Escópia
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Cidade | |||
Vistas de Escópia | |||
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Localização | |||
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País | ![]() | ||
Características geográficas | |||
Área total | 571,46 km² | ||
População total (2015) | 544 086 hab. | ||
Densidade | 952,1 hab./km² | ||
Altitude | 240 m | ||
Fuso horário | CET (UTC+1) | ||
Horário de verão | CEST (UTC+2) | ||
Código postal | 1000 | ||
Código de área | +389 02 | ||
Sítio | http://www.skopje.gov.mk/ |
Escópia,[1][2][3][4] Skopje[5] ou Skopie[6] (em macedónio: [Скопје] [ˈskɔpjɛ] (escutar (ajuda·info))) é a capital e a maior cidade da Macedônia do Norte. Era conhecida no período romano sob o nome de Escupos, dentro da antiga Iugoslávia sob o nome (sérvio) Escoplie (Skoplie), e durante o domínio do Império Otomano, sob o nome de Uscube (Uzkub) ou Uscupe (Uzkup).
A cidade desenvolveu-se rapidamente após a Segunda Guerra Mundial — tendência porém interrompida em 1963, ano em que foi abalada por um grande terremoto.
Atualmente Escópia é uma cidade moderna, que preserva monumentos culturais do passado. Situa-se nas coordenadas 42° 0' N 21° 26' E, no curso superior do rio Vardar, na principal rota norte-sul dos Balcãs, entre Belgrado (Sérvia) e Atenas (Grécia). É um importante centro siderúrgico, assim como das indústrias química, madeireira, têxtil, de curtumes e publicitária. O desenvolvimento industrial da cidade foi acompanhado por um desenvolvimento intensivo dos sectores do comércio e de operação bancária, assim como foi dada ênfase aos campos da cultura e do desporto.
De acordo com o censo de 2006, a população da cidade à época era de 668 518 habitantes — 510 000 dos quais na área urbana.[7] De acordo com o censo nacional de 2002, o grupo étnico principal era o dos eslavo-macedónios, que compõem 66,75% da população, seguido pelos albaneses (20,49%), pelos ciganos (4,63%), pelos sérvios (2,82%), pelos turcos (1,70%), pelos bósnios (1,50%) e pelos aromenos (0,50%). 97,5% da população com 10 ou mais anos de idade é alfabetizada.
Nome[editar | editar código-fonte]
O nome oficial da cidade, em macedônio, é Скопје; durante a Idade Média, a cidade esteve frequentemente sob controle do Império Búlgaro; a versão búlgara do nome da cidade é Skopie (Скопие). É chamada ainda de Shkupi em albanês, Scopia em arromeno, e Skopiye em romani. Dessas formas vernáculas, surgiram as variantes Scopia e Escopia, usadas em italiano, espanhol,[8][9] francês e português[10][11][12]durante a Idade Média. O aportuguesamento Escópia tem foro em português desde, pelo menos, o século XVI, sendo usado já na versão em português "Chronica do valeroso principe e invencivel capitão Jorge Castrioto".[11]
Quando a região da Macedônia iugoslava passou ao domínio do Império Otomano,[13] o nome turco da cidade, Üsküp, passou a ser usado internacionalmente. Em 1912, o nome da cidade foi oficialmente alterado do turco Üsküp (turco otomano: اسكوب) para o sérvio Skoplie (Скопље).[14] Desde os anos 1950, a designação da cidade em macedônio tem sido Skopje (Скопје), o que reflete a ortografia cirílica para a pronúncia local do macedônio.
