Eleições estaduais no Amazonas em 1974

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1970 Brasil 1978
Eleições estaduais no  Amazonas em 1974
3 de outubro de 1974
(Eleição indireta)
15 de novembro de 1974
(Eleição direta)


Candidato Enoque Reis


Partido ARENA


Natural de Manacapuru, AM


Vice João Bosco de Lima
Votos 09
Porcentagem 100%

As eleições estaduais no Amazonas em 1974 ocorreram em duas etapas conforme determinava a legislação em vigor: a etapa indireta aconteceu em 3 de outubro e nela a ARENA elegeu o governador Enoque Reis e o vice-governador João Bosco de Lima e em 15 de novembro houve eleições em 22 estados brasileiros e nos territórios federais do Amapá, Rondônia e Roraima. Nesse dia o MDB do Amazonas elegeu o senador Evandro Carreira que venceu o governista e fez maioria entre os cinco deputados federais e quinze estaduais que foram eleitos. O eleitorado amazonense residente no Distrito Federal votou em seus representantes no Congresso Nacional graças à Lei n.º 6.091 de 15 de agosto de 1974.[1][2][3][nota 1][nota 2][nota 3]

Natural de Manacapuru, o governador Enoque Reis é formado em Direito pela Universidade Federal do Amazonas e começou sua vida política como prefeito em sua cidade natal (1943-1946) anos depois de trabalhar como porteiro e estafeta da mesma e nesse espaço de tempo trabalhou no Jornal do Commercio em Manaus, cidade onde foi promotor de justiça e juiz do Trabalho, além de professor de instituições como a Universidade Federal do Amazonas e membro do Conselho Administrativo do Amazonas. Ao ser anunciado governador após escolha do presidente Ernesto Geisel ocupava desde 1966 uma cadeira de ministro do Tribunal Federal de Recursos por indicação do presidente Humberto de Alencar Castelo Branco.[4][5][nota 4]

Seu companheiro de chapa foi o advogado, jornalista e contabilista João Bosco de Lima. Nascido em Manaus, trabalhou na Rádio Difusora do Amazonas e presidiu a Associação de Cronistas Esportivos, foi vice-presidente da Federação Amazonense de Futebol e treinador do Nacional do Amazonas.[6] Presidente do conselho regional da Fundação Rondon e da Associação Brasileira de Relações Públicas no Amazonas, fez parte do grupo de conselheiros da Associação Brasileira de Municípios e estreou na política como suplente de deputado estadual via PRT em 1962, mas não exerceu o mandato. Eleito vereador na capital amazonense em 1963, elegeu-se deputado estadual pelo MDB em 1966. Após migrar para a ARENA renovou o mandato em 1970 e estava na presidência da Assembleia Legislativa do Amazonas ao ser eleito vice-governador em 1974.[7][nota 5]

Formado na Universidade Federal do Amazonas, o advogado Evandro Carreira nasceu em Manaus e após ingressar no PST amargou uma suplência de deputado estadual em 1958, ano em que se graduou. Eleito vereador na capital amazonense em 1959, migrou para o PL e repetiu a suplência em 1962, embora tenha renovado seu mandato na Câmara Municipal de Manaus em 1963. Adversário do Regime Militar de 1964, seguiu para o MDB onde perdeu as eleições para deputado federal em 1966, vereador em 1968 e deputado estadual em 1970, contudo foi eleito senador em 1974.[8][9]

Resultado das eleições para governador[editar | editar código-fonte]

Em eleição realizada pelos membros Assembleia Legislativa do Amazonas a chapa vencedora obteve os votos da ARENA enquanto os três membros da bancada do MDB se abstiveram.[10]

Candidatos a governador do estado
Candidatos a vice-governador Número Coligação Votação Percentual
Enoque Reis
ARENA
João Bosco de Lima
ARENA
-
ARENA (sem coligação)
09
100%
  Eleito

Resultado das eleições para senador[editar | editar código-fonte]

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral compareceram às urnas 173.663 eleitores dos quais 17.815 (10,26%) votaram em branco e 11.334 (6,53%) anularam o voto com os 144.514 votos nominais (83,21%) assim distribuídos:[1][nota 6]

Candidatos a senador da República
Candidatos a suplente de senador Número Coligação Votação Percentual
Evandro Carreira
MDB
Rui Adriano Jorge
MDB
-
MDB (sem coligação)
87.103
60,27%
Flávio Brito
ARENA
Leopoldo Cirilo Krichanã da Silva
ARENA
-
ARENA (sem coligação)
57.411
39,73%
  Eleito

Deputados federais eleitos[editar | editar código-fonte]

São relacionados os candidatos eleitos com informações complementares da Câmara dos Deputados.[11][12]

