Lourenço de Almada, 9.º conde de Avranches

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Lourenço de Almada, 9.º conde de Avranches
Nascimento 1645
Lisboa
Morte 2 de maio de 1729
Lisboa
Cidadania Reino de Portugal
Prêmios
  • Comendador da Ordem de Cristo
 Nota: Para outros significados de Lourenço de Almada, veja Lourenço de Almada (desambiguação).
Lourenço de Almada, 9.º conde de Avranches
9.º Conde de Avranches
12º Senhor dos Lagares d' El-Rei
7.º senhor de Pombalinho
36.º Capitão-general de Angola
Período 20 de novembro de 1705
- 4 de outubro de 1709
Antecessor(a) Bernardino de Távora de Sousa Tavares
Sucessor(a) António de Saldanha de Albuquerque Castro e Ribafria
Dados pessoais
Nascimento 1645
Morte 1729 (84 anos)
Serviço militar
Lealdade Reino de Portugal

Lourenço de Almada (1645[carece de fontes?]2 de maio de 1729), (9.º conde de Avranches) (12º senhor dos Lagares d' El-Rei) (7.º senhor de Pombalinho), entre vários lugares oficiais de grande responsabilidade, teve especial relevo como administrador colonial de Portugal.

No Brasil, onde foi governador-geral, foi dado o seu nome à Rua Lourenço de Almada, no bairro de Vila Alto de Santo André, na cidade de Santo André,[1] e à Rua Dom Lourenço de Almada, no bairro Portal do Patrimonium, no município de Caraguatatuba,[2] ambos em São Paulo (estado).

Biografia[editar | editar código-fonte]

Teve a comenda de S. Vicente de Vimioso e recebe também a alcaidaria-mor e comenda de Proença-a-Velha, da Ordem de Cristo, em 1675, por o seu avô materno (anterior alcaide e comendador) ter fugido para Castela quando tomou partido de Filipe III. Essa função e privilégio será continuado pelos primogénitos da sua descendência até à implantação do liberalismo em Portugal.

Terá tido um papel importante no seio da vida social da Igreja Católica pois a primeira irmandade ou confraria que houve em Condeixa-a-Nova (onde a família Almada tinha casa), a das Almas fundada em 19 de Novembro de 1679, ele foi o primeiro juiz da mesma.[3] Igualmente, segundo o Agiologio Lusitano, terá sido o 193º provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.[4]

Será incumbido da função de Mestre-sala da Casa Real,[5] em 22 de outubro de 1696[6] (cargo oficial que se manteve na sua família directa, por varonia, hereditário durante seis gerações), ao serviço dos reis Pedro II e João V-

Foi igualmente fidalgo do Conselho da Junta dos Três Estados, e por último ainda foi Presidente da Junta do Comércio.

Foi um dos nomeados em Santarém para acompanhar D. Pedro II na 1.ª fase da Guerra de Sucessão de Espanha, a favor de Carlos de Áustria.[7]

Ocupou igualmente e respectivamente os lugares de capitão-general da Ilha da Madeira e governador-geral de Angola e do Brasil.

Como governador da Madeira foi nomeado em 4 de Agosto de 1687 e tomou posse a 13 de Abril de 1688.[8][9]

Na vigência da governação desta ilha, foi completada a fortificação da frente mar da cidade e construíram um portão dentro do gosto maneirista internacional – o chamado Portão dos Varadouros, onde, no ano de 1689, foi mandada colocar uma inscrição em latim, que se pode traduzir por “Cada um dos antecedentes governadores debalde se esforçou por concluir estas muralhas; ao Senhor Lourenço de Almada estava reservada a satisfação da sua conclusão”. Refere o provedor Ambrósio Vieira de Andrade, em certidão de 30 de setembro de 1690, que o governador “fez findar a muralha com toda a perfeição, brevidade e comunidade”.[10]

A tomada de posse do lugar de governação do reino de Angola deu-se em 20 de Novembro de 1705. Nessa altura terá mandado fazer várias melhorias na sua defesa nomeadamente na Fortaleza de São Miguel de Luanda[11] e na Sé de Luanda.[12] Conta-nos João Carlos Feo e Torres que D. Lourenço governou, até 4 de Outubro de 1709, com grande prudência e integridade. Sendo tal confirmado por ofício passado pelos oficiais à sua responsabilidade nessa governação[13][14] e por um sindicato feito posteriormente.[15]

A par do exercício de governador, envolveu-se igualmente no rendoso negócio do álcool para África.[16]

Fazendo jus ao seu bom exercício na referida missão régia ultramarina, para o Reino de Portugal, em 26 de Novembro de 1709, o rei escrevia-lhe a convidá-lo a governar "temporariamente" a "capitania geral do Estado do Brazil" "debaixo do mesmo preito e homenagem" que a anterior.

