Francisco Franco: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
m Foram revertidas as edições de 187.86.207.169 para a última revisão de Coltsfan, de 21h15min de 6 de julho de 2019 (UTC)
Etiqueta: Reversão
Fiz ligações internas, adicionei nova informação e referência.
Linha 52: Linha 52:
'''Francisco Franco''' <small>[[Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito|GColTE]] • [[Banda das Três Ordens|GCBTO]]</small> ([[Ferrol]], [[4 de dezembro]] de [[1892]] — [[Madrid]], [[20 de novembro]] de [[1975]]) foi um [[militar]], [[chefe de Estado]] e [[ditador]] [[Espanha|espanhol]].<ref>{{Citar livro|URL=https://books.google.co.uk/books?redir_esc=y&id=HconAAAAMAAJ&q=generalissimo#v=snippet&q=generalissimo&f=false|título=Encyclopædia Britannica: Or, A Dictionary of Arts, Sciences, and Miscellaneous Literature, Enlarged and Improved|último=|primeiro=|data=1823|publicado=Archibald Constable|ano=|ISBN=|local=|páginas=484|língua=en}}</ref> Conhecido como "'''Generalíssimo'''" ou simplesmente '''Franco''', integrou o golpe de Estado na Espanha em julho de 1936 contra o governo da [[Segunda República Espanhola|Segunda República]], que deu início a [[Guerra Civil Espanhola]].<ref name="Payne">[[#Payne2000|Payne (2000)]], p. 67</ref> Foi nomeado como chefe supremo da tropa sublevada em 10 de outubro de 1936, exercendo como chefe de Estado da Espanha desde o final do conflito até seu falecimento em 1975, e como chefe de Governo entre 1938 e 1973.
'''Francisco Franco''' <small>[[Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito|GColTE]] • [[Banda das Três Ordens|GCBTO]]</small> ([[Ferrol]], [[4 de dezembro]] de [[1892]] — [[Madrid]], [[20 de novembro]] de [[1975]]) foi um [[militar]], [[chefe de Estado]] e [[ditador]] [[Espanha|espanhol]].<ref>{{Citar livro|URL=https://books.google.co.uk/books?redir_esc=y&id=HconAAAAMAAJ&q=generalissimo#v=snippet&q=generalissimo&f=false|título=Encyclopædia Britannica: Or, A Dictionary of Arts, Sciences, and Miscellaneous Literature, Enlarged and Improved|último=|primeiro=|data=1823|publicado=Archibald Constable|ano=|ISBN=|local=|páginas=484|língua=en}}</ref> Conhecido como "'''Generalíssimo'''" ou simplesmente '''Franco''', integrou o golpe de Estado na Espanha em julho de 1936 contra o governo da [[Segunda República Espanhola|Segunda República]], que deu início a [[Guerra Civil Espanhola]].<ref name="Payne">[[#Payne2000|Payne (2000)]], p. 67</ref> Foi nomeado como chefe supremo da tropa sublevada em 10 de outubro de 1936, exercendo como chefe de Estado da Espanha desde o final do conflito até seu falecimento em 1975, e como chefe de Governo entre 1938 e 1973.


Foi "Chefe Nacional" do partido único Falange Espanhola Tradicionalista e das JONS (Juntas Ofensivas Nacional Sindicalistas),{{Sfn|Jerez Mir|Luque|2014|pp=177-178}} nos quais se apoiou para estabelecer um regime fascista no começo de seu governo, que mais tarde derivaria em uma ditadura, conhecida como franquismo, de tipo conservador, católico e anticomunista. A mudança de seu regime se deveu à derrota do [[fascismo]] na [[Segunda Guerra Mundial]]. Aglutinou em torno ao culto a sua imagem, diferentes tendências do conservadorismo, nacionalismo e catolicismo, opostas à esquerda política e ao desenvolvimento de formas democráticas de governo.
Foi "Chefe Nacional" do partido único FE de las JONS ([[Falange Espanhola das Juntas de Ofensiva Nacional Sindicalista]]),{{Sfn|Jerez Mir|Luque|2014|pp=177-178}} nos quais se apoiou para estabelecer um regime fascista no começo de seu governo, que mais tarde derivaria em uma ditadura, conhecida como [[franquismo]], de tipo conservador, [[católico]] e [[anticomunista]]. A mudança de seu regime se deveu à derrota do [[fascismo]] na [[Segunda Guerra Mundial]]. Aglutinou em torno ao [[Culto de personalidade|culto a sua imagem]], diferentes tendências do [[conservadorismo]], [[nacionalismo]] e catolicismo, opostas à [[esquerda política]] e ao desenvolvimento de formas democráticas de governo.


Durante o seu mandato à frente do Exército e da Chefia do Estado, especialmente durante a Guerra Civil e os primeiros anos do regime, tiveram lugar múltiplas violações dos direitos humanos, segundo assinalam numerosas pesquisas históricas e denúncias de pessoas.<ref>El Norte de Castilla «El Norte de Castilla: {{citar web | url=http://www.nortecastilla.es/20080922/mas-actualidad/espana/garzon-130000-represaliados-200809221310.html | título= Garzón recibe 130.000 nombres de desaparecidos | publicado=www.nortecastilla.es }}» Consultado el 6 de febrero de 2012</ref> A cifra total de vítimas mortais varia em torno de 400 mil mortes,<ref>Sinova, J. (2006) ''La censura de prensa durante el franquismo'' [The Media Censorship During Franco Regime]. Random House Mondadori. {{ISBN|84-8346-134-X}}.</ref><ref>{{citar periódico| doi = 10.1353/joy.2001.0008|título= James Joyce's Encounters with Spanish Censorship, 1939–1966|periódico= Joyce Studies Annual| volume = 12|página= 38|ano= 2001|último1 = Lázaro |primeiro1 = A. }}</ref><ref>Rodrigo, J. (2005) ''Cautivos: Campos de concentración en la España franquista, 1936–1947'', Editorial Crítica. {{ISBN|8484326322}}</ref><ref>Gastón Aguas, J. M. & Mendiola Gonzalo, F. (eds.) ''Los trabajos forzados en la dictadura franquista: Bortxazko lanak diktadura frankistan.'' {{ISBN|978-84-611-8354-8}}</ref><ref>Duva, J. (9 November 1998) [https://web.archive.org/web/20011226220919/http://www.guerracivil.org/Diaris/981109pais.htm "Octavio Alberola, jefe de los libertarios ajusticiados en 1963, regresa a España para defender su inocencia"]. ''Diario El País''</ref> na maioria em campos de concentração, execuções extrajudiciais ou em prisão.<ref>Hugh Thomas, ''La guerre d'Espagne'', Robert Laffont, 2009, págs.209 y 711.</ref><ref>Richards, Michael (1998) ''A Time of Silence: Civil War and the Culture of Repression in Franco's Spain, 1936–1945'', Cambridge University Press. {{ISBN|0521594014}}. p. 11.</ref><ref>Jackson, Gabriel (2005) ''La república española y la guerra civil RBA'', Barcelona. {{ISBN|8474230063}}. p. 466.</ref>
Durante o seu mandato à frente do Exército e da Chefia do Estado, especialmente durante a Guerra Civil e os primeiros anos do regime, tiveram lugar múltiplas violações dos direitos humanos, segundo assinalam numerosas pesquisas históricas e denúncias de pessoas.<ref>El Norte de Castilla «El Norte de Castilla: {{citar web | url=http://www.nortecastilla.es/20080922/mas-actualidad/espana/garzon-130000-represaliados-200809221310.html | título= Garzón recibe 130.000 nombres de desaparecidos | publicado=www.nortecastilla.es }}» Consultado el 6 de febrero de 2012</ref> A cifra total de vítimas mortais varia em torno de 400 mil mortes,<ref>Sinova, J. (2006) ''La censura de prensa durante el franquismo'' [The Media Censorship During Franco Regime]. Random House Mondadori. {{ISBN|84-8346-134-X}}.</ref><ref>{{citar periódico| doi = 10.1353/joy.2001.0008|título= James Joyce's Encounters with Spanish Censorship, 1939–1966|periódico= Joyce Studies Annual| volume = 12|página= 38|ano= 2001|último1 = Lázaro |primeiro1 = A. }}</ref><ref>Rodrigo, J. (2005) ''Cautivos: Campos de concentración en la España franquista, 1936–1947'', Editorial Crítica. {{ISBN|8484326322}}</ref><ref>Gastón Aguas, J. M. & Mendiola Gonzalo, F. (eds.) ''Los trabajos forzados en la dictadura franquista: Bortxazko lanak diktadura frankistan.'' {{ISBN|978-84-611-8354-8}}</ref><ref>Duva, J. (9 November 1998) [https://web.archive.org/web/20011226220919/http://www.guerracivil.org/Diaris/981109pais.htm "Octavio Alberola, jefe de los libertarios ajusticiados en 1963, regresa a España para defender su inocencia"]. ''Diario El País''</ref> na maioria em [[Campos de concentração franquistas|campos de concentração]], execuções extrajudiciais ou em prisão.<ref>Hugh Thomas, ''La guerre d'Espagne'', Robert Laffont, 2009, págs.209 y 711.</ref><ref>Richards, Michael (1998) ''A Time of Silence: Civil War and the Culture of Repression in Franco's Spain, 1936–1945'', Cambridge University Press. {{ISBN|0521594014}}. p. 11.</ref><ref>Jackson, Gabriel (2005) ''La república española y la guerra civil RBA'', Barcelona. {{ISBN|8474230063}}. p. 466.</ref>


