1.º Batalhão de Infantaria Mecanizado (Escola)
1.º Batalhão de Infantaria Mecanizado (Escola) | |
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Distintivo | |
País | Brasil |
Estado | Rio de Janeiro |
Corporação | Exército Brasileiro |
Subordinação | Grupamento de Unidades-Escola - 9.ª Brigada de Infantaria Motorizada |
Denominação | Regimento Sampaio |
Sigla | 1.º BI Mec (Es) |
Criação | 1567 |
Patrono | Antônio de Sampaio |
História | |
Guerras/batalhas | Invasões francesas no Brasil Reconquista de Angola Guerra Guaranítica Guerra de Restauração do Rio Grande do Sul Guerra da Tríplice Aliança Segunda Guerra Mundial |
Sede | |
Guarnição | Vila Militar do Rio de Janeiro |
Página oficial | http://www.1bimec.eb.mil.br |
Mapa da área de atuação | |
https://goo.gl/maps/uJk7wrLbsZ7h8mRp7 |
O 1.º Batalhão de Infantaria Mecanizado (Escola), ou 1.º BI Mec (Es), também conhecido como Regimento Sampaio, é uma unidade do Exército Brasileiro sediada na cidade do Rio de Janeiro e subordinada ao Grupamento de Unidades-Escola - 9.ª Brigada de Infantaria Motorizada, do mesmo local. Usa blindados VBTP-MR Guarani e, como Unidade-Escola, pode ser usada em demonstrações táticas. Sua história é antiga, remontando ao Brasil Colônia, e seu nome é homenagem ao brigadeiro Antônio de Sampaio, Comandante da Divisão Encouraçada, na qual combateu na Guerra do Paraguai. Em 1944–1945 foi um dos três regimentos da Força Expedicionária Brasileira, e internamente participou de várias crises políticas nacionais.
História
[editar | editar código-fonte]Organização
[editar | editar código-fonte]A unidade considera-se tradicional,[1] traçando sua genealogia desde o Terço do Rio de Janeiro fundado por Mem de Sá em 1567[2] a partir de companhias independentes.[3] Era a tropa paga, regular (ao contrário das Ordenanças), disponível na cidade, e seu mestre de campo Francisco de Castro Morais foi também governador interino. Em 1700, com a criação de uma nova unidade, eles foram distinguidos pelos termos “Terço Velho” e “Terço Novo”. Ainda assim as defesas da cidade eram precárias.[4] Cada terço orçava 600 homens.[5]
Unido ao Regimento de Bragança, vindo de Portugal, deu origem ao 1º Regimento de Infantaria do Rio de Janeiro em 1793.[2] Ele foi abolido em 1824, cortando a ligação histórica, restabelecida, conforme o histórico oficial, na criação do 1º Batalhão de Infantaria em 1841.[1] O Arquivo Histórico do Exército enumera uma cadeia de mudanças de nome, com a abolição do regimento em 1818, tornando-se o 1º Batalhão de Fuzileiros, e em seguida o 2º Batalhão de Caçadores da Corte (1822) e 2º Batalhão de Caçadores (1824), dissolvido em 1832 e reorganizado em 1842 como o 1º Batalhão de Fuzileiros. Este, por sua vez, tornou-se 1º Batalhão de Infantaria Pesada em 1870 e 1º Batalhão de Infantaria em 1888.[6] Durante a Guerra do Paraguai o 1º Batalhão de Infantaria fez parte, ao lado de outros batalhões, da 7ª Brigada da 3ª Divisão de Infantaria, comandada pelo Brigadeiro Sampaio.[7] Em 1889 ele fazia parte da 2ª Brigada, no Rio de Janeiro.[8]
Em 1908, com a reorganização do Exército, o 1º Batalhão foi fundido ao 7º e 20º para formar o 1º Regimento de Infantaria (RI), sediado a partir de 1913 na nova Vila Militar.[1] Em 1922 ele fazia parte da 1ª Brigada de Infantaria, subordinada, por sua vez, à 1ª Divisão de Infantaria (DI).[9] Em 1938 teve nova subordinação, passando a integrar a Infantaria Divisionária da 1ª DI.[10] Em 1940, com a promoção do culto a Sampaio e sua elevação a patrono da arma da infantaria, o 1º RI recebeu o título de “Regimento Sampaio”; pouco depois ganhou um estandarte próprio, com três estrelas representando as feridas de Sampaio na batalha de Tuiuti.[11]
