Estação Ferroviária de Tunes
Tunes
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placa da estação de Tunes, em 2015 | ||||||||||||||||||||
Identificação: | 78006 TUN (Tunes)[1] | |||||||||||||||||||
Denominação: | Estação de Concentração de Tunes | |||||||||||||||||||
Administração: | Infraestruturas de Portugal (sul)[2] | |||||||||||||||||||
Classificação: | EC (estação de concentração)[1] | |||||||||||||||||||
Tipologia: | C [2] | |||||||||||||||||||
Linha(s): |
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Altitude: | 65 m (a.n.m) | |||||||||||||||||||
Coordenadas: | 37°9′53.91″N × 8°15′23.07″W (=+37.16498;−8.25641) | |||||||||||||||||||
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Município: | Silves | |||||||||||||||||||
Serviços: | ||||||||||||||||||||
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Conexões: | ||||||||||||||||||||
Equipamentos: | ||||||||||||||||||||
Endereço: | Largo 1.º de Dezembro, s/n PT-8365-235 Tunes SLV | |||||||||||||||||||
Website: |
A Estação Ferroviária de Tunes é uma interface da Linha do Algarve, que funciona como ponto de entroncamento com a Linha do Sul, e serve a localidade de Tunes, no distrito de Faro, em Portugal.
Descrição
[editar | editar código-fonte]Localização e acessos
[editar | editar código-fonte]Esta interface situa-se junto ao Largo 1.º de Dezembro, na localidade de Tunes,[3] na freguesia de Algoz e Tunes. O edifício de passageiros situa-se do lado sudoeste da via (lado direito do sentido descendente, para V.R.S.A.).[4][5]
Heráldica[editar | editar código-fonte]No brasão da Junta de Freguesia de Tunes, extinta em 2013, esta estação estava simbolizada por uma locomotiva[6] a vapor.[7] |
Infraestrutura
[editar | editar código-fonte]Esta interface apresenta cinco vias de circulação (numeradas consecutivamente de I a V) com extensões variando entre 185 e 398 m, quatro delas acessíveis por plataformas (todas exceto a IV), uma (da via V) com apenas 80 m de comprimento e 65 cm de altura e as restantes três com 300 m de comprimento e 90 cm de altura; existem ainda três via secundárias (VI a VIII) com comprimentos entre 70 e 220 m; não estão eletrificadas as vias V e VII, e apenas o estão parcialmente as restantes vias secundárias.[2]
A informação aos passageiros, em 2005, era feita na própria estação,[8] mas em 2007 já era realizada a partir de Faro.[9]
Nesta estação a Linha do Sul entronca na Linha do Algarve no lado esquerdo do seu enfiamento descendente, bifurcando-se a via para noroeste e possibilitando percusos diretos Faro-Funcheira e Faro-Lagos, enquanto que o percurso Lagos-Funcheira tem de infletir aqui. Fruto desse entroncamento, esta estação é um ponto de câmbio nas características da via férrea e do seu uso:
característica | Sul | Algarve desc. | Algarve asc. | |||
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eletrificação | Funcheira | 25 kV ~ 50 Hz | Faro | 25 kV ~ 50 Hz | Lagos | — |
comunicações | Funcheira | rádio | V.R.S.A. | GSM-R | Lagos | GSM-R |
compr. máx. | Ermidas-Sado | 490 m | Faro | 395 m | Lagos | — |
contorno | Funcheira | PT b+ (CPb+) | Faro | PT b+ (CPb+) | Lagos | PT b (CPb) |
carga máx. | Funcheira | D4 | Tavira | D4 | Lagos | B2 |
Em Tunes a quilometragem da Linha do Algarve atinge o seu mínimo: PK 301+889 (valor contado com o zero no Barreiro, no seguimento da quilometragem da Linha do Sul), tendo ambos os seus segmentos quilometragem crescente a partir deste valor, tanto para nascente (início do segmento 452, com término após V.R.S.A., ao PK 396+468), como para poente (início do segmento 451, com término em Lagos, ao PK 347+210) — esta situação invulgar é fruto das mudanças de designação e consistório das linhas do Sul e do Algarve ao longo das suas histórias (q.v.).[1]