Ao contrário de [[Adolf Hitler|Hitler]] e [[Benito Mussolini|Mussolini]], o governo Franco, devido à teórica neutralidade na [[Segunda Guerra Mundial]], resistiu ao conflito. Mas o líder fascista liderava um país industrialmente atrasado, bem mais pobre que outras nações europeias. E, apesar de não gostar particularmente de futebol, viu no esporte uma forma da Espanha passar a ser conhecida positivamente no exterior. A partir da década de 1960, a Espanha passou por um período de forte crescimento econômico, o que elevou sua popularidade.<ref>{{cite news|title=Before China's Transformation, There Was The "Spanish Miracle"|url=https://www.forbes.com/sites/timreuter/2014/05/19/before-chinas-transformation-there-was-the-spanish-miracle/#186c2ed3b3e1|author=Reuter, Tim|date=19 de maio de 2014|publisher=''[[Forbes]]''|access-date=30 de dezembro de 2017}}</ref> Este crescimento, contudo, foi acompanhado por um aumento no aparato repressivo do Estado franquista, perseguindo dissidentes e ativistas, ao mesmo tempo que implementou uma política de repressão cultural no seu país. A posição ferrenha contra o comunismo trouxe de volta parte do apoio internacional e na década de 1970 a Espanha já era uma das nações que mais cresciam, economicamente, na Europa. Isso não impediu que, ainda em meados dos anos 70, a oposição interna pedisse com mais veemência sua renúncia, apoiada pela comunidade internacional.
Ao contrário de [[Adolf Hitler|Hitler]] e [[Benito Mussolini|Mussolini]], o governo Franco, devido à teórica [[País neutro|neutralidade]] na [[Segunda Guerra Mundial]], resistiu ao conflito. Mas o líder fascista liderava um país industrialmente atrasado, bem mais pobre que outras nações europeias. E, apesar de não gostar particularmente de [[futebol]], viu no esporte uma forma da Espanha passar a ser conhecida positivamente no exterior. A partir da década de 1960, a Espanha passou por um período de forte crescimento econômico, o que elevou sua popularidade.<ref>{{cite news|title=Before China's Transformation, There Was The "Spanish Miracle"|url=https://www.forbes.com/sites/timreuter/2014/05/19/before-chinas-transformation-there-was-the-spanish-miracle/#186c2ed3b3e1|author=Reuter, Tim|date=19 de maio de 2014|publisher=''[[Forbes]]''|access-date=30 de dezembro de 2017}}</ref> Este crescimento, contudo, foi acompanhado por um aumento no aparato repressivo do Estado franquista, perseguindo dissidentes e ativistas, ao mesmo tempo que implementou uma política de repressão cultural no seu país. A posição ferrenha contra o comunismo trouxe de volta parte do apoio internacional e na década de 1970 a Espanha já era uma das nações que mais cresciam, economicamente, na Europa. Isso não impediu que, ainda em meados dos anos 70, a oposição interna pedisse com mais veemência sua renúncia, apoiada pela comunidade internacional.


Depois de um governo de quase quarenta anos, Franco restaurou a [[Monarquia de Espanha|monarquia]] em 1975 e deixou o Rei [[Juan Carlos da Espanha|Juan Carlos I]] como seu sucessor. Juan Carlos liderou a transição para a democracia, deixando a Espanha com seu atual sistema político.
Depois de um governo de quase quarenta anos, Franco restaurou a [[Monarquia de Espanha|monarquia]] em 1975 e deixou o Rei [[Juan Carlos da Espanha|Juan Carlos I]] como seu sucessor. Juan Carlos liderou a transição para a democracia, deixando a Espanha com seu atual sistema político.


== Vida ==
== Vida ==

Nascido ''' Francisco Paulino Hermenegildo Teódulo Franco Bahamonde Salgado-Araujo y Pardo de Lama'''<ref>Payne, Stanley G.; Palacios, Jesús (24 de novembro de 2014). ''{{citar web|url=https://books.google.es/books?id=rn6aBAAAQBAJ&pg=PA263#v=onepage&q&f=false|título=Franco: A Personal and Political Biography|publicado=books.google.es}}. Madison: The University of Wisconsin Press. p. 263. ISBN 978-0-299-30210-8.''</ref> na cidade [[Galiza|galega]] de [[Ferrol]], estudou na [[Academia de Infantaria de Toledo]]. Entre [[1912]] e [[1917]], distinguiu-se nas campanhas bélicas do [[Marrocos]] espanhol. Após uma estada de três anos em [[Oviedo]], voltou ao Marrocos, onde combateu às ordens de [[Rafael de Valenzuela y Urzaiz]] e de [[Millán Astray]], destacando-se pelo seu valor e frieza no combate.<ref name="UOL - Educação">{{citar web |url=http://educacao.uol.com.br/biografias/francisco-franco.jhtm |título=Francisco Franco |acessodata=19 de Novembro de 2012 |data= |obra= |publicado=UOL - Educação }}</ref> Em [[1923]], apadrinhado por [[Afonso XIII de Espanha|Afonso XIII]], casou-se com Carmen Polo, de uma família da [[burguesia]] das [[Astúrias]].
Nascido ''' Francisco Paulino Hermenegildo Teódulo Franco Bahamonde Salgado-Araujo y Pardo de Lama'''<ref>Payne, Stanley G.; Palacios, Jesús (24 de novembro de 2014). ''{{citar web|url=https://books.google.es/books?id=rn6aBAAAQBAJ&pg=PA263#v=onepage&q&f=false|título=Franco: A Personal and Political Biography|publicado=books.google.es}}. Madison: The University of Wisconsin Press. p. 263. ISBN 978-0-299-30210-8.''</ref> na cidade [[Galiza|galega]] de [[Ferrol]], estudou na [[Academia de Infantaria de Toledo]]. Entre [[1912]] e [[1917]], distinguiu-se nas campanhas bélicas do [[Marrocos]] espanhol. Após uma estada de três anos em [[Oviedo]], voltou ao Marrocos, onde combateu às ordens de [[Rafael de Valenzuela y Urzaiz]] e de [[Millán Astray]], destacando-se pelo seu valor e frieza no combate.<ref name="UOL - Educação">{{citar web |url=http://educacao.uol.com.br/biografias/francisco-franco.jhtm |título=Francisco Franco |acessodata=19 de Novembro de 2012 |data= |obra= |publicado=UOL - Educação }}</ref> Em [[1923]], apadrinhado por [[Afonso XIII de Espanha|Afonso XIII]], casou-se com Carmen Polo, de uma família da [[burguesia]] das [[Astúrias]].


