Homo: diferenças entre revisões

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As características deste importante fóssil de ''H. erectus'', por sua vez, aproximam-se muito das nossas no que diz respeito a proporção de seu corpo, tamanho do cérebro relativamente grande e bipedia obrigatória (ou seja, eles não sobem em árvores), <ref name=":0" /> como sugere o nome da espécie.
As características deste importante fóssil de ''H. erectus'', por sua vez, aproximam-se muito das nossas no que diz respeito a proporção de seu corpo, tamanho do cérebro relativamente grande e bipedia obrigatória (ou seja, eles não sobem em árvores), <ref name=":0" /> como sugere o nome da espécie.


O ''H. erectus'' foi o primeiro grupo de [[Hominini|homini]] a sair da [[África]], migrando para a [[Ásia]], há aproximadamente 1.6 Ma. Ele teria sido originado de outro grupo, o [[Homo habilis|Homo Habilis]]. <ref>{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.1073/pnas.1107724108 |titulo=Did early Homo migrate "out of" or "in to" Africa? |data=2011-06-15 |acessodata=2021-07-19 |jornal=Proceedings of the National Academy of Sciences |número=26 |ultimo=Wood |primeiro=B. |paginas=10375–10376 |doi=10.1073/pnas.1107724108 |issn=0027-8424}}</ref>
O ''H. erectus'' foi o primeiro grupo de [[Hominini|homini]] a sair da [[África]], migrando para a [[Ásia]], há aproximadamente 1.6 Ma. Ele teria sido originado de outro grupo, o [[Homo habilis|Homo Habilis]]. <ref name=":8">{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.1073/pnas.1107724108 |titulo=Did early Homo migrate "out of" or "in to" Africa? |data=2011-06-15 |acessodata=2021-07-19 |jornal=Proceedings of the National Academy of Sciences |número=26 |ultimo=Wood |primeiro=B. |paginas=10375–10376 |doi=10.1073/pnas.1107724108 |issn=0027-8424}}</ref>


Foi estabelecido na [[década de 60]], que o ''H. habilis'', seria também parte do gênero Homo, apesar dos indivíduos da espécie apresentarem características semelhantes aos [[Australopithecus]]. ''[[Homo habilis|H. habilis]]'' é datado como um grupo ainda mais antigo que os ''H. erectus'': estimam que seus restos fósseis (ver [[Homo habilis]]) sejam de 2.3 a 2.5 Ma. Mesmo com as controvérsias, muitos cientistas consideram este o primeiro grupo do gênero Homo.<ref name=":0" />
Foi estabelecido na [[década de 60]], que o ''H. habilis'', seria também parte do gênero Homo, apesar dos indivíduos da espécie apresentarem características semelhantes aos [[Australopithecus]]. ''[[Homo habilis|H. habilis]]'' é datado como um grupo ainda mais antigo que os ''H. erectus'': estimam que seus restos fósseis (ver [[Homo habilis]]) sejam de 2.3 a 2.5 Ma. Mesmo com as controvérsias, muitos cientistas consideram este o primeiro grupo do gênero Homo.<ref name=":0" />
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Os limites morfológicos do gênero Homo foram novamente expandidos em 2004, com a inclusão dos fósseis encontrados na [[Flores (Indonésia)|Ilha de Flores]], na [[Indonésia]], os quais apresentaram o menor tamanho absoluto do gênero Homo em relação à capacidade encefálica, com 417cm³. Esses fósseis receberam o nome ''[[Homo floresiensis]]'', uma nova espécie para o gênero Homo.<ref name=":0" />
Os limites morfológicos do gênero Homo foram novamente expandidos em 2004, com a inclusão dos fósseis encontrados na [[Flores (Indonésia)|Ilha de Flores]], na [[Indonésia]], os quais apresentaram o menor tamanho absoluto do gênero Homo em relação à capacidade encefálica, com 417cm³. Esses fósseis receberam o nome ''[[Homo floresiensis]]'', uma nova espécie para o gênero Homo.<ref name=":0" />


