Toninha (franciscana): diferenças entre revisões

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{{Info/Taxonomia
{{Info/Taxonomia
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| nome = Franciscana</br>(''Pontoporia blainvillei'')
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A '''franciscana''' ou '''toninha''' <ref>{{Citar periódico|ultimo=Cremer|primeiro=Marta J.|ultimo2=Simões-Lopes|primeiro2=Paulo C.|data=Setembro 2005|titulo=The occurrence of Pontoporia blainvillei (Gervais &amp; d'Orbigny) (Cetacea, Pontoporiidae) in an estuarine area in southern Brazil|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0101-81752005000300032&lng=en&nrm=iso&tlng=en|jornal=Revista Brasileira de Zoologia|volume=22|numero=3|paginas=717–723|doi=10.1590/S0101-81752005000300032|issn=0101-8175|acessodata=05-05-2018}}</ref><ref>http://www.ibama.gov.br/sophia/cnia/cartazes/CartazToninhaBaixaResolucao.pdf IBAMA: Toninha</ref>, mamífero aquático cujo [[nome científico]] é ''Pontoporia blainvillei'', é uma espécie de [[cetáceo]] da família [[Pontoporiidae]] e a única do gênero ''Pontoporia''. É a única espécie de golfinho em ameaça de extinção no Brasil, e possivelmente a mais ameaçada da América do Sul.<ref>http://www.ibama.gov.br/sophia/cnia/cartazes/CartazToninhaBaixaResolucao.pdf IBAMA: Toninha</ref> Também conhecida como ''boto-amarelo'', ''boto-cachimbo'', ''golfinho-do-rio-da-prata'', a toninha pode ser encontrada nas águas costeiras do [[Brasil]] (do [[Espírito Santo (estado)|Espírito Santo]] à [[sul brasileiro|Região Sul]]) e da [[Argentina]] e [[Uruguai]], podendo também ser encontrada em alguns [[rio]]s. A toninha vive em média entre 15 e 20 anos, pesa entre {{Fmtn|36|kg}} e {{Fmtn|50|kg}} e atinge cerca de {{Fmtn|1,8|m}} de comprimento. Tem [[focinho]] longo e fino, [[nadadeira]]s peitorais curtas e largas e nadadeira dorsal pequena e triangular. Por seu tamanho e hábitos, a toninha pode por vezes ser confundida com o [[Sotalia guianensis|boto-cinza]].
A '''franciscana''' ou '''toninha''' ([[nomenclatura binomial|nome científico]]: ''Pontoporia blainvillei'')<ref>{{Citar periódico|ultimo=Cremer|primeiro=Marta J.|ultimo2=Simões-Lopes|primeiro2=Paulo C.|data=Setembro de 2005|titulo=The occurrence of Pontoporia blainvillei (Gervais &amp; d'Orbigny) (Cetacea, Pontoporiidae) in an estuarine area in southern Brazil|jornal=Revista Brasileira de Zoologia|volume=22|numero=3|url= http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0101-81752005000300032&lng=en&nrm=iso&tlng=en|paginas=717–723|doi=10.1590/S0101-81752005000300032 |arquivourl=http://web.archive.org/web/20220429194317/https://www.scielo.br/j/rbzool/a/k8RZrWxsPj8b4VSXBmLxXyC/abstract/?lang=en|issn=0101-8175| acessodata=29 de abril de 2022|arquivodata=29 de abril de 2022}}</ref> é uma espécie de [[cetáceo]] da [[família (biologia)|família]] dos [[pontoporídeos]] (''Pontoporiidae'') e a única do [[gênero]] ''Pontoporia''. É a única espécie de golfinho em ameaça de extinção no Brasil, e possivelmente a mais ameaçada da América do Sul.<ref>{{Citar web|url=http://www.ibama.gov.br/sophia/cnia/cartazes/CartazToninhaBaixaResolucao.pdf|título= Toninha ou franciscana|editora=[[Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos]] do [[Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade]] (ICMBio) e [[Ministério do Meio Ambiente (Brasil)|Ministério do Meio Ambiente]]|acessodata=29 de abril de 2022|arquivodata=29 de abril de 2022|arquivourl=http://web.archive.org/web/20220429194151/http://www.ibama.gov.br/sophia/cnia/cartazes/CartazToninhaBaixaResolucao.pdf}}</ref> Também pode ser encontrada nas águas do Uruguai e Argentina, onde também está ameaçada de extinção.


== Descrição ==
==Distribuição geográfica e habitat==
Vive no litoral da [[América do Sul]], entre o Golfo San Matias, na [[Argentina]], e [[Itaúnas]], no [[Espírito Santo (estado)|Espírito Santo]]. A toninha ou franciscana é considerada uma [[espécie]] de golfinho de [[mar]], embora também penetre distâncias curtas nos rios de sua área de distribuição.