Destinado novamente a Marrocos com a patente de [[tenente-coronel]], assumiu o comando da [[Legião Espanhola]] em [[1923]] e participou activamente no desembarque na [[baía]] de [[Ilhote de Alhucemas|Alhucemas]] e na reconquista do Protectorado (1925). É considerado, juntamente com [[José Sanjurjo]], o mais brilhante dos militares chamados africanistas. Entre [[1928]] e [[1931]] dirigiu a Academia Militar de [[Saragoça]].<ref name="InfoEscola">{{citar web |url=http://www.infoescola.com/biografias/francisco-franco/ |título=Francisco Franco |acessodata=19 de Novembro de 2012 |autor=Emerson Santiago |data=20 de Setembro de 2011 |obra= |publicado=InfoEscola }}</ref>
Destinado novamente a Marrocos com a patente de [[tenente-coronel]], assumiu o comando da [[Legião Espanhola]] em [[1923]] e participou activamente no [[Desembarque de Alhucemas|desembarque na baía de Alhucemas]] e na reconquista [[Protetorado Espanhol em Marrocos|do Protectorado]] (1925). É considerado, juntamente com [[José Sanjurjo]], o mais brilhante dos militares chamados africanistas. Entre [[1928]] e [[1931]] dirigiu a Academia Militar de [[Saragoça]].<ref name="InfoEscola">{{citar web |url=http://www.infoescola.com/biografias/francisco-franco/ |título=Francisco Franco |acessodata=19 de Novembro de 2012 |autor=Emerson Santiago |data=20 de Setembro de 2011 |obra= |publicado=InfoEscola }}</ref>


Quando da implantação da [[República]] (1931), foi afastado de cargos de responsabilidade e destacado para os governos militares da [[Corunha]] e das [[Baleares]]. Com o triunfo das forças de [[Direita (política)|direita]] em [[1933]], regressou a altos cargos do Exército. Planificou a cruel repressão da [[Revolução das Astúrias]] ([[1934]]) com tropas da Legião.<ref name="UOL - Educação"/> Quando [[José María Gil-Robles]] ocupou o Ministério da Guerra, foi nomeado Chefe do [[Estado-Maior]] Central (1935). Em [[1936]], o Governo da Frente Popular o nomeou comandante militar das [[Canárias]]. Dali manteve contacto com [[Emilio Mola]] (chamado «O Director») e [[José Sanjurjo|Sanjurjo]], que preparavam o levantamento militar.
Quando da implantação da [[República]] (1931), foi afastado de cargos de responsabilidade e destacado para os governos militares da [[Corunha]] e das [[Baleares]]. Com o triunfo das forças de [[Direita (política)|direita]] em [[1933]], regressou a altos cargos do Exército. Planificou a cruel repressão da [[Revolução das Astúrias]] ([[1934]]) com tropas da Legião.<ref name="UOL - Educação"/> Quando [[José María Gil-Robles]] ocupou o Ministério da Guerra, foi nomeado Chefe do [[Estado-Maior]] Central (1935). Em [[1936]], o Governo da Frente Popular o nomeou comandante militar das [[Canárias]]. Dali manteve contacto com [[Emilio Mola]] (chamado «O Director») e [[José Sanjurjo|Sanjurjo]], que preparavam o levantamento militar.


[[Ficheiro:Franco eisenhower 1959 madrid.jpg|miniaturadaimagem|Francisco Franco junto ao presidente [[Dwight D. Eisenhower|Dwight Eisenhower]] dos [[Estados Unidos]].]]
[[Ficheiro:Franco eisenhower 1959 madrid.jpg|miniaturadaimagem|Francisco Franco junto ao presidente [[Dwight D. Eisenhower|Dwight Eisenhower]] dos [[Estados Unidos]].]]
Em [[17 de Julho]] voou das Canárias até Marrocos, revoltou a guarnição e tornou-se comandante das [[tropa]]s. Cruzou o [[Estreito de Gibraltar]] com meios precários (aviões cedidos por [[Benito Mussolini|Mussolini]] e [[Adolf Hitler|Hitler]] e [[navio]]s de pouca tonelagem)<ref name="InfoEscola"/> e avançou até [[Madrid]] por [[Mérida]], [[Badajoz]] e [[Talavera de la Reina]]. Apoderou-se rapidamente da direcção militar e política da guerra (Setembro de [[1936]]), e em 1 de Outubro de [[1936]] converteu-se em [[Chefe do Estado]], chefiando igualmente o Governo. Em Abril de [[1937]] uniu os falangistas da Falange Espanhola das Juntas de Ofensiva Nacional-Sindicalista, FE-JONS, e os monárquicos carlistas da Comunhão Tradicionalista numa única força política, a FET y de las JONS (Falange Espanhola Tradicionalista e das JONS), e colocou-se à frente da nova organização como seu Chefe Nacional [[Caudilho]]. Anos mais tarde, disse que apenas prestaria contas da sua atividade "perante [[Deus]] e perante a [[História]]".


Em [[17 de Julho]] voou das Canárias até Marrocos, revoltou a guarnição e tornou-se comandante das [[tropa]]s. Cruzou o [[Estreito de Gibraltar]] com meios precários (aviões cedidos por [[Benito Mussolini|Mussolini]] e [[Adolf Hitler|Hitler]] e [[navio]]s de pouca tonelagem)<ref name="InfoEscola"/> e avançou até [[Madrid]] por [[Mérida]], [[Badajoz]] e [[Talavera de la Reina]]. Apoderou-se rapidamente da direcção militar e política da guerra (Setembro de [[1936]]), e em 1 de Outubro de [[1936]] converteu-se em [[Chefe do Estado]], chefiando igualmente o Governo. Em Abril de [[1937]] uniu os falangistas da [[Falange Espanhola]] das Juntas de Ofensiva Nacional-Sindicalista, [[Falange Espanhola das Juntas de Ofensiva Nacional Sindicalista|FE de las JONS]], e colocou-se à frente da nova organização como seu Chefe Nacional [[Caudilho]]. Anos mais tarde, disse que apenas prestaria contas da sua atividade "perante [[Deus]] e perante a [[História]]".
Terminada a [[guerra civil espanhola]] empreende a reconstrução do país.<ref name="UOL - Educação"/> Recebeu o Grande-Colar da [[Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito]] a 30 de Junho de 1939.<ref name="OHe">{{citar web |url=http://www.ordens.presidencia.pt/?idc=154 |título=Cidadãos Estrangeiros Agraciados com Ordens Portuguesas|data=|publicado=Presidência da República Portuguesa|acessodata=2014-11-27 |notas=Resultado da busca de "Francisco Franco Bahamonde".}}</ref> Não só não quer contar com os vencidos para esta tarefa, mas também a repressão e os [[fuzilamento]]s se prolongam durante, pelo menos, um lustro. Cria um estado [[católico]], [[Autoritarismo|autoritário]] e [[Corporativismo|corporativo]] que recebe o nome de [[franquismo]]. Apesar das suas estreitas relações com a [[Alemanha Nazi|Alemanha]] e a [[Itália Fascista|Itália]], mantém a [[neutralidade]] espanhola durante a [[Segunda Guerra Mundial]]. Terminada esta, os [[Aliados da Segunda Guerra Mundial|vencedores]] isolam o regime franquista. Contudo, este foi se consolidando na base da promulgação das novas Leis Fundamentais: criação das Cortes Espanholas ([[1942]]), o Foro dos Espanhóis ([[1945]]), Lei do Referendo Nacional ([[1945]]), Lei da Sucessão na Chefia do Estado ([[1947]]) etc.

[[Ficheiro:Francisco Franco and Carmen Polo.jpg|miniaturadaimagem|Franco e sua esposa, Carmen Polo.]]
Terminada a [[guerra civil espanhola]] empreende a reconstrução do país.<ref name="UOL - Educação"/> Recebeu o Grande-Colar da [[Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito]] a 30 de Junho de 1939.<ref name="OHe">{{citar web |url=http://www.ordens.presidencia.pt/?idc=154 |título=Cidadãos Estrangeiros Agraciados com Ordens Portuguesas|data=|publicado=Presidência da República Portuguesa|acessodata=2014-11-27 |notas=Resultado da busca de "Francisco Franco Bahamonde".}}</ref> Não só não quer contar com os vencidos para esta tarefa, mas também a repressão e os [[fuzilamento]]s se prolongam durante, pelo menos, um lustro. Cria um estado [[católico]], [[Autoritarismo|autoritário]] e [[Corporativismo|corporativo]] que recebe o nome de [[franquismo]].

