=2016-11 |jornal=Ciência & Saúde Coletiva |ultimo6=Paiva}}</ref>


== Diagnóstico ==
== Diagnóstico ==

Revisão das 18h11min de 26 de outubro de 2020

Deficiência auditiva
Deficiência auditiva
Símbolo Internacional da Surdez
Classificação e recursos externos
CID-10 H90-H91
CID-9 389
DiseasesDB 19942
MeSH D034381
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Deficiência auditiva (também conhecida como hipoacusia ou surdez) é a perda parcial ou total de audição. Essa perda pode ser causada por inúmeros fatores como: genética ou hereditariedade, envelhecimento (presbiacusia), exposição a ruído (perda auditiva induzida pelo ruído – PAIR), infecções (as do complexo TORCH[1]), complicações perinatais, traumas físicos, medicamentos e agentes ototóxicos.

Crianças com deficiência auditiva, congênita ou adquirida, podem apresentar dificuldades com a aquisição e desenvolvimento da linguagem oral caso não ocorra o processo de intervenção e reabilitação auditiva. Através da intervenção precoce e da reabilitação, têm-se como objetivo minimizar as dificuldades de aquisição promovendo o desenvolvimento da linguagem oral por meio da audição.[2]

Segundo uma estimativa da "Organização Mundial da Saúde", cerca de 466 milhões de pessoas no mundo convivem com problemas auditivos no ano de 2018, representando 6,1% da população mundial.[3]

Entendendo a deficiência auditiva

A audição é possível pela integridade do sistema auditivo, que capta os sons do ambiente, conduzindo-os por todas as estruturas da orelha até que o estímulo sonoro seja percebido e interpretado no córtex cerebral.

Qualquer distúrbio que aconteça entre as etapas do processo normal de audição, provocará uma alteração auditiva, que é definida como deficiência auditiva. Independente de suas causas, tipo ou severidade, as alterações auditivas devem ser evitadas em qualquer fase da vida do ser humano.[4]

A deficiência auditiva também pode ser entendida como uma diminuição na capacidade de ouvir, interferindo na audibilidade dos sons em intensidades sonoras adequadas, que são percebidos por pessoas com audição funcional.[5]

Em razão da deficiência existente, ocorrerão interferências no desenvolvimento das pessoas que a possuem. É preciso que haja uma estimulação das vias auditivas para que a aquisição e desenvolvimento da linguagem aconteçam. Quanto mais tardia for essa estimulação, menos eficiente será a habilidade de linguagem.[6][7]

Dependendo do momento em que a deficiência surge, ela pode ser considerada como congênita, pois a pessoa nasceu com a deficiência, ou adquirida, em que a deficiência se instalou no decorrer da vida. Na literatura acadêmica pode ser encontrada com os seguintes termos deficiência auditiva pré-lingual e pós-lingual.[4]

Causas

As causas de deficiência auditiva são as mais variadas. Para determinar o momento em que ocorreram, costumam ser divididas em: pré-natais, se ocorrem antes do nascimento; perinatais, no momento do nascimento; e pós-natais, quando a deficiência se dá durante o desenvolvimento da criança ou adulto.[4]

Causas pré-natais

Genética - Os fatores genéticos são muito importantes, pois casos de deficiência auditiva na família podem ser transmitidos de geração para geração. Além disso, uniões consanguíneas são um fator de risco para a deficiência auditiva. Algumas síndromes genéticas cursam com a deficiência auditiva como a síndrome de Waardenburg, síndrome de Pendred, síndrome de Usher, entre outras.[8]

Doenças - Algumas doenças contraídas durante a gestação como a rubéola, sífilis, toxoplasmose, citomegalovírus e herpes, se não tratadas adequadamente afetarão o desenvolvimento do feto, provocando a deficiência auditiva.[4]

Medicamentos e drogas – O uso pela mãe de alguns medicamentos que afetam o sistema auditivo, como a talidomida, e drogas que atingem o sistema nervoso central, são prejudiciais e de grande risco para o surgimento da deficiência auditiva.[4]

Causas perinatais

Durante o nascimento, assim como outros traumas que aconteçam no parto, o uso do fórceps pode lesionar o cérebro da criança provocando (além de outras alterações) a deficiência auditiva. Também pode faltar oxigênio para a criança, ou haver uma diminuição dele, causando um quadro de anóxia ou hipóxia, respectivamente.[4]

