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Deficiência auditiva[editar | editar código-fonte]

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Símbolo Internacional da Surdez- Classificação e recursos externos CID-10 H90-H91 CID-9 389 DiseasesDB 19942 MeSH D034381
Símbolo Internacional da Surdez

Deficiência auditiva (também conhecida como hipoacusia ou surdez) é a perda parcial ou total de audição. É a alteração sensorial mais frequente da humanidade, afetando pessoas de todas as idades, em todos os segmentos da população e níveis socioeconômicos. A deficiência auditiva pode ter como causa doenças genéticas ou doenças adquiridas e fatores ambientais. Exemplos dessas causas são: genética ou hereditariedade, envelhecimento (presbiacusia), exposição a ruído (perda auditiva induzida pelo ruído – PAIR), infecções (as do complexo TORCH[1]), complicações perinatais, traumas físicos, medicamentos e agentes ototóxicos. As perdas auditivas de etiologia génetica, em sua maior parte, são de grau severo e profundo, enquanto que a maioria das perdas de causa ambiental são de grau leve e moderado.[2]

Cerca 466 milhões de pessoas sofrem de perda auditiva com marcas de invalidez no mundo e deste total, 34 milhões são crianças. Mas segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), este quadro pode piorar até 2050, quando mais de 900 milhões de pessoas deverão registrar perda de audição nesse mesmo nível. [3]No Brasil, existe cerca de 10,7 milhões de pessoas com deficiência auditiva, de acordo com um estudo feito em 2019 pelo Instituto Locomotiva e a Semana da Acessibilidade Surda. Em países desenvolvidos, existe predominio das causas genéticas de perda auditiva, já nos paises em subdesenvolvidos e em desenvolvimento as causa adquiridas são predominantes. [2]

Dentre todas as privações sensoriais, a perda auditiva é a que produz o maior impacto no processo da comunicação. As consequências negativas das perdas auditivas não estão limitadas à perda na audição, mas também limitação e restrição de participação em atividades de situação de vida diária [4]. Por exemplo, crianças com deficiência auditiva, congênita ou adquirida, podem apresentar dificuldades com a aquisição e desenvolvimento da linguagem oral caso não ocorra o processo de intervenção e reabilitação auditiva. Através da intervenção precoce e da reabilitação, têm-se como objetivo minimizar as dificuldades de aquisição promovendo o desenvolvimento da linguagem oral por meio da audição. [5]

Entendendo a deficiência auditiva[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte]

A audição é possível pela integridade do sistema auditivo, que capta os sons do ambiente, conduzindo-os por todas as estruturas da orelha até que o estímulo sonoro seja percebido e interpretado no córtex cerebral.

Qualquer distúrbio que aconteça entre as etapas do processo normal de audição, provocará uma alteração auditiva, que é definida como deficiência auditiva. Independente de suas causas, tipo ou severidade, as alterações auditivas devem ser evitadas em qualquer fase da vida do ser humano.[6]

A deficiência auditiva também pode ser entendida como uma diminuição na capacidade de ouvir, interferindo na audibilidade dos sons em intensidades sonoras adequadas, que são percebidos por pessoas com audição funcional.[7]

Em razão da deficiência existente, ocorrerão interferências no desenvolvimento das pessoas que a possuem. É preciso que haja uma estimulação das vias auditivas para que a aquisição e desenvolvimento da linguagem aconteçam. Quanto mais tardia for essa estimulação, menos eficiente será a habilidade de linguagem.[8][9]

Dependendo do momento em que a deficiência surge, ela pode ser considerada como congênita, pois a pessoa nasceu com a deficiência, ou adquirida, em que a deficiência se instalou no decorrer da vida. Na literatura acadêmica pode ser encontrada com os seguintes termos deficiência auditiva pré-lingual e pós-lingual.[6]

Causas[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte]

As causas de deficiência auditiva são as mais variadas. Para determinar o momento em que ocorreram, costumam ser divididas em: pré-natais, se ocorrem antes do nascimento; perinatais, no momento do nascimento; e pós-natais, quando a deficiência se dá durante o desenvolvimento da criança ou adulto.[6]

Causas pré-natais[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte]

Genética - Os fatores genéticos são muito importantes, pois casos de deficiência auditiva na família podem ser transmitidos de geração para geração. Além disso, uniões consanguíneas são um fator de risco para a deficiência auditiva. Algumas síndromes genéticas cursam com a deficiência auditiva como a síndrome de Waardenburg, síndrome de Pendred, síndrome de Usher, Síndrome de Down , Síndrome de Edwards, Síndrome de Crouzon, Síndrome de Treacher Collins, Síndrome de Klippel-Feil, Síndrome de Fraser, Síndrome de Pendred, Síndrome brânquio-otorrenal, Mucopolissacaridose, Neurofibromatose tipo 2, entre outras.[2]

A Hiperbilirrubinemia ou síndrome de Kernicterusdecorre ocorreu devido a um aumento sérico de bilirrubina indireta, que embora possa depositar em qualquer parte do cérebro e do cerebelo há clara predisposição para se depoositara nos núcleos da base, estruturas cerebrais responsáveis pelo controle dos movimentos e em núcleos cerebrais que integram o sistema auditivo

Doenças - Algumas doenças contraídas durante a gestação como a rubéola, sífilis, toxoplasmose, citomegalovírus e herpes, se não tratadas adequadamente afetarão o desenvolvimento do feto, provocando a deficiência auditiva.[6]

Medicamentos e drogas – O uso pela mãe de alguns medicamentos que afetam o sistema auditivo, como a talidomida, e drogas que atingem o sistema nervoso central, são prejudiciais e de grande risco para o surgimento da deficiência auditiva.[6]

Causas perinatais[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte]

Durante o nascimento, assim como outros traumas que aconteçam no parto, o uso do fórceps pode lesionar o cérebro da criança provocando (além de outras alterações) a deficiência auditiva. Também pode faltar oxigênio para a criança, ou haver uma diminuição dele, causando um quadro de anóxia ou hipóxia, respectivamente.[6]

Causas pós-natais[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte]

Doenças - Infecções que surgem após o nascimento na orelha externa ou média, causam distúrbios na audição, como as otites muito comuns nos bebês. Doenças como meningite e caxumba ocasionam diversos problemas na criança ou adulto, deixando sequelas variadas que dependem do quadro clínico individual.[6].