No mesmo dia mandava outra carta oficial ao anterior governador, Luiz César de Menezes, dispensando-o das suas funções e a entregá-las a D. Lourenço.[17]

Durante sua estadia terá contribuído com várias obras militares, entre elas o Reduto do Rio Vermelho[18] e o Forte de São Lourenço da Ilha de Itaparica,[19] ambos a Bahia, tendo a este último sido dado o mome de São Lourenço em sua homenagem.

Embora assim fosse, teve pouca sorte no Brasil porque nessa altura, apenas ele chegou a Pernambuco, começaram as revoltas dos moradores do Recife, chamada Guerra dos Mascates, protegidos pelo governador Sebastião de Castro, que queriam que a sua povoação fosse elevada a vila. E mal tinha tudo acalmado recebeu a notícia de que um corsário francês, Duguay-Trouin, tomara e saqueara o Rio de Janeiro, querendo vingar a derrota que tempos antes sofrera aí uma expedição francesa comandada por Du Clerc. O mais grave é que este, exigiu para resgate dos edifícios que poupava, uma quantia exorbitante e a que D. Lourenço se viu obrigado a pagar. Tudo isso deve ter sido demasiado para ele porque, apenas um ano depois da sua governação, em 1711, pediu a demissão. Ainda continuou vivendo na Baía, sem qualquer função de estado, mas, no seu azar, viu-se envolvido noutros confrontos sem o desejar que achou por bem retirar-se definitivamente para Portugal continental.

Segundo conta António Caetano de Sousa, no início de Setembro de 1687, ao referir-se aos festejos do casamento de D. Pedro II de Portugal com D. Maria Sofia Isabel de Neuburgo diz que D. Lourenço será um dos cavaleiros tauromáquicos que actuará neles. Tendo-lhe calhado essa sorte o segundo dia, dos três que eles decorreram, e nos outros actuaram D. Luís Manuel de Távora, conde de Atalaia e D. Cristóvão Manuel de Vilhena, conde de Vila Flor, respectivamente.[20][21]

Dados genealógicos[editar | editar código-fonte]

Lourenço de Almada, nasceu em 1645 e faleceu em 2 de Maio de 1729.[22] Sepultado no dia seguinte, na capela de São Fulgêncio, na Igreja da Graça (Lisboa), tal como seus antepassados desde o tempo de Lopo Soares de Alvarenga.[23]

Filho de:

Casado com:

Tiveram:

