Saltar para o conteúdo

Jornalismo: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m Foram revertidas as edições de Lycariao-D para a última revisão de WPTBR, de 21h32min de 13 de setembro de 2016 (UTC)
→‎Fundamentos do Jornalismo: Retirei alguns detalhes desnecessários para a compreensão do texto de forma mais clara, mudei algumas palavras por outras mais adequadas.
Linha 85: Linha 85:
O jornalismo possui alguns conceitos fundamentais que devem ser seguidos para resultar num pleno desempenho da atividade. O jornalista atua como mediador entre a sociedade e os acontecimentos interessantes e relevantes para o conhecimento do público. Desde a sua fundação, alguns conceitos foram se institucionalizando com o decorrer dos anos. Traquina<ref>{{citar livro|titulo=Teorias do Jornalismo: Porque as notícias são como são.|ultimo=Traquina|primeiro=Nelson|editora=Insular|ano=2005|local=Florianópolis/SC|paginas=130|acessodata=}}</ref> cita a "existência de uma constelação de valores e um conjunto de normas profissionais" e exemplifica que ser jornalista é acreditar nesses valores.
O jornalismo possui alguns conceitos fundamentais que devem ser seguidos para resultar num pleno desempenho da atividade. O jornalista atua como mediador entre a sociedade e os acontecimentos interessantes e relevantes para o conhecimento do público. Desde a sua fundação, alguns conceitos foram se institucionalizando com o decorrer dos anos. Traquina<ref>{{citar livro|titulo=Teorias do Jornalismo: Porque as notícias são como são.|ultimo=Traquina|primeiro=Nelson|editora=Insular|ano=2005|local=Florianópolis/SC|paginas=130|acessodata=}}</ref> cita a "existência de uma constelação de valores e um conjunto de normas profissionais" e exemplifica que ser jornalista é acreditar nesses valores.


A '''liberdade''' mantém uma ligação com o jornalismo e a democracia, onde a liberdade está no centro do desenvolvimento do jornalismo. Traquina cita Tocqueville que fala que a soberania do povo e a liberdade de imprensa eram coisas inseparáveis. Para Thomas Jefferson, democracia não existe sem liberdade de imprensa e John Stuart Mill complementa alertando que qualquer tentativa de censurar a mídia teria consequências desastrosas.<ref>{{citar livro|titulo=Teorias do Jornalismo: Por que as notícias são como são.|ultimo=Traquina|primeiro=Nelson|editora=Insular|ano=2005|local=Florianópolis/SC|paginas=131|acessodata=}}</ref> Essa censura resultaria na perda de outro fundamento do jornalismo, como a credibilidade. Os jornalistas estão a frente dessa luta pela liberdade que se misturam em questões políticas, econômicas e sociais. A independência e autonomia dos profissionais em relação a outros agentes sociais são importantes fatores que garantem a credibilidade.
Deste modo, a '''liberdade''' mantém uma ligação com o jornalismo e a democracia, onde a liberdade está no centro do desenvolvimento do jornalismo. Traquina cita Tocqueville ao considerar a soberania do povo e a liberdade de imprensa como coisas inseparáveis. Para Thomas Jefferson, democracia não existe sem liberdade de imprensa e John Stuart Mill complementa alertando que qualquer tentativa de censurar a mídia teria consequências desastrosas.<ref>{{citar livro|titulo=Teorias do Jornalismo: Por que as notícias são como são.|ultimo=Traquina|primeiro=Nelson|editora=Insular|ano=2005|local=Florianópolis/SC|paginas=131|acessodata=}}</ref> Essa censura resultaria na perda de outro fundamento do jornalismo, como a credibilidade. Os jornalistas estão a frente dessa luta pela liberdade que se mistura a questões políticas, econômicas e sociais. A independência e autonomia dos profissionais em relação a outros agentes sociais são importantes fatores que garantem a credibilidade.


O valor central do jornalismo é a sua associação com a '''verdade'''. Para Michael Shudson, ter conexão evidente com assuntos de preocupação fundamental faz uma profissão ser levada a sério, como a medicina que trata da vida e da morte. Entretanto, a ligação histórica entre o jornalismo, a verdade e a liberdade é por muitas vezes ignorada.<ref>{{citar livro|titulo=Teorias do Jornalismo: Porque as notícias são como são.|ultimo=Traquina|primeiro=Nelson|editora=Insular|ano=2005|local=Florianópolis/SC|paginas=133|acessodata=}}</ref>
A '''objetividade''' no jornalismo é até hoje um objeto de discussão, crítica e compreensão. Esse conceito surgiu baseado na ideia de subjetividade e sua inevitabilidade. Nasceu no século XX em que os fatos eram mais importantes que as opiniões, contrariando o que se entendia do jornalismo no século XIX, mais opinativo do que factual.<ref>{{citar livro|titulo=Teorias do Jornalismo: Porque as noticias são como são.|ultimo=Traquina|primeiro=Nelson|editora=Insular|ano=2005|local=Florianópolis/SC|paginas=135|acessodata=}}</ref>