Ruído - O ruído em excesso e em intensidades muito fortes são fatores que acompanham a sociedade na atualidade. Seja no ambiente de trabalho, em festas ou nos fones de ouvido, o som alto lesa as células ciliadas do Órgão de Corti e reduzem a capacidade de ouvir. O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI) no trabalho e de protetores auriculares em ambientes ruidosos podem diminuir as chances de adquirir deficiência auditiva.

Idade - O envelhecimento é parte natural do desenvolvimento. Os idosos são a parcela populacional com a maior incidência de deficiência auditiva, ocorrendo em um terço da população segundo a "OMS".³ A deficiência auditiva provocada pelo avanço da idade é chamada de presbiacusia.[6]

Fármacos- Os fármacos podem provocar ototoxicoses, que são afecções provocadas por medicamentos de forma iatrogênica levando ao comprometimento da função auditiva e/ou do sistema vestibular.[2]

Classificações[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte]

A avaliação audiológica tem como objetivo principal determinar a integridade do sistema auditivo, além de identificar tipo, grau e configuração da perda auditiva em cada orelha. Antes que se realize avaliação, é necessario que se faça a Inspeção do meato acústico externo e anamnese ou entrevista. Nos resultados audiologicos, as deficiências auditivas devem ser classificadas quanto ao tipo, grau, configuração e lateralidade.[10]

Orelha humana (região verde - orelha externa, região vermelha - orelha média e região roxa orelha interna).

Tipo[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte]

A classificação do tipo da perda auditiva tem como objetivo realizar o topodiagnostico da lesão.[10] Assim, dependendo do local da lesão no sistema auditivo as deficiências auditivas serão classificadas em tipos específicos.[6]

Condutiva – nestes casos, a alteração se encontra na orelha externa e/ou média, como por exemplo, rolhas de cera no canal auditivo ou otite na cavidade timpânica. Dessa forma, existe um problema durante a condução do som, não permitindo que ele chegue normalmente até a cóclea. As deficiências auditivas condutivas podem ser reversíveis se forem realizados tratamentos medicamentosos ou cirúrgicos precoces e apropriados.

Sensorioneural – também chamada de neurossensorial, o acometimento está no nível sensorial e/ou neural do sistema auditivo, ou seja, acontecem desde lesões nas células ciliadas do Órgão de Corti da orelha interna, responsáveis por converter as vibrações sonoras em estímulos nervosos, ou em fibras no nervo auditivo, que conduzirão os estímulos nervosos até o córtex cerebral. Geralmente, estas deficiências são irreversíveis

Mista – como o próprio nome já diz, as alterações se encontram tanto na orelha externa e/ou média quanto na orelha interna. Reúnem tudo o que foi dito anteriormente, assim como podem ocorrer devido a malformações cranianas devido a fatores genéticos, que acometem os ossículos da orelha média (martelo, bigorna e estribo) e a cóclea.

Central – quando as alterações se encontram a partir do tronco encefálico até as regiões subcorticais e córtex cerebral, as deficiências auditivas são classificadas como centrais. São totalmente irreversíveis.

Classificação do tipo de perda auditiva (Silman e Silverman, 1997) [10]

Tipo de perda Caracteristicas
Perda auditiva condutiva Limiares de via óssea menores ou iguais a 15 dB NA e limiares de via aérea maiores que 25 dB NA, com gap aéreo-ósseo maior ou igual a 15 dB
Perda auditiva sensorioneural Limiares de via óssea maiores do que 15 dB NA e limiares de via aérea maiores que 25 dB NA, com gap aéreo-ósseo de até 10 dB
Perda auditiva mista Limiares de via óssea maiores do que 15 dB NA e limiares de via aérea maiores que 25 dB NA, com gap aéreo-ósseo maior ou igual a 15 dB

Grau[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte]

Outra forma de classificação é quanto ao grau de comprometimento. O grau da deficiência auditiva leva em consideração os limiares tonais, que são definidos como a menor intensidade de som que o indivíduo conseguiu detectar 50% dos estímulos apresentados. Os limiares são obtidos através da audiometria tonal liminar, um exame em que são feitas várias mensurações de intensidade sonora em relação a diferentes frequências. [6] Os autores classificam os graus de deficiência auditiva de diferentes maneiras, alguns classificam com base nos limiares auditivos das frequências de 500, 1000 e 2000 Hz, outros porém, tomam por base as frequências de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz, por exemplo, além de considerarem variações para crianças e adultos. A escolha da classificação fica a critério do profissional.[10]

Classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2014) para crianças:[11]

Denominação Característica
Sem deficiência auditiva limiar tonal até 15 dB
Deficiência auditiva leve limiar tonal entre 16 e 30 dB
Deficiência auditiva moderada limiar tonal entre 31 e 60 dB
Deficiência auditiva severa limiar tonal entre 61 e 90 dB
Deficiência auditiva profunda limiar tonal acima de 91 dB

Crianças sem deficiência auditiva não apresentam nenhuma ou então apresentam pequena dificuldade de ouvir, são capazes até de ouvir cochichos. Já as crianças com perdas auditivas leves são capazes de ouvir e repetir palavras em volume normal a um metro de distância. Entretanto, as crianças que possuem perdas de grau moderado serão capazes de ouvir e repetir palavras em volume elevado a um metro de distância. A perdas autivas de grau severo ja acarretarão na capacidade de ouvir palavras em voz gritada próximo à melhor orelha. Por fim, crianças com perda profunda serão incapazes de ouvir e entender mesmo em voz gritada na melhor orelha.[11]

Classificação de grau da perda auditiva (Organização Mundial da Saúde 2020) para adultos:[10]

Graus de perda auditiva Média entre as frequências de 500 Hz, 1 kHz, 2 kHz e 4 kHz
Audição normal < 20 dB
Leve 20 < 35 dB
Moderado 35 < 50 dB
Moderadamente severo 50 < 65 dB
Severo 65 < 80 dB
Profundo 80 < 95 dB
Perda Auditiva completa / surdo >95dB