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. CEP 09240590 - Rua Lourenço de Almada, CEP Brasil
  2. CEP 11677-130, DiárioCidade
  3. Condeixa-a-Nova, por A. Santos Conceição, Gráfica de Coimbra, Coimbra, 1941
  4. Agiologio Lusitano dos sanctos e varoens illustres em virtude do reino de Portugal e suas Conquistas, Volume 4, Lisboa, 1744, pág. 29
  5. Alvará. Mestre-sala da Casa Real, Registo Geral de Mercês, Mercês de D. Pedro II, liv. 1, f.350-350v
  6. A Casa Real Portuguesa ao Tempo de D. Pedro II (1668-1706), por Joana Leandro Pinheiro de Almeida Troni, Tese para obtenção do grau de Doutor em História Moderna, Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras, Departamento de História, 2012, pág. 266
  7. Augusto dos Santos Conceição, Condeixa-a-Nova, 2.ª edição, Revista e Acrescentada por José Maria Gaspar, Coimbra, 1983, pág. 56.
  8. «Elucidário Madeirence, pelo padre Fernando Augusto da Silva e Carlos Azevedo de Meneses, vol. I, pág. 92» (PDF). Consultado em 16 de janeiro de 2015. Arquivado do original (PDF) em 4 de março de 2016  terminando o seu serviço em 2 de Dezembro de 1689 ao ceder o lugar em D. Rodrigo da Costa
  9. As Saudades Da Terra, Manuscrito do século XVI, pelo Gaspar Fructuoso anotado por Francisco Rodrigues de Azevedo, Typographia Funchalense, Funchal, 1873, pág. 825
  10. a b almada, lourenço de, por Rui Carita, Aprender Madeira, (atualizado a 13.11.2016
  11. Ensaios sobre a statistica das possessões portuguezas na Africa occidental e oriental; na Asia occidental; na China, e na Oceania, Imprensa nacional, 1844, p. 141
  12. Carta do governador e capitão-general de Angola, João Jacques de Magalhães, ao rei [D. João V] remetendo novamente mapas da artilharia das fortalezas de Angola acrescentando a artilharia de Ambaca, montada e com os seus reparos; informando que também tinha mandado fazer reparos na fortaleza da ilha de Nossa Senhora do Cabo que estava em ruína e no telhado da Sé de Luanda, e que tinha terminado a obra das casas iniciada no tempo de governador D. Lourenço de Almada., Arquivo Histórico Ultramarino, em 1739-07-29, Cód. Ref.: PT/AHU/CU/001/0033/03223
  13. Consulta: Os oficiais da câmara de Angola dão conta do bem que governou aquele reino D. Lourenço de Almada, Arquivo Histórico Ultramarino, Datado de: 1710-10-09, Código de ref.: PT/AHU/CU/046/0554/00236
  14. CONSULTA do Conselho Ultramarino ao rei D. João V sobre a carta dos oficiais da câmara de Angola, elogiando o desempenho de D. Lourenço de Almada no governo daquele reino, lamentando que não ficasse mais tempo., Arquivo Histórico Ultramarino,, Datado de: 1710-10-09, Código de fer.: PT/AHU/CU/001/0020/02060
  15. Carta do sindicante Manuel Ferreira de Carvalho, ao rei (D. João V) sobre a residência que tirara do tempo em que D. Lourenço de Almada governara o reino de Angola, considerando que fora venerado por todos e cumpridor da justiça; informando que o ouvidor-geral Manuel Antunes de Almeida acusara o dito governador de usar de poder absoluto, mas tal não se verificara, porque fornecera gente paga para a prisão de Francisco Vaz Francisco e no caso do criminoso capitão António de Tovar Lopes não havia autos de processos., Arquivo Histórico Ultramarino, Datado de 1716-12-10, código de ref.: PT/AHU/CU/001/0021/02145
  16. “A Baixa de Lisboa: Permanências e Transformações de um Roteiro (1700 -1762)”, por Delminda Rijo, C. M. Lisboa - Gabinete de Estudos Olisiponenses, CITCEM - Grupo de História das Populações, nota 15
  17. Chronica Geral do Brazil, por Alexandre José de Mello Moraes, B. L. Garkier — Livreiro editor, págs. 20 e 21
  18. Reduto do Rio Vermelho, tutor Roberto Tonera, com cotribuíção de: Carlos Luís M. C. da Cruz, Fortalezas.org
  19. Forte de São Lourenço na ponta da ilha de Itaparica, Com a contribuição de conteúdo de: Carlos Luís M. C. da Cruz, Contribuições com mídias: Projeto Fortalezas Multimídia (Jaime José S. Silva), Atualizado em 14/05/2009 pelo tutor Roberto Tonera, Fortalezas.org
  20. O fasto na afirmação de poder: enlaces régios na época barroca, por Lucília Didier, VS 21, 2014, pág. 205
  21. Anno historico, diario portuguez, noticia abreviada de pessoas grandes, e cousas notaveis de Portugal, a saber... offerecido a el rey D. Joao V. nosso senhor...Composto pelo padre mestre Francisco de Santa Maria, Volume 2, na officina, e à custa de Domingos Gonsalves, 1744, pág. 614