A '''objetividade''' no jornalismo é até hoje um objeto de discussão, crítica e compreensão. Esse conceito surgiu como reconhecimento de sua inevitabilidade, nasceu no século XX em que os fatos eram mais importantes que as opiniões, contrariando o que se entendia do jornalismo no século XIX, mais opinativo do que objetivo.<ref>{{citar livro|titulo=Teorias do Jornalismo: Porque as noticias são como são.|ultimo=Traquina|primeiro=Nelson|editora=Insular|ano=2005|local=Florianópolis/SC|paginas=135|acessodata=}}</ref> Ivy Lee, precursor das Relações Públicas, considerava que era possível dar apenas a interpretação dos fatos, não era possível comunicar um fato. <ref>{{citar livro|titulo=Teorias do Jornalismo: Porque as noticias são como são.|ultimo=Traquina|primeiro=Nelson|editora=Insular|ano=2005|local=Florianópolis/SC|paginas=137|acessodata=}}</ref>
Com isso, ficou estabelecido que era necessário seguir a regras e procedimentos para que o fundamento da objetividade permanecesse. Isso asseguraria a credibilidade do veículo de comunicação, como parte não interessada e ajudaria na proteção contra as críticas. Gaye Tuchman alenca a objetividade como um ritual, uma série de procedimentos estratégicos que devem ser seguidos para reduzir as críticas. Os jornalistas podem alegar que objetividade levando em conta que esses procedimentos foram seguidos.<ref>{{citar livro|titulo=Teorias do Jornalismo: Porque as noticias são como são.|ultimo=Traquina|primeiro=Nelson|editora=Insular|ano=2005|local=Florianópolis/SC|paginas=139-140|acessodata=}}</ref>


Ela identifica 4 pontos:
Com isso, ficou estabelecido que era necessário seguir a regras e procedimentos para que o fundamento da objetividade permanecesse. Isso asseguraria a credibilidade do veículo de comunicação, como parte não interessada e ajudaria na proteção contra as críticas. Tuchman cita a objetividade como um ritual, uma série de procedimentos estratégicos que devem ser seguidos para reduzir as críticas. Os jornalistas podem alegar que há objetividade levando em conta que esses procedimentos foram seguidos.<ref>{{citar livro|titulo=Teorias do Jornalismo: Porque as noticias são como são.|ultimo=Traquina|primeiro=Nelson|editora=Insular|ano=2005|local=Florianópolis/SC|paginas=139-140|acessodata=}}</ref>

Ele identifica 4 pontos:


- A apresentação de dois lados da história, não favorecendo nenhum dos dois.
- A apresentação de dois lados da história, não favorecendo nenhum dos dois.
Linha 101: Linha 99:
- Uso das aspas. O fato fala por si só, a presença do repórter desaparece.
- Uso das aspas. O fato fala por si só, a presença do repórter desaparece.


- Estruturação da informação. A informação mais importante é apresentada no 1°paragrafo. Tuchman considera esse o procedimento difícil, pois o lead é de responsabilidade do jornalista, baseado na sua percepção profissional.
- Estruturação da informação. A informação mais importante é apresentada no 1°paragrafo. Ela considera esse o procedimento o mais difícil, pois o lead é de responsabilidade do jornalista, baseado na sua percepção profissional.

Segundo Philip Meyer, '''credibilidade''' não é o único componente da influência mas é um bom começo, e a influência é apontada como um dos possíveis fatores que determinam o sucesso econômico de um jornal. Adequar-se ou não é uma opção de cada jornal, as decisões resultarão no ganho ou na perda da credibilidade. Um jornal que tenta agradar demais põe em risco a sua integridade jornalistica e sua capacidade de dizer verdades duras que a comunidade precisa ouvir para seu próprio bem.

As pesquisas realizadas por Philip Meyer mostravam que o jornal considerado como apoiador da comunidade era visto de maneira tendenciosa em vez de objetiva. A influência e os seus dois componentes: a credibilidade e ligação com a comunidade podem mudar de acordo com as notícias e depois se recuperar. Dar notícias que a comunidade não quer ouvir mas precisa ouvir para seu bem a longo prazo, pode ser a melhor maneira de aumentar a influência do jornal com o decorrer do tempo. Mesmo que a curto prazo a credibilidade caia, a longo prazo os benefícios são visíveis.


Segundo Philip Meyer, '''credibilidade''' não é o único componente da influência mas é um bom começo. A influência é apontada como um dos possíveis fatores que determinam o sucesso econômico de um jornal. Adequar-se ou não é uma opção de cada jornal, as decisões resultarão no ganho ou na perda da credibilidade. Um jornal que tenta agradar demais põe em risco a sua integridade jornalistica e sua capacidade de dizer verdades duras que a comunidade precisa ouvir para seu próprio bem.
Segundo Meyer, credibilidade parece com a pressão sanguínea e deve ser medida mais de uma vez, isso acontece por conta da variação que a credibilidade sofre após a publicação de algumas notícias. Ele imagina a credibilidade formada por 2 elementos: 1 núcleo sólido difícil de se modificar e outro revestimento exterior que está sujeito à instabilidade dos ventos da opinião pública conforme mudam as notícias. A confiança pode não ser exatamente uma característica do jornal  e sim de sua comunidade de atuação, ela é resultado da interação entre o jornal e sua comunidade.


Dessa maneira, as pesquisas realizadas por Philip Meyer mostravam que o jornal considerado como apoiador da comunidade era visto de maneira tendenciosa em vez de objetiva. A influência e os seus dois componentes: a credibilidade e ligação com a comunidade podem mudar de acordo com as notícias e depois se recuperar. Dar notícias que a comunidade não quer ouvir mas precisa ouvir para seu bem a longo prazo, pode ser a melhor maneira de aumentar a influência do jornal com o decorrer do tempo. Mesmo que a curto prazo a credibilidade caia, a longo prazo os benefícios são visíveis.
O destino da empresa jornalística e a comunidade estão ligados. Fortalecer um é fortalecer o outro. O [[jornalismo cívico]] era a forma de usar a influência de um jornal para construir um sistema político mais forte, beneficiando tanto a comunidade como o jornal, utilizado primordialmente na cobertura das eleições e enfatizando a cobertura das propostas dos candidatos.


