Usuária:Sarah Pereira Marcelino/Iluminismo Escocês

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Friso leste da Galeria Nacional de Retratos da Escócia, onde aparecem nomes importantes do Iluminismo escocês

O Iluminismo Escocês (em inglês: Scottish Enlightenment, em escocês: Scots Enlichtenment, em gaélico escocês: Soillseachadh na h-Alba) foi um fenômeno intelectual ocorrido na Escócia, durante o século XVII e o século XIX. Esse fenômeno se baseia, principalmente, numa virada cultural, intelectual e científica escocesa, isto é, nota-se que os intelectuais escoceses, em suas diversas reflexões, passaram a valorizar acentuadamente a razão humana e a autonomia da intelectualidade frente aos dogmas religiosos e às noções supersticiosas de mundo. Nesse contexto, criou-se uma rede intelectual repleta de especialistas de diversas áreas do saber, tais como da Filosofia, da História, da Engenharia, do Direito, da Matemática, da Economia Política, da Sociologia, da Geologia, da Arquitetura, da Arqueologia, da Agricultura, da Botânica etc., a fim de incentivar a produção intelectual e a erudição escocesa. O Iluminismo escocês se baseava numa perspectiva de pensamento empírico e materialista a partir do qual buscava-se o enaltecimento dos valores e da conduta do homem civilizado e moderno europeu.

Esse fenômeno decorrido na Escócia exerceu forte influências no pensamento filosófico do restante da Europa, para além da Grã-Bretanha, como, por exemplo, no pensamento de Immanuel Kant. É possível, ainda, perceber as contribuições do Iluminismo escocês no outro lado do Atlântico, isto é, na Nova Inglaterra (atual Estados Unidos) e também no Brasil. Várias foram as figuras centrais do Iluminismo escocês, entre elas, David Hume, Adam Smith, Francis Hutcheson, John Millar, Adam Ferguson, Lord Kames, Thomas Reid, Dugald Stewart, entre outros. É possível identificar, dentro do contexto do fenômeno, as fundações do pensamento político, econômico, antropológico, social, entre outros, que serão herdados posteriormente pelas sociedades europeias e não europeias, como as Américas do Norte e do Sul. Os intelectuais escoceses já se mostravam preocupados com questões que abarcavam a realidade social da população europeia, por exemplo. Questões como os da divisão do trabalho, as dinâmicas sociais e a sociabilidade das populações europeias, principalmente os habitantes da Escócia, estava entre aquelas preocupações. Soma-se a isso a atenção dos escoceses na compreenção da lógica das sociedades do Novo Mundo, isto é, das Américas. As ferramentas antropológicas utilizadas no contexto do século XIX também estavam sendo desenvolvidas em pleno século XVII e século XVIII, quando filósofos escoceses buscavam entender as peculiaridades dos povos ameríndios.

No campo científico e religioso, também é possível observar mudanças. De modo geral a razão e a empiria se tornam os principais recursos metodológicos de investigação científica, afastando o uso da metafísica e a da presunção na construção do conhecimento. Nesse sentido, o ceticismo desenvolvido por David Hume, auxilia no enfraquecimento da circulação do pensamento de tipo mágico e religioso vigente em seu tempo. Esse enfraquecimento, ocorre dentro da esfera acadêmica e científica, pois as populações como um todo permanecem praticando suas crenças. Na Ciência, os pensadores escoceses recebem influência de Isaac Newton, e acabam, por consequência disso, reformulando o tipo de investigação científica que aplicam, com o propósito de dar mais robustez aos resultados que procuravam obter acerca da natureza humana.

Definição[editar | editar código-fonte]

Apontar um único significado ao termo Iluminismo tem sido tarefa complexa para historiadores e filósofos, uma vez que diversas interpretações e sentidos lhe foram atribuídos.[1] De maneira geral, os diversos Iluminismos que existiram são apresentados como um sistema de valores que deu origem ao mundo contemporâneo, estando na base das grandes transformações políticas, econômicas e sociais ocorridas a partir do século XVIII.[2] Os objetivos comuns destes filósofos eram o combate à limitação do conhecimento humano, a busca pela felicidade terrena, assim como a valorização da razão e da natureza humana.[3] Entendido pelo caráter de tomada de consciência pessoal ou como uma corrente social, as luzes, metáfora para o conhecimento, receberam atribuição de contraponto ao período das trevas, como eram vistos os séculos anteriores.[4]

Há um consenso entre os estudiosos do tema de que o Iluminismo surge na Europa do século XVIII reunindo, contudo, pensadores e filósofos de diversos países.[5] O fenômeno ocorreu quase simultaneamente em países europeus variados, e seguindo diversas linhas de pensamento.[6] Até a década de 1970, o Iluminismo havia sido interpretado como movimento restrito à França e homogêneo em sua forma de pensar, tendo como grandes nomes Montesquieu, Voltaire e Denis Diderot. Os principais reprodutores destas ideias foram Peter Gay, Paul Hazard e Ernst Cassirer.[7] No entanto, novas interpretações começam a surgir no final do século XX, quando historiadores adotam uma nova maneira de interpretar a história desse fenômeno.[8] Desse modo, vem ganhando força a interpretação de que existia não apenas um Iluminismo, mas, sim, uma constelação de iluminismos, relacionados entre si, porém possuidores de características distintas e participantes de contextos nacionais diversos.[9]

Assim, o iluminismo escocês também vem sendo entendido a partir das delimitações de suas particularidades de origem, de significado e de desenvolvimento.[10] Para alguns pensadores, como Hugh Trevor-Hoper e John Robertson — este último mais recentemente —, as reflexões do esclarecimento escocês centradas em um grupo de intelectuais, estariam ligadas às temáticas pertinentes à filosofia moral, à história e à economia política, afastando-se das discussões sobre as ciências naturais, e direcionando o pensamento para a defesa do progresso social. Por outro lado, Nicholas Phillipson, Roger Emerson e Paul Wood argumentam que a física, a química e a medicina também teriam feito parte das discussões centrais de formação ilustrada da Escócia. Mais do que isso, alertam para a importância das características, do método e dos conceitos das ciências naturais para refletir sobre o comportamento social humano.[11]

Uma das peculiaridades do Iluminismo escocês está ligada ao seu surgimento em um país considerado pobre à época, de característica agrária e que exibia atraso de desenvolvimento se comparado ao restante do continente europeu.[12] Contudo, teria sido justamente a compreensão deste atraso, em meados do século XVII, que iniciara transformações em um processo de análise dos valores nacionais, o que resultaria em um programa de progressiva modernização, fundamentando o iluminismo escocês.[13]


Para os iluministas escoceses, a ordem social é fruto do diálogo, onde o indivíduo é o produto e o produtor deste diálogo e das tradições e costumes que este adquiriu previamente.[14] Assim, na concepção escocesa, as relações sociais são uma construção a partir da maneira como o indivíduo é concebido. Logo, compreende-se o indivíduo como um ser imbuído de interesses, sentimentos e ambições, e as instituições como consequência lógica deste indivíduo.[14]

[Encaixar isso em outro lugar - JOÃO].

Fases de desenvolvimento (escrever a partir da referência descrita)[editar | editar código-fonte]

[Enlightenment, Scottish - Routledge Encyclopedia of Philosophy v. 2 - JOÃO].

Início, c.1690 a c.1745[editar | editar código-fonte]

O fenômeno é impulsionado pela atuação de escoceses adeptos da ciência newtoniana, uma ala moderada de sacerdotes cristãos interessados em modernizar a educação e os virtuosi, grupo encabeçado pelo antiquário Sir Robert Sibbald [ROUTLEDGE ENCYCLOPEDIA OF PHILOSOPHY, 2023, n. p. - JOÃO]. Esta seria a fase de cristalização do iluminismo escocês, em que o pensamento filosófico de Francis Hutchenson contribui para avanços nos campos da moral e da estética [ROUTLEDGE ENCYCLOPEDIA OF PHILOSOPHY, 2023, n.p. - JOÃO].

Auge, c.1745 a c.1783[editar | editar código-fonte]

O ápice do fenômeno escocês foi instigado pelo trabalho de dois intelectuais. David Hume, filósofo e historiador que “[...] transformou o estudo das ciências humanas através de seus escritos em anatomia da mente, política, economia, história e religião [ROUTLEDGE ENCYCLOPEDIA OF PHILOSOPHY, 2023, n. p. - JOÃO]. E Thomas Reid, intelectual que fundou a escola filosófica do Senso Comum, estimulado pelo pensamento cético de Hume [ROUTLEDGE ENCYCLOPEDIA OF PHILOSOPHY, 2023, n. p. - JOÃO].