Causas pós-natais

Doenças - Infecções que surgem após o nascimento na orelha externa ou média, causam distúrbios na audição, como as otites muito comuns nos bebês. Doenças como meningite e caxumba ocasionam diversos problemas na criança ou adulto, deixando sequelas variadas que dependem do quadro clínico individual.[4]

Ruído - O ruído em excesso e em intensidades muito fortes são fatores que acompanham a sociedade na atualidade. Seja no ambiente de trabalho, em festas ou nos fones de ouvido, o som alto lesa as células ciliadas do Órgão de Corti e reduzem a capacidade de ouvir. O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI) no trabalho e de protetores auriculares em ambientes ruidosos podem diminuir as chances de adquirir deficiência auditiva.

Idade - O envelhecimento é parte natural do desenvolvimento. Os idosos são a parcela populacional com a maior incidência de deficiência auditiva, ocorrendo em um terço da população segundo a "OMS".³ A deficiência auditiva provocada pelo avanço da idade é chamada de presbiacusia.[4]

Classificações

As deficiências auditivas pode ser classificadas quanto ao tipo, grau e lateralidade.

Orelha
Orelha humana (região verde - orelha externa, região vermelha - orelha média e região roxa orelha interna).

Tipo

Dependendo do local da lesão no sistema auditivo, as deficiências auditivas serão classificadas em tipos específicos.[4]

Condutiva – nestes casos, a alteração se encontra na orelha externa e/ou média, como por exemplo, rolhas de cera no canal auditivo ou otite na cavidade timpânica. Dessa forma, existe um problema durante a condução do som, não permitindo que ele chegue normalmente até a cóclea. As deficiências auditivas condutivas podem ser reversíveis se forem realizados tratamentos medicamentosos ou cirúrgicos precoces e apropriados.

Sensorioneural – também chamada de neurossensorial, o acometimento está no nível sensorial e/ou neural do sistema auditivo, ou seja, acontecem desde lesões nas células ciliadas do Órgão de Corti da orelha interna, responsáveis por converter as vibrações sonoras em estímulos nervosos, ou em fibras no nervo auditivo, que conduzirão os estímulos nervosos até o córtex cerebral. Geralmente, estas deficiências são irreversíveis.

Mista – como o próprio nome já diz, as alterações se encontram tanto na orelha externa e/ou média quanto na orelha interna. Reúnem tudo o que foi dito anteriormente, assim como podem ocorrer devido a malformações cranianas devido a fatores genéticos, que acometem os ossículos da orelha média (martelo, bigorna e estribo) e a cóclea.

Central – quando as alterações se encontram a partir do tronco encefálico até as regiões subcorticais e córtex cerebral, as deficiências auditivas são classificadas como centrais. São totalmente irreversíveis.

Grau

Outra forma de classificação é quanto ao grau de comprometimento. Diversos autores classificam os graus de deficiência auditiva de diferentes maneiras, além de considerarem variações para crianças e adultos.

O grau da deficiência auditiva leva em consideração os limiares tonais, que são definidos como a menor intensidade de som que o indivíduo conseguiu detectar 50% dos estímulos apresentados. Os limiares são obtidos através da audiometria tonal liminar, um exame em que são feitas várias mensurações de intensidade sonora em relação a diferentes frequências.[4]

Classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2014) para crianças:[9][10]

  • Sem deficiência auditiva: limiar tonal até 15 dB;
  • Deficiência auditiva leve: limiar tonal entre 16 e 30 dB;
  • Deficiência auditiva moderada: limiar tonal entre 31 e 60 dB;
  • Deficiência auditiva severa: limiar tonal entre 61 e 90 dB;
  • Deficiência auditiva profunda: limiar tonal acima de 91 dB

Classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2014) para adultos:[9][10]

  • Sem deficiência auditiva: limiar tonal até 25 dB;
  • Deficiência auditiva leve: limiar tonal entre 26 e 40 dB;
  • Deficiência auditiva moderada: limiar tonal entre 41 e 60 dB;
  • Deficiência auditiva severa: limiar tonal entre 61 e 90 dB;
  • Deficiência auditiva profunda: limiar tonal acima de 91 dB