A última expansão do gênero Homo aconteceu em 2015, com a publicação de dois trabalhos de Lee Berger e Paul Dirks, com a inclusão de uma nova espécie chamada [[Homo naledi|''Homo naledi.'']] Essa nova espécie apresenta algumas curiosidades em relação às suas características morfológicas, apresentando tanto características como o pequeno tamanho cerebral e dedos curvos, remetendo-a a espécies do gênero ''Australopithecus'' e ao ''Homo Habilis'', como características derivadas no gênero Homo em relação a morfologia das mãos, pés e pulso, que o remetem mais ao ''Homo neanderthalensis'' e ao ''Homo sapiens'' <ref>{{Citar periódico |url=https://elifesciences.org/articles/10627 |titulo=The many mysteries of Homo naledi |data=2015-09-10 |acessodata=2021-07-19 |jornal=eLife |ultimo=Stringer |primeiro=Chris |paginas=e10627 |lingua=en |doi=10.7554/eLife.10627 |issn=2050-084X |pmc=PMC4559885 |pmid=26354290}}</ref>
A última expansão do gênero Homo aconteceu em 2015, com a publicação de dois trabalhos de Lee Berger e Paul Dirks, com a inclusão de uma nova espécie chamada [[Homo naledi|''Homo naledi.'']] Essa nova espécie apresenta algumas curiosidades em relação às suas características morfológicas, apresentando tanto características como o pequeno tamanho cerebral e dedos curvos, remetendo-a a espécies do gênero ''Australopithecus'' e ao ''Homo Habilis'', como características derivadas no gênero Homo em relação a morfologia das mãos, pés e pulso, que o remetem mais ao ''Homo neanderthalensis'' e ao ''Homo sapiens'' <ref name=":9">{{Citar periódico |url=https://elifesciences.org/articles/10627 |titulo=The many mysteries of Homo naledi |data=2015-09-10 |acessodata=2021-07-19 |jornal=eLife |ultimo=Stringer |primeiro=Chris |paginas=e10627 |lingua=en |doi=10.7554/eLife.10627 |issn=2050-084X |pmc=PMC4559885 |pmid=26354290}}</ref>


Atualmente, inclusive, os [[Sistemática|sistematas]] debatem a definição de Homo como um gênero, pois ele não é considerado um [[grupo monofilético]],<ref name=":0" /> isto é não apresentam um ancestral em comum entre os seus ramos. Eles sugerem, de acordo com estudos cladísticos, que ''Australopitecos'', ''H. habilis'' e ''H.rudolfensis'' formariam um grupo enquanto ''H. erectus, H. heidelbergensis'' e ''H. neanderthales'', outro.<ref name=":0" /> Existe um consenso de que ''H. ergaster, H. heidelbergensis,'' e ''H. neanderthalensis'' são mais aparentadas aos ''H. sapiens'' do que eles são dos [[Australopithecus]] (gênero)<ref name=":0" />.
Atualmente, inclusive, os [[Sistemática|sistematas]] debatem a definição de Homo como um gênero, pois ele não é considerado um [[grupo monofilético]],<ref name=":0" /> isto é não apresentam um ancestral em comum entre os seus ramos. Eles sugerem, de acordo com estudos cladísticos, que ''Australopitecos'', ''H. habilis'' e ''H.rudolfensis'' formariam um grupo enquanto ''H. erectus, H. heidelbergensis'' e ''H. neanderthales'', outro.<ref name=":0" /> Existe um consenso de que ''H. ergaster, H. heidelbergensis,'' e ''H. neanderthalensis'' são mais aparentadas aos ''H. sapiens'' do que eles são dos [[Australopithecus]] (gênero)<ref name=":0" />.
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{{Vertambém|Evolução humana|Hipótese da origem única}}
{{Vertambém|Evolução humana|Hipótese da origem única}}