Indivíduos com audição normal não apresentam nenhum problema em ouvir sons, diferentemente dos indivíduos com perda auditiva. Os pacientes com perda auditiva de grau leve já podem apresentar dificuldade em ouvir o que é falado em locais ruidosos. A perda audtiva de grau moderado pode levar a dificuldades em ouvir conversas particularmente em lugares com ruidosos, enquanto que a perda auditiva de grau moderadamente severo acarretará em dificuldade de participar de uma conversa especialmente em locais ruidosos, mas possibilita ouvir sem dificuldade se falarem com a voz mais alta. Sujeitos com perda de grau severo não ouvem a maioria das conversas, podem ter dificuldade em ouvir sons elevadas e dificuldade extrema para ouvir em lugares ruidosos, além de fazer parte de uma conversa. Já aqueles com perdas de grau profundo apresentam dificuldade extrema em ouvir voz em forte intensidade. E por fim, individuos com perda auditiva completa/ surdo não consegue escutar nenhuma conversa e a maioria dos sons ambientais. [10]

Lateralidade[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte]

Ainda pode-se classificar a deficiência auditiva se acometer somente uma orelha ou ambas, sendo denominada de unilateral ou bilateral respectivamente.[6]

Configuração audiometrica[editar | editar código-fonte]

A deficiencia auditiva ainda pode ser classificada levando em consideração os limiares auditivos de via aérea de cada orelha.[10]

Tipo de configuração Características
Horizontal Limiares alternando melhora ou piora de 5 dB em todas as frequências
Ascendente Melhora igual ou maior que 5 dB em direção às frequências altas.
Descendente leve Piora entre 5 a 10 dB em direção às frequências altas
Descendete acentuada Piora entre 15 a 20 dB em direção às frequências altas
Descendente em rampa Curva horizontal ou descendente leve com piora ≥ 25 dB em direção às frequências altas
Em U Limiares das frequências extremas melhores que as frequências médias com diferença ≥ 20 dB
Em U invertido Limiares das frequências extremas piores que as frequências médias com diferença ≥ 20 dB
Em entalhe Curva horizontal com descendência acentuada em uma frequência isolada, com recuperação na frequência subsequente

Simetria[editar | editar código-fonte]

A simetria é outra maneira de classificação das deficiencias auditivas, agora relacionadas à curva audiométrica, podendo ser classficiadas em simétricas e assimétricas. As perdas são consideradas simétricas quando as orelhas possuem mesmo grau e mesma configuração audiométrica. Já as perdas assimétricas ocorrem quando cada orelha possui grau e configuração diferente. Outra maneira de interpretação da perda assimétrica, é através do audiograma, quando houver diferença interaural ≥ que 15 dB NA em pelo menos duas frequências contínuas entre as orelhas direita e esquerda.[10]

Consequências[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte]

O desenvolvimento das funções biológicas dos seres humanos possuem períodos cruciais para ocorrerem e a linguagem é uma delas. A privação provocada pela deficiência auditiva em uma criança causará repercussões no desenvolvimento da linguagem e da fala, nunca atingindo por completo o seu melhor potencial. Isso fica mais claro no momento em que se pensa que o bebê com deficiência auditiva não está recebendo as informações sonoras do ambiente, como a fala de seus pais ou cuidadores, de maneira adequada.[6][8]

É preciso levar em consideração a individualidade de cada um, pois apesar da deficiência auditiva, as características também pesarão no desenvolvimento da criança. Ideia semelhante é com relação ao desenvolvimento escolar, com algumas crianças possuindo mais facilidade em matemática e outras em português. Ou seja, duas crianças podem ter o mesmo tipo e grau de deficiência auditiva, mas demonstrarão comportamentos diferentes, devido à suas individualidades e particularidades.[6]

Desse modo, é preciso realizar o tratamento o mais precoce possível, pois a audição promoverá a linguagem e a fala. Primeiro ouve-se e entende-se o que é dito, para depois começar a falar. As alterações esperadas de acordo com o grau da deficiência auditiva, de modo didático, são:[8][6]

- Deficiência leve: não ocorrem efeitos significativos nesses casos, com o desenvolvimento dando-se quase que igual a uma criança sem deficiência auditiva, mas é necessário o acompanhamento especializado de profissionais da saúde, para que seja certificado que a deficiência não progrida.

- Deficiência moderada: pode afetar e atrasar o desenvolvimento da fala e da linguagem, mas não impedirá que a criança fale. Caso haja intervenção precoce com o uso do aparelho de amplificação sonora individual e o processo terapêutico em conjunto, o desenvolvimento ocorrerá quase que normalmente.

- Deficiência severa: nesses casos, pode haver um impedimento para o desenvolvimento da fala e da linguagem, mas caso seja feita uma intervenção com o uso do aparelho, uma boa terapia fonoaudiológica e esforço contínuo dos pais/cuidadores e da criança, as informações sonoras serão utilizadas para o desenvolvimento da fala, linguagem e aprendizado.

- Deficiência profunda: caso não ocorra intervenção, dificilmente a fala e a linguagem se desenvolverão. Por ser um caso mais complexo, o uso do aparelho e a realização de terapias fonoaudiológicas intensas podem ajudar no desenvolvimento da fala e da linguagem, porém ocorrerá de forma mais lenta e com mais dificuldade. Mesmo assim, deve-se considerar as características individuais, pois os resultados variarão muito.

Cognição e intervenção[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte]

Grande parte da população mundial está caminhando para o envelhecimento. Esse processo traz consigo uma série de implicações, começando pelo envelhecimento das células existentes no corpo humano principalmente as da audição.[12]

Não é fácil passar por esse processo sem pensar nos danos e nas intercorrências que podem acarretar na saúde do idoso, podendo afetar a sua vida como um todo, englobando os aspectos físico, emocional e social .Quando pensamos nesses aspectos estamos falando de graves complicações para o bem-estar da pessoa em idade mais avançada como o diabetes, problemas cardíacos, hipertensão, visão, habilidades motoras grossa e fina , perda de audição, isolamento social ,doenças mentais, entre outros.[13]

Pesquisas nos mostram que além dos fatores relacionados a vida afetiva, a perda de audição e a demência são apontadas como fatores relevantes para o declínio da vida do idoso, principalmente aqueles relacionados a cognição.

