Edson Izidoro Guimarães

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Edson Izidoro Guimarães
Local de nascimento  Brasil
Crime(s) Assassinatos em série
Situação Preso

Edson Izidoro Guimarães, também chamado O Anjo da Morte ou O Enfermeiro da Morte, é um ex-auxiliar de enfermagem que trabalhava no setor de emergência do Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Ele é o responsável direto pela morte de ao menos 5 pessoas, mas estima-se que o número verdadeiro possa chegar a 131, o que o transformaria num dos maiores assassinos em série do Brasil e do mundo. [1][2] [3] [4]

Os crimes[editar | editar código-fonte]

Edson cometeu os crimes para receber comissão das funerárias, matando as vítimas, homens e mulheres, por envenenamento com cloreto de potássio ou asfixia, removendo as máscaras de oxigênio. Ele afirmou também que matava pacientes em estado terminal e tentou justificar a prática como uma forma de abreviar o sofrimento das vítimas e seus familiares. [5] [6]

Os crimes foram desvendados porque uma funcionária da limpeza do hospital, chamada Cátia, procurou o diretor da instituição, Flávio Adolpho Silveira, para dizer que ia deixar o emprego porque "coisas ruins" estavam acontecendo lá. Durante a conversa, ela contou que havia visto Guimarães aplicar uma injeção num paciente, que teria morrido logo em seguida. [4] [3] [7]

Após a denúncia, funcionários do hospital e policiais disfarçados monitoraram Edson e após três mortes na Unidade de Pacientes Traumáticos na manhã de 07 de maio, Edson foi interrogado e acabou confessando os crimes.

O caso também levou à investigação da chamada Máfia das Funerárias, prática que era comum no Rio e outras cidades do Brasil, através da qual as funerárias pagavam comissão a funcionários de hospitais que indicassem seus serviços. [3]

Vítimas[editar | editar código-fonte]

  • Jorge Barbosa, morto em abril de 1999
  • Márcia Garnier Pereira, morta em 7 de maio de 1999
  • Maria Aparecida Pereira, morta em 7 de maio de 1999
  • Francisca Teresa Coutinho de Oliveira, morta em 7 de maio de 1999
  • Matias Gomes, morto após uma injeção de cloreto de potássio em 7 de maio de 1999

Prisão, julgamento e pena[editar | editar código-fonte]

Edson Izidoro Guimarães foi preso em 7 de maio de 1999, quando trabalhava no plantão do Hospital Salgado Filho. No dia 21 daquele mês, foi denunciado pelo Ministério Público por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, emprego de asfixia e veneno e uso de recurso que impossibilitou a defesa das vítimas). [5]

Após preso, ele revelou aos policiais que recebia 100 reais por cada corpo entregue às funerárias, podendo este valor chegar a 1.000 caso o morto tivesse seguro. [3]

Em 17 de fevereiro de 2000, Edson Izidoro Guimarães foi condenado a 76 anos de prisão, resultado da soma das quatro penas de 19 anos pelas mortes dos quatro pacientes do Hospital Municipal Salgado Filho. A defesa apelou e em 13 de março de 2001, a 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, em decisão unânime, reformou a sentença por entender que houve crime continuado e não concurso material de crimes. Na ocasião, a Câmara fixou a pena de Edson Izidoro em 31 anos e 8 meses de reclusão. [5]

Em 27 de setembro de 2001, Guimarães foi novamente julgado, agora pelo 3º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro, mas a pena foi mantida. [8]

A Máfia das Funerárias[editar | editar código-fonte]

O caso serviu para tornar pública uma prática que, até então, era muito comum em hospitais do Rio de Janeiro e, possivelmente, no restante do país: a Máfia das Funerárias, foi denunciada pela esposa do comerciante Édio Telles, de 38 anos, que teve a morte antecipada na madrugada de 10 de janeiro de 1999. Segundo denúncia da esposa, a bibliotecária Elizabeth Araújo Barbosa Telles, o enfermeiro Edson conversava bastante com ela nos dias em que acompanhava seu marido. A mesma denunciou na delegacia de homicídios que o enfermeiro não só antecipava a morte de pacientes como também lucrava recebendo valores das funerárias que indicava para as famílias dos mortos. O caso repercutiu na mídia, tendo a jovem viúva sido exposta em cadeia nacional, e recebendo o apoio do Ministério da Justiça, após pronunciamento do então Presidente Fernando Henrique Cardoso. Com a prisão de Edson Izidoro Guimarães, foi confirmado um esquema no Hospital Salgado Filho, onde empresas funerárias agiam livremente pagando comissões a quem indicasse seus serviços. As investigações mostraram que o auxiliar de enfermagem chegava a lucrar de cem a mil reais, dependendo do tipo de morte. As mortes naturais rendiam menos que as produzidas por acidentes de trânsito. Estas últimas envolviam um esquema de seguro. [3]

Súbito, um desdobramento: foi descoberto que a ação da máfia das funerárias não se restringia ao Rio de Janeiro. A prefeitura de São Paulo também admitiu que sua população estava sendo vítima da ação criminosa de agentes funerários, não ficando provado que a máfia paulista chegasse ao extremo das similares no estado onde Edson operava.

Indenização à esposa de Jorge Barbosa[editar | editar código-fonte]

Em 23 de agosto de 2009, a 11ª Câmara Cível do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) condenou o município do Rio de Janeiro a pagar indenização moral de R$ 50 mil a Sebastiana Barbosa, viúva de Jorge Barbosa. Jorge havia sofrido convulsões e, logo após, sido transferido para o Hospital Salgado Filho, onde foi medicado e as crises controladas. Ao voltar ao hospital no dia seguinte, Sebastiana descobriu que o marido havia falecido. O Município do Rio, alegou que a morte se deu em virtude da evolução natural do quadro clínico do paciente, mas 11ª Câmara Cível rejeitou a alegação. [2]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. «Edson Isidoro Guimaraes | Murderpedia, the encyclopedia of murderers». murderpedia.org. Consultado em 23 de maio de 2021 
  2. a b «Município do Rio terá que indenizar viúva de vítima do enfermeiro da morte». Jusbrasil. Consultado em 23 de maio de 2021 
  3. a b c d e Imbiriba, Luís. «Cadeia para o anjo liberdade para os santos». A Nova Democracia. Consultado em 23 de maio de 2021 
  4. a b «Folha de S.Paulo - Auxiliar diz que matava em hospital do Rio - 08/05/1999». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 24 de maio de 2021 
  5. a b c «"Enfermeiro da morte" vai a novo júri - Brasil». Estadão. Consultado em 24 de maio de 2021 
  6. «Folha de S.Paulo - Auxiliar diz que matava em hospital do Rio - 08/05/1999». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 24 de maio de 2021 
  7. «Galeria de fotos». www.terra.com.br. Consultado em 24 de maio de 2021 
  8. «Em 1999, auxiliar de enfermagem foi preso acusado de matar pacientes». O Globo. 3 de maio de 2018. Consultado em 24 de maio de 2021 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Biografia de Edson no website especializado Muderpedia (em inglês)

Matérias sobre o caso no website especializado Jus Brasil