A migração de espécies do gênero Homo tem início com a saída de populações de H. Erectus da África<ref name=":8" /> (1). Desde seu surgimento (aprox. 2ma), a primeira localidade aonde se encontra fósseis é na Georgia, em Dmanisi (1,85ma)<ref name=":8" />(1). Após isso, há a aparição de fósseis tanto na China, quando na Indonésia (1,6ma), se espalhando então para o Velho Mundo<ref name=":10">{{Citar livro|url=http://worldcat.org/oclc/609863005|título=A Companion to Biological Anthropology.|ultimo=Spencer.|primeiro=Larsen, Clark|data=2010|editora=John Wiley & Sons|oclc=609863005}}</ref><ref name=":11">{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.1007/978-3-540-33761-4_53 |titulo=10 Homo ergaster and Its Contemporaries |data=2007 |acessodata=2021-07-19 |publicado=Springer Berlin Heidelberg |ultimo=Tattersall |primeiro=Ian |local=Berlin, Heidelberg |paginas=1633–1653 |isbn=978-3-540-32474-4}}</ref>(9)(2) . Nota-se evidencias de populações de H.Erectus em outras localidades, encontrando-se evidências da sobrevivência  de populações, em Java (Indonésia) datadas de 100 mil anos atrás<ref>{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.1038/s41586-019-1863-2 |titulo=Last appearance of Homo erectus at Ngandong, Java, 117,000–108,000 years ago |data=2019-12-18 |acessodata=2021-07-19 |jornal=Nature |número=7790 |ultimo=Rizal |primeiro=Yan |ultimo2=Westaway |primeiro2=Kira E. |paginas=381–385 |doi=10.1038/s41586-019-1863-2 |issn=0028-0836 |ultimo3=Zaim |primeiro3=Yahdi |ultimo4=van den Bergh |primeiro4=Gerrit D. |ultimo5=Bettis |primeiro5=E. Arthur |ultimo6=Morwood |primeiro6=Michael J. |ultimo7=Huffman |primeiro7=O. Frank |ultimo8=Grün |primeiro8=Rainer |ultimo9=Joannes-Boyau |primeiro9=Renaud}}</ref> (3).  Um fato interessante, é que os H.Erectus não colonizaram regiões localizadas a mais de 45 Graus Norte, possivelmente por causa do frio<ref name=":10" /> (2).
O ''[[Homo habilis]]'', que é considerado o primeiro membro do gênero ''Homo'', deu origem ao ''[[Homo ergaster]]''. Alguns ''H. ergaster'' [[Migração|migraram]] para a [[Ásia]], onde eles são chamados ''[[Homo erectus]]'', e para a [[Europa]] com o ''[[Homo georgicus]]''. O ''H. ergaster'' na África e o ''H. erectus'' na Eurásia evoluíram separadamente por quase dois milhões de anos e, presumivelmente, separaram-se em duas espécies diferentes. O ''[[Homo rhodesiensis]]'', que era descendente do ''H. ergaster'', migrou da África para a Europa e se tornou o ''[[Homo heidelbergensis]]'' e, mais tarde (cerca de há {{formatnum|250000}} anos), o ''[[Homo neanderthalensis]]'' e o [[hominídeo de Denisova]] na Ásia. O primeiro ''[[Homo sapiens]]'', descendente do ''H. rhodesiensis'', surgiu na África há cerca de {{formatnum|250000}} anos. Há cerca de {{formatnum|100000}} anos, alguns ''H. sapiens sapiens'' migraram da África para o [[Levante (Mediterrâneo)|Levante]] e se reuniram com os neandertais residentes, com alguma miscigenação genética.<ref>Green RE, Krause J, et al. A draft sequence of the Neandertal genome. Science. 2010 May 7;328(5979):710-22. {{DOI|10.1126/science.1188021}} PMID 20448178</ref> Mais tarde, há cerca de {{formatnum|70000}} anos, talvez depois da [[catástrofe de Toba]], um pequeno grupo deixou o Levante para preencher a [[Eurásia]], [[Austrália]] e, mais tarde, as [[Américas]]. Um subgrupo entre eles encontrou os Denisovanos<ref> Reich D, Green RE, Kircher M, et al. (dezembro de 2010). "Genetic history of an archaic hominin group from Denisova Cave in Siberia". Nature 468 (7327): 1053–60. doi:10.1038/nature09710. PMID 21179161.</ref> e, depois de alguma misgenação, migraram para preencher a [[Melanésia]]. Neste cenário, a maior parte das pessoas não-africanas de hoje têm origem africana ("[[hipótese da origem única]]"). Contudo, também houve alguma mistura entre os neandertais e os Denisovanos, que evoluíram localmente (a "[[evolução multirregional]]"). Resultados genômicos recentes do grupo de [[Svante Pääbo]] também mostram que há 30.000 anos, pelo menos, três subespécies principais co-existiram: os Denisovans, Neandertais e os [[Cro-magnon]]s.<ref>Reich D ., et al. Denisova admixture and the first modern human dispersals into southeast Asia and Oceania. Am J Hum Genet. 2011 Oct 7;89(4):516-28, {{DOI|10.1016/j.ajhg.2011.09.005}} PMID 21944045.</ref> Hoje, apenas o ''Homo sapiens sapiens'' sobreviveu, sem outras espécies ou subespécies existentes.

Ainda se tratando de H.Erectus, há a discussão sobre a nomenclatura de algumas dessas populações. Alguns autores acreditam que há evidencias suficientes para considerar as populações de H.Erectus que permaneceram na Gerogia, de H.Gerogicus, enquanto algumas populações que ficaram na África, de H.Ergaster<ref name=":11" />. (9)