A cognição é compreendida como a capacidade em processar informações e transformá-las em conhecimento, tomando consciência de si e de suas habilidades mentais e/ ou cerebrais como a percepção, linguagem (compreensão e fluência verbal), atenção, associação, imaginação, juízo, raciocínio, memória, tomadas de decisões, solução de problemas e formação de estruturas complexas do conhecimento.[14]

Cuidados relacionados a saúde são necessários para que com a chegada da velhice os idosos possam ter qualidade de vida e o mínimo de intercorrências que possam limitar as suas habilidades . [15]O apoio da família para ajudar a melhorar a autoestima e o suporte de uma equipe interdisciplinar, são fundamentais para diagnosticar e orientar quanto aos cuidados que serão necessários para que desfrutem de uma vida o mais próximo possível dentro da normalidade.[16] Após o diagnóstico do médico otorrinolaringologista e do fonoaudiólogo, serão discutidos qual será o aparelho auditivo indicado para o seu tipo de perda auditiva, se a perda é unilateral ou bilateral e se há alguma comorbidade associada .  Nestes casos poderá ser indicado o uso de aparelho de amplificação sonora individual (AASI), o implante coclear (IC) ou outros dispositivos que atendam à necessidade do usuário . Após a adaptação dos dispositivos deve-se iniciar o processo de reabilitação auditiva para que a adaptação aconteça com o mínimo de desconforto e de forma gradativa para que o cérebro se adapte aos “novos” estímulos recebidos .[17]

Adaptar-se ao uso desses dispositivos é de extrema importância para a qualidade de vida dos idosos, uma vez que além do benefício referente a compreensão de fala, eles irão proporcionar a recuperação da auto estima e consequentemente a retomada do convívio social.[18]

Diagnóstico[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte]

Ainda na maternidade, o bebê é submetido à triagem auditiva neonatal universal (TANU), conhecida como Teste da Orelhinha, que é o principal meio de detectar precocemente perdas auditivas através de emissões otoacústicas evocadas. [19]O procedimento deve ser rápido, simples e deve selecionar aqueles com maior probabidade de uma alteração. Em caso de indivíduos com perda, essa deve ser a primeira etapa de um programa de saúde auditiva neonatal, seguida de atendimento multidisciplinar para diagnóstico e inicio dos processos de intervenção, com uso de amplificação sonora e reabilitação.[4]. Desde 2010, a Lei Nº 12.303 determina que em todos os hospitais e maternidades é obrigatória a realização gratuita do exame, assim como nas crianças que nasceram em suas residências.[20]

Outros exames realizados, além das emissões otoacústicas evocadas, são a audiometria tonal liminar, imitânciometria e a pesquisa dos potenciais evocados auditivos de tronco encefálico (PEATE ou BERA na sigla em inglês). A audiometria é uma avaliação audiológica que depende da resposta da pessoa, portanto é um teste subjetivo, e aonde serão definidos os seus limiares tonais. A imitânciometria é utilizada para verificar a integridade do sistema timpanossicular, formado pelo tímpano e os ossículos da orelha média. No PEATE a avaliação ocorre pela medição das respostas elétricas que ocorrem no tronco encefálico, quando um som é apresentado na orelha e percorre o sistema auditivo.[6]

Todos os exames são pedidos por um médico, que os escolherá de acordo com o que se deseja saber. O fonoaudiólogo é o profissional que os realizará e dará o laudo audiológico. Com os resultados em mãos, o médico fornecerá o diagnóstico, baseado também em outros exames que julgar necessários, como exames de sangue ou de imagens. A entrevista com os pais da criança ou com o próprio indivíduo adulto é indispensável tanto para o médico quanto para o fonoaudiólogo.[21]

Adaptação de próteses auditivas[editar | editar código-fonte]

A deficiência auditiva foi considerada como uma doença severamente incapacitante por muitos séculos. Atualmente, porém, em quase todos os casos de perda auditiva, há como melhorar substancialmente a qualidade de vida do indivíduo, seja por meio de tratamento clínico, cirúrgico, uso de próteses auditivas ou implantes cocleares[4]

AASI (aparelho de amplificação sonora individual)

Os AASI (Aparelho de Amplificação Sonora Individual) passaram por um grande avanço tecnológico nos útimos anos, permitindo que a grande maioria dos indivíduos com perda auditiva se beneficiem com o uso da amplificação. O AASI auxilia na audibilidade para os sons principalmente nas situações de silêncio, porém, em ambientes ruidosos os desafios auditivos permanecem, havendo necessidade de tecnologias adicionais para otimizar a capacidade de comunicação desses indivíduos. A utilização do aparelho pode trazer uma série de benefícios para os usuários, desde que suas características sejam adequadamente selecionadas e ajustadas por um fonoaudiólogo, como interações sociais mais amplas, acessibilidade na comunicação e integração/inclusão em distintos espaços sociais.[4]

Implante coclear

O implante coclear (IC) permitiu que pessoas com deficiência auditiva de grau severo e/ou profundo conseguissem ter acesso ao mundo sonoro. É um dispositivo eletrônico biomédico, biocompatível e durável, desenvolvido para realizar a função das células ciliadas que estão danificadas ou ausentes, transformando a energia sonora em baixos níveis de corrente elétrica, de modo a proporcionar a estimulação elétrica das fibras remanescentes do nervo auditivo.[4]





Direitos da pessoa com deficiência auditiva no Brasil[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte]

A pessoa que possui deficiência auditiva possui direitos garantidos pela lei. Para ser destinatária desses direitos, é necessário o enquadramento nos critérios estabelecidos no Decreto n. 5.296 de 02 de dezembro de 2004 que garante direitos ao deficiente auditivo com perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500 Hz, 1.000 Hz, 2.000 Hz e 3.000 Hz.[22]

É importante observar que, atualmente, tramita pela Câmara dos Deputados um projeto de lei n. 23/2016 que possui como premissa que a deficiência auditiva é a limitação de longo prazo da audição, unilateral ou bilateral, parcial ou total, a qual, em interação com uma ou mais barreiras impostas pelo meio, obstrui a participação plena e efetiva da pessoa na sociedade, em igualdade de condições com as demais pessoas. [23]Reforçamos que esse projeto de lei está tramitando, e ainda não está em vigor, portanto os deficientes auditivos unilaterais ainda não estão contemplados pela lei.

