Aquecimento global: diferenças entre revisões

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O Painel recebeu também o apoio de muitas organizações científicas influentes, entre elas a [[Royal Meteorological Society]] do Reino Unido,<ref>Royal Meteorological Society. [Paul Hardaker, Chief Executive]. [http://www.rmets.org/statement-inter-governmental-panel-climate-change%E2%80%99s-ipcc-fourth-assessment-report ''Statement on the Inter-Governmental Panel on Climate Change’s (IPCC) Fourth Assessment Report: The Royal Meteorological Society’s statement on the Inter-Governmental Panel on Climate Change’s Fourth Assessment Report''], 14/02/2007</ref> a [[Network of African Science Academies]], com a participação de academias nacionais de 13 países africanos,<ref>Network of African Science Academies. [http://www.interacademies.net/File.aspx?id=4825 ''Joint statement by the Network of African Science Academies (NASAC) to the G8 on sustainability, energy efficiency and climate change''], 2007.</ref> o ''Relatório Conjunto'' das academias científicas de 11 países,<ref>[http://nationalacademies.org/onpi/06072005.pdf ''Joint science academies' statement: Global response to climate change''], 07/06/2005, disponível em The National Academies</ref> a [[National Oceanic and Atmospheric Administration]] dos Estados Unidos,<ref>National Oceanic and Atmospheric Administration. [http://www.ncdc.noaa.gov/cmb-faq/globalwarming.html#intro "Global Warming: Frequently Asked Questions"], 20/08/2008</ref> a [[European Geosciences Union]],<ref>European Geosciences Union, Divisions of Atmospheric and Climate Sciences. [http://www.egu.eu/about/statements/position-statement-of-the-divisions-of-atmospheric-and-climate-sciences/ ''EGU Position Statement on Climate Change and Recent Letters from the Chairman of the U.S. House of Representatives Committee on Energy and Commerce''], 07/07/2005</ref> e o já citado International Council for Science, representando 119 organizações científicas nacionais e 30 organizações internacionais.<ref name="icsu"/> Muitas outras importantes sínteses científicas internacionais também aceitaram as conclusões do Painel, entre elas a ''[[Avaliação Ecossistêmica do Milênio]]'', a série ''Global Environment Outlook'', da [[UNEP]], e o ''Vital Forest Graphics'' da UNEP`/ [[FAO]] / [[UNFF]], escritos e revisados por milhares de especialistas.<ref>Millennium Ecosystem Assessment. [http://www.unep.org/maweb/documents/document.356.aspx.pdf ''Ecosystems and Human Well-being: Synthesis'']. Island Press, 2005.</ref><ref>Steiner, Achim. "Preface". In: United Nations Environment Programme. ''Global Environment Outlook 4: environment for development'', 2007, p. xviii.</ref><ref>UNEP`/ FAO / UNFF. ''Vital Forest Graphics''. UNEP / GRID-Arendal, 2009.</ref>
O Painel recebeu também o apoio de muitas organizações científicas influentes, entre elas a [[Royal Meteorological Society]] do Reino Unido,<ref>Royal Meteorological Society. [Paul Hardaker, Chief Executive]. [http://www.rmets.org/statement-inter-governmental-panel-climate-change%E2%80%99s-ipcc-fourth-assessment-report ''Statement on the Inter-Governmental Panel on Climate Change’s (IPCC) Fourth Assessment Report: The Royal Meteorological Society’s statement on the Inter-Governmental Panel on Climate Change’s Fourth Assessment Report''], 14/02/2007</ref> a [[Network of African Science Academies]], com a participação de academias nacionais de 13 países africanos,<ref>Network of African Science Academies. [http://www.interacademies.net/File.aspx?id=4825 ''Joint statement by the Network of African Science Academies (NASAC) to the G8 on sustainability, energy efficiency and climate change''], 2007.</ref> o ''Relatório Conjunto'' das academias científicas de 11 países,<ref>[http://nationalacademies.org/onpi/06072005.pdf ''Joint science academies' statement: Global response to climate change''], 07/06/2005, disponível em The National Academies</ref> a [[National Oceanic and Atmospheric Administration]] dos Estados Unidos,<ref>National Oceanic and Atmospheric Administration. [http://www.ncdc.noaa.gov/cmb-faq/globalwarming.html#intro "Global Warming: Frequently Asked Questions"], 20/08/2008</ref> a [[European Geosciences Union]],<ref>European Geosciences Union, Divisions of Atmospheric and Climate Sciences. [http://www.egu.eu/about/statements/position-statement-of-the-divisions-of-atmospheric-and-climate-sciences/ ''EGU Position Statement on Climate Change and Recent Letters from the Chairman of the U.S. House of Representatives Committee on Energy and Commerce''], 07/07/2005</ref> e o já citado International Council for Science, representando 119 organizações científicas nacionais e 30 organizações internacionais.<ref name="icsu"/> Muitas outras importantes sínteses científicas internacionais também aceitaram as conclusões do Painel, entre elas a ''[[Avaliação Ecossistêmica do Milênio]]'', a série ''Global Environment Outlook'', da [[UNEP]], e o ''Vital Forest Graphics'' da UNEP`/ [[FAO]] / [[UNFF]], escritos e revisados por milhares de especialistas.<ref>Millennium Ecosystem Assessment. [http://www.unep.org/maweb/documents/document.356.aspx.pdf ''Ecosystems and Human Well-being: Synthesis'']. Island Press, 2005.</ref><ref>Steiner, Achim. "Preface". In: United Nations Environment Programme. ''Global Environment Outlook 4: environment for development'', 2007, p. xviii.</ref><ref>UNEP`/ FAO / UNFF. ''Vital Forest Graphics''. UNEP / GRID-Arendal, 2009.</ref>
[[File:US-WA-Olympia-Capitol-StopCoalTrain-2013.01.14-015.JPG|thumb|Protesto contra o uso do carvão, um combustível fóssil, diante do prédio do Legislativo de [[Olympia (Washington)|Olympia]], nos Estados Unidos.]]
[[File:US-WA-Olympia-Capitol-StopCoalTrain-2013.01.14-015.JPG|thumb|Protesto contra o uso do carvão, um combustível fóssil, diante do prédio do Legislativo de [[Olympia (Washington)|Olympia]], nos Estados Unidos.]]

O NIPCC ([[Painel Não Governamental Internacional sobre Mudanças Climáticas]]),<ref>[http://www.nipccreport.org/ NIPCCReport] - Página oficial do NIPCC. Acessado em 19/01/2014. {{en}}</ref> formado por céticos que discordam da hipótese de que o aquecimento global é provocado pelo ser humano, afirma que as elevações nos níveis de CO<sub>2</sub> e na temperatura global trariam benefícios para a humanidade. Representa uma "segunda opinião" sobre a questão das mudanças climáticas e publica relatórios científicos alternativos aos do IPCC. Em 2008 e 2009, publicou os relatórios respectivamente intitulados: ''Nature, Not Human Activity, Rules the Climate'' ("A natureza e não a atividade humana, controla o clima") <ref>[http://www.sepp.org/publications/NIPCC_final.pdf SEPP] - ''Nature, Not Human Activity, Rules the Climate.'' Publicado pelo [[The Heartland Institute]] e editado por [[Fred Singer]]. Acessado em 19/01/2014. {{en}}</ref> e ''Climate Change Reconsidered: The 2009 Report of the Nongovernmental International Panel on Climate Change (NIPCC)'' ("Reconsiderando as mudanças climáticas: O relatório de 2009 do Painel Não Governamental Internacional sobre Mudanças Climáticas").<ref>[http://www.nipccreport.org/reports/2009/pdf/CCR2009FullReport.pdf NIPCC Report] - ''Climate Change Reconsidered: 2009 Report of the Nongovernmental International Panel on Climate Change (NIPCC).'' [[Craig Idso]] & Fred Singer, Chicago, IL: The Heartland Institute, 2009. (PDF; 8,0&nbsp;MB). Acessado em 19/01/2014. {{en}}</ref> O IPCC, que já enfrentou acusações de [[fraude científica]],<ref>[http://www.climategate.com/ Climategate] - ''Anthropogenic Global Warming, history's biggest scam.'' Acessado em 19/01/2014. {{en}}</ref> <ref>[http://www.nytimes.com/2009/11/21/science/earth/21climate.html?adxnnl=1&adxnnlx=1389798341-JdcHfoPZ9t+D5TNNQTb2aw&_r=0 The New York Times] - ''Hacked E-Mail Is New Fodder for Climate Dispute.'' Acessado em 19/01/2014. {{en}}</ref> <ref>[http://www.nytimes.com/2009/11/28/science/earth/28hack.html?_r=2& The New York Times] - ''Hacked E-Mail Data Prompts Calls for Changes in Climate Research.'' Artigo de Andrew C. Revkin publicado em 27 de Novembro de 2009. Acessado em 19/01/2014. {{en}}</ref> é tido por este como parcial e tendencioso em suas análises. O NIPCC é uma das organizações que rejeitam o consenso formado em torno das atuais questões ambientais.


Reforçando este consenso, um levantamento realizado em periódicos científicos pela historiadora da ciência [[Naomi Oreskes]] analisou os 928 artigos publicados entre 1993 e 2003 a respeito de mudanças climáticas, e não encontrou um único estudo que rejeitasse a posição de consenso.<ref name="Oreskes"/> De acordo com The National Academies, uma reunião de academias científicas nacionais dos Estados Unidos, as principais dúvidas ainda existentes dizem respeito apenas à velocidade de aumento na taxa deste aquecimento e a que níveis ele vai chegar, bem como ainda não se sabe exatamente como e em que extensão as diversas regiões do mundo serão afetadas localmente.<ref name="Understanding and Responding"/>
Reforçando este consenso, um levantamento realizado em periódicos científicos pela historiadora da ciência [[Naomi Oreskes]] analisou os 928 artigos publicados entre 1993 e 2003 a respeito de mudanças climáticas, e não encontrou um único estudo que rejeitasse a posição de consenso.<ref name="Oreskes"/> De acordo com The National Academies, uma reunião de academias científicas nacionais dos Estados Unidos, as principais dúvidas ainda existentes dizem respeito apenas à velocidade de aumento na taxa deste aquecimento e a que níveis ele vai chegar, bem como ainda não se sabe exatamente como e em que extensão as diversas regiões do mundo serão afetadas localmente.<ref name="Understanding and Responding"/>

Revisão das 15h13min de 19 de janeiro de 2014

Temperaturas globais na década de 1880 e 1980, comparadas à média no período entre 1951 e 1980.

O aquecimento global é o processo de aumento da temperatura média dos oceanos e do ar perto da superfície da Terra que ocorre desde meados do século XIX e que deverá continuar no século XXI, causado pelas emissões humanas de gases do efeito estufa, e amplificado por respostas naturais a esta perturbação inicial, em efeitos que se autorreforçam em realimentação positiva.[1][2]

Segundo o Quarto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), de 2007, elaborado sob os auspícios da Organização Meteorológica Mundial e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, e que representa a síntese científica mais ampla, atualizada e confiável sobre o assunto, a temperatura na superfície terrestre aumentou em média 0,76°C entre 1850 e 2005.[3] A maior parte do aumento de temperatura se deve a concentrações crescentes de gases do efeito estufa, emitidos por atividades humanas como a queima de combustíveis fósseis, o uso de fertilizantes e o desmatamento. Esses gases atuam obstruindo a dissipação do calor terrestre no espaço.[4]

Por várias questões práticas, os modelos climáticos referenciados pelo IPCC normalmente limitam suas projeções até o ano de 2100, são análises globais e por isso não oferecem grande definição de detalhes. Embora isso gere mais incerteza para previsão das manifestações regionais e locais do fenômeno, as tendências globais já foram bem estabelecidas e têm se provado confiáveis. Os modelos usam para seus cálculos diferentes possibilidades (cenários) de evolução futura das emissões de gases estufa pela humanidade, de acordo com tendências de consumo, produção, crescimento populacional, aproveitamento de recursos naturais, etc, cenários que são todos igualmente plausíveis, mas não se pode ainda determinar qual deles se materializará, pois muitas coisas podem mudar no caminho. As probabilidades estimadas com razoável segurança atualmente indicam que as temperaturas globais subirão entre 1,1°C e 6,4°C até aquela data, uma faixa de variação que depende do cenário selecionado e da sensibilidade dos modelos utilizados nas simulações. Em geral espera-se uma elevação em torno de 4ºC até o fim do século. Projeções mais além são mais especulativas, mas não é impossível que o aquecimento progrida ainda mais, desencadeando efeitos devastadores.[5][6]

O aumento nas temperaturas globais e a nova composição da atmosfera desencadeiam várias alterações decisivas nos sistemas da Terra. Nos mares incluem-se entre elas a subida do nível do mar, mudanças nas correntes marinhas e desequilíbrio na composição química da água, verificando-se acidificação, dessalinização e desoxigenação. Prevê-se uma importante alteração em todos os ecossistemas marinhos, com impactos prováveis na sociedade humana em larga escala.[7][8] Outras ocorrências globais concomitantes, que já se verificam e que se prevê aumentarem no futuro, são perturbações no regime de chuvas, resultando em períodos de enchentes e secas mais graves e frequentes; aumento na frequência e na intensidade de ciclones tropicais e outros eventos meteorológicos extremos, extinção de grande número de espécies, e problemas sérios para a produção de alimentos, a qual depende da estabilidade e previsibilidade do clima para ter sucesso.[5][9] O aquecimento e as suas consequências serão diferentes de região para região, mas a natureza destas variações regionais ainda é difícil de determinar de maneira exata. O Ártico é a região que está aquecendo mais rápido, verificando-se progressivo derretimento do permafrost e do gelo marinho, temperaturas recorde, secas mais intensas e profunda modificação em seus biomas, com desaparecimento de espécies nativas e invasões em massa por espécies exóticas. Gelos de montanha em todo o planeta estão também em recuo acelerado, modificando seus respectivos ecossistemas e reduzindo a disponibilidade de água potável.[5][9][10] Mesmo que as concentrações de gases estufa cessem imediatamente, certas reações já foram desencadeadas e seus efeitos não podem mais ser evitados por meios conhecidos, de forma que, se já existem muitos problemas, inevitavelmente eles vão piorar em alguma medida por um efeito cumulativo retardado. É evidente que essa mudança ideal não acontecerá de imediato, por isso a sociedade deve preparar-se para enfrentar em breve dificuldades maiores do que as que vive hoje. Ao mesmo tempo, isso diz que as mudanças devem se acelerar o quanto antes para que dificuldades ainda mais dramáticas não se concretizem, o que lançaria um pesado fardo para as futuras gerações, provavelmente impossível de ser suportado, levando à desestruturação de toda a sociedade.[5][11][12][13][6]