Por conta da imprecisão na datação dos materiais, é difícil definir qual população de H.Erectus deu origem a H.Heidelbergensis, e quando isso ocorreu . O que se sabe é que no Início do Pleistoceno Médio (700 mil anos atrás) encontra-se uma variedade de morfologias do gênero homo. Encontra-se populações de H.Erectus persistindo em locais da Ásia, e na Indonésia (Java), ainda na Indonésia, evidencias da existência de H.Florisiensis, na Ilha de Flores, e a aparição do H.Heidelbergensis, com fósseis em locais tanto da Europa, como da Ásia e da África<ref name=":12">{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.1098/rstb.2015.0237 |titulo=The origin and evolution of
Homo sapiens |data=2016-07-05 |acessodata=2021-07-19 |jornal=Philosophical Transactions of the Royal Society B: Biological Sciences |número=1698 |ultimo=Stringer |primeiro=Chris |paginas=20150237 |doi=10.1098/rstb.2015.0237 |issn=0962-8436}}</ref><ref name=":13">{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.1038/nature17999 |titulo=Homo floresiensis-like fossils from the early Middle Pleistocene of Flores |data=2016-06-08 |acessodata=2021-07-19 |jornal=Nature |número=7606 |ultimo=van den Bergh |primeiro=Gerrit D. |ultimo2=Kaifu |primeiro2=Yousuke |paginas=245–248 |doi=10.1038/nature17999 |issn=0028-0836 |ultimo3=Kurniawan |primeiro3=Iwan |ultimo4=Kono |primeiro4=Reiko T. |ultimo5=Brumm |primeiro5=Adam |ultimo6=Setiyabudi |primeiro6=Erick |ultimo7=Aziz |primeiro7=Fachroel |ultimo8=Morwood |primeiro8=Michael J.}}</ref><ref name=":14">{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.1002/evan.21540 |titulo=Twentieth anniversary of Homo antecessor
(1997-2017): a review |data=2017-07 |acessodata=2021-07-19 |jornal=Evolutionary Anthropology: Issues, News, and Reviews |número=4 |ultimo=Bermúdez de Castro |primeiro=José María |ultimo2=Martinón-Torres |primeiro2=María |paginas=157–171 |doi=10.1002/evan.21540 |issn=1060-1538 |ultimo3=Arsuaga |primeiro3=Juan Luis |ultimo4=Carbonell |primeiro4=Eudald}}</ref><ref name=":10" />.

Por volta do meio do Pleistoceno Médio (400 mil anos atrás), o que se encontra são tanto H.Erectus, quanto H.Florisiensis persistindo na Indonésia, populações tardias de H.Heidelbergensis, que se extinguem por volta desse período, e a aparição dos neandertais na Europa. No fim do Pleistoceno Médio (200 mil anos atrás), a permanência de neandertais na Europa, assim como a de H.Florensis na Ilha das Flores, a aparição de uma nova espécie, H.Naledi<ref name=":9" />, e há o surgimento dos H.Sapiens, na África<ref>{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.1038/s41586-020-2259-z |titulo=Initial Upper Palaeolithic Homo sapiens from Bacho Kiro Cave, Bulgaria |data=2020-05-11 |acessodata=2021-07-19 |jornal=Nature |número=7808 |ultimo=Hublin |primeiro=Jean-Jacques |ultimo2=Sirakov |primeiro2=Nikolay |paginas=299–302 |doi=10.1038/s41586-020-2259-z |issn=0028-0836 |ultimo3=Aldeias |primeiro3=Vera |ultimo4=Bailey |primeiro4=Shara |ultimo5=Bard |primeiro5=Edouard |ultimo6=Delvigne |primeiro6=Vincent |ultimo7=Endarova |primeiro7=Elena |ultimo8=Fagault |primeiro8=Yoann |ultimo9=Fewlass |primeiro9=Helen}}</ref><ref name=":14" /><ref name=":13" /><ref name=":12" />.<ref name=":10" />


O primeiro ''[[Homo sapiens]]'', descendente do ''H. rhodesiensis'', surgiu na África há cerca de {{formatnum|250000}} anos. Há cerca de {{formatnum|100000}} anos, alguns ''H. sapiens sapiens'' migraram da África para o [[Levante (Mediterrâneo)|Levante]] e se reuniram com os neandertais residentes, com alguma miscigenação genética.<ref>Green RE, Krause J, et al. A draft sequence of the Neandertal genome. Science. 2010 May 7;328(5979):710-22. {{DOI|10.1126/science.1188021}} PMID 20448178</ref> Mais tarde, há cerca de {{formatnum|70000}} anos, talvez depois da [[catástrofe de Toba]], um pequeno grupo deixou o Levante para preencher a [[Eurásia]], [[Austrália]] e, mais tarde, as [[Américas]]. Um subgrupo entre eles encontrou os Denisovanos<ref> Reich D, Green RE, Kircher M, et al. (dezembro de 2010). "Genetic history of an archaic hominin group from Denisova Cave in Siberia". Nature 468 (7327): 1053–60. doi:10.1038/nature09710. PMID 21179161.</ref> e, depois de alguma misgenação, migraram para preencher a [[Melanésia]]. Neste cenário, a maior parte das pessoas não-africanas de hoje têm origem africana ("[[hipótese da origem única]]"). Contudo, também houve alguma mistura entre os neandertais e os Denisovanos, que evoluíram localmente (a "[[evolução multirregional]]"). Resultados genômicos recentes do grupo de [[Svante Pääbo]] também mostram que há 30.000 anos, pelo menos, três subespécies principais co-existiram: os Denisovans, Neandertais e os [[Cro-magnon]]s.<ref>Reich D ., et al. Denisova admixture and the first modern human dispersals into southeast Asia and Oceania. Am J Hum Genet. 2011 Oct 7;89(4):516-28, {{DOI|10.1016/j.ajhg.2011.09.005}} PMID 21944045.</ref> Hoje, apenas o ''Homo sapiens sapiens'' sobreviveu, sem outras espécies ou subespécies existentes.


