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Congregação dos Agostinianos da Assunção

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Congregação dos Agostinianos da Assunção
Pia Societas Presbyterorum ab Assumptione
SiglaA.A.
TipoOrdem religiosa
FundadorPe. Emmanuel d'Alzon
Local e data da fundaçãoFrança Nîmes, 1845
Superior geralNgoya Ya Tsihemba
Websitewww.assumptio.org

A Congregação dos Agostinianos da Assunção (A.A.), ditos Assuncionistas (em Latim Pia Societas Presbyterorum ab Assumptione ou Augustiniani ab Assumptione), é uma congregação religiosa católica fundada em 1845 pelo padre francês Emmanuel d'Alzon, na cidade de Nîmes, sul da França.[1] Sua divisa foi retirada da oração do Pai-Nosso, Adveniat Regnum Tuum ("Venha Teu Reino"). Trata-se de uma Congregação Clerical de Direito Pontifício, na qual, não obstante, podem professar os votos religiosos não sacerdotes.[2] O fundador desta Congregação desejava estabelecer uma obra dedicada ao ensino em todas as suas formas «com o objetivo de restabelecer a unidade do conhecimento em Deus», unicamente através da força revitalizadora da Igreja Católica. Com a dissolução de muitas ordens religiosas na França, em virtude da Revolução Francesa, alguns religiosos nas décadas seguintes procuravam repropor as tradicionais formas de espiritualidade, atualizando-as para seu tempo. Neste sentido, Emmanuel d´Alzon se dedicou a restaurar a vida religiosa agostiniana no território francês, de onde os agostinianos haviam sido expulsos pela Revolução; por isso, os religiosos desta Congregação receberam, nos inícios, a alcunha de Agostinianos da França. O nome Assunção, contudo, é anterior a qualquer outra designação, graças a duas circustâncias particulares: o padre d´Alzon cooperava desde 1841 com Santa Marie-Eugénie na consolidação da Congregação das Religiosas da Assunção e, providencialmente, sua Congegação nasceu num colégio dedicado à Virgem Maria sob o título da Assunção, padroeira principal da França. Acolhidos desde 1866 como confrades na Ordem de Santo Agostinho, foram a ela formalmente associados como Terceira Ordem Agostiniana Regular, por decreto de seu Prior Geral, datado de 25 de março de 1929. Os assuncionistas foram os pioneiros na retomada das grandes peregrinações, conduzindo expressivo número de peregrinos à Terra Santa, onde construíram o Complexo Notre Dame de France, posteriomene renomeado Notre Dame de Jerusalém e a Igreja de Saint-Pierre en Gallicante; além de se destacarem na impressa católica, sobretudo na França, onde ainda dirigem o jornal La Croix e todo o grupo Bayard Presse.

Fundação e primeiras obras

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Na França de sua época, o século XIX, o padre Emmanuel Joseph Marie Maurice Daudé, herdeiro dos Viscondes de Alzon, desejava revitalizar a vida da Igreja através de uma nova Ordem de Presbíteros enraizados na tradição agostiniana, que estivesse à altura das influências e das mentalidades de seu tempo. A seu ver, era necessário nascer na França uma nova Ordem que se distinguiria pela aceitação de tudo o que fosse Católico, pela franqueza e pela liberdade.[3] No Natal de 1845, Emmanuel d´Alzon toma o hábito religioso e, dois dias depois, inicia o noviciado com um leigo e quatro sacerdotes. Como a fundação da Congregação se deu no Colégio Assunção, em Nîmes, adquirido pelo Padre d´Alzon, seus religiosos foram reunidos no que se tornou a Congregação dos Agostinianos da Assunção. Emmanuel d´Alzon desejou que sua Congregação se ligasse à Ordem de Santo Agostinho, conservando suas características peculiares. Embora o diálogo com os agostinianos espanhóis estivesse avançando, o projeto foi definitivamente descartado por uma decisão da então Sagrada Congregação dos Bispos e Regulares, em 09 de julho de 1880.[4] Uma forma de união já existia desde 1866, a qual foi formalmente reconhecida pelo Prior Geral da Ordem de Santo Agostinho, em março de 1929.

Em 1862, os assuncionistas foram conclamados por Pio IX a trabalhar na missão do Oriente, que visava converter à fé católica os cristãos ortodoxos, para tanto o papa lhes pediu que iniciassem um trabalho apostólico na Bulgária, junto aos ortodoxos uniatas. Esta Congregação formou grande número de especialistas no Oriente Cristão. Na França e na Holanda, sobretudo, fizeram conhecer as riquezas espirituais e doutrinais dos Ortodoxos, por meio do seu Instituto Bizantino. Com a evolução da compreensão do ecumenismo, os assuncionistas procuraram desenvolver uma relação amistosa e cordial com os cristãos orientais, mantendo comunidades próximas aos cristãos ortodoxos na Romênia, Bulgária, Rússia, Turquia, Grécia e Israel. No século XIX lutaram pela liberdade do ensino católico e se dedicaram a combater a difusão do ateísmo[5] e do secularismo.