A franciscana tem o bico mais longo (em proporção do tamanho do corpo) de qualquer cetáceo – até 15% em adultos mais velhos. Os machos crescem até 1,6 metro (5,2 pés) e as fêmeas até 1,8 metro (5,9 pés). Tem dentição homodonte com dentes cônicos e o número de dentes varia de 48 a 61 em cada lado do maxilar superior e inferior. O corpo é marrom acinzentado, com a parte inferior mais clara. As nadadeiras também são muito grandes em comparação com o tamanho do corpo e são muito largas, mas estreitas ao se unirem ao corpo, portanto, são quase triangulares. As bordas de fuga são serrilhadas. O [[espiráculo]] em forma de meia-lua fica bem na frente de um vinco no pescoço, dando a impressão de que o golfinho sempre tem a cabeça dobrada para cima. A [[barbatana dorsal]] tem uma base longa e uma ponta arredondada. Pesa até 50 quilos (110 libras) e vive até 20 anos. A maturidade sexual é alcançada entre dois e três anos. As fêmeas têm um ciclo reprodutivo de dois anos. Os bezerros têm 70 a 75 centímetros quando nascidos após uma gestação de 10 a 11 meses. Os bezerros são desmamados com um ano de idade.<ref name=kasuya>{{citar periódico|último1=T.|primeiro1=Kasuya|último2=R.L.Jr.|primeiro2=Brownell|data=1979|título=Age determination, reproduction, and growth of the Franciscana dolphin, Pontoporia blainvillei.|url=http://agris.fao.org/agris-search/search.do?recordID=JP19800563912|periódico=Scientific Reports of the Whales Research Institute|língua=en|issn=0549-5717}}</ref> Há evidências que sugerem a franciscana que tem um ciclo reprodutivo de dois anos; no entanto, é necessário mais para fazer quaisquer reivindicações legítimas.<ref>{{Citar periódico|sobrenome=Rosas|nome=F. C. W.|sobrenome2=Monteiro-Filho|nome2=E. L. A.|título=Reproductive parameters of Pontoporia blainvillei (Cetacea, Pontoporiidae), on the coast of São Paulo and Paraná States, Brazil|jornal=Mammalia| volume=66|url=https://www.researchgate.net/publication/240235904_Reproductive_parameters_of_Pontoporia_blainvillei_Cetacea_Pontoporiidae_on_the_coast_of_Sao_Paulo_and_Parana_States_Brazil_Mammalia_66_2_231-245|número=2|páginas=231-245}}</ref>
==Comportamento e ecologia==
A toninha ou franciscana é um [[cetáceo]] solitário, no máximo estão em duplas, mas às vezes são avistados grupos de 5 indivíduos.


== População ==
==Dieta e hábitos alimentares==
Gosta de pequenos [[peixe]]s, [[lula]]s e adora [[camarão]]. Seu rostro longo, com 210 a 242 [[dente]]s, é perfeitamente adequado à sua [[dieta]].


Com base em parâmetros genéticos, morfológicos, de distribuição e populacionais, Secchi et al. (2003a) propuseram quatro unidades de gestão provisórias (Áreas de Gestão da Franciscana, ou AGFs) com as seguintes abrangências: AGF I - águas costeiras dos estados do Espírito Santo (AGF Ia) e [[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]] (AGF Ib), Brasil; AGF II - Estados de [[São Paulo (estado)|São Paulo]], [[Paraná]] e [[Santa Catarina]], Brasil; AGF III - águas costeiras do estado do [[Rio Grande do Sul]], sul do Brasil e Uruguai; e AGF IV - águas costeiras da Argentina, incluindo as províncias de Buenos Aires e Rio Negro (apenas ocasionais até o sul de Chubut). Em levantamentos aéreos realizados em 2011, não foram feitos registros na AGF Ia, enquanto em AGF Ib foram avistados dois mil indivíduos, o que indica que seja a menor e menos densa de todas as AGFs para as quais existem estimativas. Em 2008/9, a abundância na AGF II foi estimada em {{fmtn|8500}} indivíduos. Levantamentos recentes na AGF III foram realizados apenas na porção brasileira (Rio Grande do Sul) e as estimativas foram de {{fmtn|6800}} em 2004 e cerca de 10 mil em 2014. A discrepância é decorrente de métodos de levantamento e análise de dados diferentes e não indicam uma melhora da situação da espécie localmente. Pesquisas para estimar a abundância de Franciscana nunca foram realizadas no Uruguai. Levantamentos aéreos realizados na Argentina (AGF IV) em 2003-2004 estimaram uma população de cerca de 15 mil indivíduos. Acredita-se que esta estimativa tenha um viés negativo porque não foi corrigida para o viés de percepção e porque a densidade estimada para áreas em mar aberto (profundidades superiores a 30 metros) não foi extrapolada para áreas não pesquisadas.<ref name=IUCN />
==Reprodução==
Quando estão com 2 ou 3 [[ano]]s, já estão aptos a [[acasalamento|acasalar]]. Os [[macho]]s também podem se reproduzir ao atingirem {{Fmtn|1,3|m}} e as [[fêmea]]s com {{Fmtn|1,4|m}}.


== Distribuição e habitat ==
A gestação dura em torno de 10 [[mês|meses]]. Quando chega o período outubro-maio, nasce apenas um [[filhote]], que pesa de 7 a 9&nbsp;quilogramas, medindo em torno de {{Fmtn|70|cm}}.