== Cultura e Linguagem ==
== Cultura e Linguagem ==

Revisão das 18h07min de 19 de julho de 2021

Como ler uma infocaixa de taxonomiaHomo
Ocorrência: 2,5–0 Ma

Plioceno–presente

Características cranianas de algumas espécies de Homo (esquerda para direita: Homo habilis, Homo erectus, Homo floresiensis, Homo naledi).
Características cranianas de algumas espécies de Homo (esquerda para direita: Homo habilis, Homo erectus, Homo floresiensis, Homo naledi).
Classificação científica
Domínio: Eukaryota
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Primates
Subordem: Haplorrhini
Infraordem: Simiiformes
Parvordem: Catarrhini
Superfamília: Hominoidea
Família: Hominidae
Subfamília: Homininae
Género: Homo
Espécies

O gênero Homo foi primeiramente cunhado por Lineu como parte do sistema binomial que ele criou, sendo este o grupo que engloba os Homo sapiens, isto é, nós humanos.[1]

Há evidências bem fundamentadas do gênero há 2,04 Ma, datação do esqueleto fóssil do garoto de Turkana.[2] Este esqueleto faz parte da espécie H. erectus, cujas características se diferenciam significativamente de seus ancestrais, os Australopithecus. [3]

As características deste importante fóssil de H. erectus, por sua vez, aproximam-se muito das nossas no que diz respeito a proporção de seu corpo, tamanho do cérebro relativamente grande e bipedia obrigatória (ou seja, eles não sobem em árvores), [3] como sugere o nome da espécie.

O H. erectus foi o primeiro grupo de homini a sair da África, migrando para a Ásia, há aproximadamente 1.6 Ma. Ele teria sido originado de outro grupo, o Homo Habilis. [4]

Foi estabelecido na década de 60, que o H. habilis, seria também parte do gênero Homo, apesar dos indivíduos da espécie apresentarem características semelhantes aos Australopithecus. H. habilis é datado como um grupo ainda mais antigo que os H. erectus: estimam que seus restos fósseis (ver Homo habilis) sejam de 2.3 a 2.5 Ma. Mesmo com as controvérsias, muitos cientistas consideram este o primeiro grupo do gênero Homo.[3]

Além desses dois grupos, atualmente 8 grupos são considerados parte do gênero Homo (H. sapiens, H. habilis, H. erectus sensu lato, H. heidelbergensis, H. florensiensis, H. rudolfensis e H. neanderthalensis)[3], além do H. naledi [5] . Essas espécies fazem parte dos Homininis ou Hominineos, o grupo que engloba todos os humanos.[6]

Todas as espécies do gênero Homo, exceto o Homo sapiens (os humanos viventes) estão extintas.[6] Os H. neanderthalensis que são considerados muito próximos de nós, [7] tendo também coexistido com as primeiras populações da nossa espécie na Europa por anos [8] extinguiram-se entre 41 - 39 ka[8] Outro grupo, o H. florensis, tem extinção estimada para 17 - 11/13 ka,[9] ainda mais recente.

Ficheiro:Time-calibrated-phylogenetic-trees-of-the-Hominoid-clade-with-colored-branches-according.png
3 hipóteses de ávores filogenéticas do clado Hominoidea

Os representantes vivos mais próximos de nós são do grupo Homininae, sendo eles gorilas (do gênero Gorilla), chimpanzés e bonobos.[10]

Os movimentos migratórios começaram com a saída da África, pela região do Levante, e ocupação do Oriente Médio, Ásia, Oceania e Europa.

Etimologia

Nas ciências biológicas, em particular na antropologia e na paleontologia, o nome comum para todos os membros do gênero Homo é "humano".

O nome binominal Homo sapiens é atribuído a Carl Linnaeus (1758).[1] Nomes de outras espécies começaram a ser cunhados na segunda metade do século XIX, como Homo neanderthalensis, cunhado por William King- 1864 e Homo erectus, renomeado por Mayr - 1944)[3].

Expansão das definições do gênero

A definição do gênero foi ampliada, inicialmente por William King’s que observou que o fóssil Feldhofer I era muito similar ao H.Sapiens e o incluiu no gênero Homo como H.neanderthalensis.[3] A inclusão desse esqueleto no grupo, expandiu os limites do que era considerado para o gênero, em relação a morfologia cranial e pós-cranial. [11]

O segundo passo para a ampliação dos parâmetros gênero ocorreu com a inclusão da espécie H. Heidelbergensis[3]. Fósseis na Alemanha , Europa e África foram inicialmente vistos como H. Sapiens antigos, porém hoje são frequentemente referidos como H. Heidelbergensis [3] ou H. rhodesiensis que englobaria as espécies africanas.[11]

O terceiro passo rumo à expansão da morfologia geral do gênero Homo, foi iniciado por Mayr, que sugeriu que Pitecanthropus erectus, também se tratava de uma espécie do grupo.[12] Essa espécie foi então denominada Homo erectus, e depois ampliada para Homo erectus senso lato, juntamente com outros antigos “grupos” que, na verdade, faziam parte do mesmo grupo.[3] H.Erectus é uma nomenclatura que teve um histórico bem complexo,[3] já tendo sido, inclusive, considerada como Australopitecus eretus , isto é, parte do gênero Australopitecos [13].