A pessoa com deficiência auditiva que se encaixa nos critérios citados anteriormente  possui os direitos abaixo descritos:

Lei do Passe Livre[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte]

A LEI Nº 8.899, DE 29 DE JUNHO DE 1994, garante às pessoas portadoras de deficiência o direito a passagem gratuita no sistema de transporte coletivo interestadual, desde que atenda aos critérios estabelecidos na Portaria GM nº 261, de 03/12/2012, publicada em 04/12/2012 .[24]

Desconto de 50% em eventos culturais e esportivos[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte]

A pessoa com deficiência auditiva possui direito à desconto de 50% em eventos artísticos, de entretenimento, esportivos e culturais, inclusive com acompanhante quando necessário, sendo que este terá idêntico benefício no evento, garantia prevista pela Lei 12.933/2013 .[25]

Aposentadoria especial[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte]

De acordo com a Lei Complementar 142/2013 os deficientes auditivos possuem direito à aposentadoria especial, o que significa que podem se aposentar mais cedo dependendo do grau de perda auditiva. Para alcançar tal direito, é necessário passar por perícia no INSS com o objetivo de averiguar qual a gravidade da perda.[26]

LIBRAS[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte]

Por meio da Lei 10.436/2002 ao deficiente auditivo é garantido o atendimento e o tratamento adequado às pessoas com deficiência auditiva em instituições públicas, empresas concessionárias, universidades e instituições de ensino .[27]

Ensino[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte]

O governo federal por meio do Decreto 6.094/2007 institui a implementação do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação para a colaboração entre Estados e Municípios com o objetivo de capacitar professores e outros profissionais na inclusão do deficiente auditivo, de forma a melhorar a qualidade da educação básica.[28] Ainda com o mesmo objetivo, a Lei 11.096/2005 instituiu o Programa Universidade para Todos - PROUNI que estabelece aos deficientes auditivos prioridade para bolsas de estudo em cursos de graduação em instituições privadas[29]

Ver também[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte]

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Língua de sinais

  • Perda Auditiva
  • Deficiência auditiva
  • Surdez
  • Etiologia da surdez

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. NICÁCIO, Dayla Brito et al (2015). Toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus e hepatite: a enfermagem na atenção durante o pré-natal. Maceió: Cadernos de graduação.
  2. a b c d LIBERALESSO; LIBERALESSO, MARIA CHISTINA; PAULO (2011). Estudo Etiológico e Legislativo Sobre a Surdez. Curitiba: Editoração Científica. p. 11 
  3. «OMS alerta que perda de audição pode afetar mais de 900 milhões até 2050». ONU News. 3 de março de 2020. Consultado em 10 de outubro de 2022 
  4. a b c d e BOECHAT; MENEZES; COUTO; FRIZZO; SCHARLACH; ANASTASIO., E.M; P.L; C.M; A.C.F; R.C; A.R.T.  (2015). Tratado de audiologia. Rio de janeiro: Santos Editora 
  5. SOBREIRA, Ana Carolina de Oliveira et al (2015). Desenvolvimento de fala e linguagem na deficiência auditiva: relato de dois casos. São Paulo: Rev. CEFAC.
  6. a b c d e f g h i j k l m n o BEVILACQUA, Maria Cecília (1998). Conceitos básicos sobre a audição e deficiência auditiva. Bauru: HPRLLP-USP.
  7. Elzouki, Abdelaziz Y (2012). Textbook of clinical pediatrics (2 ed.). Berlin: Springer.
  8. a b c NOTHERN, Jerry L., DOWNS, Marion P. (1989). Audição em Crianças. São Paulo: Manole.
  9. Redondo, Maria Cristina da Fonseca, Carvalho, Josefina Martins (2000). «Deficiência Auditiva» (PDF). Brasília: MEC. Secretaria de Educação a Distância. 
  10. a b c d e f g h Sistema de Conselhos de fonoaudiologia (2020). Guia de orientação na avaliação audiológica (PDF). [S.l.: s.n.] 
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  13. Moleta, Ana Carla (2017). Enfermagem na saúde do idoso. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A. 208 páginas
  14. Cabreira; Canto-Dorow, Thaíssa Nunes; Thais Scotti do (31 de janeiro de 2016). «FLORISTIC LIST OF ARBOREAL AND SHRUBBY COMPONENTS OF THE CAMPUS OF FEDERAL UNIVERSITY OF SANTA MARIA, SANTA MARIA, RS». Consultado em 13 de setembro de 2010 
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  16. ANA CÉLIA SOARES GOMES SUZANA CARIELO DA FONSECA (2019). A dupla face do envelhecimento: potência e fragilidade (PDF). Paraná: Uniedusul Editora. pp. 46–58 
  17. Favaro, Beatriz. «DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM DO ALUNO COM SURDEZ/DEFICIÊNCIA AUDITIVA POR MEIO DAS HISTÓRIAS INFANTIS». Consultado em 13 de setembro de 2020 
  18. Tavares; Matias; Ferreira; Pegorari; Nascimento; Paiva, Darlene Mara dos Santos; Thaís Gabriela Cruz; Pollyana Cristina dos Santos; Maycon Sousa; Janaina Santos; Mariana Mapelli de (Novembro de 2016). «Qualidade de vida e autoestima de idosos na comunidade». Consultado em 22 de outubro de 2020 
  19. Site da Câmara do Deputados (2010). https://www.camara.leg.br/noticias/142597-sancionada-lei-que-torna-teste-do-ouvidinho-obrigatorio-e-gratuito/
  20. BRASIL. LEI Nº 12.303, de 02 de agosto de 2010. Dispõe sobre a obrigatoriedade de realização do exame denominado Emissões Otoacústicas Evocadas.Casa cívil, subchefia para assuntos jurídicos: edição federal, Brasilia. <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12303.htm>
  21. FERRARI, Deborah (1998). Procedimentos diagnósticos na avaliação audiológica infantil. Bauru: HPRLLP-USP.
  22. BRASIL. Decreto Nº 5.296 de 2 de dezembro de 2004.Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos. Regulamenta as Leis nos 10.048, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5296.htm>
  23. BRASIL. Projeto de Lei da Câmara n° 23, de 2016. <https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/125796>
  24. BRASIL.Portaria GM nº 261, de 03/12/2012.Concessão e a administração do benefício de passe livre à pessoa com deficiência. Ministro de Estado dos Transportes. Brasilia,DF,2012. <http://www2.transportes.gov.br/BaseJuridica/Detalhe.asp?Codigo=11885>
  25. BRASIL. Lei Nº 12.933, de 26 de dezembro de 2013. Dispõe sobre o pagamento de meia-entrada para estudantes, idosos, pessoas com deficiência e jovens de 15 a 29 anos comprovadamente carentes em espetáculos artístico-culturais e esportivos. Casa Civíl, subchefia para assuntos jurídicos. <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12933.htm#:~:text=Disp%C3%B5e%20sobre%20o%20benef%C3%ADcio%20do,17%20de%20agosto%20de%202001.>
  26. BRASIL. Lei complementar Nº 142, de 8 de maio de 2013. Regulamenta o 1o do art. 201 da Constituição Federal, no tocante à aposentadoria da pessoa com deficiência segurada do Regime Geral de Previdência Social - RGPS. Casa civíl, Subchefia para Assuntos Jurídicos.http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/LCP/Lcp142.htm#:~:text=Regulamenta%20o%20%C2%A7%201o,Art.
  27. BRASIL. Lei Nº 10.436, de 24 de abril  de 2002.Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências.Casa civíl, subchefia para assuntos jurídicos<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm#:~:text=Disp%C3%B5e%20sobre%20a%20L%C3%ADngua%20Brasileira,Art.>
  28. BRASIL. DECRETO Nº 6.094, DE 24 DE ABRIL DE 2007.Dispõe a implementação do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação, pela União Federal, em regime de colaboração com Municípios, Distrito Federal e Estados, e a participação das famílias e da comunidade, mediante programas e ações de assistência técnica e financeira, visando a mobilização social pela melhoria da qualidade da educação básica. Casa Cívil, subchefia para assuntos jurídicos. <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6094.htm>
  29. BRASIL. Lei Nº 11.096, de 13 de janeiro de 2005. Institui o Programa Universidade para Todos - PROUNI. Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos. <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11096.htm#:~:text=LEI%20N%C2%BA%2011.096%2C%20DE%2013%20DE%20JANEIRO%20DE%202005.&text=Institui%20o%20Programa%20Universidade%20para,2004%2C%20e%20d%C3%A1%20outras%20provid%C3%AAncias.>