Em 1900 a Congregação foi dissolvida pelo governo francês; como outras Congregações corriam o mesmo risco, o Papa Leão XIII pediu aos assuncionistas que não se envolvessem em política e eleições e que renunciassem à imprensa. Submetendo-se à Roma, os padres confiam a leigos a direção do "La Croix". Depois deste processo, por mais de 100 anos a Congregação não foi civilmente reconhecida na França, subsistindo por meio de outras associações civis.

Em 1925, os A.A. absorveram o ramo inglês dos Padres de "Saint-Edme" ou Oblatos do Sagrado Coração de Jesus e do Coração Imaculado de Maria, fundados em 1843 por Jean-Baptiste Muard.

Trinta e quatro Capítulos Gerais foram celebrados: 1850, 1852, 1855, 1858, 1862, 1868, 1873, 1876, 1879, 1880, 1886, 1892, 1898, 1903, 1906, 1912, 1918, 1921-1922, 1929, 1935, 1946, 1952, 1958, 1964, 1969, 1975, 1981, 1987, 1993, 1999, 2005 2011, 2017 e 2023.

  • 1845-1880: Emmanuel d'Alzon
  • 1880-1903: François Picard
  • 1903-1917: Emmanuel Bailly
  • 1917-1923: Joseph Maubon, vigário geral
  • 1923-1952: Gervais Quenard
  • 1952-1969: Wilfrid Dufault
  • 1969-1975: Paul Charpentier
  • 1975-1987: Hervé Stéphan
  • 1987-1999: Claude Maréchal
  • 1999-2011: Richard Lamoureux
  • 2011-2023: Benoît Grière
  • 2023-atual: Ngoya Ya Tsihemba

A Espiritualidade Assuncionista

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A Espiritualidade dos Agostinianos da Assunção está centrada na acolhida alegre do Reino de Deus, conforme a divisa que lhes deu seu Fundador "Venha Teu Reino." A esta acolhida alegre e constante do Reino de Deus, o padre d´Alzon orientou seus religiosos à experiência de Santo Agostinho, marcada pela interioridade, vida fraterna e compromissos apostólicos. Atualizando a espiritualidade agostiniana para seu tempo, o padre d´Alzon legou aos assuncionistas o "tríplice amor", isto é, o Amor a Cristo, o amor à Virgem Maria e o amor à Igreja. Este tríplice amor implica a acolhida do Reino em cada religioso, pela vida interior, da qual a Virgem Maria é modelo; ao mesmo tempo em que os motiva ao cultivo do Reino à sua volta, pela vida fraterna e pelo serviço à Igreja.

Fortemente marcada pelo espírito de Santo Agostinho, cuja regra de vida os religiosos observam, os assuncionistas assumiram muitas missões que privilegiavam a comunhão e a unidade da Igreja. Daí se origina a busca da unidade na comunidade dos irmãos: "Acima de tudo, vivam unânimes na casa e tenham uma só alma e um só coração dirigidos para Deus".[6] A Congregação busca cultivar a simplicidade de vida e o espírito de família, heranças de Santo Agostinho e do Padre d´Alzon.[7]

Vida apostólica

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Ao ser fundada pelo Padre d´Alzon, a Congregação Assuncionista dedicou-se especialmente ao ensino. No entanto, progressivamente houve uma diversificação de seu apostolado, assim o trabalho apostólico dos religiosos assuncionistas não está restrito a uma atividade específica, mas se destina a orientar a vida dos religiosos e leigos para uma crescente abertura a um vida de fé, de comunhão e de solidariedade com os mais pobres.[8] Atualmente as obras a que a Congregação se dedica são, sobretudo, as missões estrangeiras, missão entre os ortodoxos, educação católica segundo o espírito de Santo Agostinho, combate ao ateísmo, impressa e peregrinações.

Padre d´Alzon exortou seus filhos a que fossem sempre "ousados, generosos e altruístas." lançando as bases morais de sua família religiosa na aceitação de tudo o que é Católico, na franqueza e na liberdade.[9]

A Congregação chegou ao Brasil em 21 de novembro de 1935, na cidade do Rio de Janeiro, onde se fundou a primeira comunidade assuncionista do país. Atualmente esta Congregação conta com cerca de 1.000 religiosos, espalhados em pouco mais de 30 países.

Referências

  1. Site da Congregação dos Assuncionistas
  2. Regra de Vida da Congregação dos Agostinianos da Assunção, p.55.
  3. BERNOVILLE, Gaétan. Emmanuel d´Alzon: um promotor do Renascimento católico do século XIX, p.101
  4. Emmanuel, d´Alzon (1956). Écrits Spirituels. Bar-le-Duc (Frace): Imprimerie Saint-Paul. 1063 páginas 
  5. Dicionário Brasileiro Mirador - Verbete assuncionista
  6. Regra de Santo Agostinho, n 2.
  7. VV.AA. Herdeiros do Evangelho, Rio de Janeiro, 2002.
  8. Capítulo Geral dos Agostinianos da Assunção, Roma, 2011.
  9. VV.AA. Momentos marcantes do caminho de santidade de Emmanuel d´Alzon. Roma, p. 35

Ligações externas

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