O quarto passo no processo de alocar espécies para Homo, foi o reconhecimento de uma espécie considerada grácil, encontrada em Olduvai Gorge.[3] Essa espécie foi incluída no gênero Homo como H.habilis, porém isso envolveu o relaxamento de alguns critérios, como tamanho de cérebro, que era relativamente menor nessa espécie (600 - 700 cm3) do que na maioria das outras do mesmo grupo. [14]

Atualmente, alguns dos critérios usados para essa classificação estão sendo reinterpretados o que levaram a novas avaliações funcionais do mesmo material. A associação de H. habilis ao gênero Homo é considerada mal resolvida em relação a(o): estatura, proporção de braços e pernas, tamanho dos dentes, locomoção. [3]

Os limites morfológicos do gênero Homo foram novamente expandidos em 2004, com a inclusão dos fósseis encontrados na Ilha de Flores, na Indonésia, os quais apresentaram o menor tamanho absoluto do gênero Homo em relação à capacidade encefálica, com 417cm³. Esses fósseis receberam o nome Homo floresiensis, uma nova espécie para o gênero Homo.[3]

A última expansão do gênero Homo aconteceu em 2015, com a publicação de dois trabalhos de Lee Berger e Paul Dirks, com a inclusão de uma nova espécie chamada Homo naledi. Essa nova espécie apresenta algumas curiosidades em relação às suas características morfológicas, apresentando tanto características como o pequeno tamanho cerebral e dedos curvos, remetendo-a a espécies do gênero Australopithecus e ao Homo Habilis, como características derivadas no gênero Homo em relação a morfologia das mãos, pés e pulso, que o remetem mais ao Homo neanderthalensis e ao Homo sapiens [15]

Atualmente, inclusive, os sistematas debatem a definição de Homo como um gênero, pois ele não é considerado um grupo monofilético,[3] isto é não apresentam um ancestral em comum entre os seus ramos. Eles sugerem, de acordo com estudos cladísticos, que Australopitecos, H. habilis e H.rudolfensis formariam um grupo enquanto H. erectus, H. heidelbergensis e H. neanderthales, outro.[3] Existe um consenso de que H. ergaster, H. heidelbergensis, e H. neanderthalensis são mais aparentadas aos H. sapiens do que eles são dos Australopithecus (gênero)[3].

Espécies

Crânio de um Homo habilis.

O estatuto de espécies como o Homo rudolfensis, Homo ergaster, Homo georgicus, Homo antecessor, Homo cepranensis, Homo rhodesiensis e Homo floresiensis permanece em debate. O Homo heidelbergensis e o Homo neanderthalensis estão estreitamente relacionados uns aos outros e têm sido considerados como uma subespécie de Homo sapiens. Recentemente, o DNA nuclear de um espécime Neanderthal da Caverna Vindija foi sequenciado utilizando dois métodos diferentes que produziram resultados semelhantes em relação às linhagens do Neanderthal e do Homo sapiens, com ambas as análises, sugerindo uma data para a divisão entre há 460 000 e 700 000 anos, embora uma fração de população de cerca de 370.000 anos seja inferida. Os resultados de DNA nucleares indicam que cerca de 30% dos alelos derivados no H. sapiens também estão na linhagem do Neanderthal. Esta alta frequência pode sugerir algum fluxo gênico entre ancestrais humanos e populações neandertais.[16]

O Homo naledi foi descoberto perto de Joanesburgo, na África do Sul, em 2013 e anunciado em 10 de setembro de 2015 pela Universidade de Witwatersrand (Wits University), National Geographic Society, Departamento de Ciência e Tecnologia e pela Fundação Nacional para Pesquisa da África do Sul. Fósseis indicam que o hominídeo tinha entre 1,45-1,5 metro de altura e tinha um cérebro pequeno.[17] Os fósseis ainda têm ainda de ser datados, mas são estimados em cerca de 2,5 milhões de anos de idade..[18]