{{Rquote|right|''Aqueles que me pressionam para aliar-me à Alemanha estão errados, muito errados. Os ingleses não se renderão; lutarão sempre e, se forem expulsos da ''[[Grã-Bretanha]]'', continuarão a lutar no ''[[Canadá]]''. Farão com que os norte-americanos os sigam. A Alemanha ainda não ganhou a guerra.''|Franco, após a [[Queda da França]] em 1940.<ref>Garza, Hedda. ''Os Grandes Líderes: Franco.'' Pág. 75, Editora [[Nova Cultural]], 1987, Adicionado em 5 de setembro de 2019.</ref>}}

Apesar das suas estreitas relações com a [[Alemanha Nazi|Alemanha]] e a [[Itália Fascista|Itália]], mantém a [[País neutro|neutralidade]] espanhola durante a [[Segunda Guerra Mundial]]. Terminada esta, os [[Aliados da Segunda Guerra Mundial|vencedores]] isolam o regime franquista. Contudo, este foi se consolidando na base da promulgação das novas Leis Fundamentais: criação das Cortes Espanholas ([[1942]]), o Foro dos Espanhóis ([[1945]]), Lei do Referendo Nacional ([[1945]]), Lei da Sucessão na Chefia do Estado ([[1947]]) etc.

Em [[1953]] são restabelecidas as relações diplomáticas com os [[Estados Unidos]] e, em [[1955]], o regime de Franco é reconhecido pela [[Organização das Nações Unidas]].<ref name="InfoEscola"/> Recebeu a [[Banda das Três Ordens]] a 14 de fevereiro de 1962. Em [[1966]] promulga uma nova [[lei fundamental]] às já existentes, a ([[Lei Orgânica]] do Estado) e três anos mais tarde apresenta às Cortes, como sucessor a título de Rei, o [[Príncipe]] [[Juan Carlos de Espanha|Juan Carlos]], neto de [[Afonso XIII de Espanha|Afonso XIII]]. Em Junho de [[1973]] cede a presidência do Governo ao seu mais directo colaborador, [[Luis Carrero Blanco]]. A morte deste num atentado, poucos meses depois, é o princípio da decomposição do regime.
Em [[1953]] são restabelecidas as relações diplomáticas com os [[Estados Unidos]] e, em [[1955]], o regime de Franco é reconhecido pela [[Organização das Nações Unidas]].<ref name="InfoEscola"/> Recebeu a [[Banda das Três Ordens]] a 14 de fevereiro de 1962. Em [[1966]] promulga uma nova [[lei fundamental]] às já existentes, a ([[Lei Orgânica]] do Estado) e três anos mais tarde apresenta às Cortes, como sucessor a título de Rei, o [[Príncipe]] [[Juan Carlos de Espanha|Juan Carlos]], neto de [[Afonso XIII de Espanha|Afonso XIII]]. Em Junho de [[1973]] cede a presidência do Governo ao seu mais directo colaborador, [[Luis Carrero Blanco]]. A morte deste num atentado, poucos meses depois, é o princípio da decomposição do regime.


Sob sua liderança, a economia espanhola inicialmente sofreu. Ao fim da década de 1950, Franco substituiu os ministros ideológicos por tecnocratas apolíticos que implementaram diversas reformas. Assim, a economia do país prosperou pelos próximos anos no que ficou conhecido com o "Milagre Espanhol". Ao mesmo tempo, a repressão política se intensificou e opositores eram cassados sem misericórdia. Qualquer voz dissidente ou movimento antigovernista era reprimido com brutalidade. Isso gerou um fluxo emigratório, com milhares de pessoas deixando o país para outros cantos da Europa e para a América do Sul. A economia, contudo, continuou no caminho do crescimento especialmente devido ao capital estrangeiro. Empresas multinacionais abriram fábricas na Espanha, puxando o desemprego para baixo. Essas empresas viam benefícios em fazer negócios em solo espanhol devido a mão de obra barata, ausência de leis trabalhistas (como o direito a greve) e outras despesas (como seguro de saúde para trabalhadores). Quando Franco morreu, a Espanha era a economia que mais crescia na Europa Ocidental. Ao mesmo tempo, a disparidade entre ricos e pobres, apesar de ter encolhido bastante, continuava alta para os padrões europeus na década de 1970.<ref name="biography">{{citar web | url=http://www.biography.com/people/francisco-franco-9300766 | título= "Francisco Franco - Military Leader, Dictator, General" | publicado=www.biography.com }}. ''Biography.com''. Página acessada em 27 de janeiro de 2017.</ref>
Sob sua liderança, a economia espanhola inicialmente sofreu. Ao fim da década de 1950, Franco substituiu os ministros ideológicos por [[Tecnocracia|tecnocratas]] apolíticos que implementaram diversas reformas. Assim, a economia do país prosperou pelos próximos anos no que ficou conhecido com o "[[Milagre econômico espanhol|Milagre Espanhol]]". Ao mesmo tempo, a repressão política se intensificou e opositores eram cassados sem misericórdia. Qualquer voz dissidente ou movimento antigovernista era reprimido com brutalidade. Isso gerou um fluxo emigratório, com milhares de pessoas deixando o país para outros cantos da Europa e para a [[América do Sul]]. A economia, contudo, continuou no caminho do crescimento especialmente devido ao capital estrangeiro. Empresas [[multinacionais]] abriram fábricas na Espanha, puxando o [[desemprego]] para baixo. Essas empresas viam benefícios em fazer [[negócio]]s em solo espanhol devido a mão de obra barata, ausência de [[leis trabalhistas]] (como o direito a [[greve]]) e outras despesas (como seguro de saúde para trabalhadores). Quando Franco morreu, a Espanha era a economia que mais crescia na Europa Ocidental. Ao mesmo tempo, a disparidade entre ricos e pobres, apesar de ter encolhido bastante, continuava alta para os padrões europeus na década de 1970.<ref name="biography">{{citar web | url=http://www.biography.com/people/francisco-franco-9300766 | título= "Francisco Franco - Military Leader, Dictator, General" | publicado=www.biography.com }}. ''Biography.com''. Página acessada em 27 de janeiro de 2017.</ref>


[[Ficheiro:Francisco Franco and Carmen Polo.jpg|miniaturadaimagem|left|Franco e sua esposa, Carmen Polo.]]
Apesar do autoritarismo do seu regime, apoio no [[Mundo Ocidental]] para a Espanha cresceu após a segunda grande guerra, principalmente devido ao seu cunho anticomunista, que agradava os Estados Unidos e sua política de [[contenção]]. Ainda no âmbito externo, tentou inicialmente preservar o império colonial espanhol. Contudo, após fracassos militares e diplomáticos, foi pressionado pela ONU e teve que abrir mão dos poucos territórios ultramarinos que o país ainda possuía (como [[Guiné Equatorial]] e [[Ifni]]).<ref name="biography" />


Apesar do autoritarismo do seu regime, apoio no [[Mundo Ocidental]] para a Espanha cresceu após a segunda grande guerra, principalmente devido ao seu cunho [[anticomunista]], que agradava os [[Estados Unidos]] e sua política de [[contenção]]. Ainda no âmbito externo, tentou inicialmente preservar o [[império colonial espanhol]]. Contudo, após fracassos militares e diplomáticos, foi pressionado pela [[ONU]] e teve que abrir mão dos poucos territórios ultramarinos que o país ainda possuía (como [[Guiné Equatorial]] e [[Ifni]]).<ref name="biography" />
Internamente ainda teve que lidar com movimentos que buscavam autonomia para diversas regiões na Espanha além de mais tarde ser responsabilizado pela morte de 23 mil pessoas.<ref>{{citar web | url=http://www.lainformacion.com/policia-y-justicia/magistratura/DECLARACIONES-FUNDACION-FRANCISCO-ENALTECIMIENTO-FRANQUISMO_0_1013898951.html | título=El Gobierno responde que decir "el franquismo solo fusiló a 23.000, y no por capricho" no es delito | publicado=www.lainformacion.com }}</ref> Opositores e separatistas foram reprimidos na [[Catalunha]] e no [[País Basco]]. Outras regiões, como a [[Galiza]], também viram sua autonomia diminuir. Repressão cultural e linguística também ocorreu.

