Correio Aéreo Nacional

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 Nota: Se procura outros usos para a abreviatura CAN, veja CAN.
Centro Correio Aéreo Nacional

Emblemas históricos inicialmente do Correio Aéreo Naval e do Correio Aéreo Militar e com a criação da FAB e do Ministério da Aeronáutica, em 1941, foram fundidos em Correio Aéreo Nacional.[1]
País  Brasil
Corporação Força Aérea Brasileira
Subordinação Comando-geral de Apoio (COMGAP)
Missão Integração postal em zonas de difícil acesso ou situações de emergências.
Sigla CCAN
Criação 1931
Aniversários 12 de junho[2]
Lema Lançar, suprir, descer
Comando
Diretor Coronel Aviador André Luis Pinheiro de Vasconcellos[3]
Sede
Selo postal de 1981 comemorativo dos 50 anos do correio aéreo.

O Correio Aéreo Nacional (CAN) é um serviço postal militar brasileiro iniciado em 1931. Tem por objetivo integrar as diversas regiões do país e permitir a ação governamental em comunidades de difícil acesso, possuindo relevante papel social. Atua também como instrumento de integração entre os países da América do Sul. É de competência exclusiva do governo federal[4] e mantido pela Força Aérea Brasileira através do COMGAR (Comando-Geral de Operações Aéreas).[5]

Originalmente denominado Serviço Postal Aéreo Militar, foi denominado logo em seguida como Correio Aéreo Militar. Com a criação do Ministério da Aeronáutica, em 1941, foram unidos o Correio Aéreo Militar (mantido pelo Exército Brasileiro) e o Correio Aéreo Naval (mantido pela Marinha do Brasil), constituindo-se o CAN.

História[editar | editar código-fonte]

Os primeiros tempos[editar | editar código-fonte]

Mapa da rota aérea do Correio Aéreo Nacional, 1961. Arquivo Nacional.
Informativo do então Correio Aéreo Militar nos anos 1930 sobre rotas do serviço.

O serviço entrou em operação no dia 12 de junho de 1931, com o nome de Correio Aéreo Militar,[6] quando os tenentes do Exército, Casimiro Montenegro Filho e Nelson Freire Lavenère-Wanderley, a bordo do monomotor biplano Curtiss Fledgling matrícula K263 (apelidado carinhosamente de "Frankenstein"), transportaram uma mala postal com duas cartas, do Rio de Janeiro para São Paulo, e de lá retornando, com correspondência, no dia 15 de junho. Esse voo inaugural durou cinco horas e vinte minutos, seguindo a rota direta que ultrapassava as montanhas do litoral. O retorno demorou apenas três horas e meia, seguindo a rota do vale do rio Paraíba até à altura da cidade de Resende e daí infletindo para o Rio. Esta última se tornaria a rota oficial para as aeronaves do CAN entre as duas cidades daí em diante, três vezes por semana, até à entrada em operação, posteriormente, de aviões bimotores.

A partir da implantação dessa primeira linha, permitindo o treinamento de pilotos e mecânicos, três meses mais tarde iniciavam-se os estudos para a sua extensão até Goiás.

A Aviação Militar passou a dispor de monomotores biplanos Waco em 1932, pouco antes e durante a Revolução Constitucionalista de 1932[a], período em que se intensificaram as atividades do CAN: foram assim implantadas as linhas até Goiás, Mato Grosso, Paraná e Bahia. Em 1935, as linhas do serviço alcançavam a Amazônia. No ano seguinte (1936), em janeiro, foi inaugurada a primeira linha internacional, entre as cidades do Rio de Janeiro e Assunção, no Paraguai.

O Correio Aéreo Nacional[editar | editar código-fonte]

Com a criação do Ministério da Aeronáutica em 20 de janeiro de 1941, pela fusão da antiga arma da Aviação Militar do Exército com a da Aviação Naval da Marinha, o Correio Aéreo foi transferido para este órgão e recebeu a denominação com que ficou conhecido: Correio Aéreo Nacional. A sua direção ficou afeta à Diretoria de Rotas Aéreas, cujo diretor foi o Brigadeiro Eduardo Gomes. A partir de então, em abril de 1943 as linhas foram estendidas até ao rio Tocantins e Belém do Pará, e desta última até Caiena, com escalas em Macapá e Oiapoque. Em maio de 1945 foi aberta uma nova linha internacional, que ligava a região Centro-Oeste a Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia.

O grande impulso do CAN registrou-se após o término da Segunda Guerra Mundial, com a entrada em serviço das aeronaves bimotores monoplano C-45 Beechcraft e Douglas C-47, com maior capacidade de carga e autonomia de voo.

No ano seguinte, a linha para a Bolívia era estendida até à capital, La Paz, empregando aeronaves C-47 no trajeto Rio de Janeiro – São Paulo – Três LagoasCampo GrandeCorumbáRoboré – Santa Cruz de la Sierra – Cochabamba – La Paz.

Em 1947 foi aberta a linha que conduzia ao então território do Acre; em 1951, a linha internacional para Lima, no Peru.

Fairchild C-82 Packet [en] prefixo CQ-585 adquirido da USAF na década de 50 para utilização pelo Correio Aéreo.[7] Arquivo Nacional.