Crepúsculo, c.1783 a c.1828[editar | editar código-fonte]

De acordo com a Enciclopédia de Filosofia Routledge [2023, n. p. - JOÃO] a partir de 1783 o iluminismo escocês começa a registrar menor atividade. Um importante marco de sua perda de notoriedade é atribuído à morte do filósofo Dugald Stewart em 1828 [ROUTLEDGE ENCYCLOPEDIA OF PHILOSOPHY, 2023, n. p. - JOÃO].

Contexto histórico (pular, não alterar)[editar | editar código-fonte]

Crescimento econômico escocês[editar | editar código-fonte]

Até o século XVII, a Escócia empregava menos de 10% de suas terras produtivas na agricultura e uma parcela um pouco maior que essa era composta por pastagens.[15] No final do século XVII, a Escócia enfrentou sete anos de seca e de recessão econômica, período comumente conhecido como "anos ruins do rei Guilherme".[16] Esta crise provocou a morte por inanição de 10% dos habitantes da Escócia.[17] Somou-se a tal situação a forte queda do setor comercial, em função da Guerra dos trinta anos (1618-1648), da Batalha de Worcester (1651) e do fracasso de um ambicioso empreendimento conhecido como Projeto Darien, que tinha como objetivo a criação de uma colônia escocesa no Panamá.[15]

Mapa da Escócia em 1714, por Herman Moll

Todo este cenário de dificuldades poderia representar um obstáculo intransponível ao progresso social e ao florescimento cultural da Escócia, mas acabou servindo de estímulo para os escoceses. Nesse âmbito, homens como Sir Robert Sibbald (1641-1722) e Andrew Fletcher [TRADUZIR - JOÃO] (1653-1716) que participaram das discussões e debates em prol de encontrar soluções para o seu pais, são hoje vistos como pioneiros do movimento ilustrado escocês.[18]

Em 1603, acontece a União das Coroas em função da ascensão do então rei da Escócia, Jaime VI, ao trono inglês. Porém, o agravante maior da crise viria no ano de 1707 com a união dos parlamentos, que garantia uma pequena fração de cadeiras do novo parlamento britânico aos escoceses, o que deixava os seus representantes com pouco poder para influenciar de modo direto a condução do governo. A União dos Parlamentos inglês e escocês foi um forte agravante da crise econômica escocesa, pois colocava a Escócia em uma posição de dependência da capital inglesa, uma vez que o poder político e econômico representados nas classes da aristocracia e da nobreza agora estavam concentrados na Inglaterra.[18] Na data da união, a Inglaterra possuía uma população aproximadamente cinco vezes maior do que a da Escócia, e a riqueza inglesa avaliada como sendo 36 vezes maior do que a da Escócia.[19]

Essa crescente dos problemas econômicos levaram os escoceses a refletirem sobre seu futuro como território independente.[15] Para esse propósito foram fundamentais os Atos de União de 1707, promulgados em conjunto pelos parlamentos dos reinos inglês e escocês, pois apesar da perda do poder representativo da Escócia frente ao parlamento do recém formado Reino Unido, garantia-se aos escoceses acesso aos mercados da Inglaterra [20]

No início do século XVIII, a Escócia formulou um modelo de mercado privado periférico em resposta às práticas das companhias mercantilistas que centralizavam o poder e que eram associadas à corrupção metropolitana.[21] Para os escoceses, este modelo de comércio, considerado como provinciano, refletia em maior liberdade econômica.[22] Esse tipo de liberdade comercial foi defendida, em meados do século XVIII, por David Hume, principalmente em seu ensaio da Desconfiança do Comércio (1758), no qual advogava a liberdade comercial oposta tanto ao protecionismo mercantilista quanto à posição secundária das relações comercias para o desenvolvimento do Estado. No centro de sua teoria está a percepção da livre concorrência, benéfica, segundo ele, a todos e motor do desenvolvimento social.[23]

[Não ficou claro no texto qual a relação desse contexto todo com o Iluminismo Escocês, precisa amarrar melhor ao longo dos parágrafos a relação específica do crescimento econômico e da união dos parlamentos com o Iluminismo - PEDRO].

[Concordo com o Pedro - FLÁVIA].

Sistema educacional[editar | editar código-fonte]

Brasão da Universidade de St. Andrews, a mais antiga das quatro universidades escocesas da época do iluminismo daquele território.

Na visão de alguns autores, relegar a origem do iluminismo escocês ao ato de união de 1707, que formou a Grã-Bretanha e marcou a dissolução do parlamento na Escócia, é infundado e diminui a essência e as particularidades da presença ilustrada na região, em que se destacam a valorização da autonomia do sujeito, a preocupação com o desenvolvimento interno humano e as questões educacionais.[24][25] Essa vivacidade intelectual está diretamente ligada ao tripé do sistema educacional escocês do século XVIII baseado nas universidades, na igreja calvinista presbiteriana e nos clubes e sociedades fundados no intuito de discutir o progresso da sociedade escocesa.[25] Estas instituições, somadas à liberdade de imprensa e às trocas intelectuais decorrentes do efervescente comércio do inicio do século XVIII forneciam o meio ideal para a construção e desenvolvimento dos ideais iluministas.[26]

É neste cenário que David Hume escreverá o seu Tratado da natureza humana [TRADUZIR - JOÃO] (1739-1740), definindo a Escócia como terra de tolerância e liberdade, e, por isso mesmo, destinada a fazer aperfeiçoar a razão e a filosofia.[27] A Escócia contava com quatro universidades: Universidade de St Andrews, (1413), Universidade de Glasgow, (1451), Universidade de Aberdeen (1495) e Universidade de Edimburgo (1582). O sistema de ensino adotado por estas instituições foi inspirado no modelo parisiense e bolonhês. Já os professores, eram escoceses que atuavam previamente em outras universidades fora da Escócia, o que colaborou nos aspectos continentais da ilustração escocesa.[28] Desde o século XVII, as universidades escocesas atraíram a atenção de jovens presbiterianos ingleses, sobretudo os de proximidade geográfica, e, em alguns casos, esses estudantes eram financiados por fundos religiosos. Durante o século XVIII, a presença destes jovens aumenta em função do movimento ilustrado escocês.[29] Muitos dos ilustrados escoceses passaram por aquelas universidades. Entre eles estavam o engenheiro James Watt, o arquiteto Thomas Telford, John Loudon McAdam, também engenheiro e James Mill, filósofo.[30]

Após o Ato de união tenta-se criar em St. Andrews uma cadeira de eloquência, que seria a primeira dentro do sistema universitário no mundo anglófono a tratar deste tema. Essa cadeira foi inspirada no modelo francês do Collège Royal em parceria com a Académie Royale de Inscriptions et Belles-Lettres, em que era ministrada por [CRIAR - JOÃO] Charles Rollin.[31] O ensino da literatura inglesa nasce também na Escócia. As universidades escocesas são pioneiras na Grã-Bretanha ao iniciarem os estudos de uma literatura inglesa então moderna e contemporânea, em contrapartida às tradicionais universidades inglesas, que irão iniciar estes estudos posteriormente.[32] Com isso, os escoceses tornam-se responsáveis por difundir tais estudos para a América, para a Índia e para a própria Inglaterra, com a fundação da Universidade de Londres. St. Andrews foi ainda a primeira universidade britânica a ensinar literatura americana.[33]

Ciência (escrever a partir da referência descrita)[editar | editar código-fonte]

Ilustração feita por Jan van Riemsdyk para o livro The Anatomy of the Human Gravid Uterus de William Hunter.


[https://www.scielo.br/j/hcsm/a/PjvQgVhJY9xPzg4yTWRFfRB/?lang=pt - JOÃO].

[http://www.scielo.org.bo/pdf/chc/v63n1/v63n1_a13.pdf - JOÃO].

[https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/td/article/view/8650962/17544 - JOÃO].

[https://www.scielo.br/j/ee/a/7p5nVLL7jzGYQb9LmwyD9Zf/?lang=pt - JOÃO].