Apesar de a maioria dos estudos ter seu foco até 2100, já se sabe também que o aquecimento e suas consequências deverão continuar por séculos adiante, e algumas consequências, graves, serão irreversíveis dentro dos horizontes da atual civilização.[5][11] Os governos do mundo em geral trabalham hoje para evitar uma elevação da temperatura média acima de 2ºC, considerada o máximo tolerável antes de se produzirem efeitos globais em escala catastrófica.[6][14] Num cenário de elevação de 3,5ºC a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) prevê a extinção provável de até 70% de todas as espécies hoje existentes.[15][16] Se a elevação chegar ao extremo de 6,4°C, que não está descartada, e de fato a cada dia parece se tornar mais plausível, pode-se prever sem dúvidas mudanças ambientais em todo o planeta em escala tal que comprometerão irremediavelmente a sobrevivência da civilização como hoje a conhecemos, bem como da maior parte de toda a vida na Terra.[5][6] Com um modelo de vida predatório e imprevidente, a sociedade já está esgotando mais de 60% das riquezas naturais da Terra, produzindo taxas de emissão de gases estufa em contínua elevação. Considerando que a população mundial continua em crescimento, devendo chegar a 9 bilhões de pessoas em 2050, e que lá suas necessidades de recursos naturais serão muito maiores do que as atuais, entende-se assim por quê, se a geração presente não fizer nada para mudar as tendências em vigor de seu modo de vida, deixará um planeta à beira da exaustão e com um clima profundamente perturbado, tornando a sobrevivência das gerações futuras necessariamente muito mais difícil. Neste sentido, esperam-se importantes desafios sociais se agravando em larga escala, como a fome, a pobreza e a violência.[12][13][8] Muitas pesquisas mais recentes trouxeram novas evidências de que as projeções do IPCC, por mais preocupantes que já sejam, foram conservadoras, e que as medidas preventivas e mitigadoras adotadas pela sociedade estão acontecendo num ritmo lento demais e são insuficientemente ambiciosas, portanto, aumentando a probabilidade de que o resultado das ações humanas seja mais desastroso num futuro próximo.[17][18][19][20][21][22][23][24][9]

Embora a imprensa ainda alimente muitas controvérsias, frequentemente mal informadas, tendenciosas ou distorcidas, e haja grande pressão política e econômica para se negar ou minimizar as fortes evidências já reunidas,[25][26][27][28][29][30][31] o consenso científico é de que o aquecimento global está a acontecer inequivocamente, e precisa ser contido com medidas vigorosas sem nenhuma demora, pois os riscos da inação, sob todos os ângulos, são altos demais.[5][11][31][32][33][9] O Protocolo de Quioto, bem como inúmeras outras políticas e ações nacionais e internacionais, visam a estabilização da concentração de gases de efeito estufa para evitar uma interferência antrópica perigosa no ambiente.[34] Em novembro de 2009 eram 187 os Estados que assinaram e ratificaram o protocolo.[35] Está prevista para 2014 a publicação da quinta atualização do relatório do IPCC, que deve sintetizar o resultado de novas pequisas com modelos teóricos mais avançados e novos dados observacionais.[23][24][36] Seu esboço aprovado do Sumário para Criadores de Políticas, no entanto, já foi divulgado, e segundo declaração do IPCC o novo relatório deve confirmar com ainda maior segurança a origem humana do problema, e enfatizar que os riscos da inação se tornaram maiores.[37][38]

Terminologia

O termo "aquecimento global" é um tipo específico de mudança climática à escala global. O termo "mudança climática" também pode se referir ao esfriamento global. No uso comum, o termo se refere ao aquecimento ocorrido nas décadas recentes, e subentende-se uma influência humana.[39] A Convenção Quadro das Nações Unidas para Mudança do Clima usa o termo "mudança climática" para mudanças causadas pelo homem, e "variabilidade climática" para outras mudanças.[40] O termo "alteração climática antrópica" equivale às mudanças no clima causadas pelo homem.

O termo "antrópico" parece ser mais adequado do que "antropogênico", um cognato do inglês "anthropogenic", bastante usado neste assunto, inclusive em textos em português. Porém, segundo os dicionários Priberam, Aulete e Michaelis, em português "antropogênico" refere-se especificamente à antropogênese, a geração e reprodução humanas e às origens e desenvolvimento do homem como espécie[41][42][43][44] (do grego ánthropos, homem + genesis, origem, criação, geração).[45]

Já "antrópico" é referente àquilo que diz respeito ou procede do ser humano e suas ações, de maneira mais genérica (do grego anthropikos, humano).[46][47] O dicionário Michaelis define como "pertencente ou relativo ao homem ou ao período de existência do homem na Terra".[48] O dicionário Houaiss traz até mesmo, em uma de suas definições deste verbete, como "relativo às modificações provocadas pelo homem no meio ambiente" — daí a preferência pelo termo "antrópico", neste artigo, para designar as mudanças causadas pela influência humana.

História do clima

Comparação de 10 curvas procurando estimar a variação de temperatura na Terra nos últimos 2000 anos. O IPCC faz notar que os valores anteriores a 1860 são muito incertos porque os dados referentes ao Hemisfério Sul são insuficientes.
Variação de temperatura na Terra de 1860 até 2004.

A Terra, em sua longa história, já sofreu muitas mudanças climáticas globais de grande amplitude. Isso é demonstrado por uma série de evidências físicas e por reconstruções teóricas. Já houve épocas em que o clima era muito mais quente do que o de hoje, com vários graus centígrados acima da média atual, tão quente que em certos períodos o planeta deve ter ficado completamente livre de gelo. Entretanto, isso aconteceu há milhões de anos, e suas causas foram naturais. Também ocorreram vários ciclos de resfriamento importante, conduzindo às glaciações, igualmente por causas naturais. Entre essas causas, tanto para aquecimentos como para resfriamentos, podem ser citadas mudanças na atividade vulcânica, na circulação marítima, na atividade solar, no posicionamento dos polos e na órbita planetária. A mudança significativa mais recente foi a última glaciação, que terminou em torno de 11 mil anos atrás, e projeta-se que outra não aconteça antes de 30 mil anos.[49]

Este último período pós-glacial, chamado Holoceno, também sofreu várias mudanças notáveis e às vezes abruptas, mas as evidências levam a crer que foram localizadas, e acredita-se que a temperatura média global tenha permanecido relativamente estável durante os 1000 anos que antecederam 1850, com flutuações regionais, como o período de calor medieval ou a pequena idade do gelo, que são melhor explicadas por causas naturais. Muitas dessas mudanças, especificamente os períodos de aquecimento, são em alguns aspectos comparáveis e até mais intensas do que as que hoje se verificam, mas em outros aspectos o aquecimento contemporâneo é distinto, e, se as projeções de aumento de cerca de 5ºC até 2100 se confirmarem, será uma alteração inédita nos últimos 50 milhões de anos da história do planeta, em particular no que diz respeito à velocidade do aquecimento.[50]

As temperaturas globais aumentaram em média 0,76°C entre 1850 e 2005, com uma faixa de variação entre 0,57ºC e 0,96ºC.[3] Esse aumento não pode ser explicado satisfatoriamente sem levarmos em conta a influência humana.[51] O escurecimento global, uma consequência do aumento das concentrações de aerossóis atmosféricos, que bloqueiam parte da radiação solar antes que esta atinja a superfície da Terra e tendem a provocar o resfriamento, em parte mascarou os efeitos do aquecimento .[5] Desde 1979, as temperaturas em terra aumentaram quase duas vezes mais rápido que as temperaturas no oceano (0,25 °C por década contra 0,13°C por década. As temperaturas na troposfera mais baixa aumentaram entre 0,12 e 0,22°C por década desde 1979, de acordo com medições de temperatura via satélite.[52] As variações registradas para o período 1979-2005 foram:

  • global: 0,163 ± 0,046 °C/ década, CRU/UKMO (Brohan et al., 2006),[53]
  • global: 0,174 ± 0,051 °C/ década, NCDC (Smith and Reynolds, 2005),[54]
  • global: 0,170 ± 0,047 °C/ década, GISS (Hansen et al., 2001).[55]
  • Hemisfério Sul, 0,092 ± 0,038 °C/ década, CRU/UKMO (Brohan et al., 2006),[53]
  • Hemisfério Sul, 0,096 ± 0,038 °C/ década, NCDC (Smith and Reynolds, 2005)[54]
  • Hemisfério Norte, sobre terra: 0,328 ± 0,087 °C/ década, CRU/UKMO (Brohan et al., 2006),[53]
  • Hemisfério Norte, sobre terra: 0,344 ± 0,096 °C/ década, NCDC (Smith and Reynolds, 2005),[54]
  • Hemisfério Norte, sobre terra: 0,294 ± 0,074 °C/ década, GISS (Hansen et al., 2001),[55]
  • Hemisfério Norte, sobre terra: 0,301 ± 0,075 °C/ década, (Lugina et al., 2006).[56][57]

Emissões antrópicas de outros poluentes - em especial aerossóis de sulfato – podem gerar um efeito refrigerativo através do aumento do reflexo da luz incidente. Isso explica em parte o resfriamento observado no meio do século XX, apesar de que o resfriamento pode ter sido em parte devido à variabilidade natural.

O paleoclimatologista William Ruddiman argumentou que a influência humana no clima global iniciou-se por volta de 8.000 anos atrás, com o início do desmatamento florestal para o plantio e 5.000 anos atrás com o início da irrigação de arroz asiática. A interpretação que Ruddiman deu ao registro histórico com respeito aos dados de metano tem sido disputado.

Bases técnicas para medição e avaliação do aquecimento

Determinação da temperatura global à superfície

A determinação da temperatura global à superfície é feita a partir de dados recolhidos em terra, sobretudo em estações de medição de temperatura em cidades, e nos oceanos, por meio de navios e batitermógrafos. É feita uma seleção das estações a considerar, que são as tidas como mais confiáveis, e é feita uma correção no caso de estas se encontrarem perto de urbanizações, a fim de compensar o efeito de "ilha de calor" criado nas cidades. As tendências de todas as seções são então combinadas para se chegar a uma anomalia de temperatura global – o desvio apurado a partir de uma determinada temperatura média de referência.[58]

O método de cálculo varia segundo os procedimentos de cada instituição de pesquisa. Por exemplo, no Met Office do Reino Unido, o globo é dividido em seções (por ex., quadriláteros de 5º latitude por 5º longitude) e é calculada uma média ponderada da temperatura mensal média das estações escolhidas em cada seção. As seções para as quais não existem dados são deixadas em branco, sem as estimar a partir das seções vizinhas, e não entram nos cálculos. A média obtida é então comparada com a referência para o período de 1961-1990, obtendo-se o valor da anomalia para cada mês. A partir desses valores é então calculada uma média pesada correspondente à anomalia anual média global para cada Hemisfério e, a partir destas, a anomalia global. Às vezes a acurácia e a confiabilidade dessas medições são contestadas, ou se diz que há poucos dados, mas segundo o Met Office, existem imprecisões, certamente, mas elas são pequenas. Mesmo utilizando-se de métodos diferentes, as várias instituições de pesquisa que calculam este dado regularmente encontram valores similares.[58]

Desde janeiro de 1979, os satélites da NASA passaram a medir a temperatura da troposfera inferior (de 1000m a 8000m de altitude) através da monitoração das emissões de microondas por parte das moléculas de oxigénio (O2) na atmosfera. O seu comprimento de onda está diretamente relacionado com a temperatura (estima-se uma precisão de medida da ordem dos 0.01°C). Não são, portanto, diretamente comparáveis à temperatura de superfície, mas a tendência de aquecimento apresentado por nas séries históricas de temperatura por satélite são bastante similares àquelas medidas por termômetros na superfície: enquanto os dados de superfície da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) mostram aquecimento de 0,154ºC por década, os dados da Universidade de Huntsville, Alabama, tomados a partir dos satélites da NASA, indicam 0,142ºC no mesmo período entre 1979 e 2012.[59][60]

Sensibilidade Climática

Várias estimativas de sensibilidade climática, a partir de diferentes abordagens. O círculo representa o valor mais provável de cada estimativa. A faixa representa a margem de incerteza abrangendo mais de 66% da probabilidade.

A sensibilidade climática é uma medida de quanto a temperatura do sistema climático responde a uma variação da forçante radiativa. Em outras palavras, é quanto a temperatura do clima varia quando se muda a quantidade de energia nele aplicada, na forma de luz visível, infravermelha ou ultravioleta. Por exemplo, um grande erupção vulcânica causa maior reflexão da luz solar de volta ao espaço, provocando resfriamento do sistema climático.[5]

Vários estudos se dedicaram a quantificar a variação da temperatura em resposta à mudança da forçante radiativa causada pela variação da concentração de gases estufa, em particular o dióxido de carbono (CO2). Estas investigações incluem não só os efeitos diretos do CO2, como também outras consequências que aumentem ou diminuam a perturbação inicial, na forma de feedbacks, como o aumento do vapor d'água ou a diminuição da calota polar ártica.[5]

O primeiro estudo desse tipo data de 1896, feito pelo sueco Svante Arrhenius.[61] Daí em diante, inúmeros outros foram feitos, a partir de diversos conjuntos de dados e abordagens metodológicas, em países e épocas diferentes. Neles incluem-se tanto levantamentos empíricos, realizados a partir de dados paleoclimáticos ou medições instrumentais recentes, quanto cálculos teóricos baseados em simulações de computador – os modelos climáticos.[62] Tanto nas estimativas calculadas quanto naquelas baseadas em observações, os resultados encontrados nas últimas décadas convergem para uma sensibilidade climática entre 2 e 4,5ºC, sendo a estimativa mais provável a de 3ºC de aquecimento, se a concentração de CO2 subir para o dobro dos níveis pré-industriais, isto é, de 280 ppm para 560 ppm. Valores mais altos do que 4,5ºC não estão excluídos, e valores abaixo de 1,5ºC são muito improváveis.[5][63] Em janeiro de 2013, esta concentração atingiu 395 ppm.[64] Projeções conservadoras apontam para mais de 700 ppm até 2100. A evolução das emissões, mantidas como vêm se mostrando até aqui, sugerem mais de 1000 ppm até o final do século.[65]

Nenhum dos efeitos produzidos pelas forçantes climáticas é instantâneo. Devido à inércia térmica dos oceanos terrestres e à lenta resposta de outros efeitos indiretos, o sistema climático da Terra leva mais de três décadas para se estabilizar.[66] Estudos de comprometimento climático indicam que, por esse motivo, ainda que os gases estufa se estabilizassem nos níveis do ano 2000, um aquecimento adicional de aproximadamente 0,5 °C ainda ocorreria.[67]

Modelos climáticos

Ver artigo principal: Modelo climático

Um modelo climático é uma representação matemática de cinco componentes do sistema climático: atmosfera, hidrosfera, criosfera, superfície continental e biosfera.[68] Estes modelos se baseiam em princípios físicos que incluem dinâmica de fluidos, termodinâmica e teoria de transporte radiativo. Podem incluir componentes que representam o movimento do ar, sua temperatura, nuvens, e outras propriedades atmosféricas; temperatura oceânica, salinidade, e circulação; cobertura de gelo continental e oceânica; a transferência de calor e umidade do solo e vegetação para a atmosfera; processos químicos e biológicos; entre outros.