ATIVIDADE- Audiologia Educacional e ( Re)habilitação Auditiva I[editar | editar código-fonte]

Habilitação e reabilitação auditiva[editar | editar código-fonte]

A Habilitação e reabilitação auditiva é um dos campos de atuação da Fonoaudiologia que compreende desde a seleção e adaptação do Aparelho de amplificação sonora e individual (AASI) até a reabilitação audiológica, por meio da terapia fonoaudiológica. [1]O objetivo da reabilitação auditiva é desenvolver ou devolver a capacidade de percepção auditiva ao indivíduo com deficiência auditiva, com auxilio de dispositivos que possam amplificar o som.[2] O desenvolvimento das habilidades auditivas e de linguagem, durante o processo de reabilitação auditiva, depende de alguns fatores determinantes como: tempo de privação auditiva, etiologia, engajamento do paciente e da família, entre outros. [2][1]

Abordagem aurioral[editar | editar código-fonte]

A abordagem aurioral é uma intervenção que tem como proposta priorizar a alteração primária: a audição, de forma que haja auxílio para que a criança possa usar sua audição residual e aprender a ouvir e falar de forma a evoluir conhecimentos, se integrar com as pessoas, e a participarem de atividades sociais, como dentro da própria família, escola e em grupos no geral.[1]

A abordagem aurioral visa desenvolver a sua audição residual, por menor que seja, para que seja aproveitada.[1][3]

Na abordagem aurioral o canal sensorial da audição é priorizado, e considerado fundamental para o desenvolvimento da comunicação oral. Mesmo que durante o trabalho outros canais sensoriais sejam utilizados, de forma que auxiliem o desenvolvimento de linguagem oral, como a visão, se necessário, a leitura labial, estes são apoios de terapia, mas a prioridade sempre se mantém com sensação auditiva. [1]

Princípios[editar | editar código-fonte]

Na abordagem aurioral existem princípios básicos e fundamentais para que a terapia possa ser desenvolvida de forma apropriada, sendo descritos:[1]

Detecção e Intervenção Precoce[editar | editar código-fonte]

O diagnóstico precoce é muito importante para o desenvolvimento da criança com deficiência auditiva, pois é nos primeiros anos de vida que ocorre a maturação neurológica, tempo ideal para a estimulação auditiva.[1]

Dispositivos eletrônicos[editar | editar código-fonte]

A amplificação e o uso constante e correto do aparelho de amplificação sonora individual ou do implante coclear (IC) multicanal, pois é por meio destes que a criança poderá ouvir a fala e os sons ao seu redor.[1]

Desenvolvimento da função auditiva[editar | editar código-fonte]

O desenvolvimento da função auditiva acontece quando existe um ambiente acústico favorável, e a partir da introdução da criança em um mundo sonoro, com contextos significativos. Isso envolve não apenas o processo de terapias, mas também o dia a dia da criança, por meio da linguagem incidental, sendo um processo prazeroso e divertido.[1]

