Orgasmo feminino: diferenças entre revisões
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O orgasmo feminino refere-se ao prazer sexual intenso alcançado pelas mulheres através da relação sexual, masturbação ou outros meios de forma única ou múltipla. É sentido por intensas contrações rítmicas, principalmente na região vaginal, durando cerca de 0,8 s cada, totalizando de 3 a 12 contrações; com a sensação de prazer aumentando em intensidade a cada momento, até que se atinja o clímax, seguido do relaxamento.[1] Cada mulher sente o orgasmo de forma distinta: algumas só conseguem através de estimulação clitoriana, penetração, preliminares longas/curtas e outras nunca conseguiram atingir o pico de prazer máximo na hora do sexo.[2]Estima-se que 70% das mulheres nunca chegaram a sentir um orgasmo com seus parceiros.[3]
A ocorrência do prazer do orgasmo é proporcionada por uma descarga química de neurotransmissores tais como as catecolaminas (noradrenalina e adrenalina), a indoleamina e a serotonina. A dopamina e a serotonina estimulam a produção de endorfinas que estimulam o prazer.[4][5]
Pode ser sentido no clítoris, na entrada da uretra, no colo do útero e no ânus ou de em todos ou alguns destes pontos ao mesmo tempo. Algumas mulheres podem fingir o orgasmo para agradarem seus parceiros.[6]
Função biológica
A função biológica do orgasmo feminino, diferente do que ocorre nos homens, não é consensual entre os cientistas. Foram propostas diversas teorias para tentar explicá-lo.[7]
Desmond Morris em seu livro O macaco nu acredita que o fato dos humanos andarem em posição ereta tenha ocasionado problemas, pois o local que o esperma entra nas mulheres, o óstio do colo do útero, fica localizado numa posição superior. Desta forma, o evento do orgasmo provocaria relaxamento na mulher e esta por sua vez tenderia a ficar deitada, o que facilitaria a fertilização. Todavia, muitas fêmeas de animais de quatro patas também tem orgasmo.[7]
Outra hipótese, seria a fragilidade do ser humano ao nascer. Assim, o orgasmo seria para os humanos uma recompensa para aumentar a proximidade do casal para cuidar do recém nascido. Mas o orgasmo também pode ser problemático e em alguns casos afastar casais que procurariam outros parceiros para satisfazer suas necessidades de prazer.[7]
Cyril A. Fox e sua equipe, em 1970, estudaram a pressão intravaginal e intrauterina quando as mulheres faziam sexo. Descobriu que uma diferença de pressão levaria esperma para dentro do canal cervical, o que ocorria durante orgasmos. Isto, aumentaria as chances de fecundação do óvulo. Esta hipótese chama-se hipótese da sucção.[7]
Alguns cientistas ainda constatam que o orgasmo feminino não teria qualquer função biológica, sendo comparável ao mamilo dos homens (vestígio evolutivo das mamas femininas), onde seria apenas um vestígio evolutivo do orgasmo masculino.[7]
Ainda, existem aqueles que acreditam que seria possível de forma consciente ou não, a mulher fazer a seleção de genes melhores através do orgasmo, uma vez que Baker e Bellis desvendaram que 1 minuto antes do homem ejacular e 45 minutos depois, na ocorrência de orgasmo feminino, aumentam a retenção de esperma. Caso as mulheres escondam o orgasmo, reduziriam a possibilidade de engravidar, pela demora na ejaculação masculina. Orgasmos fingidos podem fazer o homem ejacular mais rápido e acabar o ato sexual, reduzindo também a possibilidade de gravidez. Orgasmos múltiplos facilitariam a possibilidade de gerar um bebê.[7]
Fases do ciclo sexual feminino
Segundo os estudos de Masters e Johnson (coordenado pelo casal William Masters e Virginia E. Johnson) o orgasmo feminino foi dividido na década de 1960 , em fases: desejo, excitação, orgasmo, orgasmos múltiplos.[8]
O Desejo
O desejo sexual é o que faz as mulheres buscarem o sexo, através da estimulação dos instintos, e assim sua vontade aumenta. O tato e o olfato são os principais motivadores para o aumento do desejo nas mulheres.[8]
Excitação
Com a excitação, o corpo responde aos estímulos iniciados com o desejo sexual. A vagina produz um muco que facilita a lubrificação. O volume de sangue na região vaginal aumenta e existe miotonia, ou seja, ocorrem a contração involuntária de fibras musculares, o aumento de tamanho dos seios e a ereção e hipersensibilidade dos mamilos. Além disso, a excitação provoca hiperemia da face e aumento de frequência cardíaca e respiratória. O ânus, o reto, a bexiga e a uretra podem ter pequenas contrações.[8] O clítoris aumenta de tamanho.