Apesar dos pesquisadores procurarem incluir tantos processos quanto possível, simplificações do sistema climático real são inevitáveis, uma vez que há limitações quanto à capacidade de processamento e disponibilidade de dados. Resultados dos modelos podem variar devido a diferentes projeções de emissões de gases, bem como à sensibilidade climática do modelo. Por exemplo, a margem de erro nas projeções do Quarto Relatório do IPCC de 2007 deve-se a (1) o uso de diversos modelos com diferentes sensibilidades à concentração de gases estufa,[69] (2) o uso de diferentes estimativas das emissões humanas futuras de gases estufa,[70] e (3) outras emissões provindas de feedbacks climáticos que não foram incluídas nos modelos constantes no relatório do IPCC, como a liberação de metano quando derrete o permafrost.[71].

Os modelos não tomam o aquecimento como premissa, mas calculam, segundo as leis da física conhecidas, como os gases estufa vão interagir quanto ao transporte radiativo e outros processos físicos. Apesar de haver divergências quanto à atribuição de causas do aquecimento ocorrido na primeira metade do século XX, eles convergem no tocante ao aquecimento recente, a partir da década de 70, ter sido causado por emissões humanas de gases estufa. O realismo físico dos modelos é testado através da simulação do clima presente e passado, a partir dos dados conhecidos.[72][73]

De fato, as principais projeções do IPCC, quando comparadas às observações subsequentes, mostram-se precisas. Em alguns casos, como o aumento do nível do mar[74] e a retração da calota polar Ártica,[18] estas projeções mostraram-se conservadoras demais, com os eventos observados ocorrendo em ritmo bem mais rápido que o previsto.

As primeiras projeções e as observações subsequentes

A expressão "aquecimento global" não era conhecida até a década de 1970; ela só foi cunhada em 1975, num artigo do geoquímico Wallace Broecker publicado na revista Science.[75] Nesta altura ainda não havia sido despertada a atenção geral para o fenômeno que a expressão descreve, e embora os cientistas há bastante tempo já soubessem que o homem poderia teoricamente afetar as condições climáticas do planeta, e que certos gases como o dióxido de carbono deviam estar envolvidos num efeito estufa, não se podia discernir exatamente como as mudanças aconteceriam.[76] John Tyndall e Svante Arrhenius fizeram os estudos pioneiros no século XIX.[77] Guy Stewart Callendar, baseando-se nas pesquisas deles, deixou outra contribuição fundamental em 1938. Analisando registros históricos mundiais, foi o primeiro a demonstrar documentalmente a atual tendência de elevação nas temperaturas, descobrindo que o mundo havia esquentado aproximadamente 0,3°C nos 50 anos anteriores, e foi o primeiro a associar essa elevação às emissões de carbono derivadas das atividades humanas. Suas conclusões foram recebidas com bastante ceticismo e seu estudo caiu na obscuridade, em parte porque este campo de pesquisas recém começava a ser desbravado e havia muita incerteza, mas também porque ele era apenas um climatologista amador,[78][77][79][80] mas seus gráficos se aproximam notavelmente das análises mais recentes,[78] e em meados do século XX vários especialistas já chegavam a resultados semelhantes.[79][77] Um deles, Roger Revelle, escreveu em 1965: "Em torno do ano 2000 a elevação nos níveis atmosféricos de CO2 pode ser suficiente para produzir mudanças mensuráveis e talvez marcantes no clima, que quase certamente causarão mudanças significativas na temperatura e em outras propriedades da estratosfera", previsão que, na data apontada, havia se confirmado.[81]

Nuvem de poluição sobre Kuala Lumpur. Além de causarem a maior parte do aquecimento global, as emissões gasosas derivadas da combustão de combustíveis fósseis, usados por exemplo em automóveis, indústrias e usinas termoelétricas, são uma das maiores causas da poluição atmosférica.[82]

O primeiro trabalho que enfocou claramente o problema foi publicado em 1979 pela National Academy of Science dos Estados Unidos, conhecido como o Relatório Charney, onde declarou-se que "se o dióxido de carbono continuar a se elevar, não há razão para duvidar que resultarão mudanças climáticas, e não há razão para acreditar que elas serão desprezíveis".[75] Nos anos 80, foram feitos outros estudos dos impactos das emissões humanas de gases estufa em projeções futuras de temperatura. Dois destes trabalhos[83][84] foram realizados em 1981 e 1988 por James Hansen, da NASA, um dos principais climatologistas do mundo. Além das limitações da época quanto aos dados e capacidade computacional disponíveis, havia incertezas quanto à própria sensibilidade climática, bem como à evolução das emissões humanas de gases estufa. Mesmo assim, ambos os trabalhos, quando comparados às observações subsequentes, mostram bastante precisão. O primeiro deles projetou evolução de temperatura ligeiramente inferior ao observado, e se baseou em cálculos que incluíam uma sensibilidade climática de 2,8ºC. O segundo, por sua vez, superestimou o aumento de temperatura, se baseando em uma sensibilidade climática de 4,2ºC. Tais resultados corroboram o consenso em torno da sensibilidade climática de cerca de 3ºC.[85][86]

Em 1988 Hansen levou seus resultados a uma audiência com o congresso dos Estados Unidos, marcando a primeira tentativa da comunidade científica de alertar o poder público da necessidade de ação para limitar emissões de gases estufa.[87][75] Sua representação recebeu larga divulgação na imprensa e o tema se tornou imediatamente popular, mas até a data havia grande cautela entre os cientistas na associação da elevação da temperatura com as atividades humanas. Desde então as pesquisas se multiplicaram, e a referida associação ganhou crescente grau de certeza com a compilação de numerosas evidências adicionais, embora ao mesmo tempo se levantasse grande polêmica sobre a confiabilidade dos achados e das previsões científicas.[75][26][88][33]

A partir de 1990 o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), organizado sob a chancela da Organização Meteorológica Mundial e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, e coordenando uma equipe científica vasta composta de vários milhares dos melhores especialistas de todo o mundo, passou a publicar seus relatórios. O IPCC não produz pesquisa original, mas sintetiza o estado da arte neste tema.[26][88][89] O relatório de 1990 já declarou que o efeito estufa já mantinha a Terra mais quente do que deveria, e previu que as emissões de gases estufa resultantes das atividades humanas, entre outras consequências, "vão amplificar o efeito estufa, resultando em média num aumento adicional na temperatura da superfície terrestre. O principal gás estufa, o vapor d'água, vai aumentar em resposta ao aquecimento global e fazer com que este também aumente".[90] Em 2007 veio à luz o Quarto Relatório, apresentando a mais ampla e atualizada síntese do conhecimento científico sobre o aquecimento global, confirmando, com muito elevado grau de confiança, que o homem é responsável pelo aquecimento presente, e detalhando com profundidade as evidências disponíveis e as condições atuais nos vários ecossistemas e na vida humana, bem como os impactos potenciais futuros sob diferentes cenários de emissão, sugerindo adicionalmente formas de combate às origens e efeitos do problema.[88] Vários estudos independentes que vêm sendo realizados nos últimos anos divulgaram observações que se aproximam das faixas mais pessimistas dos cenários previstos pelo IPCC em 2007, e sugerem que as projeções anteriores, por mais preocupantes que já tenham sido, podem na verdade ter sido conservadoras em vários aspectos importantes.[17][18][19][20][21][22][9]

Até fins de 2014 deve aparecer na íntegra o Quinto Relatório do IPCC, atualizando a situação e fazendo previsões com modelos mais sofisticados e dados observacionais novos.[23][24] Neste ínterim, os esboços aprovados do Sumário para Criadores de Políticas e do Volume I, sobre as bases científicas do aquecimento, já foram divulgados, permitindo apreciações preliminares. Em essência, os resultados do novo documento aumentaram o nível de certeza sobre a origem humana do problema, confirmaram as tendências climáticas assinaladas nos relatórios anteriores, reiteraram a gravidade das perspectivas futuras e alertaram que os riscos da inação se tornam a cada dia maiores.[91][92][93] Para Suzana Kahn, que fez parte do grupo de pesquisadores brasileiros que colaboram com o IPCC, "o grande ganho (do novo relatório) é a comprovação do que tem sido dito há mais tempo, com muito mais informação sobre o papel dos oceanos, das nuvens e aerossóis".[37]

O aquecimento global

Ver artigo principal: Mudança do clima

Evidências

Recuo do Glaciar McCarty entre 1909 e 2004

Entre as evidências do aquecimento global, recolhidas através de estações meteorológicas, registros de paleoclima, batitermógrafos, satélites, entre outros métodos de medição, incluem-se:

  • Mudança na ocorrência geográfica de muitas espécies animais e vegetais de climas mais quentes em direção aos pólos, ou a altitudes mais elevadas;[5][101][102][1]
  • O adiantamento da ocorrência de eventos associados à primavera, como as cheias de rios e lagos decorrentes de degelo, brotamento de plantas e migrações de animais.[5]

Distribuição geográfica

O aquecimento verificado não foi globalmente uniforme, o que era previsto em teoria já desde o trabalho seminal de Arrhenius em 1896.[61] Os modelos climáticos esperavam que as regiões polares fossem as mais afetadas,[105][5] que os continentes aqueceriam mais do que os oceanos, e que o Hemisfério Norte aqueceria mais que o Sul. O Hemisfério Norte tem muito mais terras firmes do que o Sul, que absorvem mais calor do que o mar.[97][102][106] Os registros confirmam a previsão e indicam que a região próxima do Ártico aumentou suas temperaturas duas vezes mais rápido do que a média mundial nos últimos 100 anos.[5] Algumas partes do Ártico já se aqueceram de 4 a 5ºC desde 1950, enquanto a média mundial elevou-se menos de 1ºC em todo o século XX.[107] Projeções teóricas esperam que ele continue a experimentar os maiores índices de aquecimento.[102][107][107]

Dentre as causas para essa diferença regional, a mais importante é a redução da cobertura perene de neve e gelo, reduzindo o albedo terrestre, mas também influem as mudanças na cobertura de nuvens e alterações na circulação marítima. Todos esses efeitos podem ser potencializados pela grande estabilidade da baixa troposfera sobre o Ártico (a chamada inversão ártica), que tende a concentrar o calor junto à superfície, embora o real papel da inversão seja disputado.[102][108][109][110][107] Um estudo de 2012 revelou que o derretimento acelerado do gelo na Groelândia está associado a modificações nas correntes de jato na alta atmosfera, que geram sistemas de bloqueio e aumentam o calor superficial, um fenômeno que não foi considerado nas avaliações do IPCC, indicando também a possibilidade de existirem ainda outros elementos adicionais desconhecidos que influem na regulação do clima e podem potencializar o aquecimento global.[111][112][113] O mesmo sistema pode estar sendo formado sobre Alasca, que vem enfrentando extremos recordes de temperatura, grandes incêndios florestais e derretimento do permafrost subterrâneo.[113][114]

Uma rápida elevação na temperatura também é observada no sul do globo, em trechos da Antártida, especialmente no centro-oeste e na Península Antártica, embora nestas regiões o fenômeno seja muito menos compreendido e muito mais polêmico pela menor disponibilidade de dados confiáveis e por estudos que trazem conclusões conflitantes. A causa do aquecimento antártico é incerta, mas foi atribuída a um aumento na potência dos ventos, originada por sua vez por alterações na camada de ozônio.[115][116][117][118] Também é possível que haja influência da maior concentração de gases estufa e aerossóis.[116]

Mapa do globo mostrando a anomalia térmica mundial da década 2000-2009 em comparação à média do período 1951-1980. As regiões mais aquecidas estão no Hemisfério Norte, próximas ao Ártico e nas zonas temperadas. No Hemisfério Sul as mudanças mais importantes são limitadas à Península Antártica. A diferente concentração do calor pelas várias regiões é consistente com os modelos teóricos.