Tabela comparativa das espécies Homo
Espécie Período de existência (Ma) Onde viveu Altura (adulto) Massa (adulto) Capacidade encefálica (cm³) Registro fóssil Descoberta / publicação do nome
Hominídeo de Denisova 0.04 Krai de Altai (Rússia) 1 sitio 2010
H. antecessor 0.85 – 0.75 Espanha 1,75 m 90 kg 1.000 2 sitios 1997
H. cepranensis 0.8 – 0.35 Itália 1.000 1 calota craniana 1994/2003
H. erectus 1.8 – 0.03 África, Eurásia (Java, China, Índia, Cáucaso) 1.8 m 60 kg 850 (primeiro) – 1.100 (último) Muitos 1891/1892
H. ergaster 1.8 – 1.3 África Oriental e Austral 1,9 m 700–850 Muitos 1975
H. floresiensis 0.095 – 0.012 Indonésia 1,0 m 25 kg 400 7 indivíduos 2003/2004
H. gautengensis 1.9 – 0.6 África do Sul 1,0 m 1 indivíduo 2010/2010
H. georgicus 1.8 Geórgia 600 4 indivíduos 1999/2002
H. habilis 2.1 – 1.5 África 1,0 – 1,5 m 33 – 55 kg 510–660 Muitos 1960/1964
H. heidelbergensis 0.6 – 0.2 Europa, África, China 1,8 m 90 kg 1.100–1.400 Muitos 1908
H. neanderthalensis 0.23 – 0.028 Europa, Sudoeste Asiático 1,6 m 55 – 70 kg 1.200–1.900 Muitos (1829)/1864
H. naledi 0.2 - 0.3 (2017 estimativas) África do Sul 1,5 m 45 kg 560 1 sitio (2013)/2015
H. rhodesiensis 0.3 – 0.125 Zâmbia 1.300 Muito poucos 1921
H. rudolfensis 2.5 - 1.8 Quênia 1 crânio 1972/1986
Homem da caverna do Veado Vermelho 0.0145 - 0.0115 China Muito poucos 1979/2012
H. sapiens idaltu 0.16 – 0.15 Etiópia 1.450 3 crânios 1997/2003
H. sapiens sapiens (humanos) 0.195 – presente Mundo 1,5 – 1,8 m 50 – 80 kg 1.000–1.850 Ainda vivo —/1758

Migração e miscigenação

Mapa das primeiras migrações humanas, de acordo com análises efectuadas ao DNA mitocondrial (unidades: milênios até ao presente).
A perspectiva deste planisfério centra-se no pólo norte, para facilitar a compreensão das rotas das migrações.

A migração de espécies do gênero Homo tem início com a saída de populações de H. Erectus da África[4] (1). Desde seu surgimento (aprox. 2ma), a primeira localidade aonde se encontra fósseis é na Georgia, em Dmanisi (1,85ma)[4](1). Após isso, há a aparição de fósseis tanto na China, quando na Indonésia (1,6ma), se espalhando então para o Velho Mundo[19][20](9)(2) . Nota-se evidencias de populações de H.Erectus em outras localidades, encontrando-se evidências da sobrevivência  de populações, em Java (Indonésia) datadas de 100 mil anos atrás[21] (3).  Um fato interessante, é que os H.Erectus não colonizaram regiões localizadas a mais de 45 Graus Norte, possivelmente por causa do frio[19] (2).

Ainda se tratando de H.Erectus, há a discussão sobre a nomenclatura de algumas dessas populações. Alguns autores acreditam que há evidencias suficientes para considerar as populações de H.Erectus que permaneceram na Gerogia, de H.Gerogicus, enquanto algumas populações que ficaram na África, de H.Ergaster[20]. (9)

Por conta da imprecisão na datação dos materiais, é difícil definir qual população de H.Erectus deu origem a H.Heidelbergensis, e quando isso ocorreu . O que se sabe é que no Início do Pleistoceno Médio (700 mil anos atrás) encontra-se uma variedade de morfologias do gênero homo. Encontra-se populações de H.Erectus persistindo em locais da Ásia, e na Indonésia (Java), ainda na Indonésia, evidencias da existência de H.Florisiensis, na Ilha de Flores, e a aparição do H.Heidelbergensis, com fósseis em locais tanto da Europa, como da Ásia e da África[22][23][24][19].

Por volta do meio do Pleistoceno Médio (400 mil anos atrás), o que se encontra são tanto H.Erectus, quanto H.Florisiensis persistindo na Indonésia, populações tardias de H.Heidelbergensis, que se extinguem por volta desse período, e a aparição dos neandertais na Europa. No fim do Pleistoceno Médio (200 mil anos atrás), a permanência de neandertais na Europa, assim como a de H.Florensis na Ilha das Flores, a aparição de uma nova espécie, H.Naledi[15], e há o surgimento dos H.Sapiens, na África[25][24][23][22].[19]


O primeiro Homo sapiens, descendente do H. rhodesiensis, surgiu na África há cerca de 250 000 anos. Há cerca de 100 000 anos, alguns H. sapiens sapiens migraram da África para o Levante e se reuniram com os neandertais residentes, com alguma miscigenação genética.[26] Mais tarde, há cerca de 70 000 anos, talvez depois da catástrofe de Toba, um pequeno grupo deixou o Levante para preencher a Eurásia, Austrália e, mais tarde, as Américas. Um subgrupo entre eles encontrou os Denisovanos[27] e, depois de alguma misgenação, migraram para preencher a Melanésia. Neste cenário, a maior parte das pessoas não-africanas de hoje têm origem africana ("hipótese da origem única"). Contudo, também houve alguma mistura entre os neandertais e os Denisovanos, que evoluíram localmente (a "evolução multirregional"). Resultados genômicos recentes do grupo de Svante Pääbo também mostram que há 30.000 anos, pelo menos, três subespécies principais co-existiram: os Denisovans, Neandertais e os Cro-magnons.[28] Hoje, apenas o Homo sapiens sapiens sobreviveu, sem outras espécies ou subespécies existentes.

