Natividade de Nossa Senhora
| Parte da série de |
| Mariologia da Igreja Católica |
|---|
| Títulos · Vida da Virgem |

A Natividade da Bem-Aventurada Virgem Maria — também chamada Natividade de Nossa Senhora — é uma festa litúrgica celebrada em 8 de setembro pela Igreja Católica e pela Comunhão Anglicana, nove meses após a solenidade da Imaculada Conceição (8 de dezembro). A data é igualmente observada pelos cristãos sírios em 8 de setembro e pelos coptas em 1º de Bashans (9 de maio). Na Igreja Ortodoxa, a festa da Teótoco é uma das doze grandes solenidades do ano litúrgico, sendo comemorada em 8 de setembro segundo o calendário gregoriano e em 21 de setembro para as comunidades que seguem o calendário juliano.[1]
A origem da celebração remonta a Jerusalém, no século V, vinculada à dedicação da Basílica Sanctae Mariae ubi nata est, atualmente conhecida como Basílica de Santa Ana, erguida no local onde, segundo a tradição, nasceu a Virgem Maria. Já no século VII, a festa era celebrada tanto nas Igrejas bizantinas como em Roma, consolidando-se posteriormente no calendário romano-tridentino na data de 8 de setembro, onde permanece até hoje.[2]
Segundo a tradição cristã, Maria nasceu de pais idosos e estéreis, São Joaquim e Santa Ana, como fruto de suas orações perseverantes. Viviam em Jerusalém, junto à piscina de Betesda, e receberam de Deus, em sua velhice, a graça de conceber aquela que seria a Mãe do Salvador. A data tradicionalmente apontada para o nascimento é 8 de setembro do ano 20 a.C. e, de acordo com antigos relatos, Maria teria sido oferecida ao Templo de Jerusalém aos três anos de idade, onde permaneceu até a adolescência.[3]
Embora os Evangelhos não registrem relatos sobre a infância ou nascimento da Virgem Maria, Padres da Igreja como São João Damasceno interpretaram o fato de ter nascido de uma mãe estéril como um sinal profético das bênçãos de Deus sobre ela. Em sua homilia sobre a Natividade de Maria, o santo afirma: “Hoje é o começo da salvação do mundo, porque na Santa Probática foi-nos gerada a Mãe de Deus, através de quem o Cordeiro, que tira o pecado do mundo, nos foi gerado.”
Convém distinguir, entretanto, a verdadeira doutrina da Igreja daquelas crenças populares que surgiram em alguns períodos históricos. Nos séculos IV e XV, por exemplo, difundiu-se a ideia equivocada de que Maria teria sido concebida virginalmente, à semelhança de Cristo. Tal crença foi rejeitada oficialmente pela Igreja em 1677. O ensino autêntico da fé católica é que Maria foi concebida de maneira natural por Joaquim e Ana, mas preservada do pecado original desde o primeiro instante de sua concepção — privilégio único chamado Imaculada Conceição, pelo qual foi preparada para ser a digna Mãe de Deus.[4]
Assim se exprimiu o Padre Antônio Vieira sobre essa celebração:
| “ | "Quereis saber quão feliz, quão alto é e quão digno de ser festejado o Nascimento de Maria? Vede o para que nasceu. Nasceu para que dEla nascesse Deus. (...) Perguntai aos enfermos para que nasce esta celestial Menina, dir-vos-ão que nasce para Senhora da Saúde; perguntai aos pobres, dirão que nasce para Senhora dos Remédios; perguntai aos desamparados, dirão que nasce para Senhora do Amparo; perguntai aos desconsolados, dirão que nasce para Senhora da Consolação; perguntai aos tristes, dirão que nasce para Senhora dos Prazeres; perguntai aos desesperados, dirão que nasce para Senhora da Esperança. Os cegos dirão que nasce para Senhora da Luz; os discordes, para Senhora da Paz; os desencaminhados, para Senhora da Guia; os cativos, para Senhora do Livramento; os cercados, para Senhora da Vitória. Dirão os pleiteantes que nasce para Senhora do Bom Despacho; os navegantes, para Senhora da Boa Viagem; os temerosos da sua fortuna, para Senhora do Bom Sucesso; os desconfiados da vida, para Senhora da Boa Morte; os pecadores todos, para Senhora da Graça; e todos os seus devotos, para Senhora da Glória. E se todas estas vozes se unirem em uma só voz, dirão que nasce para ser Maria e Mãe de Jesus" (Sermão do Nascimento da Mãe de Deus)." | ” |
Artes
[editar | editar código]A cena é frequentemente representada na arte, como parte dos ciclos da Vida da Virgem. Duas delas são muito conhecidas:
- O Nascimento da Virgem, de Giotto, na Capela dos Scrovegni (Capela Arena), Pádua
- O Nascimento da Virgem, de Ghirlandaio, na Igreja de Santa Maria Novella, Florença
Ligações externas
[editar | editar código]- «A Virgem Maria em Enciclopédia Católica» (em espanhol)
- A Virgem Maria na formação intelectual e espiritual - documento da Congregação para a Educação Católica.
- São João Damasceno - A Natividade de Maria
Referências
- ↑ «Natividade de Nossa Senhora, o nascimento da Mãe de Deus». Canção Nova. Consultado em 8 de setembro de 2025
- ↑ «Natividade de Nossa Senhora». Vatican News. Consultado em 8 de setembro de 2025
- ↑ «Natividade de Nossa Senhora». CNBB. 4 de setembro de 2023. Consultado em 8 de setembro de 2025
- ↑ «Natividade de Nossa Senhora». Minha Biblioteca Católica. 8 de setembro de 2025. Consultado em 8 de setembro de 2025