Eleições estaduais na Guanabara em 1970
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Eleições estaduais na Guanabara em 1970 | ||||
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3 de outubro de 1970 (Eleição indireta) 15 de novembro de 1970 (Eleição direta) | ||||
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Candidato | Chagas Freitas
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Partido | MDB
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Natural de | Rio de Janeiro, RJ
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Vice | Erasmo Martins Pedro | |||
Votos | 24 | |||
Porcentagem | 100% | |||
Titular Eleito | ||||
As eleições estaduais na Guanabara em 1970 ocorreram em duas etapas conforme previa o Ato Institucional Número Três[1] e assim a eleição indireta do governador Chagas Freitas e do vice-governador Erasmo Martins Pedro foi em 3 de outubro e a escolha dos senadores Nelson Carneiro, Benjamin Farah e Danton Jobim, além de 20 deputados federais e 44 estaduais aconteceu em 15 de novembro a partir de um receituário aplicado aos 22 estados e aos territórios federais do Amapá, Rondônia e Roraima. Ao contrário do havido na maior parte do país, o MDB obteve uma ampla vitória embora a escolha do governador tenha recebido também a anuência do presidente Emílio Garrastazu Médici.[2][3][nota 2]
A escolha do MDB recaiu sobre o jornalista e advogado Chagas Freitas. Sobrinho do cientista Carlos Chagas, estreou no jornalismo ainda estudante e em 1935 formou-se em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e a partir de então trabalhou no escritório de advocacia de Otávio Kelly e José Eduardo do Prado Kelly, foi juiz de paz em Maricá, promotor de justiça e integrou a Polícia Militar do Rio de Janeiro. Politicamente simpático a Ademar de Barros integrou a Esquerda Democrática, agremiação que posteriormente se tornou o PSB, entretanto, a convite de Ademar de Barros ingressou no PSP pelo qual foi suplente de deputado federal em 1950. Após comprar o vespertino A Notícia fundou o jornal O Dia e com eles ampliou sua ação política elegendo-se deputado federal pelo Distrito Federal em 1954 e 1958 passando a representar a Guanabara a partir da inauguração de Brasília em 21 de abril de 1960[4] sendo reeleito em 1962 pelo PSD onde ingressou a convite de Tancredo Neves a quem seguiria na filiação ao MDB conquistando um novo mandato em 1966. Como o partido oposicionista era maioria na Guanabara ele indicou os futuros governantes do estado obrigando a ARENA a votar em branco no pleito indireto de outubro.
Resultado da eleição para governador
[editar | editar código-fonte]A eleição ficou a cargo da Assembleia Legislativa da Guanabara à qual compareceram todos os seus 36 integrantes embora alguns dos doze membros da bancada da ARENA não tenham votado na chapa oficial por imposição da fidelidade partidária.[5]
Candidatos a governador do estado |
Candidatos a vice-governador | Número | Coligação | Votação | Percentual |
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Chagas Freitas MDB |
Erasmo Martins Pedro MDB |
Biografia dos senadores eleitos
[editar | editar código-fonte]Nelson Carneiro
[editar | editar código-fonte]Dono da maior votação para senador o advogado Nelson Carneiro nasceu em Salvador formando-se em Direito pela Universidade Federal da Bahia e nesse estado foi repórter de O Jornal, Jornal da Bahia e O Imparcial antes de eleger-se deputado federal pelo PSD em 1950. Derrotado ao buscar a reeleição, veio para o Rio de Janeiro cidade onde antes fora preso no governo Getúlio Vargas por defender a Revolução Constitucionalista de 1932 e na qual cobriu a Assembleia Nacional Constituinte que elaborou a Carta de 1946. Na então capital federal retomou a pregação a favor de seu projeto divorcista apostando no perfil menos conservador do eleitorado carioca e assim foi eleito deputado federal pelo então Distrito Federal em 1958. No exercício de seu mandato foi autor da emenda constitucional que instaurou o parlamentarismo no Brasil após a renúncia de Jânio Quadros de modo a contornar o veto dos militares à posse de João Goulart[6] em 1961. Reeleito pela Guanabara em 1962 e 1966 foi o primeiro presidente do diretório estadual do MDB.