Teoria da Terra[editar | editar código-fonte]

Trabalhos iniciados pelo químico Joseph Black ao longo do século XVIII foram também utilizados pelo naturalista James Hutton em seus estudos acerca da origem e história do planeta terra.[34][35] Para Hutton, um dos principais ciclos da natureza seria o de origem e consolidação de rochas por meio de calor, o que viria a ficar conhecido como ciclo geológico. Para formular tal sistema de conhecimento, Hutton utilizou de maneira inovadora os saberes de classificação de rochas e os experimentos químicos feitos com calcário, álcalis e sais, contribuições de Joseph Black, compreendendo assim o ciclo de degeneração de rochas, formação de solos, e constituição de continentes. Em seus trabalhos, Hutton destinou grande atenção à gênese dos calcários, ponto determinante em suas formulações acerca do ciclo geológico, na teoria da terra e na teoria do calor. Esta representava a cosmologia da crença de Hutton que via a origem marinha dos calcários como central para o ciclo geológico.[36]

Vegetal[editar | editar código-fonte]

Ciência newtoniana[editar | editar código-fonte]

Os iluministas escoceses fizeram uma particular aplicação das elaborações de Isaac Newton sobre a filosofia da natureza, tentando utilizar seu método na criação de uma teoria sobre a sociedade [CERQUEIRA, 2006, p. 668 - JOÃO].

Animal[editar | editar código-fonte]

O ilustrado escocês William Hunter é conhecido como pai da obstetrícia. Em seu Anatomia Obstétrica (1774) se vê com muito realismo e detalhes o interior do corpo de uma mulher grávida. Ele e outros, como seu mestre William Smelle, desenvolveram práticas intervencionistas, novos instrumentos obstétricos e novos meios de diagnósticos.[37] Os trabalhos obstétricos de Hunter e Smelle foram fundamentais para a reformulação das grades dos cursos de medicina na Escócia.[38]

Outro autor do iluminismo escocês que contribuiu para o conhecimento médico foi Willian Buchan, médico escocês formado na universidade de Edimburgo. Sua obra mais conhecida é Medicina Doméstica, que versava sobre a matéria médica em formato de manual para expor fórmulas de sanar os males do corpo na ausência de especialistas.[39]

Mineral[editar | editar código-fonte]

A replica of a watercolor done by geologist James Hutton. This work is entitled, Map, Glen Tilt, Tayside.

Para o desenvolvimento da moderna química, foi fundamental o papel do iluminista escocês Joseph Black e seu estudo dos álcalis. Black observou o processo de dissolução com efervescência da magnésia alba quando ela entrava em contato com vitríolo, nitro, espírito de sal e vinagre destilado. Os sais obtidos no processo apresentavam uma alteração em sua coloração, tipos de cristais e propriedades. Ao analisar os dados, Black chegou a conclusão de que a magnésia alba diferia das terras alcalinas comuns. Black também procurou identificar o grau de atração da magnésia alba a ácidos e observou que ela perdia peso quando calcinada em uma retorta de vidro. Ao realizar esse experimento, Black obteve um resíduo branco e mais alcalino, ao qual chamou de magnésia calcinada.[40]

Economia[editar | editar código-fonte]

Comércio[editar | editar código-fonte]

Divisão do trabalho[editar | editar código-fonte]

Vista do A divisão do trabalho: do Iluminismo Escocês a Hegel (hegelbrasil.org)

Em se tratando dos escoceses, esses desenvolveram métodos inovadores de investigação com a finalidade de se obter uma compreensão mais certeira da realidade. A ferramenta empírica foi uma das mais importantes ferramentas utilizada pelos escoceses para a investigação.[41] Tal ferramenta se expressa com o empirismo, onde os escoceses irão analisar as relações sociais, as relações das instituições e dos costumes relacionados à natureza humana.[42] É possível, portanto, observar significativas alterações na cultura de pesquisa: o espaço antes ocupado somente pela razão agora se vê ocupado pela empiria.[42] Nesse sentido, percebemos que os filósofos escoceses protagonizaram um respeitável contrapeso ao racionalismo.[42]

As preocupações de natureza sociológica se fazem presentes nas diversas obras de Adam Ferguson e John Millar[41], e dizem respeito ao interesse dos intelectuais em compreender a sociedade através da observação.[43] Esses pensadores, juntamente com o escocês Lord Kames, são as principais referências intelectuais que foram precursoras daquilo que viria a ser a sociologia moderna.[44] Vários foram os campos contemplados pela investigação pré-sociológica do Iluminismo escocês, como, por exemplo, as divisões sociais, o papel social da propriedade, as formas de governo e as consequências da divisão do trabalho[41].

Adam Ferguson trouxe uma série de contribuições à sociologia, tornando-se um dos principais filósofos morais escoceses de seu tempo. Suas análises voltaram-se sobretudo aos efeitos sociais da divisão do trabalho, às análises acerca das formas de governo e da comunidade política, tendo notoriedade sua obra "Ensaio sobre a História da Sociedade Civil" (An Essay on the history of civil society), de 1767.[45][46] Além disso, é possível associá-lo às fundações do pensamento sociológico devido ao estudo efetuado por ele das sociedades com base na observação, na indução e na defesa da sociabilidade natural – o que o fez ser o representante mais distinto do desenvolvimento da sociologia escocesa e do método naturalista.[47] O seu Ensaio é uma investigação sobre o progresso moral e material das sociedades, tendo como foco o lugar da virtude cívica no Estado moderno.[48] A grande importância de Ferguson para o que viria a ser Sociologia centrou-se na linguagem do humanismo cívico, focado na virtude e na cidadania. Além disso, ele contribuiu de forma significativa em temas relacionados à propriedade privada, à estratificação social, ao poder, à exploração industrial e à alienação advinda da divisão do trabalho. Por isso mesmo, tomou rumo diferente de seus compatriotas e intelectuais, galgando para a direção da sociologia, enquanto outros se aproximaram da economia política.[47]

Por outro lado, John Millar, por sua vez, trouxe valiosas contribuições à sociologia por meio de análises da estratificação social com base na divisão social. Millar mostra as causas das condições do prestígio, do poder e o caráter em cada tipo de comunidade socioeconômica.[49] Além disso, é possível, verificarmos uma clara e consistente busca da origem e do desenvolvimento da estrutura de classes.[49] Inequivocamente, pode-se dizer que Millar se preocupou com os usos, os costumes e as instituições que determinam as relações sociais dos homens.[49] Assim como Ferguson, Millar se preocupou também com as consequências nocivas da divisão do trabalho, além de ter fixado-se na investigação acerca da desigualdade dos homens.[49] As contribuições de Lord Kames, derivadas principalmente de seu "Esboços para a História do Homem" (Sketches of the history of man), de 1774, dizem respeito ao campo da história do homem e seu avanço desde a sua natureza primitiva – selvageria – até o estado de homem civilizado. Seguindo essa lógica investigativa, Kames compreendeu que a medida que a sociedade evolui, originam-se diversas consequências sociais.[49]

Economia política[editar | editar código-fonte]


Estética[editar | editar código-fonte]

Senso comum[editar | editar código-fonte]

Gosto e as artes[editar | editar código-fonte]

Com a partida da corte e posteriormente do parlamento para Londres foram-se também as principais fontes de patrocínio para os artistas e intelectuais escoceses, com isso muitos pintores, escritores, e outros artistas tiveram que mudar-se para Londres ou para outros lugares em busca de clientela e patrocínio para que pudessem realizar seus trabalhos.


Ética[editar | editar código-fonte]

Sentido moral[editar | editar código-fonte]

Simpatia[editar | editar código-fonte]

Vida humana[editar | editar código-fonte]

Lei[editar | editar código-fonte]

Justiça[editar | editar código-fonte]

Historiografia (revisar estilo e inserir hiperligações)[editar | editar código-fonte]

História comparada[editar | editar código-fonte]

A história comparada é uma modalidade historiográfica intradisciplinar, consolidada após a Segunda Guerra Mundial, que possui como base as possibilidades de comparação entre as diferentes sociedades e historicidades. A origem da história comparada remonta a uma série de experiências historiográficas observadas entre o século XVIII e a primeira metade do século XX. O historiador brasileiro José d’Assunção Barros destaca as Cartas Persas (1722), de Montesquieu, e os ensaios coletados em Cartas Filosóficas (1733), de Voltaire, como alguns dos primeiros exercícios comparativos da modernidade, em um contexto de crítica ao absolutismo francês e tendência iluminista. Em Cartas Filosóficas, por exemplo, Voltaire afirma que a sociedade inglesa admite tolerância religiosa e pragmatismo político, enquanto a sociedade francesa insiste em superstições, preconceitos e dogmatismo.[50]