Em 1964 o regimento era considerado uma das melhores unidades de infantaria do Exército,[12] embora não tão completo quanto o Regimento-Escola de Infantaria.[13] Como era comum, em 1960 tinha apenas dois dos três batalhões de infantaria previstos.[14] Em 1968 o regimento foi transferido a uma nova 1ª Brigada de Infantaria, criada a partir do então Grupamento de Unidades-Escola.[15] Em 1972 essa Brigada tornou-se motorizada, com os dois batalhões do 1º RI tornando-se respectivamente o 1º e 21º Batalhões de Infantaria Motorizada (BI Mtz). À época os regimentos de infantaria foram abolidos.[16] O 21º Batalhão foi desativado em 1976.[6] Em 1980 o 1º BI Mtz havia sido transferido à 9ª Brigada de Infantaria Motorizada (Escola).[17] Essa brigada era uma nova organização, mas com as mesmas funções do Grupamento de Unidades-Escola antigo, devendo ter unidades exemplares para realizar demonstrações táticas às escolas militares.[18]
Em 2015 a unidade foi a primeira a receber blindados VBTP-MR Guarani, tornando-se assim de infantaria mecanizada em 2019.[1]
Atuação
[editar | editar código-fonte]O antigo regimento tem histórico de participação em momentos relevantes da história nacional.[19] Sua criação era reação às invasões francesas, e na Guerra Luso-Holandesa combateu em Angola colonial em 1648.[2] Em 1711 estava entre as forças de defesa do Rio de Janeiro durante um novo ataque francês; os defensores foram derrotados.[3] Em meados do século XVIII a unidade participou de campanhas no Sul, integrando a expedição de demarcação das fronteiras do Tratado de Madri, a partir de 1751, nessa posição lutando nas Guerras Guaraníticas em 1754–1756. Em seguida, combateu contra os espanhóis pelo controle do atual Rio Grande do Sul na década de 1770.[2][20]
Na Guerra do Paraguai participou da batalha de Tuiuti e outras, além de estar embarcado com a Marinha do Brasil durante a Batalha do Riachuelo, dessa forma foi a única tropa terrestre a combeter embarcado nessa Batalha. Em 1889, estava entre as forças envolvidas na Proclamação da República.[1] Em 1922, oficiais que conspiravam contra a posse de Arthur Bernardes como presidente pretendiam, a partir do 1º RI, tomar o controle da 1ª Divisão da Infantaria e avançar contra o governo. Muitos foram presos antes do início da revolta em 5 de julho. Uma companhia revoltou-se de madrugada, mas foi contida pelo comandante, o coronel Nestor Sezefredo dos Passos. A revolta foi derrotada, sendo mais conhecida pelos eventos no Forte de Copacabana.[21] Na Revolta Paulista de 1924 o regimento foi um dos reforços legalistas enviados a São Paulo, integrando a brigada do general Tertuliano Potiguara.[22] Ele participou ainda da Revolução de 1930, esteve entre os governistas na Revolução Constitucionalista de 1932 e, de forma marginal, teve envolvimento também na Intentona Comunista de 1935.[2]
O regimento foi um dos escolhidos para integrar a 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária na Campanha da Itália, embarcando em setembro de 1944. A Batalha de Monte Castello tornou-se ponto importante de sua identidade;[23] o regimento foi encarregado do ataque principal que tomou o monte, em fevereiro de 1945.[24] No golpe de Estado de 1964 o regimento foi enviado pelo comando legalista para defender o corte do rio Paraíba do Sul contra o Destacamento Tiradentes vindo de Minas Gerais. Em vez disso, ele mudou de lado, alterando o equilíbrio de forças. Sua adesão foi um momento decisivo na vitória do golpe.[12]