Internamente ainda teve que lidar com movimentos que buscavam autonomia para diversas regiões na Espanha além de mais tarde ser responsabilizado pela morte de 23 mil pessoas.<ref>{{citar web | url=http://www.lainformacion.com/policia-y-justicia/magistratura/DECLARACIONES-FUNDACION-FRANCISCO-ENALTECIMIENTO-FRANQUISMO_0_1013898951.html | título=El Gobierno responde que decir "el franquismo solo fusiló a 23.000, y no por capricho" no es delito | publicado=www.lainformacion.com }}</ref> Opositores e [[separatista]]s foram reprimidos na [[Catalunha]] e no [[País Basco]]. Outras regiões, como a [[Galiza]], também viram sua autonomia diminuir. Repressão cultural e linguística também ocorreu.


Franco morre após longa doença num hospital de Madrid, em 20 de novembro de 1975.<ref name="UOL - Educação"/><ref name="opera">{{Citar web| url=http://operamundi.uol.com.br/conteudo/historia/25516/hoje+na+historia+1975+-+morre+o+ditador+espanhol+francisco+franco.shtml |título=Hoje na História: 1975 - Morre o ditador espanhol Francisco Franco |obra=Opera Mundi |data= |acessodata=27 de abril de 2016}}</ref> Foi sepultado no [[Valle de los Caídos|Vale dos Caídos]], local onde se encontram também enterrados cerca de trinta mil combatentes da [[Guerra Civil Espanhola]]. <ref>{{citar web|url=https://www.dobrarfronteiras.com/vale-dos-caidos-espanha/|título=Site Dobrar Fronteiras|acessodata=15 de março de 2019}}</ref> Ele governou a Espanha com punho de ferro por quase quarenta anos, se tornando um dos ditadores mais notórios da Europa ocidental.
Franco morre após longa doença num hospital de Madrid, em 20 de novembro de 1975.<ref name="UOL - Educação"/><ref name="opera">{{Citar web| url=http://operamundi.uol.com.br/conteudo/historia/25516/hoje+na+historia+1975+-+morre+o+ditador+espanhol+francisco+franco.shtml |título=Hoje na História: 1975 - Morre o ditador espanhol Francisco Franco |obra=Opera Mundi |data= |acessodata=27 de abril de 2016}}</ref> Foi sepultado no [[Valle de los Caídos|Vale dos Caídos]], local onde se encontram também enterrados cerca de trinta mil combatentes da [[Guerra Civil Espanhola]]. <ref>{{citar web|url=https://www.dobrarfronteiras.com/vale-dos-caidos-espanha/|título=Site Dobrar Fronteiras|acessodata=15 de março de 2019}}</ref> Ele governou a Espanha com punho de ferro por quase quarenta anos, se tornando um dos ditadores mais notórios da Europa ocidental.


O legado de Franco, na Espanha e pelo mundo, permanece controverso. Seu regime foi caracterizado por violações constantes de direitos humanos e seu autoritarismo fascista era reconhecido e desdenhado.<ref>{{citar web|url=http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/fascism|título=Franco in Spain were also Fascist}}</ref> Franco serviu de modelo para vários [[ditador]]es [[Anticomunismo|anticomunistas]] na [[América do Sul]]. [[Augusto Pinochet]], por exemplo, era um grande admirador de Franco.<ref>{{citar jornal|último =Cedéo Alvarado |primeiro =Ernesto |data=4 de fevereiro de 2008 |título=Rey Juan Carlos abochornó a Pinochet |url=http://www.panamaamerica.com.pa/content/rey-juan-carlos-abochorn%C3%B3-pinochet |jornal=Panamá América |acessodata=4 de abril de 2016 }}</ref> Para muitos espanhóis, ele era um déspota sanguinário, mas para outros ele salvou a Espanha do caos e a colocou no caminho da prosperidade.<ref name=Cosecha>Luis Gomez and Mabel Galaz, {{citar web | url=http://www.elpais.com/articulo/reportajes/cosecha/dictador/elpepusocdmg/20070909elpdmgrep_1/Tes | título= ''La cosecha del dictador | publicado=www.elpais.com }}'', ''[[El País]]'', 9 de setembro de 2007 {{es icon}}</ref><ref>Churchill, Winston. "The gathering storm", Houghton Mifflin, 1948, p. 221</ref>
O legado de Franco, na Espanha e pelo mundo, permanece controverso. Seu regime foi caracterizado por violações constantes de direitos humanos e seu autoritarismo fascista era reconhecido e desdenhado.<ref>{{citar web|url=http://www.oxforddictionaries.com/definition/english/fascism|título=Franco in Spain were also Fascist}}</ref> Franco serviu de modelo para vários [[ditador]]es anticomunistas na [[América do Sul]]. [[Augusto Pinochet]], por exemplo, era um grande admirador de Franco.<ref>{{citar jornal|último =Cedéo Alvarado |primeiro =Ernesto |data=4 de fevereiro de 2008 |título=Rey Juan Carlos abochornó a Pinochet |url=http://www.panamaamerica.com.pa/content/rey-juan-carlos-abochorn%C3%B3-pinochet |jornal=Panamá América |acessodata=4 de abril de 2016 }}</ref> Para muitos espanhóis, ele era um [[Despotismo|déspota]] sanguinário, mas para outros ele salvou a Espanha do caos e a colocou no caminho da prosperidade.<ref name=Cosecha>Luis Gomez and Mabel Galaz, {{citar web | url=http://www.elpais.com/articulo/reportajes/cosecha/dictador/elpepusocdmg/20070909elpdmgrep_1/Tes | título= ''La cosecha del dictador | publicado=www.elpais.com }}'', ''[[El País]]'', 9 de setembro de 2007 {{es icon}}</ref><ref>Churchill, Winston. "The gathering storm", Houghton Mifflin, 1948, p. 221</ref>

== Literatura ==


==Literatura==
[[Ficheiro:Francoayto.jpg|miniaturadaimagem|Um estátua de Franco removida em 2008 pelo Governo espanhol.]]
[[Ficheiro:Francoayto.jpg|miniaturadaimagem|Um estátua de Franco removida em 2008 pelo Governo espanhol.]]
Com seu próprio nome, em [[1922]] editou o livro (despretensiosamente verídico) o «Diario de una bandera». Com o pseudónimo de Jaime de Andrade, escreveu a [[novela]] «Raza», que em [[1942]] inspirou o [[filme]] com o mesmo título. Também com [[pseudónimo]], só que de Jakim Boor, publicou uma série de artigos [[Antimaçonaria|antimaçónicos]] e [[anti-semíticos]] no boletim então já da Falange Espanhola Tradicionalista ([[Falange]]), o diário «¡Arriba!», publicados todos eles mais tarde no livro «''Masonería''».


Com seu próprio nome, em [[1922]] editou o livro (despretensiosamente verídico) o «Diario de una bandera». Com o pseudónimo de Jaime de Andrade, escreveu a [[novela]] «Raza», que em [[1942]] inspirou o [[filme]] com o mesmo título. Também com [[pseudónimo]], só que de Jakim Boor, publicou uma série de artigos [[Antimaçonaria|antimaçónicos]] e [[anti-semíticos]] no boletim então já da [[Falange Espanhola]] Tradicionalista ([[Falange]]), o diário «¡Arriba!», publicados todos eles mais tarde no livro «''Masonería''».
Mais tarde, já no governo, em 1940 decretaria que todos maçons de seu país estavam condenados a 10 anos de prisão.<ref>{{citar web | url=http://www.construtoresdavirtude.com.br/pag_as_raizes.htm | título=As Raízes do Anti-Maçonismo, por Marco Mendes, Construtores da Virtude n.º 5 | publicado=www.construtoresdavirtude.com.br }}</ref>

Mais tarde, já no governo, em 1940 decretaria que todos os [[Maçonaria|maçons]] de seu país estavam condenados a 10 anos de prisão.<ref>{{citar web | url=http://www.construtoresdavirtude.com.br/pag_as_raizes.htm | título=As Raízes do Anti-Maçonismo, por Marco Mendes, Construtores da Virtude n.º 5 | publicado=www.construtoresdavirtude.com.br }}</ref>


No [[livro]] [[Origem (livro de Dan Brown)|Origem]],<ref>{{Citar web|url=https://observador.pt/especiais/a-origem-e-a-volta-a-espanha-de-dan-brown/|titulo=A “Origem” é a Volta a Espanha de Dan Brown|acessodata=2018-10-14|obra=Observador|ultimo=Fernandes|primeiro=José Carlos}}</ref> o escritor [[Dan Brown]] cita, em várias passagens, características do Governo Franquista na [[Espanha]], citando, inclusive, o [[Valle de los Caídos]], local onde está o corpo do [[Ditador]] Espanhol.
No [[livro]] [[Origem (livro de Dan Brown)|Origem]],<ref>{{Citar web|url=https://observador.pt/especiais/a-origem-e-a-volta-a-espanha-de-dan-brown/|titulo=A “Origem” é a Volta a Espanha de Dan Brown|acessodata=2018-10-14|obra=Observador|ultimo=Fernandes|primeiro=José Carlos}}</ref> o escritor [[Dan Brown]] cita, em várias passagens, características do Governo Franquista na [[Espanha]], citando, inclusive, o [[Valle de los Caídos]], local onde está o corpo do [[Ditador]] Espanhol.