Segundo Barros, o Iluminismo previa uma única natureza humana, sobre a qual regiam leis gerais, e o exercício da comparação permitia averiguar a universalidade dessas leis ao estudar a regularidade das ações e motivações humanas.[51] A partir da concepção de uma única natureza humana, os iluministas propuseram um modelo de sociedade ideal que, independente de tempo ou espaço, buscava qualificar diferentes sociedades. Conforme uma perspectiva determinista, se uma sociedade se afastasse do modelo proposto pelos iluministas, seria caracterizada como atrasada ou retrógrada, sob a justificativa de variáveis externas à sociedade em si, como condições climáticas, especificidades naturais ou a relação do espaço com sua organização política.[52]

Assim, o comparativismo foi largamente utilizado pelos iluministas, de maneira profundamente eurocentrada, para determinar e hierarquizar o nível de civilização, racionalidade e evolução de outros povos. O filósofo Johann Gottfried von Herder, contemporâneo aos iluministas, declarava em contrapartida que tais comparações geravam anacronismos e distorciam os resultados historiográficos, visto que cada sociedade possuía peculiaridades que as tornavam singulares do ponto de vista empático dos historiadores românticos.[53]

Durante o século XIX, o comparativismo iluminista preponderava sobre as áreas da economia, antropologia e sociologia, cuja influência positivista reivindicava os pressupostos de que a sociedades seriam regidas pela observação empírica de leis gerais. Nesse período, no entanto, identificam-se poucos historiadores alinhados à corrente comparativista, como Charles Langlois e Otto Hintze. Segundo Barros, isso se deve ao fato de que até início do século XX o Historicismo se manifestaria com maior predileção entre os historiadores, cujas preocupações enfatizavam fenômenos “únicos” e “irrepetíveis”.[54]

História conjectural[editar | editar código-fonte]

A história conjectural delineia o desenvolvimento das sociedades conforme a ideia de progresso no que diz respeito às formas de governo e de propriedade. Nesse sentido, o surgimento e a subsequente evolução de um governo funcionaria como um aparato de defesa e de garantia dos direitos civis em uma nação. Dentre esses direitos, é prevista a garantia da propriedade.[55] O progresso de uma sociedade, por sua vez, pode ser interpretado através da teoria dos quatro estágios, segundo o qual cada sociedade passa pelos estágios caçador-coletor, pastoril, agricultor e comercial. A aplicação desta teoria subentende que, na ausência dos dados necessários à análise, os princípios derivados de outros fatos conhecidos devem ser aplicados para suprir as lacunas.[56] Enquanto os estágios de caça-coleta, pastoreio, agricultura e comércio serviam como base para medir o desenvolvimento econômico de uma sociedade, o progresso moral se explicava a partir da classificação de um povo como selvagem, bárbaro ou polido.[57]

Tal forma de identificação social propunha delimitar o estágio em que uma sociedade se encontra ao reconhecer seu modo de subsistência, que poderia mudar de acordo com o crescimento populacional ou o esgotamento de recursos naturais da região.[57] Ao invés de ignorar os fatos, o método consistiria em raciocinar e formular uma conjectura quando os fatos não são efetivamente conhecidos. São justamente as brechas na documentação que conferem legitimidade à reconstrução das origens conforme proposto,[58] de modo a permitir que certas inferências conjecturais preenchem as lacunas deixadas pelo registro histórico, especialmente no que diz respeito aos períodos mais remotos do passado.[59]

Douglas Stewart chamou este método de história teórica ou conjectural, expressão que correspondia à história natural empregada por David Hume.[58] Na Universidade de Glasgow, as aulas de retórica de Stewart tomavam a forma de histórias naturais, delineando desdobramentos históricos como, por exemplo, a linguagem e a justiça através dos tempos.[60]

Natureza Humana[editar | editar código-fonte]

Ciência do homem[editar | editar código-fonte]

Mente[editar | editar código-fonte]

Unidade das ciências[editar | editar código-fonte]

Um dos temas e objetivos principais de investigação dos ilustrados escoceses é a vida humana em sua vasta totalidade. Investigado no âmbito do meio social, da sociabilidade, o foco dos ilustrados seria o de poder compreender como se davam as manifestações da natureza humana e suas possíveis evoluções. Tal empreitada seria feita através da investigação da história, da sociedade e da cultura, três elementos considerados característicos do ser humano.[61] Os escoceses, com o intuito de otimizar as suas explicações acerca da natureza humana em perspectiva histórica e social, aderiram aos mecanismos metodológicos desenvolvidos e aplicados por Isaac Newton no campo das ciências naturais – observação e experiência. O objetivo disso estava no fato de que os ilustrados queriam que suas investigações tivessem resultados pautados num embasamento científico[61] e pelo desejo de compreender o homem através da observação metódica de suas manifestações sociais e culturais.[61]

Para possibilitar essas investigações, os ilustrados recorreram ao mundo contemporâneo civilizado da Escócia e da Europa – mundo sob o qual eles podiam observar e abstrair suas qualidades; o mundo contemporâneo selvagem da América, Ásia e Polinésia – através das narrações e relatórios de viajantes, cronistas, entre outros; e o mundo descrito pelos pensadores antigos.[62] O primeiro tipo de fonte baseava-se no contato direto com os lugares de investigação, isto é, na experiência pessoal, enquanto que as outras fontes eram produtos de observações indiretas/secundárias.[62]

Adam Ferguson em Ensaio sobre a história da sociedade civil (An essay on the history of civil society),1767, trata da natureza humana por meio da dicotomia homem de ação e homem acomodado, apático.[48] O termo homem de ação diz respeito ao ser humano enquanto ser político e dotado de virtudes políticas, que jamais deixa de participar das coisas públicas; que luta pelo que é seu e não relega seus direitos a ninguém e a nada. Ferguson, ao falar em participação cívica ativa, muito inspirado em Catão e em Cícero, refere-se às qualidades essencialmente masculinas: o jogo, a perseguição, o conflito, a caça, etc.[63] Ferguson acreditava que a liberdade política e integridade individual são alcançadas pelo constante conflito de ideias, pela participação ativa dos cidadãos.[64] O oposto disso são o ócio e a apatia. O afastamento da vida política, portanto, degrada o caráter do homem e deixa a sociedade enfraquecida, o que pode levar à corrupção.[64]

Adam Ferguson busca, ao mesmo tempo, refutar as ideias de Jean-Jacques Rousseau e Thomas Hobbes ao defender que o estudo da natureza humana deve levar em consideração a investigação da sociedade em que o ser humano em questão está inserido.[65] Hobbes e Rousseau acreditavam que era possível conhecer a natureza de todos os seres humanos a partir do estudo de qualquer um. Por outro lado, Ferguson se opunha a esse entendimento argumentando que o estado de natureza do homem só existe a partir da sociedade que vive.[65] Nesse sentido, o estado natural do homem é a sociedade, pois fora dela estaria fadado à estagnação de suas artes e ao isolamento.[66] De qualquer forma, os elementos passivo e ativo deveriam estar em harmonia para uma melhor existência do indivíduo na sociedade. Um se relaciona com as responsabilidades e o outro com o comprometimento social.[66] Outrossim, Ferguson entende que a virtude é um sentido positivo das disposições humanas, ou seja, de que ela é capaz de restaurar as honras de nossa natureza.[67] Mesmo que a sociedade se modifique com o avanço da ciência e da técnica, e apesar da ampliação de sua complexidade, a vida social é importante para permitir aos indivíduos o desenvolvimento de um caráter virtuoso que mantenha o equilíbrio da vida comum.[67]

O ato investigativo da natureza humana para David Hume deveria abandonar o uso da metafísica, pois ela baseava-se em extrapolações da imaginação humana que não tinham validade no mundo real.[68] A investigação da natureza está presente, fundamentalmente, no Tratado da natureza humana (A treatise on human nature), lançado em três volumes entre os anos de 1738 e 1740, e Investigação acerca do entendimento humano (An enquiry concerning human understanding), de 1748. A investigação da natureza humana passa pela investigação dos sentidos e das percepções dos homens. Por exemplo, quando Hume investiga a dor humana, alega que há uma divisão dos sentimentos humanos, onde as impressões dizem respeito aos fenômenos que afetam o ser humano, enquanto que as ideias são as rememorações do sentimento, e não o sentimento em si. Hume também investigou a origem das crenças dos seres humanos[69] para entender a relação de causa e efeito entre os sentidos humanos e um objeto apresentado a ele.[70]

Língua[editar | editar código-fonte]

Linguagem[editar | editar código-fonte]