Atribuição de causas

Em tese, vários fatores poderiam ser responsáveis por um aquecimento do sistema climático terrestre. No que diz respeito ao aquecimento rápido observado desde a segunda metade do século XIX, no entanto, as evidências observadas, sintetizadas principalmente no Quarto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, apontam que o aquecimento é uma realidade inequívoca e que, com grau de confiança "muito alto" (equivalente a pelo menos 90% de certeza), sua origem deriva principalmente do efeito estufa intensificado pela atividade humana.[5][96] O relatório também considera "extremamente improvável" (menos de 5% de chance) que essas mudanças sejam explicáveis sem qualquer interferência humana, especialmente considerando que nos últimos 50 anos a tendência das causas naturais sozinhas teria sido provavelmente resfriar o planeta.[51]

Por efeito estufa entende-se a retenção de calor pela atmosfera, impedindo-o de se dissipar no espaço. O efeito estufa é um mecanismo natural fundamental para a preservação da vida no mundo e para a regulação e suavização do clima global, que oscilaria entre extremos diariamente se ele não existisse. Vários gases obstruem a perda de calor da atmosfera,[5][119][96] dos quais os mais importantes atualmente são o vapor d'água, o gás carbônico (dióxido de carbono ou CO2), o metano (CH4), o óxido nitroso (NO2) e o ozônio (O3), chamados em conjunto gases do efeito estufa ou, abreviadamente, gases estufa.[120] O diferencial contemporâneo é que o efeito estufa está sendo amplificado pelo homem.[121] A responsabilização das atividades humanas por esta amplificação é apoiada através de várias evidências:

Varição da concentração atmosférica de CO2 nos últimos 400 mil anos.
Concentração na atmosfera (ppm) de cinco gases responsáveis por 97% do efeito estufa antrópico no período 1976-2003.
  • A concentração do CO2 atmosférico está aumentando, e sua composição isotópica indica que ele tem origem fóssil, como a maioria de nossos combustíveis. A quantidade de O2 também tem diminuído de forma consistente com a liberação de CO2 por meio de combustão.[122][96] Nos últimos 800 mil anos a concentração de CO2 atmosférico manteve-se relativamente estável, variando de 170 a 300 ppm (partes por milhão). Contudo, desde a Revolução Industrial, iniciada em meados do século XVIII, a concentração atmosférica aumentou aproximadamente 35%,[96] atingindo o nível de 379 ppm em 2005[5] e ultrapassando as 400 ppm em 2013.[123] Nas últimas décadas, cerca de 80% desse aumento deriva da queima de combustíveis fósseis, e cerca de 20% advém do desmatamento e de mudanças nas práticas agrícolas.[96] Dados da FAO mostram que o desperdício de alimentos é a terceira maior causa de emissões de carbono, respondendo pelo lançamento anual de 3,3 bilhões de toneladas de CO2 e outros gases estufa na atmosfera.[124]
  • O CO2 é o maior componente antrópico do efeito estufa,[125] mas outros gases também estão elevando seus níveis atmosféricos. A elevação do metano se origina no uso de combustíveis fósseis e na agricultura, tendo passado de aproximadamente 715 ppb (partes por bilhão) pré-industrial para 1.774 ppb em 2005. A elevação do óxido nitroso, devida principalmente ao uso de fertilizantes, variou de 270 ppb pré-industrial para 319 ppb em 2005,[5] e os níveis de ozônio aumentaram de 25 para 34 ppb no mesmo período.[126]
  • Menos calor está escapando para o espaço. Num planeta em aquecimento, este fato é consistente apenas com um efeito estufa intensificado, pois analogamente a um cobertor (embora por mecanismos diferentes), ele retém o calor na atmosfera. Além disso, este calor é retido nas faixas de frequência correspondentes aos gases estufa, como o CO2 e CH4.[127]
  • Mais calor está retornando da atmosfera de volta à superfície.[128] Esta evidência é o outro lado da moeda da evidência anterior, pois o calor que deixa de ser liberado ao espaço acaba retornando para a superfície. Também nesse caso, observam-se os padrões no espectro de frequência que indicam a ação dos gases estufa.
  • O padrão de aquecimento nas diferentes profundidades dos oceanos é consistente com o que se esperaria com o aumento do efeito estufa.[129]
  • A forma com que têm se aquecido as diferentes camadas da atmosfera é consistente com o padrão provocado pelo aquecimento por aumento do efeito estufa.[130]
  • As temperaturas noturnas têm aumentado mais do que as diurnas. Os invernos têm apresentado maior aquecimento do que os verões.[131][132]

No seu conjunto, as evidências acima são consistentes apenas com a intensificação do efeito estufa causada pela atividade humana.

Análise de hipóteses alternativas

Por exemplo, uma explicação "alternativa" popular é que o aquecimento recente poderia ser originado por maior atividade solar. À luz das evidências, entretanto, esta hipótese não se confirma. Neste caso, as temperaturas subiriam mais quando o sol está mais presente: durante o verão, e durante o dia; não haveria aumento de retenção de energia na atmosfera nas faixas de frequência dos gases estufa; e teria de haver aumento da atividade solar que justificasse, quantitativamente, o aquecimento observado. Ao contrário, não há tendência de aumento dessa atividade pelo menos nos últimos 60 anos. É certo que, na história geológica de nosso planeta, variações de irradiância solar tiveram consequências climáticas importantes. Todavia, o aquecimento das últimas décadas não pode ser atribuído a isso.[133][134][96][135]

Alguns estudos indicaram que o aquecimento observado no início do século XX pode ser atribuível pelo menos em parte a causas naturais, como a variabilidade climática natural e emissões vulcânicas de gases, mas eles concordam que a partir da segunda metade do século o maior impacto vem sendo dos gases do efeito estufa gerados pela atividade humana.[136][137][138]

Outras hipóteses sugeriram como possíveis influências naturais no aquecimento os raios cósmicos e alterações no campo magnético da Terra, afetando a formação das nuvens e de chuva,[139][140] mas elas foram contestadas por outros estudos.[141][142]

Consequências

Ecossistemas, biodiversidade e clima

Projeção do aquecimento global até meados do século XXI

Devido aos seus efeitos amplificados sobre a saúde humana, economia e meio ambiente, o aquecimento global tem sido fonte de grande preocupação. Importantes mudanças ambientais têm sido observadas e foram ligadas ao aquecimento global com grande nível de certeza.[5] Os exemplos de evidências secundárias citadas abaixo (diminuição da cobertura de gelo, aumento do nível do mar, mudanças dos padrões climáticos) são exemplos das consequências do aquecimento global que podem influenciar não somente as atividades humanas, mas também os ecossistemas de todo o mundo. O aumento da temperatura global induz à mudança nas condições que mantém estáveis os ecossistemas. Algumas espécies podem ser forçadas a sair dos seus habitats, enquanto outras podem espalhar-se, invadindo outros ecossistemas.[1][143][102][5][144]

Esses efeitos têm um grande impacto no atual ritmo acelerado de extinções de espécies inteiras; de fato o aquecimento está entre as principais causas do declínio recente da biodiversidade, e vem ganhando crescente importância relativa no total.[145][146]O progressivo declínio faz com que as cadeias alimentares se rompam, o ciclo dos componentes inorgânicos se perturbe, e o processo entrópico se auto-reforça. Além de certo ponto, os ecossistemas tendem a entrar em colapso irreversível.[147][8][148] Um estudo prevê que 18% a 35% de 1103 espécies de plantas e animais observadas serão extintas até 2050, baseado nas projeções do clima no futuro.[149] Outro estudo indica que 34% dos animais e 57% das plantas do mundo devem perder cerca de metade de seus habitats até 2080 em virtude do aquecimento.[150] A IUCN indica que um aquecimento em níveis elevados, acima de 3,5ºC, causará um empobrecimento generalizado na biodiversidade terrestre, com uma extinção provável de até 70% de todas as espécies conhecidas.[151] Segundo a pesquisadora Rachel Warren, da Universidade de East Anglia, "a mudança climática reduzirá em muito a biodiversidade, mesmo para animais e plantas comuns".[150] Muitos outros estudiosos afirmam que as perdas em biodiversidade devem ser extensas,[152][153][154][155] uma posição referendada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, cujo relatório Global Environment Outlook 4, de 2007, declarou:

"A mudança climática deve provavelmente desempenhar um papel crescente nas causas da perda de biodiversidade, com a distribuição e a abundância das espécies mudando em direção aos polos e altitudes mais elevadas, colocando em risco principalmente as espécies endêmicas dos polos e montanhas. Além disso, mudanças em espécies que são vetores de doenças podem afetar a disseminação de infecções que atacam o homem e outras espécies, como por exemplo, a malária e a doença fúngica dos anfíbios.... Como resultado da mudança climática, a distribuição geográfica e o comportamento das espécies está mudando, com consequências para o bem-estar do ser humano... inclusive abrindo oportunidade para a difusão de espécies invasoras. As espécies que mais devem ser afetadas são as que já estão ameaçadas ou são raras, as migratórias, as polares, as geneticamente empobrecidas, as populações periféricas e especializadas, incluindo as de zonas alpinas e insulares. Algumas espécies desaparecidas de anfíbios já tiveram sua extinção associada à mudança climática.... A mudança climática também está exercendo impacto nos ecossistemas em uma escala global. Em 2000, 27% dos recifes de coral do mundo já haviam sido degradados em parte por causa do aquecimento das águas marinhas".[144]

O aquecimento da superfície favorecerá um aumento da evaporação dos oceanos, o que fará com que a atmosfera seja mais saturada de vapor d'água, aumentando cada vez mais o efeito de estufa porque o vapor d'água é o gás estufa mais importante, sobretudo porque ele existe em grande quantidade na nossa atmosfera naturalmente.[95] Podemos, nesse caso, esperar um aquecimento médio de 4 a 6°C na superfície.

Projeção das mudanças no regime anual de chuvas até o fim do século XXI. As zonas mais azuis devem receber mais chuvas, e as mais alaranjadas devem experimentar a maior redução. O mapa mostra que praticamente toda a área de produção agropecuária do Brasil, e grandes biomas úmidos que dependem vitalmente de água e chuva abundantes, como o Pantanal e a Mata Atlântica, estão sob ameaça de tornarem significativamente mais secos. Outros que naturalmente têm menos precipitação, como o Cerrado e a Caatinga, também devem ter seu equilíbrio afetado negativamente. A Caatinga, que é naturalmente a região mais seca do Brasil, poderá receber até 50% menos de chuvas nas projeções mais pessimistas (6ºC de aquecimento). O Pampa, por outro lado, poderá ter sua precipitação aumentada em até 40%. Em ambos os casos, as mudanças que isso provocará no equilíbrio dos biomas provavelmente serão significativas.[156] Vários estudos preveem a savanização de grandes áreas da Floresta Amazônica e a desertificação de outros ecossistemas brasileiros, com extensa perda de biodiversidade e impacto socioeconômico.[157][158][27][159][160][161][162] Portugal todo deve ficar sob influência semelhante.

Mas mais umidade (vapor de água) no ar pode também significar uma presença de mais nuvens na atmosfera, o que, na média, poderá causar um efeito de arrefecimento. As nuvens têm de fato um papel importante no equilíbrio energético porque controlam a energia que entra e a que sai do sistema. Podem arrefecer a Terra ao refletirem a luz solar para o espaço, e podem aquecê-la por absorção da radiação infravermelha radiada pela superfície, de um modo análogo ao dos gases associados ao efeito de estufa. Variações regionais são esperadas e o efeito dominante depende de muitos fatores, entre eles a altitude e do tamanho das nuvens e das suas gotículas. Pesquisas recentes mostram que as nuvens interagem também com muitas outras alterações físicas e biológicas que ocorrem na Terra, como por exemplo o aumento nos níveis de aerossóis antrópicos, o aumento na umidade troposférica e as imprevisíveis emissões por vulcanismo, e teoriza-se que possam sofrer influências tão distantes quanto dos raios cósmicos, que poderiam ser capazes de afetar a formação dos núcleos primários de condensação das gotículas da chuva. Efeitos combinados de mudanças no tipo ou quantidade de nuvens, maior umidade e temperatura também devem afetar a produção de precursores biológicos do ozônio atmosférico, mas todo o papel das nuvens no aquecimento ainda é incerto.[102][163]

Por outro lado, espera-se que o aquecimento provoque uma alteração significativa mas desigual no regime de chuvas em todo o mundo, provavelmente afetando negativamente a agricultura, as pastagens e a produção de alimentos, potencializando a escalada da pobreza e da fome, e implicando o uso mais intenso de recursos tecnológicos, pesticidas e adubos nas plantações, o que eleva os custos de produção, contamina o ambiente e causa dano à saúde dos consumidores;[7][8][164][165] Outras consequências previstas disso são a redução dos mananciais de água potável,[8] e a desertificação das áreas subtropicais, reduzindo as áreas férteis necessárias às lavouras e fazendo desaparecer florestas, de onde o homem obtém madeira e vários outros produtos naturais valiosos, e que são responsáveis por boa parte da produção de oxigênio e da redução dos níveis de gás carbônico. Com a diminuição da capacidade da natureza de reciclar o gás carbônico, o efeito estufa se realimenta.[7][8][164][147][165]

Declínio na quantidade de gelo flutuante no oceano Ártico entre 2012 e 1984

Na região do Ártico, a que mais deve se aquecer,[102] já foi observada uma migração de espécies exóticas arbóreas e arbustivas perenes para uma faixa de 4 a 7º de latitude em direção ao norte nos últimos 30 anos, equivalendo a 9 milhões de km², invadindo sistemas de tundra e redefinindo as características e a biodiversidade de toda essa região. Dos 26 milhões de km² de área vegetada do Ártico, de 32 a 39% já sofreram um aumento nos índices de crescimento de vegetais no mesmo período. Prevê-se que uma faixa adicional de 20º possa ser invadida até o fim do século por causa do aquecimento global, se a tendência continuar. A região pode experimentar secura de lagos e fontes, maior frequência de incêndios e pragas, redução na área coberta por neve e gelo, e outros efeitos, inclusive com impacto econômico negativo para as comunidades que lá vivem.[1][143][2][166][102] Isso já está acontecendo. Em 2012 a Groelândia experimentou uma taxa recorde de derretimento superficial em seu gelo terrestre; o oceano Ártico teve a menor cobertura mínima de gelo flutuante desde o início dos registros; o Alasca no mesmo ano teve recordes de temperaturas extremas e vem enfrentando grandes incêndios florestais, eventos relacionados ao aquecimento.[167][111][168][169] Além disso, dados da NASA, em 2012, revelam que o gelo terrestre total perdido da Groenlândia, Antártida e das geleiras da Terra e calotas polares entre 2003 e 2010 totalizou cerca de 4,3 trilhões de toneladas, adicionando cerca de 12 milímetros ao nível do mar.[170]