Em novembro de 1952 era aberta a linha para o rio Araguaia, iniciando-se o apoio do CAN aos postos do antigo Serviço de Proteção ao Índio na rota Rio de Janeiro – Belo HorizonteUberabaGoiâniaAruanãConceição do AraguaiaLas CasasGorotire. Nesse mesmo ano era aberta a linha Rio de Janeiro – Manaus, que se estendia até Boa Vista e, em seguida, a linha até ao Rio Negro, esta com o emprego dos lendários monoplanos bimotores anfíbios CA-10 Catalina e também dos bimotores Fairchild C-82 Packet [en].[7] A função desta linha era a de apoiar as populações indígenas e as missões religiosas nos vales dos Negro e Uaupés. Estas aeronaves seriam posteriormente transferidas da Base Aérea do Galeão para a Base Aérea de Belém, intensificando o serviço na região Amazônica, assim como o apoio aos pelotões de fronteira do Exército e às populações ribeirinhas.

Em 1956, foi aberta a linha para Montevidéu, no Uruguai; em 1957, uma linha internacional especial até à região do canal de Suez para atender o chamado "Batalhão Suez" que, a serviço das Forças de manutenção da paz das Nações Unidas, se encontrava em operações na Faixa de Gaza. Esta última foi atendida mensalmente com o recurso a aeronaves monoplano quadrimotores B-17 durante três anos, até à entrada em operação dos Douglas C-54.

Em 1958, eram iniciadas as linhas para Quito, no Equador, e para os Estados Unidos da América.

As aeronaves Douglas[editar | editar código-fonte]

Aniversário do Correio Aéreo Nacional, com a presença de Nero Moura, ministro da Aeronáutica, na Base Aérea do Galeão, em 1954. O avião é um Douglas C-47 Skytrain.

Com a entrada em operação dos quadrimotores Douglas C-54, e posteriormente dos Douglas C-118 na Força Aérea Brasileira, com maior capacidade de carga, maior autonomia de voo e melhores aviônicos, iniciou-se uma nova etapa para o CAN. Puderam ser melhor atendidas as linhas que ultrapassavam a cordilheira dos Andes e o oceano Atlântico.

Com o C-54, em 1960, foi aberta a linha para Santiago do Chile, com escala em Buenos Aires. Em meados da década de 1960, foram adquiridas, na Grã-Bretanha, aeronaves turbohélice Avro C-91, que viriam a substituir as Douglas C-47 e as Beechcraft C-45 em determinadas rotas. Também nesse período, em 1965, entram em operação os Lockheed C-130 Hercules, que não apenas ampliaram o raio de ação do CAN, mas também a sua capacidade de transporte de pessoal, carga e equipamentos pesados, não apenas para todos os quadrantes do território brasileiro, mas que, na década de 1980 alcançaram o continente Antártico, no contexto do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR).

Em 1968 entraram em operação as aeronaves bimotor turbohélice C-115 Buffalo, que pela sua robustez e versatilidade atenderam principalmente a região Amazônica.

Posteriormente, na década de 1980, entraram em operação aeronaves Embraer C-95 Bandeirante e C-97 Brasília, que passaram a atender muitas das linhas vicinais do CAN. Para o atendimento às linhas-tronco, em 1985 foram adquiridas à Varig quatro Boeing 707, ampliando a eficácia no atendimento logístico e de transporte de pessoal.

Em 2004,[8] entraram em operação os birreatores Embraer ERJ-145, substituindo os Avro C-91, iniciando-se novas linhas internacionais.

Mais recentemente, para atendimento aos pontos extremos do território, entraram em operação os bimotores turboélice C105-A Amazonas e Cessna C-98 Caravan, devido às suas capacidades de pouso e decolagem em pistas curtas.

Notas[editar | editar código-fonte]

  1. A Waco fabricou diversos modelos da aeronave, sendo que três foram utilizados no Brasil tanto no Correio Aéreo Militar quanto no Correio Aéreo Naval: Waco CSO ou Militar, Waco CPF e Waco CJC ou Cabin. Durante o conflito, foi empregado o Waco CSO, uma versão bélica, armada com metralhadoras e bombas. Encontram-se preservados e em exposição um exemplar de cada modelo no Museu Aeroespacial. O Waco CSO foi restaurado de modo a representar a aeronave empregada pelo Tenente Muricy em diversas missões de combate.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. SOUZA, José Garcia de (1986), A epopéia do Correio Aéreo, Rio de Janeiro: Revista Aeronáutica
  2. Aviação de Transporte e Correio Aéreo Nacional completam 85 anos neste domingo (12/06). FAB. Acesso em 31 de maio de 2018.
  3. Centro do Correio Aéreo Nacional tem novo comandante. Fab. Acesso em 31 de maio de 2018.
  4. Artigo 21, inciso X da Constituição da República Federativa do Brasil
  5. Comgar, FAB, consultado em 25 de junho de 2009, cópia arquivada em 7 de agosto de 2013 .
  6. CAN 80 ANOS: A saga dos bandeirantes que criaram as rotas aéreas pelo interior. Ministério da Defesa. Página consultada no dia 31 de maio de 2018.
  7. a b Simon D. Beck (2017). Fairchild C-82 Packet: The Military and Civil History. [S.l.]: McFarland. p. 287. ISBN 9781476669755 
  8. Defesa net .

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • CAMBESES, Manuel jr (2008), «A Saga do Correio Aéreo Nacional», Revista do Clube Militar, LXXXI (430): 20–24 .
  • SOUZA, José Garcia de (1986), A epopéia do Correio Aéreo, Rio de Janeiro: Revista Aeronáutica .
  • Guia Oficial do Museu Aeroespacial, São Paulo: C&R, 2006 .

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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