Entre os ilustrados escoceses, James Burnett, ou como é mais conhecido, Lorde Monboddo, debruçou-se com grande propriedade sobre os princípios da linguagem. As suas preocupações resultaram no livro The Origin and Progress of Man and Language (6 volumes, 1773-1792) no qual trata exclusivamente sobre o tema da origem e do progresso da linguagem. James Burnett definia o ser humano como uma criatura que utiliza a linguagem.[71] Além disso, para ele, a linguagem é a expressão de concepções da mente por meio de sons articulados. Tais concepções podem ser de coisas particulares, individuais ou de coisas gerais, e sua essência está na expressão de coisas gerais ou ideias, e essa denominação de ideias gerais inclui concepções individuais ou percepções de sentido, como se também fossem ideias.[72]

Para Lorde Monboddo, a linguagem não é um presente da natureza para o homem, mas uma capacidade adquirida e para que o desenvolvimento social aconteça, é preciso existir convívio em sociedade, e ainda que esta sociedade subsista ainda por algum tempo antes da existência da linguagem.[72] As crenças de James Burnett quanto à necessidade de existência de um convívio social para o desenvolvimento da capacidade de uso da linguagem ficam evidentes no relato de seu contato com a jovem francesa Memmie Le Blanc, que perdeu contato com a sociedade e acabou adquirindo traços de selvageria, tal como a incapacidade de comunicação oral com outros seres humanos.[73]. Burnett também trata em seu livro da linguagem de gestos e de sons inarticulados. [falta referência [Flávia]

Retórica[editar | editar código-fonte]

[Ler "A mão invisível de Júpiter e o método Newtoniano de Smith" a partir da p. 674 - JOÃO].

Entre 1748 e 1751 a Philosophical Society (Sociedade Filosófica) de Edimburgo (atual capital da Escócia), agremiação escocesa que seguia o modelo de entidade estabelecida em Londres, promoveu um curso sobre retórica [continuar]. Adam Smith, filósofo e economista escocês foi o escolhido para [continuar].

Literatura[editar | editar código-fonte]

Gravura feita por Allan Ramsay para a publicação do livro "The Gentle Shepherd", do escocês David Allan, em 1725


Outro importante autor escocês foi Walter Scott, que preocupava-se com o resgate e preservação das questões nacionais. Em um de seus romances, The Antiquary, Scott apresenta a personagem Jonathan Oldbuck, colecionador de relíquias do passado escocês que dá titulo à obra. Segundo o próprio Scott, a personagem é baseada em George Constable, antiquário amigo da família e também editor de diversos de seus livros, mas também incorpora muitos dos interesses do próprio Scott.[74] The Antiquary compõe uma trilogia que representa a história da Escócia em fases distintas: Waverly, narra os tempos dos pais de Scott, Guy Mannering, o período da juventude do autor, e, por último, The Antiquary, a última década do século XVIII.[75]

Nem só de resgate histórico viveu a literatura escocesa, a poesia escrita em vernáculo também foi bastante representativa. Entre esses poetas, encontra-se Allan Ramsay, o qual seria um dos membros fundadores da Select Society junto de David Hume e Adam Smith. Ramsay.[75]

Robert Burns tornou-se popular ao traduzir os sentimentos da vida camponesa para seus poemas.[76] [Incorporar: http://livros01.livrosgratis.com.br/cp060286.pdf - Flávia]

[Falar sobre Ossian: http://www.revistas.usp.br/magma/article/view/48473 - Flávia]

Religião[editar | editar código-fonte]

Moralidade e leis divinas[editar | editar código-fonte]

Milagres[editar | editar código-fonte]

O debate acerca da fenomenologia religiosa está presente em uma das dissertações de David Hume, intitulada História natural da religião (The natural history of religion), publicada em janeiro de 1757.[77] Esse livro é uma obra central nas discussões sobre a religião dentro do âmbito do iluminismo escocês. Nesse livro, Hume se preocupa com as origens e as causas que produzem o fenômeno da religião, dos seus efeitos sobre a vida e a conduta humana. É desenvolvido pelo filósofo um estudo de tipo sociológico, antropológico e histórico relativo aos efeitos sociais da religião.[77] Como o próprio nome sugere, Hume desenvolve uma investigação sobre os princípios naturais que originam a crença religiosa.[77] Isso o torna um dos primeiros pensadores ocidentais a examinar a crença religiosa puramente como uma manifestação da natureza humana, sem pressupor a crença na existência de Deus.[78] Na verdade, todas as crenças religiosas são tratadas por Hume como uma manifestação da natureza humana.[79] Em História natural da religião, o filósofo aborda a religião como sendo um fenômeno orgânico, isto é, que todas as religiões se iniciam não de uma tentativa de entendimento racional do universo, mas de paixões humanas primitivas e básicas.[79] Para ele, a religião se origina do medo de influências desconhecidas sobre a sociedade humana e prospera em situações terríveis de medo e ignorância do futuro.[79] Não são os fenômenos orgânicos relacionados à tentativa de compreensão da natureza, em sua complexidade, que levam o ser humano a instituir a experiência religiosa, mas as paixões, na concepção de Hume.[79] A paixão constitui um dos elementos de origem da religião, pois ela está compreendida na tese de que a religião tem por base fatores psicológicos completamente independentes de um fundamento racional.[79]

[E os demais autores escoceses? Não falaram nada sobre religião? - Flávia]

"The Cromatrie Fool", de Richard Waitt, 1731

Religião natural[editar | editar código-fonte]

[Criar verbete sobre história natural da religião? Hume distingue os fundamentos da religião de duas maneiras: ao que se refere ao fundamento racional da religião, e ao que se refere à origem da religião na natureza humana.[80] Notadamente, o primeiro diz respeito ao monoteísmo, enquanto que o segundo, ao politeísmo. Tanto o monoteísmo quanto o politeísmo dão um significado relevante quanto às classificações das sociedades globais que Hume faz. Para ele, as sociedades vão se desenvolvendo de maneira teleológica, isto é, linearmente, partindo de um estado de barbárie, primitivo, inculto, até atingir um estado perfeito, de alto grau intelectual, civilizado. Assim, o filósofo associa o estado primitivo das civilizações humanas com o politeísmo, afirmando que ele foi necessariamente a primeira e a mais antiga religião da humanidade.[80] Outrossim, Hume reconhece que quanto mais remontamos à Antiguidade, mais encontramos a humanidade imersa no politeísmo.[80] Porém, o politeísmo não remete apenas às sociedades longínquas, isto é, afastadas pelo tempo da sociedade europeia em que se encontrava Hume; diz respeito também às sociedades coexistentes com a sociedade em que Hume estava contido, mas afastadas espacialmente da Escócia: as Américas, a Ásia e a África também eram continentes cujas sociedades eram consideradas pelo filósofo como tribos bárbaras, logo, idólatras[nota 1]

As sociedades bárbaras, pois, politeístas – ou, os animais selvagens, como quer Hume, pelo fato de estarem na origem da sociedade[82] – eram tais porque não possuíam tempo para admirar o aspecto regular da natureza, ou de se perguntar a respeito da causa desses objetos, com os quais se familiarizou pouco a pouco desde sua infância.[82] Na concepção do filósofo, ser politeísta era o mesmo que estar carente de conhecimento; a falta de tempo – alienação – para contemplar a totalidade da natureza e questionar o funcionamento dos seus mecanismos somava-se a isso.[82] Além disso, há também a despreocupação do ser primitivo com assuntos tão complexos e que ultrapassam em muito os limites de sua capacidade.[82] Pois, se o ser humano pensasse no plano da natureza, não seria induzido ao politeísmo, mas ao monoteísmo, passando a acreditar num ser supremo.[82] Portanto, o politeísmo está para a ignorância, desordem, caos, é a religião primitiva dos homens incultos[83], assim como o monoteísmo está para a lucidez promovida pelo conhecimento, iluminada pela razão e pela ordem. Não apenas o ser humano politeísta é tido como inculto, como também as divindades cultuadas dentro dos sistemas politeístas são tidas como divindades imperfeitas e limitadas.[84]

As primeiras ideias da religião não nasceram de uma contemplação das obras da natureza, mas de uma preocupação em relação aos acontecimentos da vida, e da incessante esperança e medo que influenciam o espírito humano.[85] Foram as questões subjetivas que ditaram as instituições das religiões politeístas: o medo do hoje e do amanhã relacionados às questões peculiares presentes na vida de cada um. Enquanto os homens mantiverem-se imersos em suas preocupações, permanecerão no politeísmo. Para que saiam de tal estado, é necessário que sejam guiados nas paixões originadas pelo interesse relativo à compreensão da natureza. Os homens devem ser afetados pelo puro amor à verdade e pela curiosidade especulativa para que possam acessar os saberes presentes no monoteísmo e, consequentemente, para que possam compreender o ser supremo. Porém, esse amor pela verdade e a curiosidade especulativa estão para além da capacidade de compreensão dos homens primitivos, pois são amplos e abrangentes demais para que eles possam compreender.[86] Essas paixões não são capazes de atingir a mente dos homens primitivos. Outras paixões são possíveis de serem acessadas pelos idólatras: as paixões ordinárias da vida humana, a ansiosa busca pela felicidade, o temor de calamidades futuras, o medo da morte, a sede de vingança, a fome e outras necessidades.[86] É a partir do interesse nessas paixões, e com base nas experiências mundanas que os idólatras verão os primeiros sinais obscuros da divindade.[87]

Teoria social e política (escrever a partir das referências descritas)[editar | editar código-fonte]

Teoria dos quatro estágios[editar | editar código-fonte]

Um homem e uma mulher dos Ottigaumies, ilustrados por Jonatham Carvier em 1781.