Outro efeito preocupante nas regiões frias é o derretimento do permafrost, o solo permanentemente congelado que existe em vastas áreas do Hemisfério Norte e também, em menor extensão, no Sul. Cerca de 24% do solo exposto do Hemisfério Norte é de permafrost, que pode chegar a uma profundidade de até 700 m. Este solo preserva grandes quantidades de carbono fixado na forma de matéria orgânica, até agora congelada e inerte, e com níveis de carbono até duas vezes superiores aos encontrados atualmente na atmosfera. Calcula-se que haja mais de 1,6 gigatoneladas de carbono estocadas no permafrost global, concentradas, ao que parece, especialmente em seus 3 metros superficiais, exatamente onde fica mais exposto às variações do clima. Seu derretimento deve liberar muito gás carbônico e metano, amplificando o efeito estufa significativamente. Outros efeitos do derretimento são estruturais. Este solo congelado é frágil, é facilmente degradado pela erosão e pela intervenção humana, está sempre em movimento naturalmente, seja pela expansão do gelo subterrâneo, seja pelos derretimentos superficiais no verão, quando fica encharcado e fluido, e sua conservação está ligada a muitas variáveis, climáticas, biológicas, antrópicas, topográficas, etc. De firmeza sempre um tanto precária, o derretimento mais acelerado dos solos permafrost pode ter um impacto importante nas regiões onde há estruturas humanas construídas sobre ele, como oleodutos, estradas, represas, linhas de transmissão energética e cidades, como evidenciam diversos exemplos de desabamentos já ocorridos. Maiores alterações na estrutura do solo devem provocar aumento nos danos, que podem incluir perdas de vidas humanas, e nos custos de prevenção e de reparos a novos acidentes. Entre os impactos ecossistêmicos previstos do derretimento do permafrost estão a redistribuição e declínio de espécies, intensificação de incêndios florestais, alterações nos sistemas hidrológicos, incluindo assoreamento e secura de rios e lagos e erosão de suas margens. Monitoramento recente tem acusado nítida redução na área e na espessura do permafrost em muitas regiões, e espera-se uma redução ainda maior no futuro próximo, embora ainda haja grande discrepância entre as projeções, já que este tópico só há pouco vem sendo estudado em detalhe, e não foi incluído no relatório de 2007 do IPCC.[171][172]

Tufões Parma e Melor em 2009. O aumento da ocorrência ou intensidade de fenômenos de clima extremo como esses é uma consequência provável do aquecimento global

Também estão previstas a mudança no padrão dos ventos e o aumento na ocorrência ou na intensidade dos episódios de tempo severo, como as ondas de calor ou frio extremos e os ciclones tropicais.que frequentemente resultam em perdas de vidas, impactos ambientais adicionais ou destruições significativas.[147][8][173][174] Os ciclones tropicais são as catástrofes naturais que mais causam prejuízos nos países desenvolvidos, e são a maior causa de fatalidades e ferimentos também decorrentes de catástrofes naturais nos países em desenvolvimento.[175] Um sumário dos prováveis efeitos e conhecimentos atuais pode ser encontrado no relatório feito para o Terceiro Relatório de Avaliação do IPCC pelo Grupo de Trabalho 2. Já o resumo do mais recente, Quarto Relatório de Avaliação do IPCC, informa que há evidências observáveis de um aumento no número de ciclones tropicais no Atlântico Norte desde por volta de 1970, em relação com o aumento da temperatura da superfície do mar, mas que a detecção de tendências a longo prazo é difícil pela baixa qualidade dos registros antes das observações rotineiras dos satélites. O resumo não pôde definir uma tendência clara sobre o número de ciclones tropicais no mundo no longo prazo, mas afirma que sua intensidade pode sim aumentar. O número de mortos e desabrigados e as perdas econômicas previstas devido ao clima severo atribuído ao aquecimento global podem aumentar pela densidade crescente de população em áreas sujeitas a esses fenômenos, como o sudeste asiático.[176]

Ao mesmo tempo, são previstos alguns benefícios menores para as regiões temperadas, como a provável redução no número de mortes devido à exposição ao frio.[176] Outro efeito positivo possível deriva do fato de que aumentos de temperaturas e aumento de concentrações de CO2 podem aprimorar a produtividade de certos ecossistemas, já que o CO2 estimula a fotossíntese, o crescimento vegetal e o melhor aproveitamento da água pelas plantas.[177][178][179] Múltiplas observações mostram que a atividade vegetal no Hemisfério Norte aumentou nas últimas décadas, mas ela ocorreu de forma irregular e pode reverter a longo prazo pela combinação de outros fatores envolvidos no aquecimento global, como a redistribuição geográfica de espécies e mudanças na umidade do solo, no regime de chuvas e nos ciclos das estações.[180][181][182][183][184]

O mapa à esquerda mostra a distribuição média do CO2 em 2011. Note-se como há grande variação regional. Os dois mapas pequenos à direita mostram as variações sazonais. O gráfico abaixo mostra a curva de elevação da concentração do CO2 atmosférico.

Os estudos que indicam aumento da produtividade por causa do aumento do CO2, embora autênticos, são feitos em geral em ambiente laboratorial controlado, analisando o efeito isolado do gás sobre as plantas,[185][186] mas na natureza os fatores não podem ser tomados isoladamente, havendo sempre múltiplas interações que ainda não foram bem consideradas, de modo que os efeitos positivos da elevação de CO2 são duvidosos.[180][184][185][186][187] Pesquisas feitas em condições mais próximas do ambiente natural atestam um índice de produtividade 50% menor do que o acusado em ambientes controlados.[186] Estudos mais recentes apontam uma redução na produtividade de vastas áreas boreais do Hemisfério Norte. Outro, avaliando 47 hot-spots de florestas tropicais de altitude em todo o mundo, indica que a produtividade vegetal era ascendente até meados dos anos 90, quando a tendência se inverteu de repente, sendo desde lá registrada a diminuição na sua atividade fotossintética e no total da biomassa produzida. Acredita-se que o fator limitante tenha sido a precipitação reduzida que acompanhou a elevação de temperatura.[188][189] Um trabalho de 2013 realizado no Brasil, analisando os efeitos de maiores concentrações de CO2 sobre as pastagens, encontrou que o gás efetivamente aumentou a produtividade da gramínea mais utilizada na alimentação de gado no país, que é o maior produtor mundial de carne bovina, mas sua qualidade nutricional baixou, as folhas se tornaram mais fibrosas e continham mais componentes indigeríveis para os animais. Os pesquisadores sugerem que efeitos similares podem aparecer em outras culturas importantes, que passarão a exigir mais investimentos para compensar a queda qualitativa.[190] Outro estudo, realizado nos Estados Unidos, obteve resultados comparáveis. Previu-se que as pastagens naturais terão seu teor nutritivo reduzido, fazendo com que as futuras gerações de bisões que delas se alimentarem tenham peso e tamanho reduzidos. Previu-se também que efeitos similares podem afetar o gado de corte.[191] Os prejuízos podem vir a predominar em muitas áreas, como concluiu uma revisão dos estudos sobre os efeitos na agricultura europeia.[192] Além disso, a diversidade biológica do mundo todo está em declínio acelerado em grande parte devido ao aquecimento, apesar de um pequeno número de espécies estar florescendo. Porém, essas espécies tendem a ser invasoras, e elas já causam documentadamente um prejuízo enorme todos os anos.[193] Mesmo existindo efeitos positivos, provavelmente sejam anulados e ultrapassados por efeitos negativos derivados de outros mecanismos, como já foi observado em estudos de longo prazo.[180][177][192][185][186][181][184]

Efeitos sobre o mar

Elevação do nível do mar
Ver artigo principal: Subida do nível do mar
Mapa indicando as variações regionais no nível do mar entre 1993 e 2010
Elevação recente do nível médio dos oceanos.

Uma outra causa de grande preocupação é a subida do nível do mar. O nível dos mares é sujeito a muitas variáveis naturais e, ao contrário do que se poderia imaginar, é bastante desigual nas diferentes regiões oceânicas. Sua medição é muito complexa, mas encontrou-se que entre 1961 e 2003 o nível médio aumentou 1,8 (±0,5) milímetros por ano, e entre 1993 e 2003 o ritmo foi de 3,1 (±0,7) mm por ano.[194] Foi preciso ter em conta muitos fatores para se chegar a uma estimativa do aumento do nível do mar no passado. Mas diferentes investigadores, usando métodos diferentes, acabaram por confirmar o mesmo resultado. O cálculo que levou à conclusão não foi simples de fazer. Na Escandinávia, por exemplo, as medidas realizadas parecem indicar que o nível das águas do mar está a descer cerca de 4 milímetros por ano. No norte das Ilhas Britânicas, o nível das águas do mar está também a descer, enquanto no sul se está a elevar. Isso deve-se ao fato da Fennoscandia (o conjunto da Escandinávia, da Finlândia e da Dinamarca) estar ainda a subir, depois de ter sido pressionada por glaciares de grande massa durante a última era glacial. Demora muito tempo a subir porque é só muito lentamente que o magma consegue fluir para debaixo dela; e esse magma tem que vir de algum lado próximo, como os Países Baixos e o sul das Ilhas Britânicas, que se estão lentamente a afundar. Em Bangkok, por causa do grande incremento na extração de água para uso doméstico, o solo está a afundar-se e os dados parecem indicar que o nível das águas do mar subiu cerca de 1 metro nos últimos 30 anos.

O aquecimento global provoca subida dos mares principalmente por causa da expansão térmica das águas, um mecanismo pelo qual as águas se expandem ao aquecer, ocupando maior volume. Os oceanos absorvem cerca de 90% do calor gerado pelo efeito estufa, e por isso aquecem e se expandem.[195] Segundo informa o IPCC, calcula-se que a expansão contribua com pelo menos 0,4 (±0,1) mm de elevação anual. O segundo fator mais importante é o derretimento de calotas polares e glaciares de montanha. Os glaciares parecem ser muito mais afetados pelas mudanças climáticas do que as camadas de gelo da Gronelândia e Antártica, as quais não se espera que contribuam significativamente para o aumento do nível do mar nas próximas décadas, por estarem em climas frios, com baixas taxas de precipitação e derretimento. O conhecimento da dinâmica marinha ainda é muito incompleto, mas já existe um consenso de que o nível do mar vai continuar a se elevar pelos séculos à frente, mesmo com a estabilização imediata das emissões de gases estufa.[147][194]

Colapso da banquisa antártica Larsen B em 2002, relacionado ao aquecimento global. O gelo cobria uma área de c. 3.250 km2. [196] O contorno do estado de Rhode Island, nos Estados Unidos, foi sobreposto para comparação.

Alguns cientistas estão preocupados que no futuro a camada de gelo polar e os glaciares possam derreter significativamente. Se isso acontecesse, poderia haver um aumento do nível das águas em muitos metros. O consenso registrado no relatório mais recente do IPCC é de um aumento do nível das águas entre 18 e 59 cm até o fim deste século, conforme o modelo utilizado, o que já pode desencadear consequências importantes.[194][197] No entanto, estes números são reconhecidamente subestimados, uma vez que foram excluídas, em seus cálculos, mudanças rápidas no fluxo das geleiras.[198] Um estudo de 2011 realizado pela NASA apontou que o derretimento do gelo ártico e antártico está acontecendo muito mais rápido do que as projeções constantes no relatório do IPCC previam, e três vezes mais rápido do que a taxa registrada nos glaciares de montanha. A previsão é de que se a tendência continuar o derretimento polar passará a dar a contribuição principal na elevação do nível marítimo no século XXI, ultrapassando a causada pela expansão térmica.[17][199] Outros estudos recentes, publicados após o último relatório do IPCC, produziram conclusões semelhantes. As projeções mais atualizadas para o aumento do nível do mar até 2100 oscilam entre os 80 e os 200 cm aproximadamente. Em qualquer dos cenários, os impactos sobre o homem serão seguramente vastos.[21][22][200]

Muitas ilhas e regiões litorâneas baixas, onde se concentra uma parte expressiva da população mundial e onde hoje florescem muitas megacidades, como Hong Kong, Nova Iorque, Rio de Janeiro, Buenos Aires, serão inundadas em graus variáveis, o que causará perdas materiais e culturais incalculáveis e migrações em massa para regiões mais elevadas.[147][8][201][202] Pelo menos oito megacidades litorâneas são construídas sobre terrenos frágeis que estão afundando, aumentando ainda mais a rapidez do processo de inundação.[203][200] Um estudo avaliou os custos para os Estados Unidos de uma elevação de um metro no nível do mar: isso inundaria até 30 mil km2 de costas, e cada proprietário de terreno habitacional típico junto à costa deveria gastar de mil a dois mil dólares em medidas de contenção das águas. No total, junto com outros custos, seriam gastos de 270 a 475 bilhões de dólares. Isso poderia ser viável economicamente, mas o estudo concluiu que as perturbações ambientais que a movimentação e alteração maciça do terreno costeiro causariam poderiam ser inaceitáveis.[204] Outra pesquisa, analisando o caso do Senegal, calculou que a elevação de um metro significaria a inundação de 6 mil km2 de terra da região mais populosa do país, provocando um êxodo de até 180 mil pessoas e danos a propriedades que chegariam a 700 milhões de dólares, o que equivalia, na data do estudo, a 17% do PIB nacional.[205]

Já existem vários projetos destinados a obras de adaptação e a conter a subida do mar em alguns locais críticos, construindo-se canais, comportas, diques, ilhas artificiais, muros, estruturas flutuantes, terraços e outros métodos, como o reflorestamento costeiro e fixação de dunas. Os Países Baixos, que possuem grande parte de seu território muitos metros abaixo do nível do mar e construíram um eficiente sistema de grandes diques para protegê-lo, são frequentemente apontados como um modelo bem sucedido de ação. Mas os custos de erguer e manter obras desse tipo são altíssimos, elas geralmente desencadeiam outros impactos ambientais sérios pela escala monumental das intervenções no terreno e das estruturas necessárias, baixam o valor das propriedades costeiras e limitam seu uso recreativo. O muralhamento costeiro em escala mundial, por sua vez, além de ser em si mesmo indesejável, seria impraticável, especialmente se as previsões mais pessimistas se confirmarem. Assim, para muitos cientistas e administradores, tentar conter o avanço do mar na maior parte dos casos já mostrou ser uma batalha perdida, produzindo apenas benefícios efêmeros e ilusórios.[206][201][204][207][202][208][200] A simples elevação do mar também afetará os ecossistemas costeiros, causando sua degradação ou erradicação, com perdas importantes de biodiversidade.[8][201][209] A mensagem concisa dos cientistas sobre este tópico é: os mares já estão se elevando, vão se elevar ainda mais e não há o que se possa fazer para evitar esse aumento futuro, devido a mecanismos já em andamento que estão fora do nosso controle, e isso terá graves consequências de várias ordens para as quais devemos estar preparados, mas é possível e é preciso fazer muitas coisas para evitarmos aumentar ainda mais o problema.[5][210]

Poluição e outros efeitos
Animais mortos por desoxigenação no fundo do mar Báltico, 2006.