Supõe-se que as formas vernáculas Skopje, Skopie, Skoplje, Shkupi, Scopia e Escopia todas advenham do latim Scupi - que, por sua vez, adviria de uma tribo traco-ilírica,[15] seja dos termos gregos skopion e skopein, "vigiar",[16] o que indica a origem de Escópia como uma fortaleza de fronteira da era greco-romana clássica que posteriormente integrou o Império Romano do Oriente.[17] Machado registra a forma vernácula "Escupos" para a cidade existente no local durante a era romana, advinda do grego Skoûpos, através do latim Scūpos.[18]
A adaptação do nome da cidade às normas gramaticais da língua portuguesa para o nome da cidade foi já objeto de debate em Boletim sobre uso da Língua Portuguesa pela União Europeia[19] e no portal "Ciberdúvidas da Língua Portuguesa".[20] No primeiro, os autores, membros do Grupo de Redação da União Europeia, justificam a manutenção do termo estrangeiro argumentando que, embora "faria sentido introduzir «Escópia»" no Manual de Redação, "entendeu-se que o aportuguesamento não permitia reconhecer imediatamente o topónimo a que se referia, o que comprometeria a sua passagem para o uso corrente." Também o portal Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, por meio do consultor Carlos Rocha, prescreve a existência de duas "possibilidades: «Escópie», não atestado, e «Escópia», que de fato ocorre'".
História[editar | editar código-fonte]
Período clássico[editar | editar código-fonte]
O local da moderna Escópia esteve inabitado até cerca de 3 500 a.C.. Vestígios de fundações neolíticas foram encontrados dentro da antiga fortaleza de Kale. No seu auge, estes edifícios vigiariam o actual centro da cidade. Aparentemente, estas fundações tiveram origem no povo peônio, que habitou a região.

No século III a.C., Escópia e a área circundante foi invadida pelos dardânios, da Macedónia. Com a conquista do império pelas tropas imperiais romanas Escupos, ficou sob o domínio romano em 148 a.C., quando o general romano Cecílios Metelos derrotou Andrisco da Macedónia, estabelecendo-se logo depois como parte integrante da província romana da Macedónia em 146 a.C.. A expansão do império para norte, que se encontrava em curso, levou à criação da província da Mésia, nos tempos de Augusto (r. 27 a.C.–14 d.C.), que incorporou Escupos. Após a divisão da província por Domiciano em 86 d.C., Escupos foi elevada a colónia romana e foi-lhe conferido o estabelecimento do governo da então recém-criada província da Mésia Superior.
Em 395 d.C., a cidade passou para o domínio do Império Romano do Oriente.
O primeiro bispo conhecido da cidade foi Perigório, presente no Concílio de Sérdica (Sófia). Escupos foi então um centro metropolitano do centro da Europa, até à passagem para a Idade Média.[21]
Idade Média[editar | editar código-fonte]
O imperador bizantino Justiniano I nasceu em Escupos, em Taurésio, em 483 d.C.. Em 518, Escópia havia sido quase completamente destruída por um terramoto. Justiniano acudiu prontamente à cidade e ali fundou um acampamento a que deu o nome de Justiniana Prima, a norte do sítio de Escópia. Porém, Justiniana e os restos de Escópia foram destruídos com a invasão do local pelos eslavos, no século VII. Os eslavos renomearam o local como Escópia e os bizantinos expulsaram. Tais factos, concluíram-se na perda de importância comercial e económica, populacional e, consecutivamente, uma vasta perda de mão-de-obra.
A Idade Média foi pautada por curas e sangrentas guerras, pandemias e outros males que reduziram catastroficamente a população da Europa e da Ásia Menor. Deste padrão Escópia não se apartou, e sucumbiu na destruição durante e após diversos motins e guerras de possessão. Durante grande parte do início da Idade Média, a cidade foi contestada tanto pelos bizantinos como pelo Império Búlgaro. De 972 a 992 tornou-se a capital deste império. Depois disto, tornou-se a capital da região administrativa da Bulgária, na sucessão da queda do império em 1018.
Logo, Escópia iniciou um período de enriquecimento, principalmente através do comércio e outro intercâmbios, algo que se declinou após o terramoto no fim do século XI. Dois séculos e meio mais tarde, torna-se capital do feudo do Senhor búlgaro, mais tarde imperador, Constantino Tico. A cidade foi tomada pelos sérvios em 1282. Em 1346, foi nomeada capital do Império Sérvio por Estêvão Uresis IV.
