Curva de Phillips

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Curva de Phillips - NAIRU a longo e curto prazo

Em macroeconomia, a curva de Phillips, representa uma relação de trade-off entre inflação e desemprego, que permite analisar a relação entre ambos, no curto prazo. Segundo esta teoria, desenvolvida pelo economista neozelandês William Phillips, uma menor taxa de desemprego leva a um aumento da inflação, e uma maior taxa de desemprego a uma menor inflação. Contudo, esta relação não é válida no longo prazo, uma vez que a taxa de desemprego é basicamente independente da taxa de inflação conforme outras variáveis vão se alterando. [1]

Baseando-se em dados da economia do Reino Unido no período de 1861 a 1957, Phillips mostrou haver uma correlação negativa entre a inflação e o desemprego. Poucos anos depois, outros dois cientistas, Paul Samuelson e Robert Solow, confirmaram a descoberta ao utilizarem dados da economia dos Estados Unidos e resolveram baptizar o modelo como curva de Phillips. Nos anos 70, a relação prevista pela curva de Phillips original deixou de ser verificada de forma empírica, pois as grandes economias experimentaram altas taxas de inflação e de desemprego simultaneamente. Quando o período de crise foi superado, a correlação mais evidente passou a ser entre a taxa de desemprego e a variação da taxa de inflação, o que abriu caminho para reformas na proposição original. Milton Friedman e Edmund Phelps foram dois economistas que se dedicaram a estudar a relação proposta por Phillips. A versão Friedman-Phelps da curva de Phillips, conhecida também por curva de Phillips aceleracionista, acrescenta à equação original a análise das expectativas. Utilizando o método das expectativas adaptativas ela indica que, para que se mantenha a taxa de desemprego a níveis inferiores ao da taxa de desemprego natural, o que importa não é a taxa de inflação, mas sim sua variação, necessitando-se assim de taxas de inflação cada vez maiores para manter as taxas de desemprego abaixo da taxa natural.

No modelo de curva de Phillips com expectativas adaptativas, o efeito de um choque exógeno de oferta sobre a taxa de inflação em um determinado ano é repassado para a inflação esperada futura.

Assim, pode-se comprovar mais consistentemente, que a relação inversa entre a inflação e o desemprego se dá quando a inflação observada está acima das expectativas, e que, de facto, isso se dará somente no curto prazo, já que no longo prazo a inflação observada tornar-se-á igual à esperada, quando então não será verificada nenhuma relação entre a inflação e o desemprego.

A equação matemática[editar | editar código-fonte]

A partir da relação existente entre o nível de preços, o nível de preços antecipado e a taxa de desemprego:

  • P = f(Pe, u)

Onde:

P = nível de preços
Pe = nível de preços antecipados
u = taxa de desemprego

Pode-se deduzir uma nova função relacionando a taxa de inflação, a taxa de inflação antecipada e a taxa de desemprego, na forma:

  • p = f(pe, u)

Onde:

p = taxa de inflação
pe = taxa de inflação antecipada
u = taxa de desemprego

Assim, a taxa de inflação tenderá a variar positivamente com a inflação antecipada e negativamente com a taxa de desemprego. É válido lembrar que existem coeficientes que dão maior ou menor peso a esses factores determinantes da taxa de inflação.

A curva de Phillips original[editar | editar código-fonte]

Embora não ocorra em tempos atuais, a inflação média nos períodos pesquisados por Phillips e depois por Paul Samuelson e Robert Solow tendia para zero. Com uma inflação média tendendo a zero em períodos passados, levantou-se a hipótese de que a taxa de inflação esperada também seria zero, de forma que a relação descrita acima passaria a ser p = f(u) (taxa de inflação apenas em função da taxa de desemprego). Com isso, pode-se dizer que essa primeira versão da curva de Phillips desconsiderou a existência de um eventual espiral de salários e preços, períodos em que elevações no salário nominal provocam elevações no nível geral de preços, e vice versa.

A curva de Phillips com expectativas[editar | editar código-fonte]

Como nos referimos no tópico da equação matemática, existem coeficientes ou multiplicadores que tornam os factores determinantes da taxa de inflação com maior ou menor peso. Vamos supor que para a formação das expectativas a inflação esperada pe seja dada por: pe(t) = v . p(t-1)

Observe a inflação esperada do período t é uma função da inflação do período t - 1, multiplicada pelo coeficiente v. Afirma-se que v tendia a zero antes da década de 1970 e que passou a tender a 1 após esse período

Note que substituindo v = 0 na função p = f(pe, u) teremos p = f(u), ou seja, a curva de Phillips original onde a inflação é função do desemprego.

Substituindo v = 1 na mesma função teremos p = f(p(t-1), u), onde a taxa de inflação é uma função da taxa de inflação do período anterior e da taxa de desemprego.

Por fim, apresentamos a função da curva de Phillips como sendo p(t) = pe(t) + (m + z) - wu(t), de forma que m (markup das empresas) e z (outros factores que afetem a fixação de salários) são coeficientes lineares que representam elementos estruturais da economia e w é o multiplicador do desemprego.

Substituindo pe(t) = p(t-1), temos que p(t) = p(t-1) + (m + z) - wu(t) ou ainda p(t) - p(t-1) = (m + z) - wu(t).

Referências

  1. Boston, Federal Reserve Bank of. «Understanding Inflation and the Implications for Monetary Policy: A Phillips Curve Retrospective». Federal Reserve Bank of Boston (em inglês). Consultado em 23 de maio de 2018 


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