[[imagem:La Plata Dolphin MAV 01.jpg|miniaturadaimagem|280px|Esqueleto de uma franciscana exposto no [[Museu de Anatomia Veterinária]] da [[Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia]] da [[Universidade de São Paulo]] (USP), em [[São Paulo]], [[Brasil]]]]
==Conservação==
[[imagem:FMIB 34087 Pontoporia blainvillei (G rvais) Gray The Pontoporia.jpeg|280px|miniaturadaimagem|Espécime ilustrado em 1883]]
A toninha ou franciscana é uma [[espécie ameaçada]], e é calculado que só nas [[rede de pesca|redes de pescador]]es são mortos aproximadamente {{Fmtn|1500}} golfinhos cada ano. Por viverem perto da [[litoral|costa]], é comum eles caírem nessas redes. Estima-se que existe uma população de {{Fmtn|40000}} golfinhos vivendo entre as costas do [[Uruguai]] e [[litoral do Brasil|Brasil]].

A franciscana é encontrada nas águas costeiras do [[Oceano Atlântico]] do sudeste da [[América do Sul]], incluindo o [[estuário]] do [[rio da Prata]]. Sua distribuição varia desde a abertura do [[rio Doce]], em [[Regência (Linhares)|Regência]], no [[Espírito Santo (estado)|Espírito Santo]], no [[Brasil]], ao sul da [[península Valdés]], [[Argentina]]. É o único membro do grupo dos golfinhos de rio que vive no oceano e nos estuários de [[água salgada]], em vez de [[água doce]]. A espécie foi observada em [[Miramar (Buenos Aires)|Miramar]], na [[Províncias da Argentina|província]] de [[Buenos Aires (província)|Buenos Aires]], e na província de [[Rio Negro (província)|Rio Negro]].<ref name=":0">{{citar periódico|último1=Crespo|primeiro1=Enrique A.|último2=Harris|primeiro2=Guillermo|último3=Gonzalez|primeiro3=Raul|data=outubro de 1998|título=Group Size and Distributional Range of the Franciscana, ''Pontoporia Blainvillei''|periódico=Marine Mammal Science|língua=en|volume=14|número=4|páginas=845–849|doi=10.1111/j.1748-7692.1998.tb00768.x|issn=0824-0469}}</ref> A espécie é geralmente encontrada em águas costeiras turvas, mas também habita águas claras, bem como áreas marinhas associadas a ilhas e costões rochosos. Franciscanas são encontradas principalmente no ambiente marinho e apenas ocasionalmente em estuários e uma baía interior. São relativamente comuns na parte uruguaia do estuário do rio da Prata. São principalmente costeiras, habitando águas além da zona de arrebentação e até a [[isóbata]] de 30 ou 50 metros, dependendo da região. Nas AGFs III e IV, ocorrem em águas até 50 metros de profundidade, enquanto nas AGFs I e II parecem estar restritas às águas costeiras dos 25 ou 30 metros da isóbata.<ref name=IUCN /> Em capturas acidentais nas AGFs I e II, foi registrada em até 35 metros.<ref>{{citar periódico|último1=do Amaral|primeiro1=Karina Bohrer|último2=Danilewicz|primeiro2=Daniel|último3=Zerbini|primeiro3=Alexandre|último4=Di Beneditto|primeiro4=Ana Paula|último5=Andriolo|primeiro5=Artur|último6=Alvares|primeiro6=Diego Janisch|último7=Secchi|primeiro7=Eduardo|último8=Ferreira|primeiro8=Emanuel|último9=Sucunza|primeiro9=Federico|último10=Borges-Martins|primeiro10=Márcio|último11=de Oliveira Santos|primeiro11=Marcos César|data=2018-11-01|título=Reassessment of the franciscana Pontoporia blainvillei (Gervais & d'Orbigny, 1844) distribution and niche characteristics in Brazil|url=https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0022098117303441|periódico=Journal of Experimental Marine Biology and Ecology|língua=en|volume=508|páginas=1–12|doi=10.1016/j.jembe.2018.07.010|issn=0022-0981}}</ref><ref>{{citar periódico|url=http://www.lajamjournal.org/index.php/lajam/article/view/148|acessodata=2021-03-29|periódico=Latin American Journal of Aquatic Mammals|doi=10.5597/lajam00004|título=Report of the Working Group on Distribution and Behavior|ano=2002|último1=Bordino|primeiro1=P.|último2=Siciliano|primeiro2=S.|último3=Bastida|primeiro3=R.|último4=Cremer|primeiro4=M.|volume=1|doi-access=free}}</ref> No entanto, existem alguns relatos de indivíduos mais distantes da costa.<ref>{{citar periódico|último1=Figueiredo|primeiro1=Giovanna Corrêa e|último2=do Amaral|primeiro2=Karina Bohrer|último3=Santos|primeiro3=Marcos César de Oliveira|data=2020-10-05|título=Cetaceans along the southeastern Brazilian coast: occurrence, distribution and niche inference at local scale|url=https://peerj.com/articles/10000|periódico=PeerJ|língua=en|volume=8|páginas=e10000|doi=10.7717/peerj.10000|issn=2167-8359|pmc=7543724}}</ref>