Situa-se junto a esta estação a substação de tração de Tunes,[9][10] de serviço simples e contratada à I.P., que assegura aqui a eletrificação de partes das linhas do Linha do Sul e do Linha do Algarve, entre a zona neutra de São Marcos da Serra e o término do troço eletrificado, em Faro.[2]
Serviços
[editar | editar código-fonte]Em dados de 2023, esta interface é servida por comboios de passageiros da C.P. de tipo regional tipicamente com nove circulações diárias em cada sentido entre Lagos e Faro,[11] de tipo intercidades com três circulações diárias em cada sentido entre Lisboa - Santa Apolónia e Faro, e de tipo Alfa Pendular com duas circulações diárias em cada sentido entre Porto-Campanhã e Faro.[12][13]
História
[editar | editar código-fonte]Planeamento, construção e inauguração
[editar | editar código-fonte]Desde 1858 que se discutiu como continuar o Caminho de Ferro do Sul, que na altura terminava em Beja, até Faro.[14] No entanto, só em 21 de Abril de 1864 é que foi assinado o contrato entre o governo e a Companhia dos Caminhos de Ferro de Sul e Sueste, para a construção da ligação ferroviária entre Beja e o Algarve.[15] Em 25 de Janeiro de 1866, uma carta de lei estabeleceu que a linha deveria estar concluída até 1 de Janeiro de 1869, e terminar em Faro.[16] O governo abriu concurso para a construção deste caminho de ferro a 26 de Janeiro de 1876.[17]
Nos finais de 1876, a via entre Faro e São Bartolomeu de Messines encontrava-se totalmente assente.[18] A 1 de Julho de 1889, foi aberto à exploração o troço entre Faro e Amoreiras.[19][20]
Ligação a Algoz
[editar | editar código-fonte]Em 10 de Agosto de 1897, foi apresentado um projecto de lei para a construção de vários caminhos de ferro, incluindo um de Tunes a Portimão e Lagos.[21] Em 11 de Novembro do mesmo ano, o Conselho Superior de Obras Públicas e Minas aprovou o projecto para o troço até Portimão.[22]
Nos princípios de 1899, foi realizado um inquérito administrativo, para a apreciação do público sobre os projectos ferroviários dos Planos das Redes Complementares ao Norte do Mondego e Sul do Tejo; entre os projectos, estava o ramal de Tunes a Lagos, que já se encontrava em construção.[23] A primeira secção deste ramal, até Algoz, entrou ao serviço em 10 de Outubro desse ano.[24][25] O comboio inaugural, constituído pela locomotiva n.º 14, um furgão e carruagens de passageiros, saiu de Tunes às 5 horas e 15 minutos da manhã, e chegou a Algoz cerca de um quarto de hora depois.[26]
Originalmente, não existia a concordância entre o Ramal de Lagos e a Linha do Sul, pelo que os comboios com destino ou origem no sentido de Lisboa tinham de fazer inversão de marcha na estação.[26] Esta foi mais tarde construída,[quando?][27] para obviar a esta limitação — o seu desmantelamento na década de 1990[quando?][4][5] e alienação do terreno por onde passava voltaria a impossiblitar circulações diretas entre Lagos e a Linha do Sul).[10]
Século XX
[editar | editar código-fonte]Em Setembro de 1926, o Ministério do Comércio publicou uma portaria, ordenando a compra de um terreno anexo à estação, de forma a construir casas para os funcionários da Companhia dos Caminhos de Ferro de Sul e Sueste.[28] Em Dezembro do mesmo ano, o governo autorizou a Companhia a adquirir outro terreno, para expandir a estação e construir habitações para o pessoal.[29] Em 11 de Maio de 1927, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses passou a explorar as redes do Sul e Sueste e Minho e Douro, que até então faziam parte dos Caminhos de Ferro do Estado.[30] Em 1929, Brito Camacho fez uma viagem de comboio entre Tunes e Portimão.[31]
A estação de Tunes foi ligada à rede rodoviária nacional na primeira metade da década de 1930.[32] Em finais de 1933, a Comissão Administrativa do Fundo Especial de Caminhos de Ferro aprovou a instalação de um reservatório de 100 m³ em Tunes.[33]