== Cronologia sumária ==
== Cronologia sumária ==

[[Ficheiro:Tombe Franco.jpg|miniaturadaimagem|[[Túmulo]] de Francisco Franco no [[Vale dos Caídos]].]]
[[Ficheiro:Tombe Franco.jpg|miniaturadaimagem|[[Túmulo]] de Francisco Franco no [[Vale dos Caídos]].]]


Linha 115: Linha 126:
at:1907 text:Ingressa na Academia de Infantaria de Toledo
at:1907 text:Ingressa na Academia de Infantaria de Toledo
at:1912 text:Solicita ser enviado para Marrocos
at:1912 text:Solicita ser enviado para Marrocos
at:1914 text:Começa a Primeira Guerra Mundial
at:1914 text:Começa a [[Primeira Guerra Mundial]]
at:1916 shift:(25,-2) text:É ferido na batalha de El Biutz, (Ceuta) na guerra do Rif
at:1916 shift:(25,-2) text:É ferido na batalha de El Biutz, ([[Ceuta]]) na [[guerra do Rife]]
at:1917 text:Participa na repressão dos grevistas (Oviedo)
at:1917 text:Participa na repressão dos grevistas (Oviedo)
at:1920 shift:(25,-5) text:Legião Estrangeira
at:1920 shift:(25,-5) text:[[Legião Estrangeira Espanhola]]
at:1922 text:Publica "Marruecos-Diario de una bandera "
at:1922 text:Publica "Marruecos-Diario de una bandera "
at:1923 shift:(25,5) text:Casa com Carmen Polo. Tenente-Coronel
at:1923 shift:(25,5) text:Casa com Carmen Polo. Tenente-Coronel
Linha 124: Linha 135:
at:1928 text:Director da Academia Militar de Saragoça
at:1928 text:Director da Academia Militar de Saragoça
at:1933 shift:(25,-10) text:Comandante militar da Baleares
at:1933 shift:(25,-10) text:Comandante militar da Baleares
at:1934 shift:(25,-3) text:Repressão da revolução asturiana
at:1934 shift:(25,-3) text:Repressão da [[Revolução de 1934 (Espanha)|revolução asturiana]]
at:1935 shift:(25,3) text:Chefe do Estado-Maior
at:1935 shift:(25,3) text:Chefe do Estado-Maior
at:1936 shift:(25,10) text:Proclamado Generalíssimo
at:1936 shift:(25,10) text:Proclamado Generalíssimo
from:1936 till:1975 text:
from:1936 till:1975 text:
at:1940 text:Encontro com Hitler
at:1940 text:Encontro com [[Hitler]]
at:1945 text:Fim da Segunda Guerra Mundial
at:1945 text:Fim da Segunda Guerra Mundial
at:1950 text:A filha casa com o Marquês de Villaverde
at:1950 text:A filha casa com o Marquês de Villaverde
at:1953 text:Acordo com os EUA
at:1953 text:Acordo com os EUA
at:1961 text:É ferido num acidente de caça
at:1961 text:É ferido num acidente de [[caça]]
at:1969 text:Designa Juan Carlos de Bourbon como seu sucessor
at:1969 text:Designa Juan Carlos de Bourbon como seu sucessor
at:1975 text:Morre a 20 de Novembro
at:1975 text:Morre a 20 de Novembro
Linha 141: Linha 152:


== Ver também ==
== Ver também ==

* [[Campos de concentração franquistas]]
* [[Campos de concentração franquistas]]
* [[Franquismo]]
* [[Franquismo]]
Linha 146: Linha 158:
* [[Lista de presidentes do Governo da Espanha]]
* [[Lista de presidentes do Governo da Espanha]]


{{Referências}}
{{Referências|col=3}}


== Bibliografia==
== Bibliografia==

* Fernandez, Luis Suarez. ''Franco'', Editorial Ariel;
* Fernandez, Luis Suarez. ''Franco'', Editorial Ariel;
* Montalbán, Manuel Vázquez. ''Autobiografia do General Franco'', Editora Scritta.
* Montalbán, Manuel Vázquez. ''Autobiografia do General Franco'', Editora Scritta.


== Ligações externas ==
== Ligações externas ==

{{Commons|Category:Francisco Franco}}
{{Commons|Category:Francisco Franco}}
{{Wikiquote|Francisco Franco}}
{{Wikiquote|Francisco Franco}}
Linha 158: Linha 172:
* {{link|en|http://www.spartacus.schoolnet.co.uk/2WWfranco.htm |Biografia de Franco }}
* {{link|en|http://www.spartacus.schoolnet.co.uk/2WWfranco.htm |Biografia de Franco }}
* {{link|ca|http://wiki.vilaweb.cat/index.php/Estudis_racials_de_Vallejo-N%C3%A1jera_apunten_l%27her%C3%A8ncia_parasit%C3%A0ria_judeo-ar%C3%A0biga_a_la_ra%C3%A7a_hisp%C3%A0nica |Franco i a doutrina racista de Vallejo-Nájera}}
* {{link|ca|http://wiki.vilaweb.cat/index.php/Estudis_racials_de_Vallejo-N%C3%A1jera_apunten_l%27her%C3%A8ncia_parasit%C3%A0ria_judeo-ar%C3%A0biga_a_la_ra%C3%A7a_hisp%C3%A0nica |Franco i a doutrina racista de Vallejo-Nájera}}



{{Começa caixa}}
{{Começa caixa}}

Revisão das 12h46min de 5 de setembro de 2019

 Nota: Para o escultor português, veja Francisco Franco de Sousa.
Francisco Franco
Francisco Franco
Caudilho da Espanha
Período 1 de Outubro de 1936
até 20 de Novembro de 1975
Antecessor(a) Manuel Azaña Díaz (Presidente da República Espanhola, de 10 de Maio de 1936 a 28 de Fevereiro de 1939)
Sucessor(a) Juan Carlos I a título de Rei de Espanha
Presidente do Governo da Espanha
Período 30 de Janeiro de 1938
até 8 de Junho de 1973
Antecessor(a) Juan Negrín
Sucessor(a) Luis Carrero Blanco
Dados pessoais
Nome completo Francisco Paulino Hermenegildo Teódulo Franco Bahamonde Salgado-Araujo y Pardo de Lama
Nascimento 4 de dezembro de 1892
Ferrol, Galiza
Espanha
Morte 20 de novembro de 1975 (82 anos)
Madrid, Espanha
Nacionalidade espanhol
Progenitores Mãe: María del Pilar Bahamonde Pardo de Andrade
Pai: Nicolás Franco Salgado-Araújo
Alma mater Academia de Infantaria de Toledo
Cônjuge Carmen Polo de Franco
Filhos(as) Carmen Franco
Partido FET y de las JONS//Movimiento Nacional
Religião Católico
Profissão Militar
Assinatura Assinatura de Francisco Franco
Serviço militar
Lealdade Reino da Espanha
Estado Espanhol
Serviço/ramo Forças Armadas da Espanha
Anos de serviço 1907-1975
Graduação Capitão-General dos exércitos de terra e ar
Conflitos Guerra do Rif
Revolução de 1934
Guerra Civil Espanhola
Guerra de Ifni

Francisco Franco GColTEGCBTO (Ferrol, 4 de dezembro de 1892Madrid, 20 de novembro de 1975) foi um militar, chefe de Estado e ditador espanhol.[1] Conhecido como "Generalíssimo" ou simplesmente Franco, integrou o golpe de Estado na Espanha em julho de 1936 contra o governo da Segunda República, que deu início a Guerra Civil Espanhola.[2] Foi nomeado como chefe supremo da tropa sublevada em 10 de outubro de 1936, exercendo como chefe de Estado da Espanha desde o final do conflito até seu falecimento em 1975, e como chefe de Governo entre 1938 e 1973.