Lateralidade

Ainda pode-se classificar a deficiência auditiva se acometer somente uma orelha ou ambas, sendo denominada de unilateral ou bilateral respectivamente.[4]

Consequências

O desenvolvimento das funções biológicas dos seres humanos possuem períodos cruciais para ocorrerem e a linguagem é uma delas. A privação provocada pela deficiência auditiva em uma criança causará repercussões no desenvolvimento da linguagem e da fala, nunca atingindo por completo o seu melhor potencial. Isso fica mais claro no momento em que se pensa que o bebê com deficiência auditiva não está recebendo as informações sonoras do ambiente, como a fala de seus pais ou cuidadores, de maneira adequada.[4][7]

É preciso levar em consideração a individualidade de cada um, pois apesar da deficiência auditiva, as características também pesarão no desenvolvimento da criança. Ideia semelhante é com relação ao desenvolvimento escolar, com algumas crianças possuindo mais facilidade em matemática e outras em português. Ou seja, duas crianças podem ter o mesmo tipo e grau de deficiência auditiva, mas demonstrarão comportamentos diferentes, devido à suas individualidades e particularidades.[4]

Desse modo, é preciso realizar o tratamento o mais precoce possível, pois a audição promoverá a linguagem e a fala. Primeiro ouve-se e entende-se o que é dito, para depois começar a falar. As alterações esperadas de acordo com o grau da deficiência auditiva, de modo didático, são:[4][7]

- Deficiência leve: não ocorrem efeitos significativos nesses casos, com o desenvolvimento dando-se quase que igual a uma criança sem deficiência auditiva, mas é necessário o acompanhamento especializado de profissionais da saúde, para que seja certificado que a deficiência não progrida.

- Deficiência moderada: pode afetar e atrasar o desenvolvimento da fala e da linguagem, mas não impedirá que a criança fale. Caso haja intervenção precoce com o uso do aparelho de amplificação sonora individual e o processo terapêutico em conjunto, o desenvolvimento ocorrerá quase que normalmente.

- Deficiência severa: nesses casos, pode haver um impedimento para o desenvolvimento da fala e da linguagem, mas caso seja feita uma intervenção com o uso do aparelho, uma boa terapia fonoaudiológica e esforço contínuo dos pais/cuidadores e da criança, as informações sonoras serão utilizadas para o desenvolvimento da fala, linguagem e aprendizado.

- Deficiência profunda: caso não ocorra intervenção, dificilmente a fala e a linguagem se desenvolverão. Por ser um caso mais complexo, o uso do aparelho e a realização de terapias fonoaudiológicas intensas podem ajudar no desenvolvimento da fala e da linguagem, porém ocorrerá de forma mais lenta e com mais dificuldade. Mesmo assim, deve-se considerar as características individuais, pois os resultados variarão muito.

Cognição e intervenção

Grande parte da população mundial está caminhando para o envelhecimento. Esse processo traz consigo uma série de implicações, começando pelo envelhecimento das células existentes no corpo humano principalmente as da audição. [11]

Não é fácil passar por esse processo sem pensar nos danos e nas intercorrências que podem acarretar na saúde do idoso, podendo afetar a sua vida como um todo, englobando os aspectos físico, emocional e social .Quando pensamos nesses aspectos estamos falando de graves complicações para o bem-estar da pessoa em idade mais avançada como o diabetes, problemas cardíacos, hipertensão, visão, habilidades motoras grossa e fina , perda de audição, isolamento social ,doenças mentais, entre outros.[12]

Pesquisas nos mostram que além dos fatores relacionados a vida afetiva, a perda de audição e a demência são apontadas como fatores relevantes para o declínio da vida do idoso, principalmente aqueles relacionados a cognição. [13]

Cognição

A cognição é compreendida como a capacidade em processar informações e transformá-las em conhecimento, tomando consciência de si e de suas habilidades mentais e/ ou cerebrais como a percepção, linguagem (compreensão e fluência verbal), atenção, associação, imaginação, juízo, raciocínio, memória, tomadas de decisões, solução de problemas e formação de estruturas complexas do conhecimento. [14]