Representação eleita

  MDB: 3
  ARENA: 2
Deputados federais eleitos Partido Votação Percentual Cidade onde nasceu Unidade federativa
Joel Ferreira MDB 32.605 18,77% Manaus  Amazonas
Mário Frota MDB 27.965 16,10% Granja  Ceará
Raimundo Parente ARENA 13.296 7,65% Manaus  Amazonas
Rafael Faraco ARENA 12.929 7,44% Maués  Amazonas
Antunes de Oliveira MDB 4.154 2,39% Santa Maria da Vitória Bahia Bahia

Deputados estaduais eleitos[editar | editar código-fonte]

Das quinze vagas em disputa o MDB superou a ARENA por oito a sete.[1]

Representação eleita

  MDB: 8
  ARENA: 7
Deputados estaduais eleitos Partido Votação Percentual Cidade onde nasceu Unidade federativa
Natanael Bento Rodrigues MDB 12.998 7,48% São Paulo de Olivença  Amazonas
José Dutra MDB 8.655 4,98% Barreirinha  Amazonas
Damião Alves Ribeiro MDB 8.079 4,65% Coari  Amazonas
Carlos Farias Ouro de Carvalho MDB 6.413 3,69% Manaus  Amazonas
Aloísio Rodrigues de Oliveira MDB 5.333 3,07% Manaus  Amazonas
Gláucio Bentes Gonçalves ARENA 4.827 2,77% Parintins  Amazonas
Domíngos Sávio de Lima ARENA 4.657 2,68% Barreirinha  Amazonas
Jurandir Cleuter Mendonça ARENA 4.615 2,65% Itacoatiara  Amazonas
Homero de Miranda Leão ARENA 4.581 2,63% Maués  Amazonas
Manoel Monteiro Diz MDB 4.460 2,56% Manaus  Amazonas
José Belo Ferreira ARENA 4.352 2,50% Manaus  Amazonas
José Costa de Aquino MDB 4.279 2,46% Manaus  Amazonas
Eunice Michiles ARENA 4.172 2,40% São Paulo  São Paulo
Paulo Pedraça Sampaio MDB 4.040 2,32% Manicoré  Amazonas
Maria do Perpétuo Socorro Dutra ARENA 3.954 2,27% Boca do Acre  Amazonas

Notas

  1. A fusão entre a Guanabara e o Rio de Janeiro a partir de 15 de março de 1975 não impediu que cada estado elegesse suas próprias bancadas ao Congresso Nacional, mas por conta disso seu governador não foi escolhido indiretamente e sim nomeado pelo Governo Federal.
  2. No Distrito Federal havia seções especiais para captar o voto de quem estava fora do seu estado de origem e nos territórios federais do Amapá, Rondônia e Roraima serviu apenas para a escolha de deputados federais.
  3. Originalmente a Lei n.º 6.091 não previa a eleição para deputados estaduais, algo que ocorreria anos depois.
  4. O Tribunal Federal de Recursos foi um órgão criado em 1946 e extinto pela Constituição de 1988 deu lugar ao Superior Tribunal de Justiça.
  5. A legenda mencionada como "PRT" na biografia de João Bosco de Lima é o Partido Rural Trabalhista e não o Partido Republicano Trabalhista e quanto à sua eleição para vereador a mesma ocorreu em 6 de outubro de 1963.
  6. Após a promulgação da Emenda Constitucional Número Um, a Constituição de 1967 dizia (Art. 41 § 2º) que cada senador seria eleito com o seu suplente.

Referências

  1. a b c «Banco de dados do Tribunal Superior Eleitoral». Consultado em 25 de maio de 2018 
  2. «BRASIL. Presidência da República: Ato Institucional Número Três». Consultado em 26 de maio de 2020 
  3. «BRASIL. Presidência da República: Lei n.º 6.091 de 15/08/1974». Consultado em 7 de junho de 2013 
  4. Semana de surpresas (online). Veja, 12/06/1974. Página visitada em 7 de junho de 2013.
  5. Missão de Petrônio termina e prefere políticos (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 17/06/1974. Primeiro caderno, p. 07. Página visitada em 26 de maio de 2018.
  6. Senador arenista sofre crise cardíaca e médico diz que estado é grave (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 03/05/1979. Primeiro caderno, p. 02. Página visitada em 26 de maio de 2018.
  7. «Senado Federal do Brasil: senador João Bosco de Lima». Consultado em 26 de maio de 2018 
  8. «Senado Federal do Brasil: senador Evandro Carreira». Consultado em 25 de maio de 2018 
  9. «Morre aos 88 anos Evandro Carreira, ex-senador pelo AM (g1.globo.com)». Consultado em 25 de maio de 2018 
  10. De Norte a Sul, espetáculo igual (online). O Estado de S. Paulo, São Paulo (SP), 04/10/1974. Geral, p. 05. Página visitada em 25 de maio de 2018.
  11. «Página oficial da Câmara dos Deputados». Consultado em 8 de agosto de 2015. Arquivado do original em 2 de outubro de 2013 
  12. «BRASIL. Presidência da República: Lei nº 9.504 de 30/09/1997». Consultado em 8 de agosto de 2015