Benjamin Farah
[editar | editar código-fonte]Após sofrer uma derrota em 1966 o médico Benjamin Farah foi enfim eleito senador. Nascido em Corumbá e formado na Universidade Federal do Rio de Janeiro foi membro do PTB e do PSP antes do bipartidarismo que o levou a escolher o MDB. Professor de Química no Colégio Pedro II e médico das Forças Armadas clinicou também para diferentes sindicatos e venceu as eleições para deputado federal em 1945, 1950, 1954, 1958 e 1962.
Danton Jobim
[editar | editar código-fonte]Assim como em Goiás foi aberta uma terceira vaga de senador na Guanabara devido a cassação de Mário Martins[nota 3] e esta também ficou com o MDB na pessoa do jornalista Danton Jobim para um mandato de quatro anos. Natural de Avaré ele se formou em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro atuando também como advogado e professor. Escreveu para O Trabalho (jornal do PCB) e esteve ao lado de Irineu Marinho em A Noite trabalhando em outros jornais como o Diário Carioca. Presidente da Associação Brasileira de Imprensa em lugar de Herbert Moses, foi do PR até a eclosão do Regime Militar de 1964 quando passou a militar no partido da oposição.
Resultado das eleições para senador
[editar | editar código-fonte]Com informações oriundas do Tribunal Superior Eleitoral, que apurou 3.567.621 votos válidos, 560.685 votos em branco e 465.408 votos nulos.
Candidatos a senador da República |
Candidatos a suplente de senador | Número | Coligação | Votação | Percentual |
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Nelson Carneiro MDB |
Gurgel do Amaral MDB |
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Benjamin Farah MDB |
Osvaldo Aranha Filho MDB |
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Danton Jobim MDB |
José Maria de Carvalho MDB |
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Luís da Gama Filho ARENA |
Maurício Joppert da Silva ARENA |
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Gilberto Marinho ARENA |
José Luiz Moreira de Souza ARENA |
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Ângelo Mendes de Moraes ARENA |
Aguinaldo Costa ARENA |
Deputados federais eleitos
[editar | editar código-fonte]São relacionados os candidatos eleitos com informações complementares da Câmara dos Deputados.[7][8]
Deputados estaduais eleitos
[editar | editar código-fonte]Segundo o Tribunal Superior Eleitoral o MDB conquistou 30 vagas contra 14 vagas da ARENA. Tanto quanto possível citamos aqui o nome parlamentar de cada deputado.[2][9][10]
Deputados estaduais eleitos | Partido | Votação | Percentual | Cidade onde nasceu | Unidade federativa |
Maria Rosa | MDB | 27.104 | |||
Átila Nunes | MDB | 26.794 | |||
Álvaro Valle | ARENA | 25.312 | Rio de Janeiro | Rio de Janeiro | |
Lígia Bastos | ARENA | 21.662 | Rio de Janeiro | Rio de Janeiro | |
Sérgio Maranhão | MDB | 18.507 | |||
Pedro Fernandes | MDB | 18.159 | Parelhas | Rio Grande do Norte | |
José Pinto | MDB | 17.719 | |||
Rubem Dourado | MDB | 16.635 | |||
Hilton Gama | MDB | 16.107 | |||
Levi de Miranda Neves | MDB | 14.858 | |||
Edson Khair | MDB | 14.255 | |||
Hilza Maurício da Fonseca | MDB | 13.934 | |||
Mac Dowell de Castro | MDB | 13.848 | Rio de Janeiro | Rio de Janeiro | |
Silbert Sobrinho | MDB | 13.478 | |||
Frederico Trotta | MDB | 13.395 | Rio de Janeiro | Rio de Janeiro | |
Geraldo Araújo | MDB | 13.339 | |||
Darcy Rangel | MDB | 13.191 | |||
Wilmar Palis | ARENA | 13.063 | Uberaba | Minas Gerais | |