Na Nova República o batalhão participa de missões de paz da Organização das Nações Unidas, como a Terceira Missão de Verificação das Nações Unidas em Angola, em 1996, e a Missão das Nações Unidas para a estabilização no Haiti, em 2003, 2010 e 2015, além de operações de garantia da lei e da ordem e outras de segurança interna, nas ocupações dos complexos do Alemão e da Maré, em 2011 e 2014, e da intervenção federal no Rio de Janeiro em 2018.[1]
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ a b c d e f Ferrari, Angelita; Costa, Marcos Antônio (2019). «Os espaços culturais e a memória nos quartéis do Exército Brasileiro». Centro de Estudos de Pessoal. Revista Silva. 3 (2). Consultado em 15 de maio de 2022
- ↑ a b c d e «1º Batalhão de Infantaria Motorizado - Regimento Sampaio». Exército Brasileiro. Consultado em 15 de maio de 2022. Cópia arquivada em 2 de abril de 2010
- ↑ a b Chartrand, René (2012). «A tomada do Rio de Janeiro pelos franceses em 1711» (PDF). Navigator. 8 (15). Consultado em 15 de maio de 2022
- ↑ Mello, Christiane Figueiredo Pagano de (janeiro–junho de 2012). «O Rio de Janeiro: uma praça desfalcada "dos melhores soldados e oficiais" (séculos XVII-XVIII)». Franca: Unesp. Revista História. 31 (1). Consultado em 15 de maio de 2022
- ↑ «Aspectos da Organização Militar Brasileira nas Primeiras Décadas do Século XVIII». Exército Brasileiro. Consultado em 15 de maio de 2022
- ↑ a b AHEx (2020). «Catálogo de destino dos acervos das Organizações Militares do Exército Brasileiro» (PDF) 2ª ed. Rio de Janeiro: Arquivo Histórico do Exército. Consultado em 6 de março de 2021
- ↑ Bento, Cláudio Moreira. «O BRIGADEIRO ANTÔNIO DE SAMPAIO NA GUERRA DA TRÍPLICE ALIANÇA 1865-1870». AHIMTB. Consultado em 15 de maio de 2022.
- ↑ Bento, Cláudio Moreira (1989). O Exército na Proclamação da República (PDF). Rio de Janeiro: SENAI. p. 20.
- ↑ Savian, Elonir José (2020). Legalidade e Revolução: Rondon combate tenentistas nos sertões do Paraná (1924/1925). Curitiba: edição do autor. p. 223.
- ↑ BRASIL, Decreto-lei nº 609, de 10 de agosto de 1938. Organiza os Comandos das Armas e dá outras providências.
- ↑ Castro, Celso (2002). A invenção do Exército Brasileiro. Rio de Janeiro: Zahar
- ↑ a b Silva, André Gustavo da (2014). Um estudo sobre a participação da PMMG no movimento golpista de 1964 em Belo Horizonte (PDF) (Dissertação de Mestrado). São João del Rei: UFSJ. Consultado em 5 de junho de 2020. p. 203-204.
- ↑ Pedrosa, Fernando Velôzo Gomes (2018). Modernização e reestruturação do Exército brasileiro (1960-1980) (Tese de Doutorado). Rio de Janeiro: UFRJ. Consultado em 28 de dezembro de 2020. p. 146.
- ↑ Pedrosa 2018, Apêndice 3.
- ↑ Pedrosa 2018, p. 163.
- ↑ Pedrosa 2018, p. 183.
- ↑ Pedrosa 2018, Apêndice 4.
- ↑ Pedrosa 2018, p. 180.
- ↑ Brasil, Luis Filipe de Nazareth (2019). Expedicionários da memória: lugares de memória em São João Del-Rei (PDF) (TCC). UnB. Consultado em 15 de maio de 2022. p. 11.
- ↑ Bento, Cláudio Moreira (1996). A Guerra de Restauração do Rio Grande do Sul (1774-1776) (PDF). Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército. Consultado em 15 de maio de 2022
- ↑ Torres, Sérgio Rubens de Araújo (25 de fevereiro de 2000). «A revolução de 1922». Hora do Povo. Consultado em 6 de maio de 2022
- ↑ Savian 2020, p. 95.
- ↑ Dantas, Wanderson Ramonn Pimentel (2019). «Do springfield ao violão, do morteiro ao pandeiro: sambas, marchas e reminiscências nas canções compostas integrantes do Regimento Sampaio da Força Expedicionária Brasileira em 1945 e 1966». Navigator. 15 (29). Consultado em 15 de maio de 2022
- ↑ Bento, Cláudio Moreira. «O COMBATE DE MONTE CASTELO - 65º ANIVERSÁRIO». AHIMTB. Consultado em 15 de maio de 2022