== Ecologia ==

As Franciscanas aparentemente não migram, embora movimentos sazonais litoral-marítimo tenham sido documentados em algumas áreas. Movimentos de 70-90 quilômetros ao longo da costa foram registrados para indivíduos marcados por satélite na Argentina.<ref name=IUCN /> A predação por grandes [[tubarão|tubarões]] e [[orca]]s (''Orcinus orca'') foi documentada.<ref>{{citar livro|título=Vanishing Animals|último1=Warhol|primeiro1=Andy|último2=Benirschke|primeiro2=Kurt|data=1986|publicado=Springer|isbn=9781468463354|local=Nova Iorque|páginas=16–21|língua=en|doi=10.1007/978-1-4684-6333-0_3}}</ref> Se alimentam de várias espécies de peixes de águas rasas ([[cienídeos]], [[engraulídeos]], [[gadídeos]], [[batracoidídeos]], [[triquiurídeos]] e [[carangídeos]]), [[cefalópode]]s e [[crustáceo]]s. Seu habitat marinho costeiro é tipicamente caracterizado por escoamento continental com alta vazão de fluxos de rios ricos em nutrientes. Cienídeos juvenis, a presa mais importante da espécie, são tipicamente associados ao escoamento continental e à influência das águas da plataforma subtropical.<ref name=IUCN />

== Ameaças ==

A franciscana é afetada por fatores como a [[destruição do habitat]] e a [[poluição da água]]. Detritos plásticos e material sintético foram encontrados no conteúdo estomacal desses animais. Mais pesquisas são necessárias para determinar se esses fatores afetam negativamente a saúde desse animal.<ref name=IUCN /> 90% da população da [[baía de Guanabara]] foi perdida em três décadas.<ref>{{Citar livro|sobrenome=Dale|nome=J.|ano=2016|url=https://oglobo.globo.com/rio/populacao-de-golfinhos-da-baia-de-guanabara-sofre-reducao-de-90-em-tres-decadas-1-16110633|título=População de golfinhos da Baía de Guanabara sofre redução de 90% em três décadas|jornal=O Globo|acessodata=29 de abril de 2022|arquivourl=http://web.archive.org/web/20220429202417/https://oglobo.globo.com/rio/populacao-de-golfinhos-da-baia-de-guanabara-sofre-reducao-de-90-em-tres-decadas-1-16110633|arquivodata=29 de abril de 2022}}</ref> As áreas comercializadas costumam ter escoamento agrícola ou zonas industriais prejudiciais à saúde da espécie. O lixo e a poluição dessas áreas levam à degradação do habitat e produtos químicos tóxicos nos peixes dos quais os golfinhos se alimentam.<ref>{{citar web|url=http://www.whalefacts.org/la-plata-dolphin-facts/|título=La Plata Dolphin|website=www.whalefacts.org|língua=en-US|acessodata=2018-06-05|data=2013-11-05}}</ref>

== Conservação ==

Em 2012, o governo brasileiro estabeleceu regulamentos à pesca com [[rede de emalhar|redes de emalhar]] que incluíam comprimentos máximos de rede permitidos e várias categorias de áreas proibidas para pesca. No entanto, há evidências de que o nível de mortalidade das franciscanas no sul e sudeste do Brasil permanece alto. O número de espécimes mortos no Brasil em redes de emalhar e encalhados na terra a cada ano permanece na ordem de várias centenas, o que não é diferente dos números observados nos anos anteriores à regulamentação. A captura acidental também é alta no Uruguai e na Argentina. Uma vez que seu habitat natural diminuiu ao longo das últimas décadas, o que teve como consequência um declínio da população da espécie, a [[União Internacional para a Conservação da Natureza]] (UICN / IUCN), em sua [[Lista Vermelha da IUCN|Lista Vermelha]], classificou a franciscana como uma espécie vulnerável.<ref name=IUCN /> A espécie está listada no Apêndice I da [[Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies Silvestres Ameaçadas de Extinção]] (CITES)<ref>{{Cite web|title=Appendices {{!}} CITES|url=https://cites.org/eng/app/appendices.php|access-date=2022-01-14|website=cites.org}}</ref> e no Anexo I e Anexo II da [[Convenção sobre a Conservação de Espécies Migratórias de Animais Silvestres]] (CMS). Está listado no Anexo I, pois esta espécie foi categorizada como ameaçada de extinção em toda ou em uma proporção significativa de sua área de distribuição. As Partes do CMS empenham-se em proteger rigorosamente esses animais, conservando ou restaurando os locais onde vivem, mitigando os obstáculos à migração e controlando outros fatores que possam colocá-los em perigo. Ele está listado no Apêndice II porque tem um estado de conservação desfavorável ou se beneficiaria significativamente da cooperação internacional organizada por acordos personalizados.<ref name="Appendices">{{Citar web|título=Appendix I and Appendix II|acessodata=29 de abril de 2022|url=http://www.cms.int/documents/appendix/Appendices_COP9_E.pdf|arquivodata=11 de junho de 2011|arquivourl= https://web.archive.org/web/20110611112003/http://www.cms.int/documents/appendix/Appendices_COP9_E.pdf}} da Convenção sobre a Conservação de Espécies Migratórias de Animais Silvestres (CMS). Conforme alterado pela Conferência das Partes em 1985, 1988, 1991, 1994, 1997, 1999, 2002, 2005 and 2008. Efetivado: 5 de março de 2009.</ref><ref>{{Citar web|url=http://www.cms.int/reports/small_cetaceans/data/P_blainvillei/p_blainvillei.htm|título=Pontoporia blainvillei (Gervais and d'Orbigny, 1844)|publicado=[[Convenção sobre a Conservação de Espécies Migratórias de Animais Silvestres]] (CMS)|arquivodata=20 de dezembro de 2004|acessodata=29 de abril de 2022|arquivourl=https://web.archive.org/web/20041220095529/http://www.cms.int/reports/small_cetaceans/data/P_blainvillei/p_blainvillei.htm}}</ref>