A influência é o fator x. Ela é construída lentamente ao longo dos anos, sendo o resultado de uma relação saudável entre o jornal e a comunidade. Os jornais confiáveis atraem mais leitores, e o efeito é mais forte onde a competição obriga os jornais a lutar por seus leitores. A credibilidade de um jornal é essencial quando há competição com outros jornais.<ref>{{citar livro|titulo=Os jornais podem desaparecer? Como salvar o jornalismo na era da informação.|ultimo=Meyer|primeiro=Philip|editora=Contexto|ano=2007|local=São Paulo|paginas=75-92|acessodata=}}</ref>
Sendo assim, os jornais confiáveis atraem mais leitores, e o efeito é mais forte onde a competição obriga os jornais a lutar por seus leitores. A credibilidade de um jornal é essencial quando há competição com outros jornais.<ref>{{citar livro|titulo=Os jornais podem desaparecer? Como salvar o jornalismo na era da informação.|ultimo=Meyer|primeiro=Philip|editora=Contexto|ano=2007|local=São Paulo|paginas=75-92|acessodata=}}</ref>


Segundo Traquina, a importância de manter a credibilidade leva a um trabalho constante de verificação dos fatos e a avaliação das fontes de informação. Um exemplo da perda dessa credibilidade foi o caso "Janet Cooke", que uma jovem jornalista do Washington Post teve que devolver o Prêmio Pulitzer quando descobriram que a personagem central de sua premiada reportagem foi inventada.<ref>{{citar livro|titulo=Teorias do Jornalismo: Porque as notícias são como são.|ultimo=Traquina|primeiro=Nelson|editora=Insular|ano=2005|local=Florianópolis/SC|paginas=133|acessodata=}}</ref>
Segundo Traquina, a importância de manter a credibilidade leva a um trabalho constante de verificação dos fatos e a avaliação das fontes de informação. Um exemplo da perda dessa credibilidade foi o caso "Janet Cooke", onde uma jovem jornalista do Washington Post teve que devolver o Prêmio Pulitzer quando descobriram que a personagem central de sua premiada reportagem foi inventada.<ref>{{citar livro|titulo=Teorias do Jornalismo: Porque as notícias são como são.|ultimo=Traquina|primeiro=Nelson|editora=Insular|ano=2005|local=Florianópolis/SC|paginas=133|acessodata=}}</ref>


== Funções jornalísticas ==
== Funções jornalísticas ==

Revisão das 00h50min de 17 de setembro de 2016

Jornalismo é o processo de comunicação de um assunto em razão de um meio qualquer, como a televisão, jornais, ou rádios. O jornalismo é concluído pelo processo de entrevista entre o profissional e o entrevistado, com um objetivo resumido e claro, de forma que não leve tempo e explique de forma objetiva aos ouvintes ou leitores.

Ao profissional desta área dá-se o nome de jornalista. O jornalista, com sua função primária de seleção de informações, pode atuar em várias áreas ou veículos de imprensa, como jornais, revistas, televisão, rádio, websítios, weblogues, assessorias de imprensa, entre muitos outros.[1]

História

Primeiro jornal publicado no Brasil

O mais antigo jornal de que se tem notícia foi o Acta Diurna, que surgiu por volta de 69 a.C., a partir do desejo de Júlio Cesar de informar a população sobre fatos sociais e políticos ocorridos no império, como campanhas militares, julgamentos e execuções.[2] As notícias eram colocadas em grandes placas brancas expostas em local de grande acesso ao público. Na China, jornais escritos a mão surgiram no século VIII.[2]

A partir da invenção de Johannes Gutenberg, em 1447, surgiram os jornais modernos, que tiveram grande circulação entre comerciantes, para a divulgação de notícias mercantis. Havia ainda jornais sensacionalistas escritos a mão, como o que noticiou as atrocidades ocorridas na Transilvânia, feitas por Vlad Tsepes Drakul, mais conhecido como Conde Drácula.[2] Em Veneza, o governo lançou o Notizie scritte, em 1556, ao custo de uma pequena moeda que ficou conhecida como "gazetta".[2]

A publicação periódica iniciou-se na Europa Ocidental a partir do século XVII, como o ''Avisa Relation oder Zeitung'', surgido na Alemanha em 1609. O London Gazette, lançado em 1665, ainda mantém-se até a atualidade, agora como publicação oficial do Judiciário.[2] Esses jornais davam pouca atenção a assuntos nacionais, preferindo focar-se em fatos negativos ocorridos em outros países, como derrotas militares e escândalos envolvendo governantes.[2] Os assuntos locais passaram a ser mais abordados na primeira metade do século XVII, mas a censura era uma prática comum, não sendo possível noticiar algo que pudesse provocar insatisfação popular contra o governo. A primeira lei protegendo a liberdade de imprensa foi aprovada na Suécia em 1766.[2]

Com a invenção do telégrafo, em 1844, as notícias passaram a circular muito mais rapidamente, gerando uma grande mudança no jornalismo.[2] Em meados do século XIX, os jornais já eram o principal veículo de transmissão das informações, passando a surgir grandes grupos editoriais, que tinham grande capacidade de influência.

Nos anos 1920, o surgimento do rádio novamente transformou o jornalismo, o que voltou a acontecer a partir dos anos 1940 com o surgimento da televisão. A partir do fim dos anos 1990, a internet trouxe volume e atualização de informações sem precedentes.[2]

Notícia

Ver artigo principal: Notícia

A notícia é um formato de divulgação de um acontecimento por meios jornalísticos. É a matéria-prima do Jornalismo, normalmente reconhecida como algum dado ou evento socialmente relevante que merece publicação numa mídia. Fatos políticos, sociais, econômicos, culturais, naturais e outros podem ser notícia se afectarem indivíduos ou grupos significativos para um determinado veículo de imprensa. Geralmente, a notícia tem conotação negativa, justamente por ser excepcional, anormal ou de grande impacto social, como acidentes, tragédias, guerras e golpes de estado. Notícias têm valor jornalístico apenas quando acabaram de acontecer, ou quando não foram noticiadas previamente por nenhum veículo. A "arte" do Jornalismo é escolher os assuntos que mais interessam ao público e apresentá-los de modo atraente. Nem todo texto jornalístico é noticioso, mas toda notícia é potencialmente objeto de apuração jornalística.