Cultura e Linguagem

A cultura é toda "informação capaz de afetar o comportamento dos indivíduos e que eles adquirem de outros membros da sua espécie através do ensino, da imitação, e de outras formas de transmissão social".[29] [30] O gênero Homo, em especial Homo sapiens, apresenta uma variação cultural muito extensa, onde sua transmissão pode ocorrer de forma horizontal (de indivíduo para indivíduo) e vertical/oblíqua (de geração para geração).[29]

Além disso, em especial para a espécie Homo sapiens, ocorre o processo de acúmulo de cultura, tornando-a mais adaptável às mudanças dos séculos e possibilitando grande vantagem adaptativa à nossa linhagem, uma vez que a cultura dispensa o indivíduo de ser forçado a aprender tudo por conta própria, testando e aprendendo novas experiências, e a cada geração, seria necessário ocorrer tudo de novo. Da mesma forma, a transmissão de cultura possibilita a adição de novas aprendizagens provenientes das experiências de cada indivíduo.[29][30][31] Outro resultado do acúmulo de informações é a sua retratação em forma de crenças, práticas e rituais.[31]

Exemplo de ferramentas produzidas por hominídeos.

O uso de instrumento faz parte de um modo de vida sócio-cultural. A sua manufatura requer, muitas vezes, técnicas específicas de lascamento,  coleta e utilização de matéria prima, uso da ferramenta e afins. Isso requer a transmissão de conhecimentos entre os integrantes do bando, seja por observação e cópia de movimentos, ou por outras formas de interação[31]. Seguindo esse pensamento, Homo habilis então seriam, possivelmente, um dos primeiros Homo a desenvolver uma vida sócio-cultural, seguido então do Homo erectus, espécie que desenvolveu uma tecnologia típica e elaborada de lascamento, englobado no que é chamado de indústria olduvaiense.[31]

A cultura altera o padrão de comunicação, interação e organização social dos indivíduos, permitindo também a divisão de tarefas e cooperação grupal. Ela permitiu o crescimento e desenvolvimento do cérebro.  Uma vez que o seu uso permitiu maior adaptação e sobrevivências aos seus indivíduos, estes apresentavam certas partes de seu encéfalo (relacionadas à cultura) mais desenvolvidas, passando tais características para suas gerações. Isso possibilitou um aumento do tamanho cerebral superior ao esperado para a evolução desses hominídios. Consequentemente, a linguagem se tornou um dos principais sinais da presença de cultura.[31]

Exemplo de pintura rupestre como forma de linguagem. Caverna Lascaux.

Sinais associados ao desenvolvimento de uma linguagem extensiva podem ser vistos mais pronunciadamente nos Homo sapiens, como a presença de um aparelho fonador especializado que permite produzir sons diferentes com facilidade.[32] No entanto, inúmeras outras capacidades  são requeridas: perceptuais, cognitivas, interacionais, tudo isto evoluindo dentro de um modo de vida em que falar seja vantajoso. Com isso, até hoje existe uma grande discussão sobre a origem da linguagem no gênero Homus e por isso ainda não temos uma data e espécie Homus exatas que podemos chamar de originários da linguagem.[31]

O que podemos visualizar evolutivamente é que especializações anatômicas e fisiológicas, como aumento da massa encefálica e desenvolvimento de aparelho fonador complexo, ao decorrer do processo de hominização os indicadores de cultura ficaram cada vez mais complexos. E com isso, podemos dizer que uma coisa puxou a outra, ou seja, um cérebro mais desenvolvido permitiu culturas mais complexas, por outro lado, uma cultura mais complexa pode prover uma seleção de especializações cerebrais.[31]

Pode-se dizer então que a linguagem é responsável pela propagação e acumulação de cultura,e de mesmo modo, que ela é seu fruto direto. Para o desenvolvimento da linguagem, como é melhor explicado no parágrafo acima, é necessário “propriedades biológicas ligadas à estrutura cerebral, à anatomia do sistema fonador e à herança da capacidade linguística", características ampliadas em decorrência do desenvolvimento do cérebro ao longo dos gêneros Homo. Assim, o cérebro mais desenvolvido possibilitou a elaboração da linguagem e de ferramentas, compondo um acervo cultural mais “sofisticado” para a espécie Homo sapiens.[31]

Ver também

Referências

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