Foi "Chefe Nacional" do partido único FE de las JONS (Falange Espanhola das Juntas de Ofensiva Nacional Sindicalista),[3] nos quais se apoiou para estabelecer um regime fascista no começo de seu governo, que mais tarde derivaria em uma ditadura, conhecida como franquismo, de tipo conservador, católico e anticomunista. A mudança de seu regime se deveu à derrota do fascismo na Segunda Guerra Mundial. Aglutinou em torno ao culto a sua imagem, diferentes tendências do conservadorismo, nacionalismo e catolicismo, opostas à esquerda política e ao desenvolvimento de formas democráticas de governo.

Durante o seu mandato à frente do Exército e da Chefia do Estado, especialmente durante a Guerra Civil e os primeiros anos do regime, tiveram lugar múltiplas violações dos direitos humanos, segundo assinalam numerosas pesquisas históricas e denúncias de pessoas.[4] A cifra total de vítimas mortais varia em torno de 400 mil mortes,[5][6][7][8][9] na maioria em campos de concentração, execuções extrajudiciais ou em prisão.[10][11][12]

Ao contrário de Hitler e Mussolini, o governo Franco, devido à teórica neutralidade na Segunda Guerra Mundial, resistiu ao conflito. Mas o líder fascista liderava um país industrialmente atrasado, bem mais pobre que outras nações europeias. E, apesar de não gostar particularmente de futebol, viu no esporte uma forma da Espanha passar a ser conhecida positivamente no exterior. A partir da década de 1960, a Espanha passou por um período de forte crescimento econômico, o que elevou sua popularidade.[13] Este crescimento, contudo, foi acompanhado por um aumento no aparato repressivo do Estado franquista, perseguindo dissidentes e ativistas, ao mesmo tempo que implementou uma política de repressão cultural no seu país. A posição ferrenha contra o comunismo trouxe de volta parte do apoio internacional e na década de 1970 a Espanha já era uma das nações que mais cresciam, economicamente, na Europa. Isso não impediu que, ainda em meados dos anos 70, a oposição interna pedisse com mais veemência sua renúncia, apoiada pela comunidade internacional.

Depois de um governo de quase quarenta anos, Franco restaurou a monarquia em 1975 e deixou o Rei Juan Carlos I como seu sucessor. Juan Carlos liderou a transição para a democracia, deixando a Espanha com seu atual sistema político.

Vida

Nascido Francisco Paulino Hermenegildo Teódulo Franco Bahamonde Salgado-Araujo y Pardo de Lama[14] na cidade galega de Ferrol, estudou na Academia de Infantaria de Toledo. Entre 1912 e 1917, distinguiu-se nas campanhas bélicas do Marrocos espanhol. Após uma estada de três anos em Oviedo, voltou ao Marrocos, onde combateu às ordens de Rafael de Valenzuela y Urzaiz e de Millán Astray, destacando-se pelo seu valor e frieza no combate.[15] Em 1923, apadrinhado por Afonso XIII, casou-se com Carmen Polo, de uma família da burguesia das Astúrias.

Destinado novamente a Marrocos com a patente de tenente-coronel, assumiu o comando da Legião Espanhola em 1923 e participou activamente no desembarque na baía de Alhucemas e na reconquista do Protectorado (1925). É considerado, juntamente com José Sanjurjo, o mais brilhante dos militares chamados africanistas. Entre 1928 e 1931 dirigiu a Academia Militar de Saragoça.[16]

Quando da implantação da República (1931), foi afastado de cargos de responsabilidade e destacado para os governos militares da Corunha e das Baleares. Com o triunfo das forças de direita em 1933, regressou a altos cargos do Exército. Planificou a cruel repressão da Revolução das Astúrias (1934) com tropas da Legião.[15] Quando José María Gil-Robles ocupou o Ministério da Guerra, foi nomeado Chefe do Estado-Maior Central (1935). Em 1936, o Governo da Frente Popular o nomeou comandante militar das Canárias. Dali manteve contacto com Emilio Mola (chamado «O Director») e Sanjurjo, que preparavam o levantamento militar.

Francisco Franco junto ao presidente Dwight Eisenhower dos Estados Unidos.

Em 17 de Julho voou das Canárias até Marrocos, revoltou a guarnição e tornou-se comandante das tropas. Cruzou o Estreito de Gibraltar com meios precários (aviões cedidos por Mussolini e Hitler e navios de pouca tonelagem)[16] e avançou até Madrid por Mérida, Badajoz e Talavera de la Reina. Apoderou-se rapidamente da direcção militar e política da guerra (Setembro de 1936), e em 1 de Outubro de 1936 converteu-se em Chefe do Estado, chefiando igualmente o Governo. Em Abril de 1937 uniu os falangistas da Falange Espanhola das Juntas de Ofensiva Nacional-Sindicalista, FE de las JONS, e colocou-se à frente da nova organização como seu Chefe Nacional Caudilho. Anos mais tarde, disse que apenas prestaria contas da sua atividade "perante Deus e perante a História".

Terminada a guerra civil espanhola empreende a reconstrução do país.[15] Recebeu o Grande-Colar da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito a 30 de Junho de 1939.[17] Não só não quer contar com os vencidos para esta tarefa, mas também a repressão e os fuzilamentos se prolongam durante, pelo menos, um lustro. Cria um estado católico, autoritário e corporativo que recebe o nome de franquismo.

Francisco Franco Aqueles que me pressionam para aliar-me à Alemanha estão errados, muito errados. Os ingleses não se renderão; lutarão sempre e, se forem expulsos da Grã-Bretanha, continuarão a lutar no Canadá. Farão com que os norte-americanos os sigam. A Alemanha ainda não ganhou a guerra. Francisco Franco

— Franco, após a Queda da França em 1940.[18]

Apesar das suas estreitas relações com a Alemanha e a Itália, mantém a neutralidade espanhola durante a Segunda Guerra Mundial. Terminada esta, os vencedores isolam o regime franquista. Contudo, este foi se consolidando na base da promulgação das novas Leis Fundamentais: criação das Cortes Espanholas (1942), o Foro dos Espanhóis (1945), Lei do Referendo Nacional (1945), Lei da Sucessão na Chefia do Estado (1947) etc.

Em 1953 são restabelecidas as relações diplomáticas com os Estados Unidos e, em 1955, o regime de Franco é reconhecido pela Organização das Nações Unidas.[16] Recebeu a Banda das Três Ordens a 14 de fevereiro de 1962. Em 1966 promulga uma nova lei fundamental às já existentes, a (Lei Orgânica do Estado) e três anos mais tarde apresenta às Cortes, como sucessor a título de Rei, o Príncipe Juan Carlos, neto de Afonso XIII. Em Junho de 1973 cede a presidência do Governo ao seu mais directo colaborador, Luis Carrero Blanco. A morte deste num atentado, poucos meses depois, é o princípio da decomposição do regime.

Sob sua liderança, a economia espanhola inicialmente sofreu. Ao fim da década de 1950, Franco substituiu os ministros ideológicos por tecnocratas apolíticos que implementaram diversas reformas. Assim, a economia do país prosperou pelos próximos anos no que ficou conhecido com o "Milagre Espanhol". Ao mesmo tempo, a repressão política se intensificou e opositores eram cassados sem misericórdia. Qualquer voz dissidente ou movimento antigovernista era reprimido com brutalidade. Isso gerou um fluxo emigratório, com milhares de pessoas deixando o país para outros cantos da Europa e para a América do Sul. A economia, contudo, continuou no caminho do crescimento especialmente devido ao capital estrangeiro. Empresas multinacionais abriram fábricas na Espanha, puxando o desemprego para baixo. Essas empresas viam benefícios em fazer negócios em solo espanhol devido a mão de obra barata, ausência de leis trabalhistas (como o direito a greve) e outras despesas (como seguro de saúde para trabalhadores). Quando Franco morreu, a Espanha era a economia que mais crescia na Europa Ocidental. Ao mesmo tempo, a disparidade entre ricos e pobres, apesar de ter encolhido bastante, continuava alta para os padrões europeus na década de 1970.[19]

Franco e sua esposa, Carmen Polo.