Quatro fatores principais influenciam na qualidade da notícia:

  1. Novidade: a notícia deve conter informações novas, e não repetir as já conhecidas
  2. Proximidade: quanto mais próximo do leitor for o local do evento, mais interesse a notícia gera, porque implica mais diretamente na vida do leitor
  3. Tamanho: tanto o que for muito grande quanto o que for muito pequeno atrai a atenção do público
  4. Relevância: notícia deve ser importante, ou, pelo menos, significativa. Acontecimentos banais, corriqueiros, geralmente não interessam ao público

Notícias chegam aos veículos de imprensa por meio de repórteres, correspondentes, agências de notícias e assessorias de imprensa. Eventualmente, amigos e conhecidos de jornalistas fornecem denúncias, sugestões de pauta, dicas e pistas, às vezes no anonimato, pelo telefone ou por "e-mail".

Nos Estados Unidos é comum a figura do news-hawk (gavião-de-notícia), uma espécie de informante-apurador contratado pelo jornal, que anda em busca de assuntos que potencialmente possam gerar notícias.

Trabalho do jornalista

Uma rotativa, máquina que imprime jornais

A atividade primária do Jornalismo é a observação e descrição de eventos, conhecida como reportagem

  • "O quê?" - O fato ocorrido.
  • "Quem?" - O personagem envolvido.
  • "Quando?" - O momento do fato.
  • "Onde?" - O local do fato.
  • "Como?" - O modo como o fato ocorreu.
  • "Por quê?" - A causa do fato.

A essência do Jornalismo, entretanto, é a seleção e organização das informações no produto final (jornal, revista, programa de TV etc.), chamada de edição.

O trabalho jornalístico consiste em captação e tratamento escrito, oral, visual ou gráfico, da informação em qualquer uma de suas formas e variedades. O trabalho é normalmente dividido em quatro etapas distintas, cada qual com suas funções e particularidades: pauta, apuração, redação e edição.

  • A pauta é a seleção dos assuntos que serão abordados. É a etapa de escolha sobre quais indícios ou sugestões devem ser considerados para a publicação final.
  • A apuração é o processo de averiguar informação em estado bruto (dados, nomes, números etc.). A apuração é feita com documentos e pessoas que fornecem informações, chamadas de fontes. A interação de jornalistas com suas fontes envolve freqüentemente questões de confidencialidade.
  • A redação é o tratamento das informações apuradas em forma de texto verbal. Pode resultar num texto para ser impresso (em jornais, revistas e sites) ou lido em voz alta (no rádio, na TV e no cinema).
  • A edição é a finalização do material redigido em produto de comunicação, hierarquizando e coordenando o conteúdo de informações na forma final em que será apresentado. Muitas vezes, é a edição que confere sentido geral às informações coletadas nas etapas anteriores. No jornalismo impresso (jornais e revistas), a edição consiste em revisar e cortar textos de acordo com o espaço de impressão pré-definido. A diagramação é a disposição gráfica do conteúdo e faz parte da edição de impressos. No radiojornalismo, editar significa cortar e justapor trechos sonoros junto a textos de locução, o que no telejornalismo ganha o adicional da edição de imagens em movimento.

Estas três mídias citadas têm limites de espaço e tempo pré-definidos para o conteúdo, o que impõe restrições à edição. No chamado webjornalismo, ciberjornalismo ou "jornalismo online", estes limites teoricamente não existem.

A inexistência destes limites começa pela potencialidade da interação no jornalismo online, o que provoca um borramento entre as fronteiras que separam os papéis do emissor e do receptor, anunciando a figura do interagente. Esta prática tem se difundido como "jornalismo open source", ou o jornalismo de código aberto, onde informações são apuradas, redigidas e publicadas pela comunidade sem a obrigação de serem submetidas às rígidas rotinas de produção e às estruturas organizacionais das empresas de comunicação.

De acordo com a pesquisadora Catarina Moura, da Universidade da Beira Interior (Portugal), Jornalismo Open Source "implica, desde logo, permitir que várias pessoas (que não apenas os jornalistas) escrevam e, sem a castração da imparcialidade, deem a sua opinião, impedindo assim a proliferação de um pensamento único, como o pode ser aquele difundido pela maioria dos jornais, cuja objectividade e imparcialidade são muitas vezes máscaras de um qualquer ponto de vista que serve interesses mais particulares que apenas o de informar com honestidade e isenção o público que os lê".[3]

Mídias e veículos de imprensa

Coletiva de imprensa sobre informações do Voo 447 com repórteres do mundo todo.

O Jornalismo é realizado em uma grande variedade de mídias: jornais, televisão, rádio e revistas, além do mais recente jornalismo online na Internet. Cada tipo de mídia define um determinado suporte, ou seja: papel, som, celulóide ou vídeo, por radiodifusão ou teledifusão eletrônicas.

Mídia Veículos
impresso jornais, revistas
digital portais, websites, revistas em CD-ROM, boletins por e-mail, vídeos para sites
televisão emissoras e redes de TV
rádio emissoras de rádio, webrádios

Ver também Jornalismo online, Telejornalismo e Radiojornalismo

Fundamentos do Jornalismo

O jornalismo possui alguns conceitos fundamentais que devem ser seguidos para resultar num pleno desempenho da atividade. O jornalista atua como mediador entre a sociedade e os acontecimentos interessantes e relevantes para o conhecimento do público. Desde a sua fundação, alguns conceitos foram se institucionalizando com o decorrer dos anos. Traquina[4] cita a "existência de uma constelação de valores e um conjunto de normas profissionais" e exemplifica que ser jornalista é acreditar nesses valores.