  22. D. António Caetano de Sousa, «Memorias Históricas e Genealógica dos Grandes de Portugal», Officina de Antonio Isidoro da Fonseca, Lisboa, 1742, pág. 209.
  23. "Livro para lembrança dos enterros dos seculares, e das covas em que são sepultados, que pertenceu ao Convento da Graça, de Lisboa".
  24. a b c d «Genealogias das Famílias de Portugal», por Afonso Torres e continuada por Luís Vieira da Silva, capitulo dos Almadas, ano de 1694
  25. Descendência do mestre-cabeleireiro, João do Rio, Ano 7 - Número 38, Agosto / Setembro de 2009, joaodorio.com
  26. Com mil reis mais três mil reis de moradia por mês e um alqueire de cevada mais outro por dia, alvará de 3.08.1689 - Arquivo Casa de Almada
  27. A Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Guerra: a instituição, os instrumentos e os homens (1736-1756), por Júlia Platonova Korobtchenko, Departamento de História, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 2011, pág, 137
  28. D. António Caetano de Sousa, «Memorias Históricas e Genealógica dos Grandes de Portugal», Officina de Antonio Isidoro da Fonseca, Lisboa, 1742, pág. 210.
  29. Affonso de Ornellas, «Os Almadas na História de Portugal», Lisboa, 1942, p. 23
  30. Historia genealogica da casa real portuguesa : desde a sua origem até o presente com as familias illustres que procedem dos Reys e dos serenissimos Duques de Bragança, ..., por António Caetano de Sousa, na officina de Joseph Antonio da Sylva, 1743, Volume 10, pág. 621
  31. António Carvalho da Costa, Corografia portugueza e descripçam topografica do famoso reyno de Portugal, na Off. de Valentim da Costa Deslandes, 1708, pág. 62.
  32. António Carvalho da Costa, Corografia portugueza e descripçam topografica do famoso reyno de Portugal, na Off. de Valentim da Costa Deslandes, 1708, pág. 61
  33. Historia genealogica da Casa Real Portugueza : desde a sua origem até o presente ..., , António Caetano de Sousa, - Lisboa Occidental : na Officina de Joseph Antonio da Sylva, impressor da Academia Real, 1743, tomo X, livro II, pág. 635
  34. a b D. António Caetano de Sousa, «Memorias Históricas e Genealógica dos Grandes de Portugal», Officina de Antonio Isidoro da Fonseca, Lisboa, 1742, pág. 246.
  35. António Carvalho da Costa, Corografia portugueza e descripçam topografica do famoso Reyno de Portugal, na Off. de Valentim da Costa Deslandes, 1712, Vol. III, pág. 189
  36. Três vezes casou. e as três mulheres, a acreditar o que diz o linhagista Rangel de Macedo, deviam ter ido para o céu. ... Durante onze anos sofreu D. Joana os maus tratos do marido, bravo de génio a mais não ser, e veio a falecer, vitima deles, em 18 de março de 1713. A primeira morreu virgem ; esta pereceu mártir. - «Depois do terremoto; subsídios para a história dos bairros ocidentais de Lisboa», vol. I, Gustavo de Matos Sequeira, Coimbra - Imprensa da Universidade - 1916, pág. 405. Digitalizado pelo Arquivo da Internet em 2014
  37. António Carvalho da Costa, Corografia portugueza e descripçam topografica do famoso Reyno de Portugal, na Off. de Valentim da Costa Deslandes, 1712, pág. 583
  38. «Depois do terremoto; subsídios para a história dos bairros ocidentais de Lisboa», vol. I, Gustavo de Matos Sequeira, Coimbra - Imprensa da Universidade - 1916, pág. 405. Digitalizado pelo Arquivo da Internet em 2014
  39. a b António Carvalho da Costa, Corografia portugueza e descripçam topografica do famoso Reyno de Portugal, na Off. de Valentim da Costa Deslandes, 1708, pág. 61
  40. Diccionario aristocratico contendo os alvarás dos foros de fidalgos de casa real que se achão registados nos livros das mercês, hoje pertencentes ao Archivo da Torre do Tombo, editado por Portugal Arquivo Nacional, em 1840, pág. 59

Dados bibliográficos[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Precedido por
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Governador da Ilha da Madeira
16871689
Sucedido por
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Governador e Capitão-General de Angola
1705 — 1709
Sucedido por
António de Saldanha de Albuquerque Castro e Ribafria
Precedido por
Luís César de Meneses
Governador-geral do Brasil
1710 — 1711
Sucedido por
Pedro de Vasconcelos e Sousa