Apesar do autoritarismo do seu regime, apoio no Mundo Ocidental para a Espanha cresceu após a segunda grande guerra, principalmente devido ao seu cunho anticomunista, que agradava os Estados Unidos e sua política de contenção. Ainda no âmbito externo, tentou inicialmente preservar o império colonial espanhol. Contudo, após fracassos militares e diplomáticos, foi pressionado pela ONU e teve que abrir mão dos poucos territórios ultramarinos que o país ainda possuía (como Guiné Equatorial e Ifni).[19]

Internamente ainda teve que lidar com movimentos que buscavam autonomia para diversas regiões na Espanha além de mais tarde ser responsabilizado pela morte de 23 mil pessoas.[20] Opositores e separatistas foram reprimidos na Catalunha e no País Basco. Outras regiões, como a Galiza, também viram sua autonomia diminuir. Repressão cultural e linguística também ocorreu.

Franco morre após longa doença num hospital de Madrid, em 20 de novembro de 1975.[15][21] Foi sepultado no Vale dos Caídos, local onde se encontram também enterrados cerca de trinta mil combatentes da Guerra Civil Espanhola. [22] Ele governou a Espanha com punho de ferro por quase quarenta anos, se tornando um dos ditadores mais notórios da Europa ocidental.

O legado de Franco, na Espanha e pelo mundo, permanece controverso. Seu regime foi caracterizado por violações constantes de direitos humanos e seu autoritarismo fascista era reconhecido e desdenhado.[23] Franco serviu de modelo para vários ditadores anticomunistas na América do Sul. Augusto Pinochet, por exemplo, era um grande admirador de Franco.[24] Para muitos espanhóis, ele era um déspota sanguinário, mas para outros ele salvou a Espanha do caos e a colocou no caminho da prosperidade.[25][26]

Literatura

Um estátua de Franco removida em 2008 pelo Governo espanhol.

Com seu próprio nome, em 1922 editou o livro (despretensiosamente verídico) o «Diario de una bandera». Com o pseudónimo de Jaime de Andrade, escreveu a novela «Raza», que em 1942 inspirou o filme com o mesmo título. Também com pseudónimo, só que de Jakim Boor, publicou uma série de artigos antimaçónicos e anti-semíticos no boletim então já da Falange Espanhola Tradicionalista (Falange), o diário «¡Arriba!», publicados todos eles mais tarde no livro «Masonería».

Mais tarde, já no governo, em 1940 decretaria que todos os maçons de seu país estavam condenados a 10 anos de prisão.[27]

No livro Origem,[28] o escritor Dan Brown cita, em várias passagens, características do Governo Franquista na Espanha, citando, inclusive, o Valle de los Caídos, local onde está o corpo do Ditador Espanhol.

Cronologia sumária

Túmulo de Francisco Franco no Vale dos Caídos.
caçaHitlerRevolução de 1934 (Espanha)Legião Estrangeira EspanholaCeutaPrimeira Guerra Mundial

A barra verde simboliza o intervalo de tempo em que foi Chefe do Estado.

Ver também

Referências

  1. Encyclopædia Britannica: Or, A Dictionary of Arts, Sciences, and Miscellaneous Literature, Enlarged and Improved (em inglês). [S.l.]: Archibald Constable. 1823. 484 páginas 
  2. Payne (2000), p. 67
  3. Jerez Mir & Luque 2014, pp. 177-178.
  4. El Norte de Castilla «El Norte de Castilla: «Garzón recibe 130.000 nombres de desaparecidos». www.nortecastilla.es » Consultado el 6 de febrero de 2012
  5. Sinova, J. (2006) La censura de prensa durante el franquismo [The Media Censorship During Franco Regime]. Random House Mondadori. ISBN 84-8346-134-X.
  6. Lázaro, A. (2001). «James Joyce's Encounters with Spanish Censorship, 1939–1966». Joyce Studies Annual. 12: 38. doi:10.1353/joy.2001.0008 
  7. Rodrigo, J. (2005) Cautivos: Campos de concentración en la España franquista, 1936–1947, Editorial Crítica. ISBN 8484326322
  8. Gastón Aguas, J. M. & Mendiola Gonzalo, F. (eds.) Los trabajos forzados en la dictadura franquista: Bortxazko lanak diktadura frankistan. ISBN 978-84-611-8354-8
  9. Duva, J. (9 November 1998) "Octavio Alberola, jefe de los libertarios ajusticiados en 1963, regresa a España para defender su inocencia". Diario El País
  10. Hugh Thomas, La guerre d'Espagne, Robert Laffont, 2009, págs.209 y 711.
  11. Richards, Michael (1998) A Time of Silence: Civil War and the Culture of Repression in Franco's Spain, 1936–1945, Cambridge University Press. ISBN 0521594014. p. 11.
  12. Jackson, Gabriel (2005) La república española y la guerra civil RBA, Barcelona. ISBN 8474230063. p. 466.
  13. Reuter, Tim (19 de maio de 2014). «Before China's Transformation, There Was The "Spanish Miracle"». Forbes. Consultado em 30 de dezembro de 2017 
  14. Payne, Stanley G.; Palacios, Jesús (24 de novembro de 2014). «Franco: A Personal and Political Biography». books.google.es . Madison: The University of Wisconsin Press. p. 263. ISBN 978-0-299-30210-8.
  15. a b c d «Francisco Franco». UOL - Educação. Consultado em 19 de Novembro de 2012 
  16. a b c Emerson Santiago (20 de Setembro de 2011). «Francisco Franco». InfoEscola. Consultado em 19 de Novembro de 2012 
  17. «Cidadãos Estrangeiros Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Francisco Franco Bahamonde". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 27 de novembro de 2014 
  18. Garza, Hedda. Os Grandes Líderes: Franco. Pág. 75, Editora Nova Cultural, 1987, Adicionado em 5 de setembro de 2019.
  19. a b «"Francisco Franco - Military Leader, Dictator, General"». www.biography.com . Biography.com. Página acessada em 27 de janeiro de 2017.
  20. «El Gobierno responde que decir "el franquismo solo fusiló a 23.000, y no por capricho" no es delito». www.lainformacion.com 
  21. «Hoje na História: 1975 - Morre o ditador espanhol Francisco Franco». Opera Mundi. Consultado em 27 de abril de 2016 
  22. «Site Dobrar Fronteiras». Consultado em 15 de março de 2019 
  23. «Franco in Spain were also Fascist» 
  24. Cedéo Alvarado, Ernesto (4 de fevereiro de 2008). «Rey Juan Carlos abochornó a Pinochet». Panamá América. Consultado em 4 de abril de 2016 
  25. Luis Gomez and Mabel Galaz, «La cosecha del dictador». www.elpais.com , El País, 9 de setembro de 2007 (em castelhano)
  26. Churchill, Winston. "The gathering storm", Houghton Mifflin, 1948, p. 221
  27. «As Raízes do Anti-Maçonismo, por Marco Mendes, Construtores da Virtude n.º 5». www.construtoresdavirtude.com.br 
  28. Fernandes, José Carlos. «A "Origem" é a Volta a Espanha de Dan Brown». Observador. Consultado em 14 de outubro de 2018 

Bibliografia

  • Fernandez, Luis Suarez. Franco, Editorial Ariel;
  • Montalbán, Manuel Vázquez. Autobiografia do General Franco, Editora Scritta.

Ligações externas

Commons
Commons
O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre Francisco Franco
Wikiquote
Wikiquote
O Wikiquote possui citações de ou sobre: Francisco Franco

Precedido por
Manuel Azaña Díaz
Chefe do Estado de Espanha
1936 - 1975
Sucedido por
Juan Carlos I
(como Rei de Espanha)
Precedido por
Manuel Azaña Díaz
Presidente Titular da República Espanhola
1939 - 1947
Sucedido por
República abolida
Precedido por
Juan Negrín López
Presidente do Governo da Espanha
1939 - 1973
Sucedido por
Luis Carrero Blanco