Cuidados relacionados a saúde são necessários para que com a chegada da velhice os idosos possam ter qualidade de vida e o mínimo de intercorrências que possam limitar as suas habilidades . [15] O apoio da família para ajudar a melhorar a autoestima e o suporte de uma equipe interdisciplinar, são fundamentais para diagnosticar e orientar quanto aos cuidados que serão necessários para que desfrutem de uma vida o mais próximo possível dentro da normalidade.[16] Após o diagnóstico do médico otorrinolaringologista e do fonoaudiólogo, serão discutidos qual será o aparelho auditivo indicado para o seu tipo de perda auditiva, se a perda é unilateral ou bilateral e se há alguma comorbidade associada .  Nestes casos poderá ser indicado o uso de aparelho de amplificação sonora individual (AASI), o implante coclear (IC) ou outros dispositivos que atendam à necessidade do usuário .[17] Após a adaptação dos dispositivos deve-se iniciar o processo de reabilitação auditiva para que a adaptação aconteça com o mínimo de desconforto e de forma gradativa para que o cérebro se adapte aos “novos” estímulos recebidos .[18]

Adaptar-se ao uso desses dispositivos é de extrema importância para a qualidade de vida dos idosos, uma vez que além do benefício referente a compreensão de fala, eles irão proporcionar a recuperação da auto estima e consequentemente a retomada do convívio social.[19]

Diagnóstico

Ainda na maternidade, o bebê é submetido à triagem auditiva neonatal universal (TANU), conhecida como Teste da Orelhinha, que fará a detecção de alguma alteração auditiva por meio de emissões otoacústicas evocadas.[20] Desde 2010, a Lei Nº 12.303 determina que em todos os hospitais e maternidades é obrigatória a realização gratuita do exame, assim como nas crianças que nasceram em suas residências.[21]

Outros exames realizados, além das emissões otoacústicas evocadas, são a audiometria tonal liminar, imitânciometria e a pesquisa dos potenciais evocados auditivos de tronco encefálico (PEATE ou BERA na sigla em inglês). A audiometria é uma avaliação audiológica que depende da resposta da pessoa, portanto é um teste subjetivo, e aonde serão definidos os seus limiares tonais. A imitânciometria é utilizada para verificar a integridade do sistema timpanossicular, formado pelo tímpano e os ossículos da orelha média. No PEATE a avaliação ocorre pela medição das respostas elétricas que ocorrem no tronco encefálico, quando um som é apresentado na orelha e percorre o sistema auditivo.[4]

Todos os exames são pedidos por um médico, que os escolherá de acordo com o que se deseja saber. O fonoaudiólogo é o profissional que os realizará e dará o laudo audiológico. Com os resultados em mãos, o médico fornecerá o diagnóstico, baseado também em outros exames que julgar necessários, como exames de sangue ou de imagens. A entrevista com os pais da criança ou com o próprio indivíduo adulto é indispensável tanto para o médico quanto para o fonoaudiólogo.[22]

Direitos da pessoa com deficiência auditiva no Brasil

A pessoa que possui deficiência auditiva possui direitos garantidos pela lei. Para ser destinatária desses direitos, é necessário o enquadramento nos critérios estabelecidos no Decreto n. 5.296 de 02 de dezembro de 2004 que garante direitos ao deficiente auditivo com perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz [7].

É importante observar que, atualmente, tramita pela Câmara dos Deputados um projeto de lei n. 23/2016 que possui como premissa que a deficiência auditiva é a limitação de longo prazo da audição, unilateral ou bilateral, parcial ou total, a qual, em interação com uma ou mais barreiras impostas pelo meio, obstrui a participação plena e efetiva da pessoa na sociedade, em igualdade de condições com as demais pessoas[23]. Reforçamos que esse projeto de lei está tramitando, e ainda não está em vigor, portanto os deficientes auditivos unilaterais ainda não estão contemplados pela lei.

A pessoa com deficiência auditiva que se encaixa nos critérios citados anteriormente [7] possui os direitos abaixo descritos:

Lei do Passe Livre

Por meio da Lei 213/2001 o deficiente auditivo e da fala tem o direito a passagem gratuita nos ônibus do Sistema TRANSCOL, desde que atenda aos critérios estabelecidos na Lei [24].

Desconto de 50% em eventos culturais e esportivos

A pessoa com deficiência auditiva possui direito à desconto de 50% em eventos artísticos, de entretenimento, esportivos e culturais, inclusive com acompanhante quando necessário, sendo que este terá idêntico benefício no evento, garantia prevista pela Lei 12.933/2013 [25].