É importante também todos os cuidados possíveis com as condições acústicas do ambiente, sempre que possível atenuar ruídos para tornar-se uma qualidade mais clara do som, e manter o Aparelho de amplificação sonora e individual (AASI) ou do Implante coclear (IC) sempre o mais eficientes possível.[1]

Integrar[editar | editar código-fonte]

Na abordagem aurioral é fundamental desenvolver o resíduo auditivo, e assim integrar a audição à personalidade da criança. A criança deve ser capaz de monitorar sua fala em desenvolvimento, ou seja, ouvir suas próprias emissões, a voz de outras pessoas e compará-las. Assim, deve ser trabalhado o saber ouvir, para que haja o uso adequado do resíduo auditivo e a atenção aos sons e aos significados que transmitem, possibilitando o domínio das habilidades da comunicação verbal.[1][3]

Comunicação[editar | editar código-fonte]

O princípio de comunicação se refere às atividades comunicativas, que se iniciam desde de o primeiro ano de vida, quando a mãe conversa com o bebê. Mesmo os cuidadores de bebês surdos, devem falar e estimular a comunicação, pois se os cuidadores forem bons falantes, a criança também será. A comunicação envolve o falar e ouvir, essencial para efetividade comunicativa. Quando os pais ouvem e compreendem os filhos praticam um incentivo ao desenvolvimento da linguagem, já que é um meio da criança perceber que sua atividade comunicativa tem função.[1]

Etapas das habilidades auditivas[editar | editar código-fonte]

As etapas das habilidades auditivas é o sexto princípio. Nele, o objetivo é fazer com que a criança com deficiência auditiva vivencie as mesmas etapas auditivas pelas quais as crianças ouvintes passam naturalmente, que são detecção auditiva, discriminação auditiva, reconhecimento auditivo e a compreensão. Estas etapas envolvem os sons ambientais e da fala, além dos processos psíquicos de atenção e memória, os quais são fundamentais para o desenvolvimento.[1]

Avaliação[editar | editar código-fonte]

Durante todo processo terapêutico a criança deve estar sendo avaliada, tanto quanto a linguagem, ao aparelho de amplificação sonora e individual ou do implante coclear (IC) , ao grau da deficiência auditiva e seus relacionamentos sociais. Para a efetiva avaliação, é essencial ter em mente que cada criança é única, com suas individualidades e seu próprio desenvolvimento, de acordo com fatores internos e ambientais, de convivência e etc.

E por conta disso, é difícil estabelecer exatamente o que esperar de cada um, o que pode ser feito é ter possibilidades gerais de certos objetivos a serem alcançados pelo trabalho terapêutico.[1]

Avaliação das habilidades auditivas e linguagem[editar | editar código-fonte]

O desenvolvimento das habilidades auditivas e linguagem procede da mesma maneira para crianças com audição normal e para as crianças com deficiência auditiva. Mas as crianças com deficiência auditiva que fazem uso ou não do aparelho de amplificação sonora e individual ou do Implante coclear (IC) devido à perda auditiva, o desenvolvimento ocorre num ritmo mais lento.[4]

O desenvolvimento da Linguagem está diretamente ligada ao desenvolvimento das habilidades auditivas. A crianças desenvolvem a linguagem escutando as palavras ao seu redor. Se a criança tiver uma perda auditiva, dificulta para ela captar e reconhecer essas palavras e aprender. A perda auditiva quanto maior o grau maior é a dificuldade da percepção e discriminação da fala e maior é o déficit de linguagem.

Para o desenvolvimento da audição e linguagem, é necessário que a criança aprenda um conjunto de habilidades essenciais como:

  • Detecção auditiva
  • Discriminação auditiva/
  • Localização auditiva
  • Reconhecimento auditivo
  • Compreensão[5]

A detecção auditiva é capacidade da criança perceber os sons existentes ao seu redor. A capacidade de prestar atenção se o som está presente ou ausente. Tal habilidade ocorre intra útero, estudos mostram que a partir da 20a semana de idade gestacional mudanças nos batimentos cardíacos do feto foram registradas mediante estimulação sonora realizada próximo à barriga da mãe. A habilidade de detectar sons depende da integridade do sistema auditivo periférico (cóclea e nervo acústico). Em crianças com deficiência auditiva congênita tal habilidade pode ser desenvolvida após colocação de prótese auditiva ou Implante coclear, já que é a base para o desenvolvimento das demais habilidades. junto com a abordagem aurioral, e é ensinado pelo pais a prestar atenção a presença do som.


Já a discriminação é a capacidade de diferenciar dois sons, ou seja, verificar se os sons são iguais ou diferentes. Recém nascidos são capazes de discriminar sons verbais pela existência de uma predisposição biológica para percepção de várias dimensões acústicas da fala, que vai crescendo com o aumento da idade e experiência da língua. Essa discriminação é observada no recém-nascido pelo sua resposta na sucção, sendo visíveis mudanças de comportamento na presença da voz materna. Estímulos acústicos inesperados que atingem rapidamente um elevado nível de pressão sonora provocam respostas de defesa (reflexo cocleopalpebral, sobressalto e aumento da frequência cardíaca), enquanto os mesmos estímulos acústicos atingindo mais lentamente sua intensidade máxima provocam respostas de interesse (abrir os olhos, olhar ao redor).


A localização é a capacidade de identificar de onde o som vem, envolve o sistema auditivo central: tronco encefálico (complexo olivar superior e colículo inferior) e córtex (lobo temporal). As etapas de localização sonora se desenvolvem dos 4 aos 24 meses. Duas pistas acústicas interferem na habilidade de localizar sons. Uma pista é a diferença de intensidade e, a outra, de tempo.


O reconhecimento auditivo é a capacidade/etapa onde a criança consegue repetir ou reconhecer um conjunto especifico de sons, por exemplo “oink” para o porco e “moo-o’ para vaca. Isso já requer o desenvolvimento da memória da crianças, a detecção do som e discriminação de um som do outro, é quando ocorre a associação significante-significado, ou seja, apontar figuras ou partes do corpo nomeadas, cumprir ordens, repetir palavras. Surge no fim do 1° ano de vida da criança.