Deste modo, a liberdade mantém uma ligação com o jornalismo e a democracia, onde a liberdade está no centro do desenvolvimento do jornalismo. Traquina cita Tocqueville ao considerar a soberania do povo e a liberdade de imprensa como coisas inseparáveis. Para Thomas Jefferson, democracia não existe sem liberdade de imprensa e John Stuart Mill complementa alertando que qualquer tentativa de censurar a mídia teria consequências desastrosas.[5] Essa censura resultaria na perda de outro fundamento do jornalismo, como a credibilidade. Os jornalistas estão a frente dessa luta pela liberdade que se mistura a questões políticas, econômicas e sociais. A independência e autonomia dos profissionais em relação a outros agentes sociais são importantes fatores que garantem a credibilidade.

A objetividade no jornalismo é até hoje um objeto de discussão, crítica e má compreensão. Esse conceito surgiu baseado na ideia de subjetividade e sua inevitabilidade. Nasceu no século XX em que os fatos eram mais importantes que as opiniões, contrariando o que se entendia do jornalismo no século XIX, mais opinativo do que factual.[6]

Com isso, ficou estabelecido que era necessário seguir a regras e procedimentos para que o fundamento da objetividade permanecesse. Isso asseguraria a credibilidade do veículo de comunicação, como parte não interessada e ajudaria na proteção contra as críticas. Gaye Tuchman alenca a objetividade como um ritual, uma série de procedimentos estratégicos que devem ser seguidos para reduzir as críticas. Os jornalistas podem alegar que há objetividade levando em conta que esses procedimentos foram seguidos.[7]

Ela identifica 4 pontos:

- A apresentação de dois lados da história, não favorecendo nenhum dos dois.

- Exposição de dados técnicos, provas auxiliares que fortaleçam o que foi dito.

- Uso das aspas. O fato fala por si só, a presença do repórter desaparece.

- Estruturação da informação. A informação mais importante é apresentada no 1°paragrafo. Ela considera esse o procedimento o mais difícil, pois o lead é de responsabilidade do jornalista, baseado na sua percepção profissional.

Segundo Philip Meyer, credibilidade não é o único componente da influência mas é um bom começo. A influência é apontada como um dos possíveis fatores que determinam o sucesso econômico de um jornal. Adequar-se ou não é uma opção de cada jornal, as decisões resultarão no ganho ou na perda da credibilidade. Um jornal que tenta agradar demais põe em risco a sua integridade jornalistica e sua capacidade de dizer verdades duras que a comunidade precisa ouvir para seu próprio bem.

Dessa maneira, as pesquisas realizadas por Philip Meyer mostravam que o jornal considerado como apoiador da comunidade era visto de maneira tendenciosa em vez de objetiva. A influência e os seus dois componentes: a credibilidade e ligação com a comunidade podem mudar de acordo com as notícias e depois se recuperar. Dar notícias que a comunidade não quer ouvir mas precisa ouvir para seu bem a longo prazo, pode ser a melhor maneira de aumentar a influência do jornal com o decorrer do tempo. Mesmo que a curto prazo a credibilidade caia, a longo prazo os benefícios são visíveis.

Sendo assim, os jornais confiáveis atraem mais leitores, e o efeito é mais forte onde a competição obriga os jornais a lutar por seus leitores. A credibilidade de um jornal é essencial quando há competição com outros jornais.[8]

Segundo Traquina, a importância de manter a credibilidade leva a um trabalho constante de verificação dos fatos e a avaliação das fontes de informação. Um exemplo da perda dessa credibilidade foi o caso "Janet Cooke", onde uma jovem jornalista do Washington Post teve que devolver o Prêmio Pulitzer quando descobriram que a personagem central de sua premiada reportagem foi inventada.[9]

Funções jornalísticas

As funções que os jornalistas podem exercer na profissão variam de mídia para mídia, de canal para canal e de veículo para veículo. Às vezes a mesma função recebe nomes distintos em empresas diferentes. Basicamente, as três funções fundamentais são a reportagem (coleta de informações), a redação (organização destas em texto) e a edição (seleção e hierarquização das informações no produto final).

Função Impresso Rádio TV Digital
Edição Editor, Editor-Chefe, Sub-Editor Editor Editor Editor, Editor de Capa
Redação Redator, Articulista, Colunista, Crítico, Revisor Redator Editor de Texto Webwriter (Editor de Página), Redator
Reportagem Repórter, Apurador, Pauteiro Repórter Repórter, Video repórter, Produtor Repórter
Imagens Fotógrafo, Editor de Imagem ---- Cinegrafista
Apresentação ---- Locutor Apresentador
Formatação Diagramador Editor de Som Editor de Imagens
Arte Infografista, Ilustrador, Cartunista Sonoplasta Videografista
Técnica Gráfico Operador de áudio Iluminador Programador

Funções auxiliares:

Funções extrarredação:

O texto jornalístico

Durante décadas, a máquina de escrever foi símbolo do jornalismo

O produto da atividade jornalística é geralmente materializado em textos, que recebem diferentes nomenclaturas de acordo com sua natureza e objetivos. Uma matéria é o nome genérico de textos informativos resultantes de apuração, incluindo notícias, reportagens e entrevistas. Um artigo é um texto dissertativo ou opinativo, não necessariamente sobre notícias, e nem necessariamente escrito por um jornalista.

Redatores geralmente seguem uma técnica para hierarquizar as informações, apresentando-as no texto em ordem decrescente de importância. Esta técnica tem o nome de pirâmide invertida, pois a "base" (lado mais largo, mais importante) fica para cima (início do texto) e o "vértice" (lado mais fino, menos relevante) fica para baixo (fim do texto). O primeiro parágrafo, que deve conter as principais informações da matéria, chama-se "lead" (do inglês, principal). O texto é geralmente subdividido em "capítulos" agrupados por tema, chamados retrancas e sub-retrancas, ou matérias coordenadas.

O conjunto de técnicas e procedimentos específicos para a atividade de redação jornalística é chamado de técnica de redação.