Aposentadoria especial

De acordo com a Lei Complementar 142/2013 os deficientes auditivos possuem direito à aposentadoria especial, o que significa que podem se aposentar mais cedo dependendo do grau de perda auditiva. Para alcançar tal direito, é necessário passar por perícia no INSS com o objetivo de averiguar qual a gravidade da perda. [26]

LIBRAS

Por meio da Lei 10.436/2002 ao deficiente auditivo é garantido o atendimento e o tratamento adequado às pessoas com deficiência auditiva em instituições públicas, empresas concessionárias, universidades e instituições de ensino [27].

Ensino

O governo federal por meio do Decreto 6.094/2007 institui a implementação do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação para a colaboração entre Estados e Municípios com o objetivo de capacitar professores e outros profissionais na inclusão do deficiente auditivo, de forma a melhorar a qualidade da educação básica[28]. Ainda com o mesmo objetivo, a Lei 11.096/2005 instituiu o Programa Universidade para Todos - PROUNI que estabelece aos deficientes auditivos prioridade para bolsas de estudo em cursos de graduação em instituições privadas [29]

Ver também

Ligações externas

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Referências

  1. NICÁCIO, Dayla Brito et al (2015). Toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus e hepatite: a enfermagem na atenção durante o pré-natal. Maceió: Cadernos de graduação.
  2. SOBREIRA, Ana Carolina de Oliveira et al (2015). Desenvolvimento de fala e linguagem na deficiência auditiva: relato de dois casos. São Paulo: Rev. CEFAC.
  3. World Health Organization, WHO (2018) Global estimates on prevalence of hearing loss.
  4. a b c d e f g h i j k l m n o BEVILACQUA, Maria Cecília (1998). Conceitos básicos sobre a audição e deficiência auditiva. Bauru: HPRLLP-USP.
  5. Elzouki, Abdelaziz Y (2012). Textbook of clinical pediatrics (2 ed.). Berlin: Springer.
  6. Redondo, Maria Cristina da Fonseca, Carvalho, Josefina Martins (2000). Deficiência auditiva. Brasília: MEC. Secretaria de Educação a Distância.
  7. a b c d e NOTHERN, Jerry L., DOWNS, Marion P. (1989). Audição em Crianças. São Paulo: Manole. Erro de citação: Código <ref> inválido; o nome ":1" é definido mais de uma vez com conteúdos diferentes
  8. Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais.
  9. a b World Health Organization, WHO (2014) Grades of hearing impairment
  10. a b Sistema de Conselhos de Fonoaudiologia (2017). Guia de Orientações na Avaliação Audiológica Básica.
  11. Ferreira, Olívia Galvão Lucena; Maciel, Silvana Carneiro; Costa, Sônia Maria Gusmão; Silva, Antonia Oliveira; Moreira, Maria Adelaide Silva Paredes (setembro de 2012). «Envelhecimento ativo e sua relação com a independência funcional». Texto & Contexto - Enfermagem (3): 513–518. ISSN 0104-0707. doi:10.1590/S0104-07072012000300004. Consultado em 13 de setembro de 2020 
  12. Moleta, Ana Carla (2017). Enfermagem na saúde do idoso. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A. 208 páginas 
  13. GOMES, Ana Célia Soares; FONSECA, Suzana Carielo Da (2019). «A DUPLA FACE DO PROCESSO DE ENVELHECIMENTO: POTÊNCIA E FRAGILIDADE». UNIEDUSUL: 46–58. ISBN 978-65-80277-17-9. Consultado em 13 de setembro de 2020 
  14. Cabreira, Thaíssa Nunes; Canto-Dorow, Thais Scotti do (31 de janeiro de 2016). «FLORÍSTICA DOS COMPONENTES ARBÓREO E ARBUSTIVO DO CAMPUS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA (UFSM), SANTA MARIA, RS». Ciência e Natura (1). ISSN 2179-460X. doi:10.5902/2179460x19022. Consultado em 13 de setembro de 2020 
  15. Kehrig, Ruth Terezinha. «Integralidade da atenção à saúde: suas expressões na organização tecnológica do trabalho em serviços locais de saúde». Consultado em 13 de setembro de 2020 
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Predefinição:Doenças do ouvido e da apófise mastoide