Orgasmo
É o momento máximo de prazer, onde toda tensão proveniente da estimulação anterior é atingida. Além de contrações rítmicas involuntárias da plataforma orgástica, o clítoris pode retrair-se, além de mudanças na coloração do genital[9] e descontrole muscular corporal. Num momento seguinte a mulher pode ser estimulada e alcançar outros orgasmos, diferente do homem que precisa esperar alguns minutos.[8] Em média um orgasmo feminino dura de 90 a 104 s.[10]Nesta fase, algumas mulheres podem expelir um líquido, e este evento chama-se ejaculação feminina.[11]Algumas mulheres quando sentem o orgasmo podem soltar gritos e gemidos altos ou baixos bem como ficarem caladas e após ele tendem a experimentar um sentimento de calmaria e relaxamento.
Duração
O orgasmo feminino, segundo pesquisa, dura em média 23 segundos; o orgasmo masculino em média 6 segundos [12] [13]. Segundo estudos científicos, a mulher dispõe exclusivamente de uma capacidade de sentir orgasmos múltiplos ou ininterruptos; ao contrário, nos homens há o chamado período refratário, fenômeno este não identificado nas mulheres; o período é associado a uma neccessidade de relaxamento para reiniciar novamente a atividade sexual. Na juventude este lapso de tempo pode ser de segundos, em homens mais velhos, de horas a dias [14].
Clítoris e o orgasmo através da masturbação
O clítoris é um órgão do aparelho sexual feminino que possui muitas terminações nervosas e elevada sensibilidade. É dividido em haste, base e coroa. A literatura registra aproximadamente 8 mil fibras nervosas na região.[15] A grande maioria das mulheres alcança o orgasmo com o a estimulação do clítoris, seja pelo sexo oral, masturbação ou com a utilização de dildos ou vibradores.[16] Estruturalmente, o clítoris é diferente em cada mulher, podendo ser mais ou menos visível e proeminente. Com a excitação ele aumenta seu volume e fica mais sensível.
Disfunções relacionadas ao orgasmo feminino
Anorgasmia
A anorgasmia é uma disfunção do orgasmo feminino caracterizada pela falta total do prazer proporcionado pelo orgasmo, popularmente conhecido como "gozo".[17] Neste casos, pode ocorrer a excitação com todas suas características, mas a mulher não atinge o clímax.[17] Este quadro atinge 30% das brasileiras.[17] É classificada em primária (quando a mulher nunca conseguiu chegar a um orgasmo) e secundária (quando esta passa a não ter mais orgasmos durante os seu atos sexuais).[17]
Vaginismo
É a contração involuntária dos músculos vaginais provocando dificuldades na penetração.[18] É associada a transtornos psicológicos sofridos pelas mulheres em algum momento de suas vidas.[19]
Síndrome de excitação sexual persistente
Nesta síndrome o problema é a falta de controle sobre a excitação e os orgasmos. A mulher passa a ficar excitada mesmo sem estimulação sexual. Alguns casos relatados atingem a marca de 200 orgasmos diários[20]e podem chegar até 800.[4]
Tabus e vida moderna
A dificuldade de atingir o orgasmo é um fato determinado pela história de repressão feminina. A maioria das sociedades configura o sexo como sendo algo pecaminoso, incluindo ai a masturbação, que na opinião de muitos especialistas faz com que a mulher desconheça seu corpo. Na época da Inquisição, mulheres que sentiam prazer eram consideradas bruxas e condenadas à morte.[21]
Fora isto, temos as variações hormonais, menopausa, a tensão pré menstrual, stress da vida moderna, fobias tornam dificultoso a execução do ato sexual seguido de orgasmo.[21] Até mesmo o estresse e preocupação demasiada em como determinar e proporcionar a ocorrência de orgasmo feminino pode ser um fator que dificulta que este aconteça e diversos sexólogos, terapeutas e autores recomendam lembrar que orgasmo não se planeja, acontece[22] e que é mais valioso cuidar do prazer do momento que se preocupar em atingir ou não o orgasmo.