As matérias apresentam, quase sempre, relatos de pessoas envolvidas no fato, que servem para tanto validar (por terceiros) as afirmativas do jornal (técnica chamada de documentação) quanto para provocar no leitor a identificação com um personagem (empatia). No jargão jornalístico, os depoimentos destes personagens chamam-se aspas.

Apesar de as matérias serem geralmente escritas em estilo sucinto e objetivo, devem ser revisadas antes de serem publicadas. O profissional que exerce a função de revisão, hoje figura rara nas redações, é chamado de revisor ou copy-desk.

Tipos de texto jornalístico

  • notícia - de carácter objectivo, composto pelo Lead e o corpo da notícia:
    • No Lead tenta-se responder a seis perguntas: quem , o quê , onde , quando , porque ,como , a ausência destas pode dever-se a dados não apurados;
    • No corpo da notícia desenvolve-se gradualmente a informação em cada parágrafo, por isso a informação é cada vez mais elaborada, detalhada.
  • matéria - todo texto jornalístico de descrição ou narrativa factual. Dividem-se em matérias "quentes" (sobre um fato do dia, ou em andamento) e matérias "frias" (temas relevantes, mas não necessariamente novos ou urgentes). Existem ainda os seguintes subtipos de matérias:
    • matéria leve ou feature - texto com informações pitorescas ou inusitadas, que não prejudicam ou colocam ninguém em risco; muitas vezes este tipo de matéria beira o entretenimento
    • suíte - é uma matéria que dá seqüência ou continuidade a uma notícia, seja por desdobramento do fato, por conter novos detalhes ou por acompanhar um personagem
    • perfil - texto descritivo de um personagem, que pode ser uma pessoa ou uma entidade, um grupo; muitas vezes é apresentado em formato testemunhal
    • entrevista - é o texto baseado fundamentalmente nas declarações de um indivíduo a um repórter; quando a edição do texto explicita as perguntas e as respostas, seqüenciadas, chama-se de ping-pong
  • opinião ou editorial - reflete a opinião apócrifa do veículo de imprensa (não deve ser assinado por nenhum profissional individualmente)
  • artigo - texto eminentemente opinativo, e geralmente escrito por colaboradores ou personalidades convidadas (não jornalistas)
  • crônica(br) ou crónica(pt) - texto que registra uma observação ou impressão sobre fatos cotidianos; pode narrar fatos em formato de ficção
  • nota - texto curto sobre algum fato que seja de relevância noticiosa, mas que apenas o lead basta para descrever; muito comum em colunas
  • chamada - texto muito curto na primeira página ou capa que remete à íntegra da matéria nas páginas interiores
  • texto-legenda - texto curtíssimo que acompanha uma foto, descrevendo-a e adicionando a ela alguma informação, mas sem matéria à qual faça referência; tem valor de uma matéria independente

Editorias e Cadernos

O trabalho em redações jornalísticas é geralmente dividido entre editorias temáticas, agrupando os assuntos mais comuns do noticiário. Assim como a classificação dos assuntos adequados a cada editoria pode variar.

Em jornais diários, as editorias podem ser organizadas em Cadernos e Suplementos, que são fascículos de encadernação separada incluídos no conjunto publicado e de periodicidade predeterminada.

Jornais diários de grande circulação e revistas de informação geral normalmente têm as seguintes editorias, que podem também ser tratadas em publicações especializadas:

  • Geral - não exatamente uma editoria, mas o departamento e a equipe de reportagem e redação que tratam de assuntos diversos, como acidentes, cataclismos, intempéries, tragédias e até crimes (estes normalmente reservados para a página Policial);
  • Local ou Cidade - assuntos de interesse local ou regional;
  • Nacional ou País - assuntos de outras localidades do país;
  • Política - às vezes, agrupada com a anterior;
  • Polícia (conhecida como "RePol") - crimes e assuntos de segurança, às vezes incluindo também ações de Defesa Civil e Bombeiros;
  • Internacional - assuntos diversos de política internacional, relações externas, diplomacia, economia internacional, cultura estrangeira e ainda assuntos diversos (como os da Geral) desde que ocorridos no exterior;
  • Economia - notícias relacionadas às atividades produtivas do país, região ou cidade onde se localiza o jornal, subdivididas em sub-editorias:
    • Macroeconomia - políticas de Estado para economia, comércio internacional, diretrizes nacional e internacionais; câmbio e divisas, políticas de integração regional;
    • Mercado Financeiro - indicadores financeiros, mercado de ações, bancos;
    • Empresas - negociações entre empresas, balanços, expectativas de faturamento;
  • Cultura - todas as manifestações culturais da sociedade, Cinema, Teatro, Literatura, Artes Plásticas, Televisão, Música, Quadrinhos, etc.;
  • Ciência & Tecnologia - temas de interesse acadêmico-científico e de tecnologia industrial; pesquisas e descobertas científicas, inovações tecnológicas, economia e empresas de setor de alta tecnologia;
  • Esporte - todas as modalidades esportivas, competições, contratações, treinamentos e variedades sobre atletas e personalidades do Esporte;
  • Turismo - roteiros de viagem, serviços sobre destinos turísticos;
  • Automobilismo - automóveis e outros veículos motorizados, incluindo aquáticos, como lanchas e jet-skis; às vezes, inclui-se até aviação;
  • Comportamento, Saúde, Família e Moda - assuntos diversos sobre comportamento social, consumo, relacionamentos, saúde e medicina;
  • Educação e Vestibular - temas educacionais, pedagógicos e educativos, auxílio a material didático e pesquisa escolar, calendários de provas de acesso universitário e concursos públicos;
  • Infantil e Feminino - cadernos especializados em assuntos estereotipadamente associados a gênero e faixa etária;
  • Coluna Social ou Imprensa Rosa - notas e comentários sobre vida em sociedade, geralmente sobre indivíduos de alto poder aquisitivo e "celebridades";
  • Classificados, Imóveis e Empregos - anúncios pequenos, geralmente pagos por indivíduos.