Já se sabe também que os gases atmosféricos em alteração estão mudando a composição química dos oceanos, já que os gases se dissolvem nas águas a partir da atmosfera e voltam para o ar em um processo ininterrupto de intercâmbio e equilíbrio mútuo. Todos os ecossistemas marinhos dependem fortemente das condições do mar próximas da superfície, onde as águas são mais sujeitas à influência da atmosfera. O efeito é potencializado pelo aumento das temperaturas oceânicas e está relacionado a muitos outros efeitos secundários físicos e biológicos que por sua vez influem de volta sobre a atmosfera, sendo importantes reguladores naturais do clima. Os oceanos são os maiores sequestradores de CO2 atmosférico, mas sua capacidade de absorção parece estar sendo sendo saturada. Esta impregnação excessiva das águas pelo gás carbônico constitui uma forma de poluição química. Ao mesmo tempo em que aumentam as concentrações de CO2, fazendo com que as águas se tornem mais ácidas, baixam as de O2 (oxigênio), que é vital para o sustento dos organismos.[211][212]

O conhecimento científico sobre as interações gasosas entre o ar e o mar ainda precisa ser muito aprofundado, mas vários estudos sugerem que deve haver mudanças biológicas em larga escala nos seres marinhos. Observações mais pontuais já indicaram que o metabolismo de vários grupos de criaturas aquáticas já foi afetado em alguma medida em várias regiões oceânicas, desde o plâncton, que está na base da cadeia alimentar, passando por corais e moluscos de concha, até grandes peixes, fazendo com que apresentem distúrbios de comportamento e de crescimento, ou diminuam suas populações.[211][213][214][215][216][217] Segundo estudo publicado pela Royal Society, mesmo que a poluição química dos mares cesse imediatamente, a acidificação precisará de milênios para ser revertida por processos naturais, e não foi provado que o homem poderá revertê-la artificialmente.[214]

Esses efeitos sobre o mar se complicam com outros. A combinação de aquecimento, derretimento dos gelos e elevação do nível do mar também modifica a circulação termoalina e as correntes marinhas.[218] A Corrente do Atlântico Norte, por exemplo, é provocada por diferenças de temperatura entre os mares. E aparentemente ela está enfraquecendo à medida que a temperatura média global aumenta. Isso significa que áreas como a Escandinávia e a Inglaterra que são aquecidas pela corrente poderão apresentar climas mais frios a despeito do aumento do aquecimento global.

Já existem vários indícios de que a salinidade está diminuindo em vários mares do mundo, com impacto potencial mas indeterminado sobre a bioquímica marinha. Embora as evidências não sejam suficientes para indicar uma causa com segurança, parece provável a influência das mudanças climáticas globais, especialmente através do degelo de glaciares e banquisas polares e mudanças nas chuvas e na umidade atmosférica.[219] Muitas espécies marinhas de grande valor comercial e alimentício já mostram acentuadas modificações regionais em suas populações por virtude de efeitos do aquecimento global, e outras sofrem redistribuição geográfica. Estudos já mostraram que peixes e invertebrados tendem a se mover para latitudes mais altas e águas mais profundas por influência do aquecimento.[220][221][222][223] Acrescentando-se a isso o aumento da poluição marítima por outros contaminantes antrópicos, como o lixo marinho, os agrotóxicos e os fertilizantes, descarregados no mar pelos rios e pelas chuvas, espera-se que as mudanças sejam severas e venham a afetar virtualmente toda a vida marinha no longo prazo.[214][224][217][211][225]

Todos esses efeitos são agravados pela pesca excessiva. Cerca de 50% de todas as espécies de valor comercial já estão com suas populações no limite máximo de exploração, e cerca de 30% delas, incluindo a maioria das dez mais importantes, estão superexploradas e em declínio rápido, devendo estar completamente esgotadas em meados do século XXI se o declínio não for revertido.[226] O International Programme on the State of the Ocean da Sociedade Zoológica de Londres afirmou que por causa dos impactos antrópicos combinados os oceanos estão sob o grave risco de entrarem em um período de extinções em massa.[227] Já foram identificadas mais de 400 "zonas mortas" em mares de todo o mundo.[224]

Abastecimento e saúde

Uma consequência provável do somatório de todos os efeitos do aquecimento global é o sério comprometimento da produção de alimentos. Como foi assinalado, as mudanças nos mares devem significar uma importante ameaça aos estoques de peixes, moluscos e crustáceos para consumo, que constituem alimento básico ou importante para grande parte da população mundial.[221][7][8][228] O aquecimento global também deve afetar a produção de outros alimentos, e as mudanças nas chuvas, a tendência à desertificação subtropical, provavelmente vão prejudicar a agricultura e as pastagens de grandes áreas produtoras em todo o mundo, afetando particularmente os países mais pobres. Hoje, quase um bilhão de pessoas sofre de fome crônica, e em 2050 a população mundial deve chegar a 9 bilhões de pessoas, fazendo necessariamente aumentar muito a pressão sobre os recursos naturais,[187][8][229][230] dos quais cerca de 60% já estão superexplorados.[231]

Outras repercussões antecipadas incluem o aumento na incidência e mudanças na distribuição geográfica de várias doenças, especialmente as cardiorrespiratórias, as infecciosas e as ligadas à má nutrição, elevando significativamente os custos com a assistência médica e social.[147][8]

Também estão sendo estudados os possíveis efeitos do aquecimento sobre a produtividade humana. Sabe-se há bastante tempo que temperaturas elevadas são inadequadas para a realização de esforço físico, mas esta interação em relação ao aquecimento global somente há pouco vêm sendo estudada, não foi avaliada nos relatórios do IPCC e se torna importante no estabelecimento de programas de adaptação. Uma pesquisa publicada em 2013 pelo NOAA indica que o aquecimento global deve aumentar em média até 50% os problemas de saúde relacionados ao estresse térmico no trabalho, reduzindo a capacidade de operários da construção civil, agricultores, esportistas e outros que exercem atividades físicas intensas a céu aberto. Esse tipo de estresse pode levar a crises cardíacas, cãibras, desconforto, desidratação e exaustão, entre outros efeitos, e se torna um agravante de outras moléstias pré-existentes. Outros estudos fazem projeções similares. As regiões tropicais devem ser as mais afetadas, com grande repercussão social e econômica provável, mas efeitos sensíveis podem se verificar em outras áreas e afetar outras atividades, como o turismo, o lazer e programas escolares.[232][233][234][235]

Possíveis impactos na Amazônia

Segundo vários estudos sobre impactos regionais, incluindo a avaliação do IPCC, a Amazônia pode sofrer importantes mudanças em 40% de sua área sob um aquecimento de 2 a 3ºC, com a substituição da floresta tropical por savanas, embora essas mudanças devam ser desiguais, mais intensas no nordeste e sul da Amazônia. Também foi projetada a extinção de 43% de 69 espécies arbóreas estudadas até o ano de 2100, com repercussões adicionais em termos de extinções de animais, amplas redistribuições de outras espécies e risco aumentado de incêndios e secas. Outros estudos projetam perdas ainda mais graves, supondo a desertificação de uma vasta parte da Amazônia até 2100.[159][236][158][27] O acelerado desmatamento na Amazônia tem contribuído com importantes emissões de gases estufa, realimentando o aquecimento global.[237]

Balanço dos efeitos combinados e avaliações recentes

O aquecimento deve fazer aumentar a população que vive em condições sub-humanas. Na imagem, detalhe da favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, com uma população de quase 70 mil habitantes, a maior favela do Brasil.[238]
Crianças subnutridas em um orfanato da Nigéria na década de 1960. A fome, que sempre assombrou a humanidade, e que hoje ainda aflige mais de 800 mil pessoas,[239] deve piorar se o aquecimento global não for combatido.

Levando em conta que mais de 40% da economia mundial depende diretamente de produtos ou processos biológicos, e que todo ser humano precisa de sustento vindo diretamente da natureza, os efeitos no longo prazo do aquecimento global para a sociedade, combinados aos dos outros problemas ambientais que são associados ou derivados, como a poluição e o desmatamento, seriam catastróficos.[12][13] Na realidade, como disse Michael Cutajar, ex Secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, já são: "A mudança climática não é só uma ameaça distante, mas um perigo atual — seu impacto econômico já é sentido entre nós". Um estudo recente desenvolvido por mais de 50 cientistas estimou que o aquecimento global custa diretamente mais de 1,2 trilhão de dólares, com impacto maior sobre os países pobres.[240] O Sub-secretário-geral da ONU, Achim Steiner, afirmou que somente a perda e degradação de florestas gera um prejuízo anual de cerca de 4,5 trilhões.[12] Os custos derivados das invasões de espécies exóticas representam mais 1,4 trilhão, conforme declaração do Secretariado da Convenção sobre a Biodiversidade.[193] Se nada for feito para mitigá-lo significativamente, os custos do aquecimento podem corroer de 5 a 20% do Produto Mundial Bruto por ano, ao passo que o custo de mitigação ficaria em torno de apenas 1%, segundo informa o Relatório Stern,[241] considerado a mais completa avaliação das tendências econômicas globais relativas ao aquecimento.[242]

Some-se a isso prejuízos culturais e sociais, e patenteia-se o imenso impacto prático e imediato dessas perturbações ecológicas para o homem. O Relatório de Desenvolvimento Humano 2013, elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, previu que o número de pessoas vivendo em pobreza extrema em 2050 como consequência do problema ambiental aumentaria em 2,7 bilhões. No cenário mais grave, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) médio global diminuiria 15% em 2050, mas os países mais pobres experimentariam índices de declínio ainda maiores.[243]

Um estudo mostrou que o aquecimento global já causa quase 400 mil mortes por ano,[240] e Bekele Geleta, secretário-geral da Federação Internacional da Cruz Vermelha, relatou que em 2010 a organização fez mais de 30 milhões de atendimentos a vítimas de desastres naturais derivados do aquecimento global. Para ele, maiores mudanças no clima podem tornar a situação ainda pior, destacando que o problema da segurança alimentar é uma das grandes preocupações da Cruz Vermelha nos dias de hoje.[244] Por fim, para o equilíbrio e saúde da natureza em geral e para a biodiversidade em si, cujo valor de existência ainda está para ser reconhecido, os danos são incalculáveis, e as espécies que se extinguirem em função do aquecimento representam perdas irreversíveis; um triste legado para as futuras gerações, que terão, se nada fizermos em contrário, a difícil tarefa de sustentar uma população provavelmente bem maior — projeta-se 9 bilhões de pessoas em 2050 — com os recursos generalizadamente empobrecidos de um planeta que terá, além de tudo, um clima bem mais imprevisível e hostil que complicará de maneira significativa o atendimento das crescentes demandas.[12][144][13][9][147][8][240] Nas palavras de Ban Ki-Moon, secretário-geral da ONU,

"As tendências atuais estão nos levando cada vez mais perto de potenciais pontos de ruptura, que reduziriam de maneira catastrófica a capacidade dos ecossistemas de prestarem seus serviços essenciais. Os pobres, que tendem a depender mais imediatamente deles, sofreriam primeiro e mais severamente. Estão em jogo os principais objetivos delineados nas Metas de Desenvolvimento do Milênio: segurança alimentar, erradicação da pobreza e uma população mais saudável".[13]

O recente progresso da humanidade gerou muitos benefícios, mas desencadeou efeitos negativos que não haviam sido previstos e para os quais o mundo não estava preparado, dada sua enorme amplitude e suas múltiplas consequências indiretas. O impacto ambiental antrópico pode ser sumarizado em cinco grandes ameaças: desequilíbrio do clima, declínio da biodiversidade, poluição, perda e degradação de ecossistemas e a explosão demográfica, todas intimamente ligadas entre si.[9] Um estudo publicado em março de 2013 por pesquisadores da Universidade de Stanford e ratificado por mais de 500 outros especialistas de todo o mundo,[245] afirmou:

"A vasta maioria dos cientistas que estudam as interações entre as pessoas e o resto da biosfera concordam em uma conclusão central: as cinco tendências perigosas citadas acima estão produzindo efeitos negativos, e, se continuarem, os efeitos negativos já aparentes sobre a qualidade de vida do homem se tornarão muito piores dentro de poucas décadas. A abundância de evidências científicas sólidas substanciando os prejuízos foi sumarizada em muitos estudos individuais e em declarações de consenso.... e foi documentada em centenas de artigos publicados na literatura científica sujeita à revisão por pares.... Assegurar um futuro para nossos filhos e netos que seja tão desejável para ser vivido como a vida que levamos hoje exigirá aceitarmos que já fizemos inadvertidamente o ecossistema global rumar em direções perigosas, e que temos o conhecimento e o poder de colocá-lo de volta em seus eixos - mas se agirmos agora. Esperar mais somente tornará mais difícil, se não impossível, termos sucesso, e produzirá custos substancialmente maiores, tanto em termos monetários como em sofrimento humano".[9]
A multidão nas ruas de Dhaka, Bangladesh. A superpopulação exerce crescente pressão sobre o meio ambiente, alimentando as causas do aquecimento.