Um juvenil foi resgatado em 2011 em [[Montevidéu]], [[Uruguai]].<ref name="Stopera">{{citar jornal|último1= Stopera|primeiro1= Matt|título= Insanely Cute Pictures Of A Man Taking Care Of An Orphaned Baby Dolphin|url=https://www.buzzfeed.com/mjs538/adorable-pictures-of-man-taking-care-of-an-orphane#.agYZgq5w8|acessodata=20 de fevereiro de 2016|obra=Buzzfeed|agência=Reuters|data=19 de outubro de 2011}}</ref> Em fevereiro de 2016, um juvenil morreu na praia de Santa Teresita, Argentina. Relatos circularam internacionalmente de que a morte ocorreu depois de ser passado por uma multidão que estava posando para selfies com ele.<ref>{{citar jornal|url=http://www.cnn.com/2016/02/18/americas/argentina-dolphin-outrage/index.html|título=Outrage after dolphin beach death|primeiro1= Carma|último1= Hassan|primeiro2= Lynn|último2= Franco| website= CNN.com|data=18 de fevereiro de 2016}}</ref><ref>{{citar jornal|url = http://www.abc.net.au/news/2016-02-18/baby-dolphin-killed-by-crowd-of-beachgoers-in-argentina/7182070|título= Tiny dolphin killed by crowd of beachgoers for selfie in Argentina|último= Brice|primeiro= Chloe|data=19 de fevereiro de 2016|obra= [[ABC News (Australia)|ABC News]]|acessodata=20 de fevereiro de 2016}}</ref> No entanto, uma entrevista do fotógrafo das imagens, Hernan Coria, contradiz tal afirmação.<ref name=NOT>{{citar jornal|título= Apparently that dolphin WASN'T killed by tourists taking selfies|primeiro= Ashitha |último= Nagesh |website= Metro.co.uk|data=19 de fevereiro de 2016| url= http://metro.co.uk/2016/02/19/apparently-that-dolphin-wasnt-killed-by-tourists-taking-selfies-5705566/|acessodata=19 de agosto de 2016|citação= De acordo com uma entrevista que Hernan Coria fez com a agência de notícias argentina Telefe Noticias, o filhote de golfinho-franciscana foi um dos muitos cadáveres que apareceram na praia.}}</ref>

{{referências}}


==Ligações externas==
==Ligações externas==
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{{Correlatos|
|commons = Category:Pontoporia blainvillei
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|wikispecies= Pontoporia blainvillei
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}}
}}

*[http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/824746-grupo-pede-atencao-para-golfinhos-esquecidos.shtml Folha: Grupo pede atenção para golfinhos "esquecidos"]
* {{Citar web|url=http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/824746-grupo-pede-atencao-para-golfinhos-esquecidos.shtml|título=Grupo pede atenção para golfinhos "esquecidos"|publicado=Folha de São Paulo|data=3 de novembro de 2010}}
*ARKive - [https://web.archive.org/web/20070609040855/http://www.arkive.org/species/GES/mammals/Pontoporia_blainvillei/ Imagens e filmes do Golfinho-do-rio-da-prata]

* {{((en))}} ''Dolphins, Whales and Porpoises: 2002-2010 Conservation Action Plan for the World's Cetaceans'', Reeves, Smith, Crespo and Notarbartolo di Sciara. Disponível em: [http://www.iucn.org/themes/ssc/actionplans/cetaceans/cetaceans.pdf PDF].
* {{Citar web|url=http://www.arkive.org/species/GES/mammals/Pontoporia_blainvillei/|publicado=ARKive|título=Imagens e filmes do Golfinho-do-rio-da-prata| arquivodata=9 de julho de 2007|arquivourl=https://web.archive.org/web/20070609040855/http://www.arkive.org/species/GES/mammals/Pontoporia_blainvillei/}}
* {{((en))}} [https://web.archive.org/web/20041220095529/http://www.cms.int/reports/small_cetaceans/data/P_blainvillei/p_blainvillei.htm ''Convention on Migratory Species page on the La Plata Dolphin'']

* [https://web.archive.org/web/20050404232600/http://www.cetacea.org/francis.htm O Golfinho-do-rio-da-prata no Cetacea.org]
* {{Citar livro|sobrenome=Reeves|nome=Randall R.|sobrenome2=Smith|nome2=Brian D.|sobrenome3=Crespo|nome3=Enrique A.|sobrenome4=di Sciara|nome4=Giuseppe Notarbartolo|título=Dolphins, Whales and Porpoises|série=2002-2010 Conservation Action Plan for the World's Cetaceans|editora=União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN / IUCN)|ano=2003|url=https://portals.iucn.org/library/efiles/documents/2003-009.pdf|local=Dorchester}}