Jornais de grande porte também costumam ter editores específicos para a Arte e a Fotografia.

Jornalismo enquanto campo de estudos

Os estudos do jornalismo vêm se desenvolvendo desde antes da criação dos cursos de Mestrado e de Doutorado nos Estados Unidos do século XX. A configuração do campo de estudos tem relação com questões como o papel do jornalismo na sociedade, a constituição das notícias e a figura do jornalista. Assim, as pesquisas do campo estão, em sua maioria, relacionadas com a prática da profissão, o que envolve também descrições das rotinas de produção do Jornalismo.[10]

Apesar do desenvolvimento de diversos estudos relativos à área, que permitiram a elaboração de explicações e teorias, o estabelecimento do campo epistemológico do jornalismo enfrenta dificuldades devido à forma como as pesquisas são feitas. Não há distinção entre campo jornalístico e campo profissional, o que impede que se alcance efetivamente uma análise e crítica dos fenômenos em estudo. Para isso, faz-se necessária também uma separação entre o jornalista profissional e o pesquisador jornalista, o que inclui as práticas textuais da profissão (como imparcialidade). [11]

Além disso, o objeto de estudo do Jornalismo é fragmentado, visto que não há distinção de categorias de temas ou estabelecimento de metodologias próprias, o que dificulta a compreensão dos problemas de pesquisa típicos do campo. [11]

Situação dos jornalistas no mundo

Em diversos países de regime democrático, o trabalho jornalístico é protegido por lei ou pela constituição. Isto inclui, muitas vezes, o direito de o jornalista preservar em segredo a identidade de suas fontes, mesmo quando interpelado judicialmente.

O artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos do Homem estabelece normas para a liberdade de expressão e de imprensa.

No entanto, segundo a organização Repórteres sem Fronteiras (Reporters Sans Frontières), 42 jornalistas foram mortos no ano de 2003, principalmente na Ásia, enquanto outros 766 estavam presos.

O futuro do jornalismo passa pela adequação dos profissionais da área às novas mídias emergentes. Todo bom profissional não poderá deixar de observar esses novos meios. O profissional tem de se adaptar aos novos mecanismos das tecnologias, além disso ele precisa ser polivalente para continuar no mercado.

A independência dos profissionais da área tem sido um grande debate, o que pode ser observado no livro "O que é Jornalismo" (Brasiliense, 1980), de Clóvis Rossi.

"Jornalismo, independentemente de qualquer definição acadêmica, é uma fascinante batalha pela conquista das mentes e corações de seus alvos: leitores, telespectadores ou ouvintes. Uma batalha geralmente sutil e que usa uma arma de aparência extremamente inofensiva: a palavra, acrescida, no caso da televisão, de imagens. Entrar no universo do jornalismo significa ver essa batalha por dentro, desvendar o mito da objetividade, saber quais são as fontes, discutir a liberdade de imprensa no Brasil."

Em 2011 a Turquia se tornou o país com maior número de jornalistas presos.[12]

Situação dos jornalistas no Brasil

O primeiro sindicato de jornalistas no Brasil foi fundado em 1934, na cidade de Juiz de Fora. Quatro anos depois, houve a primeira regulamentação da profissão. Conforme disposto na Lei de Imprensa de 9 de fevereiro de 1967, o diploma de curso superior de Jornalismo foi obrigatório para o exercício da profissão, por força de lei, até o Supremo Tribunal Federal torná-lo facultativo em 2009. Porém, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), aprovada pelo Senado Federal em 2012, restabelece a obrigatoriedade do diploma de jornalista para o exercício da profissão. Atualmente, há cerca de 120 cursos de graduação na área, formando quase 5.000 jornalistas a cada ano em todo o país. No Brasil, o curso de Jornalismo tem a maior carga horária entre os cursos da área da comunicação. O curso tem carga horária mínima de 3.000 horas e tempo mínimo de 4 anos para a conclusão do Curso de Bacharel em Jornalismo, segundo as novas diretrizes curriculares do Ministério da Educação (MEC). Após concluir o curso, a pessoa é reconhecida pela Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e pelos sindicatos de jornalistas como jornalista profissional, podendo se filiar aos sindicatos e solicitar a Carteira Nacional de Jornalista, emitida pela FENAJ.

Diversas empresas de comunicação, para cortar custos, têm substituído jornalistas experientes por recém-formados ou estagiários, que recebem pagamento menor para executar o mesmo trabalho. Muitos sindicatos brasileiros reclamam que o excesso de mão-de-obra disponível provoca a desvalorização dos salários da categoria.

Segundo cadastro da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) — entidade que reúne todos os sindicatos de jornalistas brasileiros — havia cerca de 20 mil jornalistas com carteira assinada (empregados) no Brasil em 2003. Destes, mais de 6.300 (30%) estavam no estado de São Paulo.

De acordo com pesquisa do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, com base em dados de 1999 do Ministério do Trabalho, a remuneração média paga aos profissionais da categoria no país era de R$ 1.988 (ou US$ 710). A melhor média salarial era dos funcionários de agências (US$ 982), seguidos pelos jornalistas de jornais (US$ 727), revistas (US$ 622), televisão (US$ 616), assessoria de imprensa (US$ 256) e rádio (US$ 203).