Através da teoria de Dugald Stewart, filósofo autor da História conjectural, também se faz possível identificar as noções de progresso das civilizações. Em diálogo com a História conjectural, à semelhança de intelectuais contemporâneos a si, John Millar classificou as sociedades em quatro tipos com base em seus respectivos modelos econômicos: em um estágio inicial, aquelas formadas por caçadores e pescadores, seguidas pelas sociedades pastorais, agrícolas e, por fim, comerciais. Segundo Millar, as sociedades humanas passam por um progresso natural da ignorância ao conhecimento e dos costumes primitivos aos costumes civilizados.[88] No entanto, foi Adam Smith, em sua obra “Lectures on Jurisprudence” (1763), quem conferiu notoriedade à teoria dos quatro estágios, por tê-la desenvolvido além das proposições de seus antecessores.[89]

Segundo Adam Smith, a sociedade evolui de forma progressiva através dos quatro estágios. Durante o primeiro estágio, pequenos grupos nômades sobrevivem exclusivamente em torno da caça, pesca e coleta. Na medida em que o número de pessoas de cada grupo aumenta, também cresce a demanda por alimentos e a necessidade de inovações técnicas para garantir provisões. Durante o segundo estágio, denominado Era dos pastores, a solução encontrada por esses grupos nômades é a domesticação de animais para consumo. Na Era da agricultura, em sequência, há a domesticação de gêneros agrícolas, o refinamento do cultivo e a sedentarização da sociedade. Por fim, a Era do comércio assiste ao último estágio do desenvolvimento, quando a quantidade de alimentos cultivados ultrapassa o necessário para consumo da sociedade, de modo que o excedente gerado agora é trocado por artigos produzidos por outras sociedades.[90] Smith afirma também que há três condições geográficas indispensáveis para que as sociedades cresçam até o quarto estágio: ocorrência de terras férteis, acesso a transporte aquático e facilidade de defesa do território.[91]

O economista Ronald L. Meek chama atenção para três fatores que teriam influenciado a teoria dos quatro estágios para Adam Smith. O primeiro fator é a linha de pensamento de John Locke e Samuel Pufendorf acerca das relações de propriedade, que apareceriam de maneira sucessiva ao longo da história conforme a perspectiva destes autores. O segundo fator, a quantidade crescente de estudos sobre os povos indígenas da América do Norte. Estes estudos evidenciavam o contraste social entre os povos indígenas e a sociedade europeia, caracterizada como dinâmica e avançada. O terceiro fator, em menor escala, é a intenção de romper com a visão de história providencial vigente na época.[92]

Origem e princípios do governo[editar | editar código-fonte]

O problema da coesão na sociedade comercial | Discurso (usp.br)

SciELO - Brasil - Hume: a teoria social como sistema Hume: a teoria social como sistema

Liberdade[editar | editar código-fonte]

John Stuart Mill e o princípio da liberdade : entre o bem-estar e o aperfeiçoamento (ufrgs.br)

Microsoft Word - Hume e a origem da liberdade na Inglaterra ANPEC SUL

História natural da humanidade[editar | editar código-fonte]

Na Escócia, a discussão filosófica e historiográfica a respeito da trajetória das sociedades humanas até o estágio de civilização consolidou-se em um gênero histórico à parte. A primeira obra que integra a literatura de História natural da humanidade é “An Enquiry into the Life and Writings of Homer” (1735), de Thomas Blackwell, na qual se apresenta o conceito de progressão dos costumes e o aperfeiçoamento gradual segmentado em conjecturas.[93] A principal preocupação da História natural é traçar um caminho teórico pelo qual a humanidade poderia ter se desenvolvido, ainda que o curso histórico abstraído não tenha seguido necessariamente por tal caminho. Assim, os filósofos poderiam deduzir os princípios e o sentido geral do desenvolvimento humano.[94]

Adam Ferguson, em “An Essay on the History of Civil Society” (1767), propõe que a trajetória tomada pela civilização humana é análoga a processos da natureza, como o crescimento de uma raiz ou embrião. O homem, segundo Ferguson, avança da infância para a maturidade, enquanto a própria espécie humana avança da barbárie e da rudeza para o estágio civilizado.[95] Ferguson defende ainda que os homens devem sempre ser considerados em seu coletivo, pois reiterava que a humanidade esteve organizada historicamente em grupos de pessoas. Portanto, a história dos indivíduos seria insignificante em contraste à gama de sentimentos e pensamentos que cada indivíduo nutre pela espécie. Ademais, em sua visão, a história não deve se ater a situações extraordinárias ou incomuns. Ferguson afirma que um homem selvagem que habita as florestas, isolado de seus semelhantes, é um caso singular e não representa o caráter geral da espécie.[96]

Além de “An Essay on the History of Civil Society” (1767), de Adam Ferguson, também são obras que se destacam no gênero da História natural da humanidade: “Origin of the Distinction of Ranks” (1771), de John Millar, e “Sketches of the History of Man” (1774), de Lord Kames.[60]

John Le Conte, "The Parliament Close and Public Characters Fifty Years Since". Óleo sobre tela do Parlamento em Edimburgo no período da ilustração escocesa.

Sociedade civil[editar | editar código-fonte]

Segundo o Iluminismo escocês, sociedade civil é uma ordem dialógica, na qual o indivíduo é protagonista e produto do diálogo com as tradições e costumes que adquire previamente. Assim, compreende-se o ser humano como um indivíduo imbuído de interesses, sentimentos morais e ambições pessoais. As instituições sociais são, por sua vez, consequência de seu comportamento.[97]

Enquanto os pensamentos de Thomas Hobbes sobre Estado e sociedade dominavam o cenário teórico, os literatos escoceses procuravam, em contrapartida, mover o foco do conceito de Estado e transferi-lo para o homem.[98] O adjetivo “civil”, utilizado pelos escoceses para qualificar a sociedade, não deriva de civitas (cidade), e sim de civilitas (civilização), de modo que a sociedade civil (civilizada) era diametralmente oposta às sociedades primitivas (não civilizadas).[99]

O indivíduo da sociedade civil é entendido pelos iluministas escoceses como um homem livre, enquanto a propriedade privada significava uma conquista através da qual o homem se distanciava da vassalagem.[100] A sociedade civil escocesa afastava-se da influência do complexo sistema de regras que governavam o mundo, optando por um regime liberal, pautado em ações individuais de objetivo imediato.[101]

A análise política da sociedade possui contribuições significativas de Adam Ferguson, segundo o qual houveram avanços e retrocessos nas condições de vida da sociedade civil, que possuía características essencialmente comerciais. Os retrocessos, por exemplo, se evidenciam pela ideia de que as ações econômicas em uma sociedade civil e comercial poderão conservar os vínculos sociais.[102]

A ética e política recebem papéis secundários como mantenedoras da unidade social. Tal posição revela descrença em relação ao liberalismo por parte de Ferguson, o qual rejeita a supremacia do econômico e do comércio como elementos-chave para trazer as soluções necessárias às sociedades civis. Ferguson acreditava, afinal, que as tentativas de subordinar a vida social ao sistema econômico levariam as sociedades a graves adversidades políticas, como a corrupção e o cerceamento de liberdades.[102]

Projetos (revisar estilo e inserir hiperligações)[editar | editar código-fonte]

Sociedades literárias[editar | editar código-fonte]