Sebastião Menezes | MDB | 11.811 | |||
Salomão Filho | MDB | 11.804 | |||
Aparício Marinho | MDB | 11.614 | |||
Gama Lima | ARENA | 11.597 | |||
Nadyr de Oliveira | MDB | 11.411 | |||
José Maria Duarte | MDB | 11.245 | |||
Telêmaco Maia | MDB | 10.949 | |||
Rossini Lopes da Fonte | MDB | 10.820 | |||
Maurício Pinkusfeld | ARENA | 10.526 | |||
Heitor Furtado[nota 6] | ARENA | 10.434 | |||
Jair Costa | MDB | 9.837 | |||
Paschoal Cittadino | MDB | 9.699 | |||
José de Sousa Marques | MDB | 9.544 | |||
Pedro Ferreira[nota 7] | MDB | 9.508 | |||
Nestor Nascimento[nota 8] | MDB | 9.133 | |||
Roberto Gonçalves Lima | MDB | 9.106 | |||
Jorge Leite | MDB | 8.989 | Rio de Janeiro | Rio de Janeiro | |
Cidinho Sant'Anna Filho | ARENA | 8.848 | |||
Edson Guimarães | ARENA | 8.778 | |||
Elcy de Carvalho | MDB | 8.751 | |||
Afonso Nunes Velasques | ARENA | 8.563 | |||
Victorino James | ARENA | 8.010 | |||
Ítalo Bruno | ARENA | 7.993 | Rio de Janeiro | Rio de Janeiro | |
João Xavier | ARENA | 7.955 | |||
Carlos Brito | ARENA | 7.570 | |||
José Augusto Bretas | ARENA | 7.446 |
Notas
- ↑ Quando impuseram o bipartidarismo ele não se filiou a qualquer dos novos partidos, mas governou com o apoio do MDB. Dois anos após deixar o governo passou pelo MDB e pela ARENA com o fito de candidatar-se a senador em 1974, mas a recusa dos partidos em atendê-lo o fez deixar as referidas agremiações em questão de pouco tempo.
- ↑ Nos referidos territórios o pleito serviu apenas para a escolha de deputados federais, não havendo eleições no Distrito Federal e no Território Federal de Fernando de Noronha.
- ↑ Segundo o Art. 4º § único do Ato Institucional Número Cinco as cassações baseadas no referido ato não permitiam a efetivação do suplente, daí a não convocação do suplente Marcelo Alencar.
- ↑ Renunciou ao mandato em 14 de maio de 1974 a fim de assumir uma cadeira no Tribunal de Contas do Estado da Guanabara. Com isso, Jair Martins tornou-se deputado federal.
- ↑ Assassinado no Rio de Janeiro em 7 de fevereiro de 1973, foi sucedido por Francisco Studart como deputado federal.
- ↑ Não confundir com o político paranaense Heitor Furtado.
- ↑ Não confundir com o violinista português Pedro Ferreira.
- ↑ Não confundir com o ex-juiz Nestor Nascimento.
Referências
- ↑ BRASIL. Presidência da República. «Ato Institucional Número Três». Consultado em 16 de junho de 2019
- ↑ a b c d BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. «Eleições de 1970». Consultado em 14 de julho de 2024
- ↑ BRASIL. Senado Federal. «Lei n.º 5.581 de 26/05/1970». Consultado em 14 de julho de 2024
- ↑ BRASIL. Câmara dos Deputados. «Biografia do deputado Chagas Freitas». Consultado em 16 de junho de 2019
- ↑ «Acervo digital de O Estado de S. Paulo». Consultado em 6 de novembro de 2013
- ↑ «Subsecretaria de Informações do Senado Federal do Brasil: Emenda Constitucional nº 04 de 02/09/1961». Consultado em 6 de novembro de 2013. Arquivado do original em 13 de dezembro de 2013
- ↑ «Página oficial da Câmara dos Deputados». Consultado em 1º de julho de 2017. Arquivado do original em 2 de outubro de 2013
- ↑ BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 9.504 de 30/09/1997». Consultado em 1º de julho de 2017
- ↑ «Arquivo relativo à Assembleia Legislativa da Guanabara». Consultado em 16 de junho de 2019
- ↑ «Arquivo relativo à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro». Consultado em 14 de junho de 2019