A cidade otomana[editar | editar código-fonte]
Em 1392, três anos após a derrota da Sérvia na Batalha do Cosovo, Escópia foi capturada pelo Império Otomano. Nos seguintes quinhentos anos, seria conhecida em turco como Uscube (Üsküb) ou Uscupe (Üsküp). A Uscube otomana foi a capital da província do Cosovo, que ocupava grande área da actual região do Cosovo.
O carácter da cidade modificou-se marcadamente durante este período. Os otomanos introduziram o islamismo e construíram inúmeras mesquitas, termas (hamames) e pousadas até hoje existentes. Expulsos de Espanha e de outros locais, muitos judeus sefarditas instalaram-se nas imediações da cidade, aumentando ainda mais a diversidade étnica da cidade.
As fundações medievais da cidade ficaram gravemente danificadas com o terramoto de 1555, mas a cidade recuperou-se prontamente, regressando à prosperidade. Pelo século XVII, a sua população contou-se entre 30 000 e 60 000 habitantes, estando constante em certas fontes que a população tenha mesmo ultrapassado a marca dos 60 000. O escritor turco Dulgar Dede visitou Uscube durante este período de prosperidade e largo crescimento e escreveu:
“ | Viajei por vários anos ao longo deste país que é a Rumélia e vi diversas belas cidades e fui abençoado por Alá, mas fiquei mesmo impressionado e caído em deleite quando vi a divina cidade de Escópia, nas margens dos passos do Rio Vardar. | ” |
Em 1689, Escópia permaneceu por um curto período sob o comando das tropas do general austríaco Engelberto d'Ugo Piccolomini.
A economia da cidade passou por um processo de queda nos dois séculos seguintes, com sua população chegando a diminuir até a marca de 10 000 habitantes. A cidade veio a se recuperar parcialmente com a construção da linha férrea de Belgrado a Tessalónica, passando por Escópia, em 1873.
No século XX[editar | editar código-fonte]
Por volta de 1905, Escópia tinha já uma população de 32 mil habitantes, que compreendia uma larga mistura de etnias e religiões. Cinco anos mais tarde, a Santa católica romana, Agnes Gonxha Bojaxhiu, mais tarde conhecida como Madre Teresa de Calcutá, nasceu em Escópia.
A cidade tornou-se num grande centro de concentração de rebeldes e grandes motins contra o Império Otomano, já em declínio há vários anos.O governo e a população otomana foram finalmente expulsos de Escópia pelos macedônios em 12 de agosto de 1912, mas a cidade acabaria sendo meses mais tarde capturada pelos sérvios, no início da Primeira Guerra Balcânica.
Em 1913, os aliados na Primeira Guerra Balcânica foram derrotados e o mesmo aconteceu na segunda. A Sérvia reteve o controle de Escópia, com o vale de Vardar incorporado no território sérvio. No entanto, a cidade ocupada pela Sérvia até ao fim da Primeira Guerra Mundial, em 1918, tornou-se parte do Reino da Jugoslávia. Entre 1941 e 1944 a cidade ficou então sob controle búlgaro. Entretanto, as maiores potências estavam envolvidas com a Segunda Guerra Mundial, e a Jugoslávia tentava defender Escópia e o resto do território da invasão alemã. Assim, Escópia juntou-se uma vez mais ao território jugoslavo. Nos anos seguintes Escópia integrou a República Socialista Federativa da Iugoslávia, até à independência da Macedônia do Norte.
O terremoto de 1963[editar | editar código-fonte]
A 26 de julho de 1963, Escópia foi novamente destruída por um grande terremoto, apontando 6,1 na Escala de Richter, vitimando mais de 1000 pessoas e resultando em 120 mil desalojados. 80% da cidade foi destruída pelo terramoto, e numerosos monumentos ficaram seriamente danificados. As perdas foram massivas para a Macedónia e para a Jugoslávia. No entanto, uma grande ajuda internacional levou a que a cidade fosse rapidamente reconstruída, ainda que o seu antigo aspecto otomano tenha sido perdido durante o processo. As ruínas da velha estação de comboios de Escópia compõem hoje um memorial às vítimas, juntamente com um museu adjacente.