* {{Citar web|url=http://www.cetacea.org/francis.htm|arquivourl=https://web.archive.org/web/20050404232600/http://www.cetacea.org/francis.htm|arquivodata= 4 de abril de 2005|título=Pontoporia vlainvillei: Franciscana or La Plata River Dolphin|publicado=Cetacea}}

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Revisão das 21h04min de 29 de abril de 2022

Como ler uma infocaixa de taxonomiaToninha
Comparação de tamanho com um ser humano
Comparação de tamanho com um ser humano
Ilustração de 1847 do Voyage dans l'Amérique méridionale de Alcide Dessalines d'Orbigny
Ilustração de 1847 do Voyage dans l'Amérique méridionale de Alcide Dessalines d'Orbigny
Estado de conservação
Espécie vulnerável
Vulnerável (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Cetacea
Subordem: Odontoceti
Família: Pontoporiidae
Género: Pontoporia
(Gray, 1846)
Espécie: P. blainvillei
Nome binomial
Pontoporia blainvillei
(Gervais & d'Orbigny, 1844)
Distribuição geográfica
Mapa de distribuição da toninha (franciscana)
Mapa de distribuição da toninha (franciscana)

A franciscana ou toninha (nome científico: Pontoporia blainvillei)[2] é uma espécie de cetáceo da família dos pontoporídeos (Pontoporiidae) e a única do gênero Pontoporia. É a única espécie de golfinho em ameaça de extinção no Brasil, e possivelmente a mais ameaçada da América do Sul.[3] Também pode ser encontrada nas águas do Uruguai e Argentina, onde também está ameaçada de extinção.

Descrição

A franciscana tem o bico mais longo (em proporção do tamanho do corpo) de qualquer cetáceo – até 15% em adultos mais velhos. Os machos crescem até 1,6 metro (5,2 pés) e as fêmeas até 1,8 metro (5,9 pés). Tem dentição homodonte com dentes cônicos e o número de dentes varia de 48 a 61 em cada lado do maxilar superior e inferior. O corpo é marrom acinzentado, com a parte inferior mais clara. As nadadeiras também são muito grandes em comparação com o tamanho do corpo e são muito largas, mas estreitas ao se unirem ao corpo, portanto, são quase triangulares. As bordas de fuga são serrilhadas. O espiráculo em forma de meia-lua fica bem na frente de um vinco no pescoço, dando a impressão de que o golfinho sempre tem a cabeça dobrada para cima. A barbatana dorsal tem uma base longa e uma ponta arredondada. Pesa até 50 quilos (110 libras) e vive até 20 anos. A maturidade sexual é alcançada entre dois e três anos. As fêmeas têm um ciclo reprodutivo de dois anos. Os bezerros têm 70 a 75 centímetros quando nascidos após uma gestação de 10 a 11 meses. Os bezerros são desmamados com um ano de idade.[4] Há evidências que sugerem a franciscana que tem um ciclo reprodutivo de dois anos; no entanto, é necessário mais para fazer quaisquer reivindicações legítimas.[5]

População

Com base em parâmetros genéticos, morfológicos, de distribuição e populacionais, Secchi et al. (2003a) propuseram quatro unidades de gestão provisórias (Áreas de Gestão da Franciscana, ou AGFs) com as seguintes abrangências: AGF I - águas costeiras dos estados do Espírito Santo (AGF Ia) e Rio de Janeiro (AGF Ib), Brasil; AGF II - Estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, Brasil; AGF III - águas costeiras do estado do Rio Grande do Sul, sul do Brasil e Uruguai; e AGF IV - águas costeiras da Argentina, incluindo as províncias de Buenos Aires e Rio Negro (apenas ocasionais até o sul de Chubut). Em levantamentos aéreos realizados em 2011, não foram feitos registros na AGF Ia, enquanto em AGF Ib foram avistados dois mil indivíduos, o que indica que seja a menor e menos densa de todas as AGFs para as quais existem estimativas. Em 2008/9, a abundância na AGF II foi estimada em 8 500 indivíduos. Levantamentos recentes na AGF III foram realizados apenas na porção brasileira (Rio Grande do Sul) e as estimativas foram de 6 800 em 2004 e cerca de 10 mil em 2014. A discrepância é decorrente de métodos de levantamento e análise de dados diferentes e não indicam uma melhora da situação da espécie localmente. Pesquisas para estimar a abundância de Franciscana nunca foram realizadas no Uruguai. Levantamentos aéreos realizados na Argentina (AGF IV) em 2003-2004 estimaram uma população de cerca de 15 mil indivíduos. Acredita-se que esta estimativa tenha um viés negativo porque não foi corrigida para o viés de percepção e porque a densidade estimada para áreas em mar aberto (profundidades superiores a 30 metros) não foi extrapolada para áreas não pesquisadas.[1]

Distribuição e habitat

Esqueleto de uma franciscana exposto no Museu de Anatomia Veterinária da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP), em São Paulo, Brasil
Espécime ilustrado em 1883