Desenvolvem-se na Escócia sociedades literárias, voltadas ao debate, à crítica e à confluência de pensamentos, de modo muito semelhante ao que vinha acontecendo nos demais países europeus, como a Alemanha, a França e a Inglaterra.[103] Segundo Chauncey Brewster Tinker, essas associações constituem-se como “Academias informais”, ou seja, espaços de discussão e produção intelectual interessados na construção da literatura até seu produto final. Os principais objetivos das sociedades literárias consistiam em estimular a progressão de cada autor, individualmente, e ampliar a opinião pública a respeito de suas produções.[104] Em síntese, as sociedades literárias atuariam tanto como financiadoras e promotoras, similar a um sistema de patronato artístico.[105]

Os clubes de pôquer[editar | editar código-fonte]

Os clubes de pôquer escoceses têm origem no embate entre moderados e ortodoxos dentro da Igreja da Escócia em 1756. Na ocasião, os ortodoxos expressavam descontentamento com os escritos de David Hume e Henry Home. Entre os moderados também verificam-se John Home, Alexander Carlyle, Hugh Blair e Adam Smith. Em 1762, os moderados começam a reunir-se quinzenalmente em sessões de pôquer na Taverna Carrie, um ambiente com poucos quartos e estábulo reduzido.[106] Até 1784, as reuniões na Taverna Carrie articulariam uma campanha em prol de uma milícia escocesa, proibida anteriormente em 1757.[107] A palavra “pôquer” haveria sido escolhida por Adam Ferguson em referência a seu significado em inglês, aludindo ao movimento de mover as chamas a fim de que se acendam. Com uma nomenclatura inocente, Ferguson prevenia-se contra a atenção desnecessária aos debates e campanhas estimuladas no clube.[108] Segundo escritos de Hume e Carlyle, o clube de pôquer manifestava uma natureza rude e atendia à necessidade masculina viril, voltada para a competitividade, o caráter caçador e ativo da palavra. Tratava-se de um ambiente fraternal, público, abastecido por comida, álcool e jocosidades, mas considerado, ainda assim, sóbrio e discreto.[109] A cultura de clubes amplia-se, movida pela iniciativa dos moderados. Frequentados por assinantes mediante pagamento de uma taxa de exclusividade, os clubes trariam uma proposta similar aos cafés. Os encontros continuariam a prever momentos de entretenimento, lazer e discussão política sobre a sociedade escocesa.[106]

A Selected Society[editar | editar código-fonte]

A Selected Society trata-se de um clube intelectual fundado na cidade de Edimburgo em 1754 pelo pintor Allan Ramsay. Cinco anos após sua fundação, contava com 135 membros, incluindo os expoentes autores da elite de Edimburgo,[110] com o objetivo de promover discussões filosóficas e o aprendizado da língua inglesa. A primeira reunião aconteceu em 22 de maio de 1754, presidida por Ramsay. Segundo relatos de Carlyle, dentre os quinze membros fundadores, Hume e Smith especialmente não costumavam falar em público, mas haveriam apresentado suas propostas durante a sessão inaugural da Selected Society.[111] Os encontros realizavam-se durante as noites de quarta-feira na Advocate’s Library, onde Hume e Ferguson foram curadores.[112] A Selected Society alteraria a rotina da cidade, associada à repercussão do pensamento dos moderados na Igreja, e criaria um movimento nas esferas intelectuais com seus debates e deliberações.[113] Gradualmente, a alta e indiscriminada adesão de pessoas ao clube teria afastado alguns membros fundadores, como Hume e Smith, que preferiam ambientes menores e informais.[114] Além da Selected Society, outras associações de destaque no Iluminismo escocês foram o Oyster Club, Rankenian Club, Wise Club, Gordon Mill Farming Club e a Royal Society of Edimburgh.

Linha do tempo da História humana, feita por Adam Ferguson para a segunda edição da Enciclopédia Britânica, em 1780

A Encyclopædia Britannica[editar | editar código-fonte]

A Encyclopædia Britannica, comumente chamada Enciclopédia britânica, é uma obra enciclopédica generalista inicialmente publicada entre 1768 e 1771 em Edimburgo durante os movimentos intelectuais do Iluminismo escocês. Até 1826, durante sua primeira edição, a Britannica foi administrada como um empreendimento escocês por seus fundadores Andrew Bell, Colin Macfarquhar e Archibald Constable. Inclusive, o símbolo da Britannica é o cardo, emblema nacional da Escócia. A criação da Enciclopédia britânica, inspirada pela Enciclopédia francesa de Denis Diderot (1751-1766), é um dos mais famosos e perseverantes legados do Iluminismo escocês.[115] Na medida em que se ampliava o volume de conhecimentos enciclopédicos, aumentava-se também a quantidade de autores colaboradores e construía-se uma rede de ilustradores, como o próprio Archibald Constable e George Gleig. Havia competitividade no mercado editorial, mas as rivais da Britannica, como a Rees's Cyclopaedia e a Encyclopaedia Metropolitana de Samuel Taylor Coleridge, sofreram falência ou rupturas internas.[116]

Com sede nos Estados Unidos, até julho de 2022 a Encyclopædia Britannica conta com a colaboração de mais de quatro mil autores registrados. Encontra-se na 15ª edição e divide-se em Micropédia, Macropédia e Propédia. O tamanho da enciclopédia mantém-se constante ao longo dos últimos setenta anos, com cerca de 40 milhões de palavras e meio milhão de tópicos.[117]

Amplo Impacto (pular, não alterar)[editar | editar código-fonte]

A ideia de senso comum serviu como uma fagulha que acendeu o fogo revolucionário nas colônias inglesas; o empirismo, a moralidade natural e os conceitos de jurisprudência natural permearam o ambiente no qual foi escrita a Constituição dos Estados Unidos.[118] Contudo, o pensamento ilustrado escocês não foi o único que influenciou os colonizadores durante o período de formação dos Estados Unidos. O modelo escocês de educação possibilita maior liberdade de pensamento. Tal sistema foi transportado para os Estados Unidos por importantes educadores escoceses. Esse fato pode ser compreendido através da indiscutível influência escocesa sobre as universidades estadunidenses. Diversos professores americanos passaram períodos de aperfeiçoamento na Escócia. Nomes como John Whiterspoon, o qual estabelece Princeton como New thinking college, onde a ciência e a sociologia tomaram o centro do palco. Francis Allison participou do estabelecimento do College de Filadelfia, com o método empírico de solução de problemas. Williams Small, que ensinou diversos pais fundadores, entre eles Thomas Jefferson, sobre teorias da filosofia moral e do contrato social, ambas de muita importância para Jefferson. Alguns pais fundadores chegaram a ser educados na Escócia, como é o caso do médico Benjamin Rush e do Advogado James Wilson – este talvez o principal teórico jurídico entre os delegados da convenção constitucional.[119]

Thomas Reid influenciou o pensamento filosófico do senso comum nos Estados Unidos. Os pensadores mais afetados/influenciados pelo pensamento reidiano foram: Levi Frisbie (1784-1822), Levi Hedge (1766-1844), James Walker (1794-1874) e Francis Bowen (1811-1890). James Walker se dedicou ao pensamento reidiano para construir uma defesa religiosa que fizesse frente ao materialismo científico. Já Francis Bowen, utilizou o pensamento reidiano para defender um senso moral e um senso religioso que mostrassem força diante da emergência das ciências naturais.[120] A filosofia de Thomas Reid não apenas influenciou o pensamento filosófico nos/dos Estados Unidos como também se tornou um competidor em potencial para com as construções filosóficas daquele país. No século XIX, por exemplo, as variações do idealismo, transcendentalismo, positivismo e empirismo competiam com a filosofia de Reid ao mesmo tempo em que se baseavam nela para evoluírem e progredirem cada vez mais.[120]

Estátua de David Hume com um cone na cabeça em Edimburgo, em 2006

Charlie Sanders Peirce, também conhecido como C. S. Peirce (1839-1914), filósofo, pedagogo, linguista e matemático, cujos trabalhos apresentam grande importância nos campos da Lógica, Matemática, Filosofia e, principalmente, da Semiótica, foi um dos pensadores estadunidenses que mais utilizou os pensamentos reidianos para propor o seu pragmatismo (fundado em conjunto com William James e John Dewey). O pragmatismo de Peirce é produto do clube de debates filosóficos chamado Metaphysical Club, fundado por ele, William James e Nicholas St. John Green. O clube foi criado em Janeiro de 1872 e dissolvido em dezembro do mesmo ano. Nesse clube, eram debatidos obras de filósofos renomados do período seiscentista, setecentista e oitocentista, como, por exemplo, George Berkeley (1685-1753), Immanuel Kant (1724-1804) e Alexander Bain (1818-1903).[120]