Um diploma publicado no Diário do Governo n.º 106, II Série, de 8 de Maio de 1940, aprovou o projecto para a ampliação e deslocação do cais do carvão na estação de Tunes[34] Em 1 de Novembro de 1954, a Companhia iniciou os serviços de automotoras entre Lagos e Vila Real de Santo António, sendo inicialmente feitas oito circulações diárias, incluindo uma em cada sentido entre Lagos e Tunes.[35]
Em 4 de Junho de 1969, o Conselho de Administração da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses aprovou a criação de comboios especiais, no regime de excursão, para tentar combater a concorrência do transporte rodoviário.[36] Em 1990, foi realizado o concurso para o projecto SISSUL - Sistemas integrados de sinalização do Sul, que previa a modernização dos sistemas de sinalização nas estações e plena via nos troços do chamado Itinerário do Carvão, de Ermidas-Sado até à Central do Pego; em 1996, previa-se que este sistema seria prolongado até Faro, incluindo Tunes.[37]
Século XXI
[editar | editar código-fonte]Em 2003, a Rede Ferroviária Nacional inaugurou a Estação de Concentração de Sinalização de Tunes.[38]
Entre os dias 27 e 30 de Maio de 2006, a Junta de Freguesia de Tunes acolheu uma exposição sobre os caminhos de ferro, tendo sido exposta uma maqueta da estação de Tunes, na época entre os anos 60 e 70.[39]
Em Maio de 2009, um jovem de 26 anos foi detido pela Guarda Nacional Republicana nesta estação, devido à posse de heroína e cocaína.[40]
Em 2005, esta interface tinha a classificação C da Rede Ferroviária Nacional[8] (classificação que manteria em 2011).[1] Nesse ano, mantendo a configuração das décadas anteriores,[27] contava com cinco vias de circulação e encontrava-se habilitada para a realização de manobras de material circulante.[8] Em 2007, as extensões das vias, eram, correspondentemente, de 242, 272, 375, 393 e 180 m, tendo as quatro plataformas 306, 300, 300 e 90 m de comprimento.[9] Em 2011, as linhas já tinham sido alteradas, passando a apresentar 278, 292, 369, 401 e 181 m de comprimento; as plataformas tinham 300 a 90 metros de extensão, e 65 a 30 cm de altura[41] — valores mais tarde[quando?] ampliados para os atuais.[2]
Em 2022, previa-se para 2024 a conclusão da eletrificação total da Linha do Algarve,[2] projeto anunciado ainda na década anterior.[10]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Concordância de Tunes
- Comboios de Portugal
- Infraestruturas de Portugal
- Transporte ferroviário em Portugal
- História do transporte ferroviário em Portugal
Referências
- ↑ a b c d (I.E.T. 50/56) 56.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50 : Rede Ferroviária Nacional. IMTT, 2011.10.20
- ↑ a b c d e f Diretório da Rede 2024. I.P.: 2022.12.09
- ↑ «Tunes - Linha do Algarve». Infraestruturas de Portugal. Consultado em 19 de Outubro de 2015
- ↑ a b (anónimo): Mapa 20 : Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1985), CP: Departamento de Transportes: Serviço de Estudos: Sala de Desenho / Fergráfica — Artes Gráficas L.da: Lisboa, 1985
- ↑ a b Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1988), C.P.: Direcção de Transportes: Serviço de Regulamentação e Segurança, 1988
- ↑ «Heráldica». Junta de Freguesia de Tunes. Consultado em 22 de Março de 2010. Cópia arquivada em 28 de setembro de 2013
- ↑ “Communes in Silves municipality” § Tunes Flags of the World website
- ↑ a b c «Directório da Rede Ferroviária Portuguesa 2005». Rede Ferroviária Nacional - REFER, E.P. 13 de Outubro de 2004. p. 67, 83
- ↑ a b c «Directório da Rede 2007 1.ª Adenda». Rede Ferroviária Nacional - REFER, E.P. 26 de Junho de 2007. p. 61, 75, 90
- ↑ a b c (anón.): “Comboio Correio : Investimentos de Norte a Sul” Trainspotter 78 (2017.02): p.6-7
- ↑ Horário dos Comboios : Vila Real de S. António ⇄ Lagos («horário em vigor desde 2022.12.11»). Esta informação refere-se aos dias úteis.