É importante relembrar que diversos efeitos das emissões aumentadas de gases estufa só se manifestarão muitos anos depois de ocorrerem as emissões, e outros são de longa duração. A acidificação do oceano, por exemplo, exigirá milênios para ser revertida pelos processos naturais, e o nível do mar continuará a se elevar provavelmente por séculos, podendo chegar a 4 metros ou mais acima dos níveis pré-industriais no ano 2300.[11][246] Alguns gases, além disso, têm um longo ciclo de vida, permanecendo ativos por muito tempo. De acordo com o IPCC, o ciclo de vida dos hidrofluorocarbonetos importantes industrialmente varia de 1,4 a 270 anos. O gás carbônico, o principal gás estufa antropogênico, pode permanecer ativo na atmosfera por até centenas de anos, e o óxido nitroso, até 114 anos. Outros gases, como os compostos perfluorados e o hexafluoreto de enxofre, embora em menores quantidades no total, mas muito potentes, têm ciclos ainda mais longos, que variam de mil a 50 mil anos, ultrapassando em muito os horizontes da presente civilização.[247]

Também importa compreender que para mantermos as concentrações atmosféricas de gases estufa simplesmente estáveis nos níveis atuais, precisaríamos na prática interromper quase que completamente as emissões, pois a maior parte dos gases que já foram lançados na atmosfera lá permanecerão muito tempo, sendo reciclados lentamente, como foi há pouco explicado. Se as emissões continuarem, mesmo que reduzidas, o resultado final será uma inevitável amplificação do aquecimento pelo efeito cumulativo.[248] Segundo Emilio La Rovere, pesquisador da UFRJ que contribui para o IPCC, seria necessário cortar 80% das emissões em comparação com 1990 para não serem ultrapassados os 2ºC de aquecimento até 2050, meta estabelecida na Convenção do Clima de 2009 e considerada o limite máximo tolerado para que não se instale um problema ambiental de proporções catastróficas. Mas ele acrescenta: "Os modelos matemáticos simulando evolução demográfica, economia mundial, demanda e oferta de energia, mostram que fica realmente quase impossível atingir este objetivo".[37] As emissões de CO2 continuam a crescer e chegaram a um recorde em 2013, ultrapassando a concentração atmosférica de 400 ppm. Outros gases do efeito estufa também estão aumentando, como o metano e o óxido nitroso.[123] Vários estudos publicados após o último relatório do IPCC, realizados com modelos teóricos mais refinados e novas observações, indicam que há fatores ainda desconhecidos em jogo,[112] que as causas e efeitos das mudanças climáticas estão se agravando bem mais rápido do que o IPCC previu e que os piores cenários estimados ficam cada vez mais perto de se concretizarem.[249][250][19][251][20][252][253][254][199][255]

Adicionalmente, considerando que os esforços para combate ao aquecimento e outros agravos à natureza que atuam em sinergia têm sido até o momento pouco efetivos, o cenário futuro não pode ser senão sombrio.[5][12][13][9][246] Um relatório produzido pelo Banco Mundial em 2012 causou surpresa pelo tom incomumente dramático para uma organização caracterizada pela sisudez, juntando-se ao consenso dos cientistas e ambientalistas e prevendo um cenário assustador para o mundo, em termos de disrupção social e perturbações ambientais, se a temperatura média se elevar aos 4ºC, nível esperado pela maioria dos estudos se nada for feito em contrário. As primeiras palavras do presidente do Banco, Jim Yong Kim, na apresentação do estudo, foram: "Espero que este relatório nos choque, levando-nos à ação".[256][246] Após considerar todos os riscos que se colocam, o relatório encerrou com a declaração: "Um mundo 4ºC mais quente apresentará para a humanidade desafios jamais vistos. E fica claro que danos e riscos em escala local e global provavelmente acontecerão bem antes deste nível de aquecimento ser atingido.... Simplesmente não podemos permitir que a projetada elevação de 4ºC aconteça".[257] Em entrevista recente, Jim Yong Kim acrescentou: "As mudanças climáticas devem estar no topo da agenda internacional, pois o aquecimento global põe em risco qualquer desenvolvimento que for conseguido em outros setores, inclusive o econômico".[258]

Muitos já foram os danos, e, segundo as previsões, muitos outros ainda devem se verificar num futuro próximo pela simples inércia das tendências atuais,[5] mas segundo os estudiosos uma ampliação do problema e as suas piores sequelas ainda podem ser evitadas, desde que medidas radicais sejam tomadas nesta direção sem demora. A necessidade de mudanças em ampla escala é a cada dia um imperativo mais urgente, mas a sociedade continua a postergá-las, presa a modelos de pensamento e vida que levam a um progresso destrutivo e insustentável.[5][259][260][261][262][11][145][12][13][9] Refletindo esse consenso, disse Paul Ralph Ehrlich, presidente do Center for Conservation Biology da Universidade de Stanford e co-fundador do projeto Millenium Alliance for Humanity and the Biosphere, que a raiz de todo este problema planetário é cultural:

"Enquanto que a mudança climática já está na agenda política, a maior parte dos outros desafios não está, e o entendimento do público sobre o que produz a degradação ambiental, ou dos fenômenos naturais em geral, é mínimo. Poucos leigos estão familiarizados com a ideia fundamental de que a degradação do ambiente é um produto do tamanho da população humana, do consumo per capita, e dos tipos de tecnologias e sistemas econômicos e sociais que suprem o consumo. No último século, aproximadamente, criou-se um vasto hiato cultural entre o que a sociedade como um todo sabe e o que cada indivíduo sabe — um hiato que se provou especialmente problemático no caso dos representantes eleitos e outros líderes que não possuem quase nenhum conhecimento de ciência.
"Infelizmente, levará muitas décadas até que as ações humanas produzam mudanças significativas na atual trajetória da população. Mesmo assim, sabemos que padrões de consumo mudam virtualmente da noite para o dia, como foi demonstrado pelas mobilizações e desmobilizações durante a II Guerra Mundial. Mudanças enormes na produção e no consumo aconteceram nos Estados Unidos em quatro ou cinco anos, e, durante esses anos, os americanos aceitaram racionamentos de gasolina, de açúcar e de carne. Se são dados incentivos adequados, a economia pode se transformar muito rapidamente.... (mas) é o comportamento humano, das próprias pessoas entre si e em relação ao planeta que sustenta a todos, o que requer modificação rápida".[263]

Na seção seguinte, detalha-se o impacto do posicionamento popular nesta questão.

O consenso científico e a controvérsia popular

Os principais aspectos do aquecimento global estão bem estabelecidos na ciência, como a propriedade dos gases estufa de reterem radiação infravermelha, o aumento de temperatura decorrente da maior concentração destes gases, a causa humana em sua acumulação, e a importância deste aquecimento no clima. De fato, o consenso do meio científico a este respeito é virtualmente unânime, e foi expresso enfaticamente pelo IPCC, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, o principal fórum internacional de discussões de alto nível a respeito do tema.[89] O Painel, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz pelo seu trabalho sobre o aquecimento global,[264] já produziu quatro relatórios principais e muitos outros documentos subsidiários, elaborados por milhares de cientistas de todas as partes do mundo. O 4º relatório apenas, teve a participação de mais de 3.500 pesquisadores,[89] sendo considerado pelo International Council for Science o mais vasto levantamento científico jamais realizado em qualquer área do conhecimento, representando "o conhecimento coletivo mais atual sobre o sistema do clima, sua evolução e seu desenvolvimento futuro".[88] Segundo Boykoff & Boykoff, "com crescente certeza, o Painel vem afirmando que o aquecimento global é um problema sério que sofre influência humana, e deve ser enfrentado imediatamente".[26]

O Painel recebeu também o apoio de muitas organizações científicas influentes, entre elas a Royal Meteorological Society do Reino Unido,[265] a Network of African Science Academies, com a participação de academias nacionais de 13 países africanos,[266] o Relatório Conjunto das academias científicas de 11 países,[267] a National Oceanic and Atmospheric Administration dos Estados Unidos,[268] a European Geosciences Union,[269] e o já citado International Council for Science, representando 119 organizações científicas nacionais e 30 organizações internacionais.[88] Muitas outras importantes sínteses científicas internacionais também aceitaram as conclusões do Painel, entre elas a Avaliação Ecossistêmica do Milênio, a série Global Environment Outlook, da UNEP, e o Vital Forest Graphics da UNEP`/ FAO / UNFF, escritos e revisados por milhares de especialistas.[270][271][272]

Protesto contra o uso do carvão, um combustível fóssil, diante do prédio do Legislativo de Olympia, nos Estados Unidos.

O NIPCC (Painel Não Governamental Internacional sobre Mudanças Climáticas),[273] formado por céticos que discordam da hipótese de que o aquecimento global é provocado pelo ser humano, afirma que as elevações nos níveis de CO2 e na temperatura global trariam benefícios para a humanidade. Representa uma "segunda opinião" sobre a questão das mudanças climáticas e publica relatórios científicos alternativos aos do IPCC. Em 2008 e 2009, publicou os relatórios respectivamente intitulados: Nature, Not Human Activity, Rules the Climate ("A natureza e não a atividade humana, controla o clima") [274] e Climate Change Reconsidered: The 2009 Report of the Nongovernmental International Panel on Climate Change (NIPCC) ("Reconsiderando as mudanças climáticas: O relatório de 2009 do Painel Não Governamental Internacional sobre Mudanças Climáticas").[275] O IPCC, que já enfrentou acusações de fraude científica,[276] [277] [278] é tido por este como parcial e tendencioso em suas análises. O NIPCC é uma das organizações que rejeitam o consenso formado em torno das atuais questões ambientais.

Reforçando este consenso, um levantamento realizado em periódicos científicos pela historiadora da ciência Naomi Oreskes analisou os 928 artigos publicados entre 1993 e 2003 a respeito de mudanças climáticas, e não encontrou um único estudo que rejeitasse a posição de consenso.[31] De acordo com The National Academies, uma reunião de academias científicas nacionais dos Estados Unidos, as principais dúvidas ainda existentes dizem respeito apenas à velocidade de aumento na taxa deste aquecimento e a que níveis ele vai chegar, bem como ainda não se sabe exatamente como e em que extensão as diversas regiões do mundo serão afetadas localmente.[33]

Em contraste, a mídia não-científica, numa enganosa busca por equilíbrio e imparcialidade, com frequência procura apresentar "os dois lados" da questão dando-lhes a mesma importância, o que é um erro, pois de um lado há argumentos muito fortes, e do outro, muito fracos. Como o grande público obtém suas informações principalmente da mídia, esse equilíbrio artificioso tem sido apontado como um importante fator para a pouca importância que o público dá ao problema, o que se reflete na presente dificuldade de se adotar em larga escala medidas preventivas e mitigadoras do aquecimento. Uma pesquisa feita com alguns grandes e influentes jornais dos Estados Unidos, analisando 3.543 artigos que trataram do aquecimento no período de 1988 a 2002, encontrou que 52,65% dos artigos dava peso igual a quem negava e a quem afirmava que a atividade humana tem impacto sobre o clima. Discutindo o que deveria ser feito, apenas 10,6% acatavam o consenso científico e enfatizavam a necessidade de ação internacional urgente e compulsória, enquanto 78,2% apresentavam um texto "equilibrado", induzindo a opinião pública a tirar conclusões equivocadas. Analisando cronologicamente o impacto do problema entre o público, a mesma pesquisa mostrou que entre 1988 e 1989, quando o aquecimento começou a chamar grande atenção internacional, os jornais diziam praticamente o mesmo que os cientistas, mas que desde então vêm sendo impostas ao público dúvidas artificiais e a distância entre a opinião científica e a popular vem se alargando.[26]

Ficheiro:"Stop Global Warming", Greenpeace.jpg
Balão em forma de boneco de neve em protesto do Greenpeace contra o aquecimento global durante a Cúpula do G8 em 2007

Esta discrepância é corroborada por outro estudo, em que entrevistados respondiam se 1) as temperaturas globais eram maiores hoje que no século XIX e 2) se a ação humana tinha um papel significativo nisso. Apenas 47% do público em geral respondeu afirmativamente às duas questões. A proporção tornou-se gradativamente maior quanto mais o segmento pesquisado tinha conhecimento na área de climatologia, chegando a 97% de concordância entre os climatólogos em atividade, que publicavam estudos neste campo.[279] Levantamentos independentes posteriores encontraram os mesmos resultados[280], incluindo estudo recente que analisou os resumos de quase 12.000 artigos publicados sobre o assunto entre 1991 e 2011.[281]

Também há muitas evidências de que grandes corporações comerciais, cujos interesses podem ser prejudicados por medidas contra o aquecimento, exercem pressão sobre instituições, grupos, governos e políticos, e financiam campanhas e pesquisas fraudulentas, com o intuito de confundir propositalmente a opinião pública e induzi-la a acreditar que os problemas não são reais ou importantes, dificultando a implementação de leis e ações contra o aquecimento. Várias denúncias já foram feitas na imprensa e mesmo por academias científicas.[27][28][282][283][284][29][26] Numa atitude sem precedentes, em 2006 a Royal Society, a mais destacada associação científica do Reino Unido, solicitou à ExxonMobil, a maior companhia petrolífera do mundo e uma grande lobista, que parasse de financiar grupos e pesquisas que negassem ou minimizassem as evidências sólidas já acumuladas sobre a realidade do aquecimento global, acusando-a de ter gasto, somente em 2005, quase 3 milhões de dólares nesta atividade.[27]

Nos Estados Unidos, um dos poucos países que não ratificaram o Protocolo de Quioto, cientistas ligados a sete organizações científicas governamentais relataram pressões para eliminar as palavras "mudanças climáticas", "aquecimento global" ou similares de suas comunicações para não enfraquecer a política de ceticismo do governo Bush. Um relatório apresentado ao Congresso dos Estados Unidos referiu que metade dos climatologistas entrevistados disseram ter percebido ou pessoalmente sofrido essa pressão, e dois quintos deles afirmaram que já tiveram relatórios seus modificados, alterando suas conclusões.[30][285] Uma pesquisa feita em 2012 revelou que a maioria dos cidadãos norte-americanos, depois de uma fase de declínio e ceticismo, novamente reconhece a realidade do aquecimento global, compreende seus mecanismos mais básicos, o associa a vários eventos de clima extremo ocorridos no país entre 2011 e 2012, numa tendência que parece crescer, e refere ter a impressão de que o clima em geral está cada vez mais imprevisível e destruidor.[286][287] Ao mesmo tempo, os que negam o aquecimento continuam suas bem organizadas campanhas de desinformação do público.[288][289][290][291] Porém, o governo de Barack Obama vem se mostrando receptivo às conclusões da ciência, e anunciou grandes planos de combate ao aquecimento, que, no entanto, imediatamente despertaram enorme resistência doméstica.[292][293][294][295] Dada a enorme influência dos Estados Unidos no cenário político mundial, a mudança na posição oficial do governo norte-americano deu esperanças para muitos ambientalistas, mas questiona-se se o presidente terá força para vencer a inércia da máquina política e econômica em sua própria casa, um país que está em profunda crise e tem um congresso conservador.[296][297][298][299][300]

Ficheiro:2007 LaRouche PAC poster (Global warming).jpg
Cartaz do movimento LaRouche, que nega o aquecimento, dizendo: "A verdade nua. O aquecimento global é uma fraude científica". O cartaz ironiza Al Gore (mostrado nu em uma caricatura), que se notabilizou pelo trabalho ambientalista e escreveu o popular e também polêmico documentário educativo Uma verdade inconveniente, tratando dos problemas derivados do aquecimento.