Notas e referências
- ↑ O Globo. «Guia sobre o orgasmo feminino para mulheres modernas». Consultado em 26 de julho de 2009
- ↑ Sana, Cristiane Cador. Ibrasa, ed. Alma de Mulher. [S.l.: s.n.] Consultado em 25 de julho de 2009
- ↑ MIOTO, Ricardo (6 de agosto de 2010). «Mais de 70% das mulheres nunca atingiram o orgasmo com seus parceiros». Folha. Consultado em 1 de março de 2012
- ↑ a b Margolis, Jonathan. Ediouro, ed. A História Íntima do Orgasmo. 2006. Rio de Janeiro: [s.n.]
- ↑ DiarioWeb (2006). «'Drogas' do amor». Consultado em 28 de julho de 2009
- ↑ Cama na Rede. «http://camanarede.terra.com.br/orgasmo/orgasmo_14.htm». Consultado em 19 de janeiro de 2010 Ligação externa em
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(ajuda) - ↑ a b c d e f Os segredos evolutivos do orgasmo feminino
- ↑ a b c d ABC da Saúde. «Resposta Sexual Feminina». Consultado em 26 de julho de 2009
- ↑ Spitz, Christian. Summus, ed. Adolescentes perguntam. [S.l.: s.n.]
- ↑ Lins, Regina Navarro; Braga, Flávio. Ediouro, ed. O Livro de Ouro do Sexo. 2005. Rio de Janeiro: [s.n.] Consultado em Lins Verifique data em:
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(ajuda) - ↑ Walfrido, Valéria. Ediouro, ed. Toque sedutor. 2003. Rio de Janeiro: [s.n.]
- ↑ http://nova.abril.com.br/blog/sexpert/eles-tambem-fingem-orgasmo/
- ↑ Guardian
- ↑ Abc da Saúde
- ↑ MORRIS, Desmond. A mulher nua: um estudo do corpo feminino. São Paulo: Globo, 2005. pag. 196
- ↑ Banco de Saúde. «Orgasmo». Consultado em 1 de agosto de 2009
- ↑ a b c d ABC da Saúde. «Disfunções do orgasmo feminino». Consultado em 19 de janeiro de 2010
- ↑ Correio Braziliense. «Para especialistas, não chegar ao orgasmo tem causas mais psicológicas do que físicas». Consultado em 19 de janeiro de 2010
- ↑ Expresso. «Sexo: Quando elas não conseguem». Consultado em 19 de janeiro de 2010
- ↑ Pravda. «Britânica de 24 anos atinge 200 orgasmos por dia». Consultado em 19 de janeiro de 2010
- ↑ a b Terra. «Orgasmo feminino: você tem esse direito». Consultado em 26 de julho de 2009
- ↑ «Como a mulher sabe quando vai gozar?». Consultado em 20 de fevereiro de 2011
- MARGOLIS, Jonathan. A História íntima do orgasmo. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006 e 2009.
- CATTRALL, Kim. LEVINSON, Mark. Satisfação - A arte do orgasmo feminino. São Paulo: Prestígio.
Ver também
(( cachorro de brinquedo))
Ligações externas
- «Drauzio Varella entrevista Dra. Carmita Abdo médica, professora de psiquiatria e coordenadora geral do ProSex, Projeto de Sexualidade do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.»
- «Orgasmos múltiplos»
- «Explicação do Orgasmo Feminino»
- «Um conjunto de fotografias da cientista e escritora Clara Pinto Correia em êxtase sexual»
- «O curto-circuito do orgasmo»
- «Como a mulher sabe quando vai gozar»