Escópia rapidamente se recuperou e fez jus ao investimento, tornando-se num dos maiores centros industriais dos Balcãs. Em 1991 a federação da Jugoslávia entrou em colapso e, assim, Escópia passou a ser a capital da independente Macedônia do Norte. A Grécia objectou contra o uso do nome "Macedónia", pelo novo Estado, e impôs o bloqueio económico e marítimo. O bloqueio foi suspenso em 1995, depois do acordo de nomenclatura entre os dois governos.
Em dezembro de 2006, o governo anunciou a existência de planos para o novo aeroporto da cidade.
Divisão administrativa[editar | editar código-fonte]
Escópia é uma divisão administrativa dentro da Macedônia do Norte, constituída por dez municípios. A sua capital, é também a capital do país balcânico.
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Referências
- ↑ Código de Redação Interinstitucional 2020.
- ↑ VOC.
- ↑ Correia 2019, p. 10.
- ↑ Rocha 2010.
- ↑ Enciclopédia Barsa 1967, p. 102.
- ↑ Presidência da República do Brasil 1998.
- ↑ «Skopje.com». Consultado em 8 de março de 2015. Arquivado do original em 2 de fevereiro de 2011
- ↑ Molho, Michael (2006-01-01). Traditions & customs of the Sephardic Jews of Salonica. [S.l.]: Foundation for the Advancement of Sephardic Studies and Culture. ISBN 9781886857087 Verifique data em:
|ano=
(ajuda) - ↑ Cronica del esforcado principe Y capitan Iorge Castrioto, rey de Epiro, o Albania. Traduzida de lengua portuguesa en el castellano. Por Ivan Ochoa de la Salde prior perpetuo de san Iuan de Letran. [S.l.]: por Luis Sanchez. 1597-01-01 Verifique data em:
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(ajuda) - ↑ Arnold, Rafael (2006-01-01). Spracharkaden: die Sprache der sephardischen Juden in Italien im 16. und 17. Jahrhundert. [S.l.]: Universitätsverlag Winter Verifique data em:
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(ajuda) - ↑ a b «BIBLIOT_RB - DocReader LIGHT». docvirt.com. Consultado em 21 de julho de 2015
- ↑ http://www.catedra-alberto-benveniste.org/_fich/15/artigo_Carlos_Valentim.pdf
- ↑ Room A. Placenames of the World: Origins and Meanings of the Names for Over 5000 Natural Features, p.335.
- ↑ «Cópia arquivada» (PDF). Consultado em 15 de dezembro de 2007. Arquivado do original (PDF) em 4 de março de 2012
- ↑ Babiniotis, Λεξικό της Νεοελληνικής Γλώσσας
- ↑ [1]
- ↑ Watkins, Thomas H., "Roman Legionary Fortresses and the Cities of Modern Europe", Military Affairs, Vol. 47, No. 1 (Feb., 1983)
- ↑ Machado, José Pedro. Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, verbete "Escupos".
- ↑ «Boletim da Língua Portuguesa nas Instituições Europeais» (PDF)
- ↑ «Ciberdúvidas da Língua Portuguesa»
- ↑ Catholic Encyclopedia: Scopia.
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- «Uma década de nova toponímia». Código de Redação Interinstitucional. Serviço das Publicações da União Europeia
- Correia, Paulo (2019). «Um década de nova toponímia» (PDF). a folha. Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias (61)
- Enciclopédia Barsa 1967. Rio de Janeiro: Barsa Planeta Internacional Ltda. 1967
- «Decreto Nº 2.857, de 7 de dezembro de 1998». Presidência da República do Brasil. 1998
- Rocha, Carlos (2010). «A capital da República da Macedónia». Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- Sítio oficial (em inglês)