O pensamento de Peirce é tão influenciado pelo de Thomas Reid que em um de seus artigos, datado do ano de 1905, publicado no periódico The Monist, menciona um único pensador escocês: Thomas Reid.[121] Assim, é possível afirmar que há uma intrínseca relação entre o pensamento pragmaticista de Peirce com o pensamento do senso comum de Reid.[120] O apreço de Peirce por Reid, a afinidade intelectual que aproxima o escocês do estadunidense diz respeito ao lugar da crença na vida cognitiva e nas demais pretensões de apreensão da realidade por parte do ser humano.[122] Em outras palavras, é a crença que aproxima o sistema intelectual de Reid com o de Peirce.[123]

As primeiras referências à presença no Brasil, ainda que em círculos restritos, de ideias expostas por Adam Smith em A riqueza das nações, associa-se ao nome de Cláudio Manuel da Costa, um dos inconfidentes de 1789. Deve-se a informação ao Cônego Januário da Cunha Barbosa, que lhe atribuiu o mérito de traduzir para o português a renomada obra, acrescentando-lhe comentários [124] Se a Inconfidência mineira encontrara motivação no pesado ônus da anunciada derrama, soaria mal aos ouvidos das autoridades reinóis a sentença de Adam Smith, de que a potência de Espanha e Portugal deriva de alguma forma dos impostos lançados sobre suas colônias. As ideias de “A riqueza das nações”, antagônicas ao monopólio metropolitano do comércio exterior, não mereciam livre curso no Brasil, se encontradas em meio a papéis de conspiradores contra a Coroa.[125]

Em Salvador, as ideias de Adam Smith conseguiram germinar, lançar raízes e servir de suporte à política econômica implantada no país graças a Antônio de Morais e Silva, autor de conhecido dicionário da língua portuguesa, e José da Silva Lisboa, futuro Visconde de Cairu, a primeira pessoa a tratar sistematicamente da economia política no Brasil. Ambos estudantes da Universidade de Coimbra, onde fizeram amizade. Os dois tornariam a se encontrar em Pernambuco, em 1796, quando Morais e Silva apresenta uma tradução do inglês que havia feito de As investigações sobre a natureza e as causas da riqueza das nações à Silva Lisboa.[126] O futuro Visconde de Cairu foi um grande divulgador da obra de Adam Smith no Brasil. Em seus textos, ele disseminava diversos elementos originados nas ideias do iluminismo escocês, como o desenvolvimento civilizacional, a prosperidade econômica, as vantagens da civilização e também a filosofia natural. O texto Da liberdade do trabalho, de 1851, é uma obra importante no sentido de se compreender as influências de Adam Smith e de todo o contexto do iluminismo escocês no trabalho do Visconde de Cairu. No ambiente cultural de Salvador, início do século XVIII, percebe-se que o pensamento de Adam Smith não se reduzia apenas à José da Silva Lisboa. Na verdade, ganhara novos adeptos, integrando-se à corrente liberal do pensamento da elite soteropolitana, na antevéspera de o país partir pelos caminhos da independência.[127] Em 1811, chega ao fim o período de introdução das ideias de Adam Smith no Brasil, com a publicação do Compêndio da obra da riqueza das nações, de Adam Smith, obra esta traduzida do inglês por Bento da Silva Lisboa, Oficial da Secretaria de Estado dos dos Negócios estrangeiros e da Guerra. Bento da Silva Lisboa era filho de José da Silva Lisboa.

Dentre os diversos iluminismos, o da Grã-Betanha teve mais influência sobre os pensadores alemães do que os franceses. Na Grã-Bretanha, os escoceses eram ainda preferidos aos ingleses. Os alemães demonstraram grande interesse pelos poemas ossiânicos de Macpherson. A produção de Ferguson foi recebida com louvor entre os pensadores alemães, chegando este a receber a rara honra de ser eleito à Academia Prussiana Real de Ciências e Artes. Adam Smith influenciou vários ilustrados alemães a se aventurarem no pensamento econômico, no comércio, na mudança tecnológica e nos estudos da estatística.[128] Entre 1750 e 1800, mais de quarenta títulos foram traduzidos do inglês para o alemão, e o espaço entre a publicação na Grã-Bretanha e na Alemanha reduziu-se significativamente. Um dos fatores que contribuiu significativamente para o desenvolvimento da produção escocesa na Alemanha foi o colapso da metafísica, após o declínio do wolffianismo (versão revisada de Christian Wolff da filosofia de seu professor Leibniz), o que levou a necessidade de uma nova abordagem filosófica, no caso a escocesa. A Filosofia escocesa foi recebida como um meio de combater o ceticismo, uma das consequências deixadas pela queda da metafisica.[129] Immanuel Kant foi um dos filósofos mais importantes a ter reagido ao ceticismo. Na verdade, ele considerou o ceticismo como sendo filosoficamente importante, mas jamais ofereceu uma refutação direta a David Hume. Em sua Crítica da razão pura (Kritik der reinen Vernunft), de 1781, Kant o respondeu indiretamente argumentando que certas formas puras de intuição e pensamento são condições necessárias para o nosso conhecimento acerca do mundo.[130]

Christian Garye, Johann Heinrich Lambert e Johann Nicolaus Tetens foram alguns dos filósofos alemães que mais sofreram influência por parte dos ingleses; este grupo também inclui a avaliação pré critica de Kant. Todos eles questionavam a dificuldade em se combinar o empirismo britânico com o racionalismo alemão. Na visão deste grupo, a principal deficiência dos escoceses foi a sua incapacidade em resolver a questão da existência objetiva. [131] A publicação da Crítica da Razão Pura, de Kant, em 1781, foi um divisor de águas no pensamento filosófico alemão. Ainda hoje é difícil avaliar o impacto da filosofia escocesa na filosofia de Kant. Esta questão é muito disputada porque afeta a nossa compreensão da evolução da filosofia crítica de Kant. Em um de seus comentários bem conhecidos da introdução de seu Prolegômenos para todos os futuros da metafísica, de 1783, nos oferece uma valiosa visão sobre a critica de Kant à filosofia escocesa, apontando forte oposição entre o ceticismo humano e o senso comum. O comentário reconhece a dívida formal de Kant com Hume e, particularmente, com o ataque de Hume à casualidade, e indica o fracasso do escocês de encontrar uma solução geral para o problema do conhecimento – solução que Kant desenvolve na Analítica Transcendental em sua critica da razão pura.[132] Pronto - Marcos

Sobras[editar | editar código-fonte]

A partir do século XVII, os intelectuais escoceses, paulatinamente, vão se firmando no cenário das luzes europeias, de modo que no decorrer do século, superarão os franceses em fornecer ao século XIX referenciais que nortearão temas como a Lingüística, a Antropologia, a Economia, as Ciências do Homem, entre outros.[133]

Do cenário ilustrado escocês, entre os vários intelectuais que se fizeram presentes em função de suas produções científicas, dois se destacaram ao ponto de terem sido tão famosos quanto seus contemporâneos do Iluminismo francês: David Hume e Adam Smith. Hume é conhecido pelas críticas à Metafísica e à religião e Smith é tido como o pai do liberalismo.[133]

O maior enfoque do movimento Iluminista escocês se dá através da publicação de "História da Mulher" (History of Women), de William Alexander, pulicado em 1779. Alexander era médico em Edimburgo e realizou um estudo da história conjectural das mulheres, onde analisou a situação feminina como o principal fator de medida civilizacional ao qual um povo tenha chegado.[134] William Alexander atrela o estilo de vida, os hábitos, costumes, sua relação com o casamento, com os afazeres domésticos, como escala de desenvolvimento da sociedade. Embora seja uma obra inteiramente dedicada à história das mulheres, a obra não contribui para o avanço dos direitos civis das mulheres, e muitas das vezes ainda corrobora com o arquétipo restritivo da mulher da época, o autor dedica capítulos inteiros de sua obra para tratar de temas como a delicadeza feminina e o casamento.[135] Adam Smith afirmava que a liberdade feminina traria para a Grã-Bretanha a libertinagem como a que ocorria na França. Em "Natureza e Causa da Riqueza das Nações", Smith nega à mulher qualquer função produtiva no universo do trabalho moderno. Para Smith, a mulher é reduzida ao papel de fornecer (fornecer o quê?) ao homem, este sim trabalhador, responsável, provedor, momentos de relaxamento e distração.[136]

Notas

  1. Na época de Hume, idolatria era entendida como sinônimo do politeísmo.[81]

Referências

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Bibliografia[editar | editar código-fonte]

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Livros e capítulos de livros[editar | editar código-fonte]

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