A compreensão é a capacidade de compressão dos sons, é etapa final, a mais difícil e necessária para desenvolvimento da audição e linguagem. É a utilização de todas a habilidades anteriores para que a criança conseguir repetir algumas palavras e demostrar que intende o que o conjunto de sons significa,[1] além de conseguir responder perguntas e adquirir a habilidade de recontar histórias.


Estudos tem mostrado que crianças de diferentes faixas etárias e do sexo masculino e feminino, possuem mudança no desempenho das habilidades auditivas. Enquanto a habilidade de detectar sons melhora rapidamente no primeiro ano de vida, e depois se torna muito semelhante nos anos seguintes, a discriminação e a localização se torna mais complexa até os 6 anos de idade e, a partir daí, suas habilidades são refinadas até a puberdade, quando, então, aproxima-se do desempenho do adulto.

A avaliação das habilidades auditivas é realizada através de respostas a estímulos sonoros, partindo do princípio de que um estímulo sonoro produz uma mudança detectável de comportamento na criança. A fonoterapia deve realizar o treinamento auditivo verbal envolvendo as habilidades auditivas de atenção seletiva, localização, memória, fala e linguagem, desenvolvendo estratégias de sequencialização sonora, figura-fundo auditivo, monitoração auditiva da produção de fala, ampliação do vocabulário (treino do léxico); melhorar o conhecimento das regras da língua (treino da sintaxe); e a discriminação auditiva e a associação fonema-grafema.

Aconselhamento familiar[editar | editar código-fonte]

É importante a presença de um ambiente acústico e de estimulação auditiva e de linguagem favorável. Os familiares devem ser aconselhados em relação a:

  • aumentar a relação sinal­-ruído, ou seja, falar mais alto (nível de intensidade aumentado)
  • reduzir os ruídos ambientais em situações de comunicação mãe­-filho e familiares – criança (desligar a televisão, rádio...)
  • introduzir gradativamente os ruídos de fundo, dos monótonos e constantes
  • evitar uso de fala infantilizada


Para a aquisição da linguagem é essencial a interação entre a audição, o social, o motor e funções cognitivas vinda da infância e parentes. Qualquer perda na capacidade auditiva, mesmo que pequena, impede a criança de receber adequadamente as informações sonoras que são essenciais para a aprendizagem da linguagem.[1]

O ideal seria que todas as crianças fossem submetidas a uma avaliação audiológica no período neonatal. Uma perda de audição não identificada pode ter consequências devastadoras sobre o desenvolvimento da palavra e da linguagem da criança, mas também sobre seu comportamento psíquico e social ( Oliveira et al., 1990; Roslyng – Jensen, 1997)

Devido ao benefício do uso implante ou AASI, e a métodos terapeutas a criança pode ser capaz de ouvir as palavras e desenvolver as habilidades auditivas, e assim conseguir escutar e compreender as palavras, e isso conduz a aprendizagem da linguagem.[5]

Os primeiros anos de vida são considerados os mais importantes para o desenvolvimento da audição e da fala, pois nesse período ocorrem o amadurecimento do sistema nervoso, o maior crescimento cerebral e a formação de novas conexões neurais. Os processos de linguagem e aprendizagem são bastante complexos, envolvendo redes de neurônios distribuídos em diferentes áreas do cérebro, associados à percepção da fala e dependentes da integridade auditiva periférica e central.

Há necessidade de uma avaliação do que pode ser chamado de audição funcional, que é uma diferença importante entre a avaliação comunicativa de uma criança ouvinte e de uma criança com perda auditiva. Sabe-se que a escuta é o método mais eficaz e eficiente de adquirir e controlar as habilidades da fala oral .

Vários são os fatores que influenciam no prognóstico do desenvolvimento da fala em crianças com deficiência auditiva, um deles é o uso correto da amplificação sonora; por isso, as famílias precisam ser orientadas o quanto antes sobre o uso da amplificação sonora e sobre as capacidades da criança, levando em consideração o período crítico do desenvolvimento cerebral e da neuroplasticidade.

A questão da relação entre audição e linguagem vem sendo discutida há décadas. Nas propostas fonoaudiológicas para deficientes auditivos, fundamenta-se o papel da audição na aquisição da linguagem e determina-se o método clínico e as técnicas terapêuticas. No trabalho voltado ao domínio da linguagem falada, a discussão dessa relação constitui um dos principais eixos de apoio à clínica para deficientes auditivos e envolve a reorganização das situações de interação no sentido de preferência pelo canal auditivo. A relação entre percepção e produção de fala e resposta auditiva durante os três primeiros anos de vida é importante para o desenvolvimento de propostas de programas para deficientes auditivos. A avaliação das habilidades orais, escritas e auditivas em crianças com deficiência auditiva deve ser realizada em intervalos regulares para que o processo de intervenção fonoaudiológica possa ser reavaliado e que o planejamento terapêutico possa ser elaborado de acordo com o desenvolvimento de cada pessoa.[6]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c d e f g h i j k l m n o p Formigoni, Bevilacqua, Gisela Maria, Maria Cecilia (2003). «Audiologia Educacional - Uma Opção Terapêutica Para A Criança Deficiente Auditiva». ProFono 
  2. a b Scaranello, Carla Alessandra (30 de dezembro de 2005). «REABILITAÇÃO AUDITIVA PÓS IMPLANTE COCLEAR». Medicina (Ribeirão Preto) (3/4): 273–278. ISSN 2176-7262. doi:10.11606/issn.2176-7262.v38i3/4p273-278. Consultado em 2 de novembro de 2022 
  3. a b Doreen, Pollack (1985). «. Educational audiology for the limited hearing infant» 
  4. Introduction to aural rehabilitation. Raymond H. Hull Second edition ed. San Diego, CA: [s.n.] 2014. OCLC 995048108 
  5. a b Oliveira, Patrícia Santos; Penna, Letícia Macedo; Lemos, Stela Maris Aguiar (2015). «Desenvolvimento da linguagem e deficiência auditiva: revisão de literatura». Revista CEFAC: 2044–2055. ISSN 1516-1846. doi:10.1590/1982-0216201517611214. Consultado em 2 de novembro de 2022 
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