A franciscana é encontrada nas águas costeiras do Oceano Atlântico do sudeste da América do Sul, incluindo o estuário do rio da Prata. Sua distribuição varia desde a abertura do rio Doce, em Regência, no Espírito Santo, no Brasil, ao sul da península Valdés, Argentina. É o único membro do grupo dos golfinhos de rio que vive no oceano e nos estuários de água salgada, em vez de água doce. A espécie foi observada em Miramar, na província de Buenos Aires, e na província de Rio Negro.[6] A espécie é geralmente encontrada em águas costeiras turvas, mas também habita águas claras, bem como áreas marinhas associadas a ilhas e costões rochosos. Franciscanas são encontradas principalmente no ambiente marinho e apenas ocasionalmente em estuários e uma baía interior. São relativamente comuns na parte uruguaia do estuário do rio da Prata. São principalmente costeiras, habitando águas além da zona de arrebentação e até a isóbata de 30 ou 50 metros, dependendo da região. Nas AGFs III e IV, ocorrem em águas até 50 metros de profundidade, enquanto nas AGFs I e II parecem estar restritas às águas costeiras dos 25 ou 30 metros da isóbata.[1] Em capturas acidentais nas AGFs I e II, foi registrada em até 35 metros.[7][8] No entanto, existem alguns relatos de indivíduos mais distantes da costa.[9]

Ecologia

As Franciscanas aparentemente não migram, embora movimentos sazonais litoral-marítimo tenham sido documentados em algumas áreas. Movimentos de 70-90 quilômetros ao longo da costa foram registrados para indivíduos marcados por satélite na Argentina.[1] A predação por grandes tubarões e orcas (Orcinus orca) foi documentada.[10] Se alimentam de várias espécies de peixes de águas rasas (cienídeos, engraulídeos, gadídeos, batracoidídeos, triquiurídeos e carangídeos), cefalópodes e crustáceos. Seu habitat marinho costeiro é tipicamente caracterizado por escoamento continental com alta vazão de fluxos de rios ricos em nutrientes. Cienídeos juvenis, a presa mais importante da espécie, são tipicamente associados ao escoamento continental e à influência das águas da plataforma subtropical.[1]

Ameaças

A franciscana é afetada por fatores como a destruição do habitat e a poluição da água. Detritos plásticos e material sintético foram encontrados no conteúdo estomacal desses animais. Mais pesquisas são necessárias para determinar se esses fatores afetam negativamente a saúde desse animal.[1] 90% da população da baía de Guanabara foi perdida em três décadas.[11] As áreas comercializadas costumam ter escoamento agrícola ou zonas industriais prejudiciais à saúde da espécie. O lixo e a poluição dessas áreas levam à degradação do habitat e produtos químicos tóxicos nos peixes dos quais os golfinhos se alimentam.[12]

Conservação

Em 2012, o governo brasileiro estabeleceu regulamentos à pesca com redes de emalhar que incluíam comprimentos máximos de rede permitidos e várias categorias de áreas proibidas para pesca. No entanto, há evidências de que o nível de mortalidade das franciscanas no sul e sudeste do Brasil permanece alto. O número de espécimes mortos no Brasil em redes de emalhar e encalhados na terra a cada ano permanece na ordem de várias centenas, o que não é diferente dos números observados nos anos anteriores à regulamentação. A captura acidental também é alta no Uruguai e na Argentina. Uma vez que seu habitat natural diminuiu ao longo das últimas décadas, o que teve como consequência um declínio da população da espécie, a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN / IUCN), em sua Lista Vermelha, classificou a franciscana como uma espécie vulnerável.[1] A espécie está listada no Apêndice I da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies Silvestres Ameaçadas de Extinção (CITES)[13] e no Anexo I e Anexo II da Convenção sobre a Conservação de Espécies Migratórias de Animais Silvestres (CMS). Está listado no Anexo I, pois esta espécie foi categorizada como ameaçada de extinção em toda ou em uma proporção significativa de sua área de distribuição. As Partes do CMS empenham-se em proteger rigorosamente esses animais, conservando ou restaurando os locais onde vivem, mitigando os obstáculos à migração e controlando outros fatores que possam colocá-los em perigo. Ele está listado no Apêndice II porque tem um estado de conservação desfavorável ou se beneficiaria significativamente da cooperação internacional organizada por acordos personalizados.[14][15]

Um juvenil foi resgatado em 2011 em Montevidéu, Uruguai.[16] Em fevereiro de 2016, um juvenil morreu na praia de Santa Teresita, Argentina. Relatos circularam internacionalmente de que a morte ocorreu depois de ser passado por uma multidão que estava posando para selfies com ele.[17][18] No entanto, uma entrevista do fotógrafo das imagens, Hernan Coria, contradiz tal afirmação.[19]