Na lista abaixo, com dados do projeto Skeptical Science, que se dedica a refutar as crendices populares sobre o aquecimento, esclarecer os mal entendidos e divulgar a ciência de ponta em uma linguagem acessível, vão citados os dez mais frequentes argumentos (A) correntes entre o povo para negar a realidade ou a gravidade do fenômeno atual, usados também por políticos e empresas, junto com a resposta dos cientistas (R) em forma sintética:[301][302]

  • A: O clima já mudou no passado. — R: O clima é um sistema sensível à influência de vários fatores. No passado houve fatores naturais que provocaram mudanças. Hoje, o fator determinante é a atividade humana.[5][303]
  • A: O sol é a causa. — R: Desde a década de 1980 as tendências da atividade solar e da temperatura terrestre vão em direções opostas, ou seja, o sol está esfriando e a Terra está esquentando.[135][96][303]
  • A: Não vai fazer mal. — R: Efeitos positivos sobre o meio ambiente, a produção de alimentos e a saúde humana são duvidosos, efeitos negativos importantes já estão sendo documentados por múltiplos estudos e provavelmente devem se agravar se o aquecimento continuar em sua progressão atual, ultrapassando largamente os alegados benefícios.[5][303][12][13][9]
  • A: Não há consenso entre os cientistas. — R: O consenso existe e é quase unânime: cerca de 97% dos climatologistas concordam que a atividade humana é a causa do aquecimento atual.[279][81]
  • A: Está na verdade esfriando. — R: A última década foi a mais quente na história dos registros.[304][305]
  • A: Os modelos teóricos não são dignos de confiança. — R: Para provar sua validade os modelos teóricos que estabelecem previsões precisam coincidir também com as observações reais registradas anteriormente. Os modelos usados certamente têm limitações e margens de erro, e são notoriamente imprecisos no que diz respeito a detalhamentos localizados, mas reproduzem com grande aproximação as mudanças em escala global do clima observadas historicamente. Usando o mesmo mecanismo de maneira reversa, é por isso que suas projeções futuras são confiáveis nas tendências gerais que evidenciam. Mas, pelas suas limitações, não podem chegar ao nível do detalhe microscópico, e também porque não se pode saber antecipadamente como a sociedade responderá no futuro próximo a este desafio, o que, introduzindo novos fatores na equação, poderá mudar os cenários de longo prazo radicalmente para melhor ou para pior. Não obstante, os modelos vêm sendo constantemente aperfeiçoados.[306][303][307][81][308][309]
  • A: Os registros não são dignos de confiança. — R: Muitas estações meteorológicas não são instaladas como deveriam para colher os dados adequadamente, podendo estar próximas de fontes de calor ou de estruturas que criam microclimas diferenciados, como os centros urbanos e suas ilhas de calor, mas os cientistas sabem disso e fazem as compensações necessárias para corrigir os dados e torná-los confiáveis. Além disso, os dados colhidos em estações terrestres são checados com outros obtidos por métodos diferentes, como por exemplo a sondagem por satélite e a análise de registros contidos no gelo e em sedimentos oceânicos. Essa checagem cruzada minimiza em muito a possibilidade de erro grave, e revela em todas as formas de análise resultados comparáveis.[310][311][312][313][81]
  • A: Plantas e animais podem se adaptar a mudanças no clima. — R: É verdade, mas a adaptação das espécies selvagens a mudanças ambientais só acontece em largos períodos de tempo. A rapidez da mudança atual é demasiada para que os processos naturais de adaptação se completem a tempo para a vasta maioria das espécies, inevitavelmente levando à extinção ou a significativo declínio populacional muitos tipos de seres vivos.[144][145][149][151]
  • A: Desde 1998 não esquenta. — R: Em termos globais, 2005 e 2010 foram os anos mais quentes na história dos registros.[314] As três últimas décadas foram as mais quentes desde 1850.[315]
  • A: A Antártida está ganhando gelo. — R: Embora a área coberta por gelo possa estar se expandindo em alguns locais, o volume total do gelo está em declínio. Medições de satélite apontam que a Antártida perde mais de 100 quilômetros cúbicos de gelo a cada ano desde 2002.[316]

Em suma, os argumentos verdadeiros, o primeiro e o oitavo, são inaplicáveis ao caso contemporâneo, e os outros são eles mesmos falsos segundo os dados objetivos,[81][301][302][317][185][318][319][320] já detalhados nas seções anteriores.

A pesquisadora Caren Cooper, da Universidade de Cornell, analisando os problemas gerados pelas dúvidas e incertezas que ainda circulam popularmente sobre a realidade ou a gravidade do aquecimento global, advertiu que se o grande público não adquirir uma sólida confiança na ciência e acatar suas recomendações, os governos democráticos não conseguirão enfrentar com sucesso o problema, porque sua base de apoio popular está dividida e insegura ou não se importa com a questão. Além disso, como antes foi mencionado, a força das mídias e dos grupos de pressão política e econômica é imensa, conduzindo os debates públicos e a criação de leis muitas vezes de acordo com seus interesses exclusivos. Ainda segundo Cooper, esses agentes que negam as mudanças climáticas têm sido formadores de opinião muito mais eficientes do que os cientistas e professores, porque suas mensagens criam nas pessoas a impressão de que o que a imprensa divulga é o bastante para capacitá-las a participar legitimamente do debate científico de alto nível e criticar suas conclusões, uma impressão que, ela enfatiza, é profundamente equivocada.[25] Naomi Oreskes resumiu a questão da seguinte maneira:

"Os políticos e a mídia, especialmente nos Estados Unidos, frequentemente afirmam que a ciência do clima é altamente incerta. Alguns têm usado este argumento contra a adoção de medidas fortes para reduzir as emissões de gases do efeito estufa.... Algumas corporações, cujos lucros poderiam ser afetados negativamente pelo controle das emissões de gás carbônico, também têm alegado que a ciência padece de graves incertezas. Tais declarações sugerem que poderia persistir uma controvérsia significativa dentro da comunidade científica sobre a realidade da mudança climática causada pelo homem. Mas isso não é verdade. O consenso científico é claramente expresso nos relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas.... O Painel não está sozinho em suas conclusões. Nos anos recentes, todos os principais corpos científicos nos Estados Unidos cujos membros são peritos no assunto têm publicado declarações semelhantes.... Certamente, os autores que avaliaram os impactos, desenvolveram métodos ou estudaram as mudanças paleoclimáticas poderiam acreditar que a mudança é natural. Contudo, nenhum deles considerou essa hipótese.... Muitos detalhes sobre as interações do clima não são bem entendidos, e há muito espaço para mais pesquisas que forneçam uma base mais sólida para nosso entendimento da dinâmica do clima. Mas há um consenso sobre a realidade da causa humana na mudança climática. Os cientistas têm repetidamente tentado deixar isso claro. É hora de o resto de nós ouvir o que eles dizem".[31]

Adaptação e mitigação

Ficheiro:Earthhourkm.jpg
Divulgação da campanha internacional Hora do Planeta contra o aquecimento global e para o mundo repensar seu estilo de vida.[321]
Discurso de Ban Ki-moon, Secretário-geral das Nações Unidas, durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2010, em Cancún, México.

O amplo consenso entre os cientistas do clima de que as temperaturas globais continuarão a aumentar tem levado nações, estados, empresas e cidadãos a implementar ações para tentar reduzir o aquecimento global ou ajustar-se a ele. Os permanentes estudos e o grande número de ações civis poderão um dia resultar em uma mudança cultural e meios economicamente viáveis de enfrentar de forma eficaz ações antrópicas que emitem gases-estufa. Um exemplo é o projeto Fábrica Verde que já foi realizado na cidade universitária em São Paulo-SP, onde, por meio da compostagem, evita-se a disposição de resíduos orgânicos em aterros sanitários. Muitos grupos ambientais encorajam ações individuais contra o aquecimento global, frequentemente por parte dos consumidores, mas também através de organizações comunitárias e regionais. Outros têm sugerido o estabelecimento de um limite máximo para a produção de combustíveis fósseis, citando uma relação direta entre a produção de combustíveis fósseis e as emissões de CO2.[322][323]

Também têm ocorrido ações de negócios sobre a mudança climática, incluindo esforços no aumento da eficiência energética e uso de fontes alternativas. Uma importante inovação tem sido o desenvolvimento de um comércio de emissões dos gases do efeito estufa através do qual empresas, em conjunto com os governos, concordam em limitar suas emissões ou comprar créditos daqueles que emitiram menos do que as suas quotas.

O aumento das descobertas científicas sobre o aquecimento global tem resultado em intermináveis debates políticos e econômicos sobre os benefícios em limitar as emissões industriais de gases do efeito estufa para reduzir os impactos no clima versus os efeitos que isso causaria na atividade econômica. Há também discussões em diversos países sobre o custo de adotar fontes de energia alternativas e mais limpas para reduzir as emissões. Embora a polêmica ainda persista, já foi ultrapassada pelos estudos recentes mais qualificados, que deixaram claro que a mudança para um modelo sustentável não é mais uma questão de escolha, é questão de sobrevivência, como já foi esclarecido antes. Além disso, é mais lucrativa no longo prazo do que a persistência no modelo atual, coisa que também não parece ter sido ainda bem compreendida pelos legisladores, políticos e grandes empresários.

Outro problema levantado diz respeito aos efeitos da mitigação do aquecimento global serem tão nefastos para algumas populações indígenas como o próprio aquecimento global. Segundo algumas organizações de defesa de direitos indígenas, como a Survival International e a Amazon Watch, estas populações, que são já as mais afetadas pelas consequências dos efeitos do aquecimento global, enfrentam efeitos devastadores face a programas classificados "verdes" como a indústria hidroeléctrica e os biocombustíveis.[324][325][326]

O principal acordo mundial para combater o aquecimento global é o Protocolo de Quioto, uma emenda à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, negociado em 1997. O protocolo abrange mais de 160 países e mais de 55% das emissões de gases do efeito estufa.[327] Este tratado expira em 2012, e debates internacionais iniciaram-se em maio de 2007 sobre um novo tratado para suceder ao vigente.[328]

Regiões pobres, em particular a África, têm grandes chances de sofrerem a maior parte dos efeitos do aquecimento global, enquanto suas emissões são desprezíveis em relação às emissões dos países desenvolvidos, fazendo-as pagar injustamente por problemas que não provocaram, uma vez que os impactos do aquecimento ignoram fronteiras políticas e se abatem sobre todos.[329] Ao mesmo tempo, o debate passa também pela questão de saber em que medida é que países recém-industrializados, como China e Índia, deverão ter o privilégio de poder aumentar suas emissões industriais, especialmente a China, uma vez que se espera que ela ultrapasse os Estados Unidos na emissão de gases do efeito estufa até 2010.[330] O líder chinês Wen Jiabao exortou a nação a redobrar os seus esforços no combate à poluição e ao aquecimento global.[331] Isenções de países em desenvolvimento de algumas cláusulas do Protocolo de Quioto têm sido criticadas pelos Estados Unidos e estão sendo usadas como sua justificativa para não ratificar o protocolo.[332] Apenas os Estados Unidos, historicamente o maior emissor de gases do efeito estufa do mundo, e o Cazaquistão, recusaram-se a ratificar o tratado. A China e a Índia, dois outros grande emissores, ratificaram o tratado, mas como países em desenvolvimento, estão isentos de algumas cláusulas.[331]

No ocidente, a ideia da influência humana no clima e os esforços para combatê-lo ganharam maior aceitação na Europa que nos Estados Unidos.[333][334] A União Europeia pretende, até 2050, reduzir entre 60% e 80% as emissões de gases estufa, aumentar em 30% a eficiência energética, e aumentar para 60% a percentagem de energias renováveis, face ao consumo energético total da UE.[335]

O IPCC oferece em seus relatórios uma multiplicidade de alternativas para o combate e adaptação ao aquecimento global, sumarizadas abaixo:[5]

  • Melhorar o rendimento dos sistemas de captação, distribuição e consumo de água, incluindo uso agropecuário, industrial e doméstico.
  • Melhorar as técnicas de manejo da terra, incluindo a pecuária, a agricultura, a silvicultura e o extrativismo, protegendo o solo contra a erosão, degradação e poluição.
  • Definir planos de contenção da subida do mar como fixação de dunas, reflorestamento costeiro, construção de represas e outras estruturas.
  • Modificar hábitos de produção e consumo de bens e serviços e de descarte de resíduos para um modelo sustentável. Aumentar os incentivos financeiros para projetos de crescimento sustentável. Dar educação qualificada para a população, incluindo, decisivamente, a educação ambiental, fomentando a formação de lideranças multiplicadoras.
  • Redesenhar as políticas públicas com maior atenção aos fatos científicos e às necessidades reais, prevendo ações integradas em perspectivas de longo prazo. Incrementar a cooperação internacional, a pesquisa e a divulgação livre do conhecimento. Criar uma política transnacional efetiva sobre o aquecimento. Aproveitar conhecimentos de comunidades indígenas e tradicionais.
  • Organizar o manejo do provável crescimento de doenças infecciosas e epidemias; melhorar o atendimento médico e as infraestruturas sanitárias urbanas. Organizar planos de assistência social e defesa civil em emergências coletivas e desastres ambientais.
  • Diversificar o turismo.
  • Adaptar os sistemas de transporte a temperaturas mais elevadas e à possibilidade de inundações mais frequentes. Reforçar as infraestruturas de produção e distribuição de energia e de telecomunicações, usar preferencialmente energias renováveis e diversificadas. Reduzir o uso de combustíveis fósseis.

A Conferência do Clima de 2013 das Nações Unidas, realizada com grande tumulto em Varsóvia (COP 19), fez alguns avanços, conseguindo chegar a um acordo formal sobre o programa REED+, depois de muitos anos de debates. O programa prevê incentivos econômicos e outras medidas para a redução de emissões. Já estava em aplicação experimental desde anos, e se espera que agora sejam estabelecidas políticas locais mais eficientes. O documento produzido deu ênfase às medidas de prevenção do aquecimento e aos países pobres, os mais afetados e os menos capazes de lidar com o problema, e contemplou também, entre outras, ações nas áreas de financiamento, envolvimento institucional, monitoramento de florestas, agilização administrativa, padronização de procedimentos técnicos e manejo de impactos.[336][337][338] O Observatório do Clima considerou o texto bastante tímido na maioria das áreas, frustrante em muitas outras, mas destacou como positiva a definição dos parâmetros do REED+.[339] Muitos ecologistas, porém, viram-no como o acordo ambiental mais fraco da história, provocado vários retrocessos, como a revogação da obrigatoriedade no cumprimento das metas, que passam a ser contribuições voluntárias, e criando para as políticas de mitigação uma indesejável dependência do sistema de financiamento, o chamado Fundo Verde do Clima, o qual, por sua vez, ainda não tem mecanismos reguladores em funcionamento.[340][341]

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