- ↑ Horário Comboios AP e IC Porto/Lisboa ⇄ Faro / Lagos / V. R. S.to António («horário em vigor desde 2022.12.11»).
- ↑ Horário Comboios AP e IC Lisboa ⇄ Braga - Viana do Castelo - Valença - Porto / Faro («horário em vigor desde 2022.12.11»).
- ↑ SANTOS, 1995:120-121
- ↑ MARTINS et al, 2006:243
- ↑ SANTOS, 1995:125
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- ↑ «Troços de linhas férreas portuguesas abertas à exploração desde 1856, e a sua extensão» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 69 (1652). 16 de Outubro de 1956. p. 528-530. Consultado em 12 de Novembro de 2014
- ↑ SANTOS, 1997:181
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- ↑ REIS et al, 2006:63
- ↑ MENDES, 2010:69
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- ↑ MARTINS et al, 1996:272
- ↑ MARTINS, 1996:158-167
- ↑ «Relatório e Contas 2003». Rede Ferroviária Nacional - REFER, E.P. 2004. p. 19
- ↑ «Exposição "um olhar sobre os caminhos de ferro"». Junta de Freguesia de Tunes. 27 de Maio de 2006. Consultado em 22 de Março de 2010 [ligação inativa]
- ↑ «Jovem detido com 2520 doses de heroína e cocaína». Sol. 27 de Maio de 2009. Consultado em 22 de Março de 2010 [ligação inativa]
- ↑ «Linhas de Circulação e Plataformas de Embarque». Directório da Rede 2012. Rede Ferroviária Nacional. 6 de Janeiro de 2011. p. 71-85
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- MARTINS, João; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel; et al. (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas
- MENDES, António Rosa (2010). Faro. Roteiros Republicanos. Col: Roteiros Republicanos. Matosinhos: Quidnovi, Edição e Conteúdos, S. A. e Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República. 95 páginas. ISBN 978-989-554-726-5
- OLIVEIRA, Ataíde (1987) [1905]. Monografia do Algoz. Faro: Algarve em Foco Editora. 258 páginas
- REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X
- SANTOS, Luís Filipe Rosa (1995). Os Acessos a Faro e aos Concelhos Limítrofes na Segunda Metade do Séc. XIX. Faro: Câmara Municipal de Faro. 213 páginas
- SANTOS, Luís Filipe Rosa (1997). Faro: um Olhar sobre o Passado Recente. (Segunda Metade do Século XIX). Faro: Câmara Municipal. 201 páginas
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Página com fotografias da Estação de Tunes, no sítio electrónico Railfaneurope» (em inglês)
- «Página com fotografias da Estação de Tunes, no sítio electrónico RailPictures» (em inglês)
- «Página sobre a Estação de Tunes, no sítio electrónico Wikimapia»
- Estação Ferroviária de Tunes na base de dados SIPA da Direção-Geral do Património Cultural