Referências

  1. a b c d e f g Zerbini, A.N.; Secchi, E.; Crespo, E.; Danilewicz, D.; Reeves, R. (2018) [errata version of 2017 assessment]. «Pontoporia blainvillei». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2017: e.T17978A123792204. Consultado em 29 de abril de 2022 
  2. Cremer, Marta J.; Simões-Lopes, Paulo C. (Setembro de 2005). «The occurrence of Pontoporia blainvillei (Gervais & d'Orbigny) (Cetacea, Pontoporiidae) in an estuarine area in southern Brazil». Revista Brasileira de Zoologia. 22 (3): 717–723. ISSN 0101-8175. doi:10.1590/S0101-81752005000300032. Consultado em 29 de abril de 2022. Cópia arquivada em 29 de abril de 2022 
  3. «Toninha ou franciscana» (PDF). Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Aquáticos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e Ministério do Meio Ambiente. Consultado em 29 de abril de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 29 de abril de 2022 
  4. T., Kasuya; R.L.Jr., Brownell (1979). «Age determination, reproduction, and growth of the Franciscana dolphin, Pontoporia blainvillei.». Scientific Reports of the Whales Research Institute (em inglês). ISSN 0549-5717 
  5. Rosas, F. C. W.; Monteiro-Filho, E. L. A. «Reproductive parameters of Pontoporia blainvillei (Cetacea, Pontoporiidae), on the coast of São Paulo and Paraná States, Brazil». Mammalia. 66 (2): 231-245 
  6. Crespo, Enrique A.; Harris, Guillermo; Gonzalez, Raul (outubro de 1998). «Group Size and Distributional Range of the Franciscana, Pontoporia Blainvillei». Marine Mammal Science (em inglês). 14 (4): 845–849. ISSN 0824-0469. doi:10.1111/j.1748-7692.1998.tb00768.x 
  7. do Amaral, Karina Bohrer; Danilewicz, Daniel; Zerbini, Alexandre; Di Beneditto, Ana Paula; Andriolo, Artur; Alvares, Diego Janisch; Secchi, Eduardo; Ferreira, Emanuel; Sucunza, Federico; Borges-Martins, Márcio; de Oliveira Santos, Marcos César (1 de novembro de 2018). «Reassessment of the franciscana Pontoporia blainvillei (Gervais & d'Orbigny, 1844) distribution and niche characteristics in Brazil». Journal of Experimental Marine Biology and Ecology (em inglês). 508: 1–12. ISSN 0022-0981. doi:10.1016/j.jembe.2018.07.010 
  8. Bordino, P.; Siciliano, S.; Bastida, R.; Cremer, M. (2002). «Report of the Working Group on Distribution and Behavior». Latin American Journal of Aquatic Mammals. 1. doi:10.5597/lajam00004Acessível livremente. Consultado em 29 de março de 2021 
  9. Figueiredo, Giovanna Corrêa e; do Amaral, Karina Bohrer; Santos, Marcos César de Oliveira (5 de outubro de 2020). «Cetaceans along the southeastern Brazilian coast: occurrence, distribution and niche inference at local scale». PeerJ (em inglês). 8: e10000. ISSN 2167-8359. PMC 7543724Acessível livremente. doi:10.7717/peerj.10000 
  10. Warhol, Andy; Benirschke, Kurt (1986). Vanishing Animals (em inglês). Nova Iorque: Springer. pp. 16–21. ISBN 9781468463354. doi:10.1007/978-1-4684-6333-0_3 
  11. Dale, J. (2016). População de golfinhos da Baía de Guanabara sofre redução de 90% em três décadas. O Globo. [S.l.: s.n.] Consultado em 29 de abril de 2022. Cópia arquivada em 29 de abril de 2022 
  12. «La Plata Dolphin». www.whalefacts.org (em inglês). 5 de novembro de 2013. Consultado em 5 de junho de 2018 
  13. «Appendices | CITES». cites.org. Consultado em 14 de janeiro de 2022 
  14. «Appendix I and Appendix II» (PDF). Consultado em 29 de abril de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 11 de junho de 2011  da Convenção sobre a Conservação de Espécies Migratórias de Animais Silvestres (CMS). Conforme alterado pela Conferência das Partes em 1985, 1988, 1991, 1994, 1997, 1999, 2002, 2005 and 2008. Efetivado: 5 de março de 2009.
  15. «Pontoporia blainvillei (Gervais and d'Orbigny, 1844)». Convenção sobre a Conservação de Espécies Migratórias de Animais Silvestres (CMS). Consultado em 29 de abril de 2022. Cópia arquivada em 20 de dezembro de 2004 
  16. Stopera, Matt (19 de outubro de 2011). «Insanely Cute Pictures Of A Man Taking Care Of An Orphaned Baby Dolphin». Buzzfeed. Reuters. Consultado em 20 de fevereiro de 2016 
  17. Hassan, Carma; Franco, Lynn (18 de fevereiro de 2016). «Outrage after dolphin beach death». CNN.com 
  18. Brice, Chloe (19 de fevereiro de 2016). «Tiny dolphin killed by crowd of beachgoers for selfie in Argentina». ABC News. Consultado em 20 de fevereiro de 2016 
  19. Nagesh, Ashitha (19 de fevereiro de 2016). «Apparently that dolphin WASN'T killed by tourists taking selfies». Metro.co.uk. Consultado em 19 de agosto de 2016. De acordo com uma entrevista que Hernan Coria fez com a agência de notícias argentina Telefe Noticias, o filhote de golfinho-franciscana foi um dos muitos cadáveres que apareceram na praia. 

Ligações externas

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  • Reeves, Randall R.; Smith, Brian D.; Crespo, Enrique A.; di Sciara, Giuseppe Notarbartolo (2003). Dolphins, Whales and Porpoises (PDF). Col: 2002-2010 Conservation Action Plan for the World's Cetaceans. Dorchester: União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN / IUCN)