Jornalismo ativo e advocatício

Apesar de o “caráter ativo” do jornalismo ter sido conceituada de diversas formas, não há consenso sobre sua descrição. Esse caráter não necessariamente liga a imprensa como um todo à uma ideologia política de esquerda ou direita, mas a flexibiliza e a torna participante do debate, ou seja, ela não toma partidos, mas discute as ações realizadas pelos agentes políticos.[13]

O caráter advocatício, no entanto, atua como advogado de uma das partes – população ou políticos –, movidos por seus interesses. A mídia, portanto, atua com base em seus posicionamentos políticos.[14]

Periódicos em português

De países que têm o português como idioma oficial ou principal:

Periódicos em outras línguas

Jornalistas lusófonos

Referências

  1. «Jornalismo - Guia do Estudante». Guia do Estudante: Revista Abril. Consultado em 11 de maio de 2012 
  2. a b c d e f g h i Associação Nacional dos Jornais. Jornais:Breve história. Página acessada em 31/07/2010.
  3. Catarina Moura, Universidade da Beira Interior: O Jornalismo na era "Slashdot" Janeiro de 2002, recuperado 24 de Agosto 2011
  4. Traquina, Nelson (2005). Teorias do Jornalismo: Porque as notícias são como são. Florianópolis/SC: Insular. 130 páginas 
  5. Traquina, Nelson (2005). Teorias do Jornalismo: Por que as notícias são como são. Florianópolis/SC: Insular. 131 páginas 
  6. Traquina, Nelson (2005). Teorias do Jornalismo: Porque as noticias são como são. Florianópolis/SC: Insular. 135 páginas 
  7. Traquina, Nelson (2005). Teorias do Jornalismo: Porque as noticias são como são. Florianópolis/SC: Insular. pp. 139–140 
  8. Meyer, Philip (2007). Os jornais podem desaparecer? Como salvar o jornalismo na era da informação. São Paulo: Contexto. pp. 75–92 
  9. Traquina, Nelson (2005). Teorias do Jornalismo: Porque as notícias são como são. Florianópolis/SC: Insular. 133 páginas 
  10. Traquina, Nelson (2005). Teorias do Jornalismo, porque as notícias são como são. Florianópolis: Insular  Verifique data em: |acessodata= (ajuda);
  11. a b Silva, Gislene (2009). «De que campo do jornalismo estamos falando?». MATRIZes. Consultado em 02 de Julho de 2016  Verifique data em: |acessodata= (ajuda)
  12. «Turquia é o país com maior número de jornalistas presos». Folha Online. Consultado em 11 de maio de 2012 
  13. Licaryão, Diógenes; MAIA, R.C.M. «A COP-15 sob holofotes mediáticos: modos e níveis de intervenção política do jornalismo no sistema de mídia brasileiro». Consultado em 30 junho 2016 
  14. Licaryão, Diógenes; MAGALHÃES, Eleonora; ALBUQUERQUE, Afonso. «Jornalismo parcial feito para vender: a decadência do padrão "catch-all" pelas leis do mercado» (PDF). Consultado em 30 junho 2016 

Bibliografia

  • ABRAMO, Cláudio. A Regra do Jogo, São Paulo: Companhia das Letras, 1988
  • ALTMAN, Fábio (org.). A Arte da Entrevista, São Paulo: Scritta, 1995
  • AMOROSO LIMA, Alceu. O Jornalismo como Gênero Literário, São Paulo: Edusp, 1990
  • AUBENAS, Florence & BENASAYAG, Miguel. La Fabrication de L'Information: les journalistes et l'idéologie de la communication, Paris: La Découverte, ano?
  • BADARÓ, Líbero. Liberdade de Imprensa, São Paulo: Parma, 1981
  • BOND, Fraser. Introdução ao jornalismo, Rio de Janeiro: Agir, 1962
  • BONNER, William. "Jornal Nacional. Modo de fazer" , Rio de Janeiro, 2009
  • BUCCI, Eugênio. O peixe morre pela boca, São Paulo: Scritta, 1993
  • CAPOTE, Truman. A Sangue Frio, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1966.
  • COIMBRA, Oswaldo. O Texto da Reportagem Impressa, São Paulo: Ática, 1993.
  • DIMENSTEIN, Gilberto, e KOTSCHO, Ricardo. A Aventura da Reportagem, São Paulo: Summus
  • DINES, Alberto. O Papel do Jornal, São Paulo: Summus, 1986
  • FUSER, Igor. A Arte da Reportagem, São Paulo: Scritta, 1996
  • GÓIS, Veruska Sayonara de. Direito à informação jornalística. São Paulo: Intermeios, 2012.
  • KOTSCHO, Ricardo. A Prática da Reportagem, São Paulo: Ática, 1986
  • LAGE, Nilson. Estrutura da notícia, São Paulo: Ática, 1985
  • LAGE, Nilson. A reportagem - Teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística, Rio de Janeiro: Record, 2001.
  • LUSTOSA, Elcias. O texto da notícia, Brasília: UnB, 1996.
  • MARX, Karl. A Liberdade da Imprensa, Porto Alegre: L&PM, 1980
  • MEDINA, Cremilda. Notícia, um produto à venda, São Paulo: Alfa-Ômega, 1978.
  • MELO, José Marques de. Normas de Redação de Cinco Jornais Brasileiros, 1972, USP
  • RODRIGUES, Marcus Vinicius. O Papel do Web Jornal, Porto Alegre: EdiPUC-RS.
  • RUFFIN, François. Les Petits Soldats du Journalisme, Paris: Les Arènes, ano?
  • SILVA, Gislene. De que campo do jornalismo estamos falando?, MATRIZes, 2009
  • SODRÉ, Muniz e FERRARI, Maria Helena. Técnica de Redação: o texto no jornalismo impresso, Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1982.
  • SODRÉ, Muniz e FERRARI, Maria Helena. Técnica de Reportagem: notas sobre a narrativa jornalística, São Paulo: Summus, 1986.
  • TRAQUINA, Nelson. Teorias do Jornalismo, porque as notícias são como são, Florianópolis: Insular, 2005

Ver também

Movimentos

Ligações externas

Wikiquote
Wikiquote
O Wikiquote possui citações de ou sobre: Jornalismo
Wikiquote
Wikiquote
O Wikiquote possui citações de ou sobre: Jornalista
Categoria
Categoria