Metalcore

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Metalcore
Origens estilísticas
Contexto cultural Final da década de 1980, Nova Iorque, Estados Unidos
Instrumentos típicos Vocais, guitarra, baixo, bateria, algumas vezes teclado
Popularidade Alta desde a década de 1990 nos Estados Unidos acompanhando a nova onda do heavy metal americano. Média em outros países como Reino Unido e Austrália. Baixa em algumas cenas do Brasil.
Subgêneros
Mathcore - Swedecore
Gêneros de fusão
Deathcore - Electronicore - Metalcore progressivo - Nu metalcore
Formas regionais
Massachusetts - Nova Jersey - Nova Iorque - Londres
Outros tópicos
Death metal melódico  • Djent  • N.Y.H.C  • N.W.O.A.H.M  • Screaming

Metalcore é um gênero musical de fusão que combina elementos de metal extremo e hardcore punk. A palavra é uma alusão aos dois gêneros, metal e hardcore.

O metalcore é conhecido por seu uso de breakdowns provindos do hardcore – que são passagens lentas e intensas que propiciam o moshing. Outra característica na instrumentação são os riffs pesados e rápidos ​​de guitarra do metal extremo, frequentemente utilizando tons de pedal percussivo e bateria dupla. Vocalistas do gênero geralmente fazem o uso de técnicas de vocais gritados (screaming ou fry scream) em conjunto com vocais limpos e melódicos, embora o vocal gutural também seja uma técnica popular dentro do gênero.

Parte das raízes do metalcore surgiram no final dos anos 1980 até o início dos anos 1990, quando os músicos começaram a fundir o hardcore punk com estilos de metal extremo. Durante o início dos anos 2000, o metalcore começou a ganhar mais destaque comercial. Muitas bandas foram fortemente influenciadas pelo death metal melódico sueco, fazendo com que o termo "metalcore melódico" fosse cunhado para descrevê-las. Em meados dos anos 2000, um estilo de metalcore com forte influência no death metal ganhou popularidade moderada, este estilo foi apelidado de deathcore. Muitas bandas de metalcore e deathcore emergiram da chamada "New Wave of American Heavy Metal".

Características[editar | editar código-fonte]

Amostra de "My Curse" de Killswitch Engage. Progressões melódicas que entram em contraste com vocais gritados e instrumentação agressiva são algumas das características comuns do gênero. Nota-se também o uso de quebras de guitarra (breakdowns).

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  • Vocal gritado (screaming) - Uma característica marcante no gênero, podendo variar de gritos agudos aos mais graves (gutural). Algumas vezes em sintonia com a guitarra solo.
  • Vocal melódico - Vocais cantados de forma leve e harmoniosa, em contraste com os gritos. Algumas bandas optam por não usar vocais limpos, preferindo deixar a carga emotiva somente nos instrumentais.
  • Guitarras - Afinações baixas, riffs rápidos e dobras, algumas vezes solos acompanhando a instrumentação rápida. Uma técnica bastante conhecida são os drops de guitarra (breakdowns), uma técnica bastante utilizada por guitarristas deste gênero. O breakdown consiste em quebras de riffs em guitarras que tocam um conjunto de riffs orientados ritmicamente, geralmente em cordas levemente abafadas para atingir um ruído de ataque muito alto que decai lentamente, tornando o som geral mais denso e pesado. Às vezes, eles são contrastados com acordes dissonantes, como intervalos de segundos menores, trítonos (quintas bemolizadas) ou harmônicos de aperto.
  • Baixos - Rápidos e na maioria das vezes com o uso de palhetas.
  • Bateria - Veloz e alternando com condução e pedais duplos encaixando com as palhetadas das guitarras e baixo, algumas vezes com o uso de blast beats (metranca) e algumas vezes D-beat.

História[editar | editar código-fonte]

Precursores (1977–1984)[editar | editar código-fonte]

Ver artigos principais: Hardcore punk e crossover thrash

O hardcore começou a ser inserido ao metal extremo a partir do início da década de 1980. As bandas Black Flag[2] e Bad Brains[3] estão entre as criadoras do hardcore, que admiravam Black Sabbath. Bandas de street punk britânico, como por exemplo Discharge e The Exploited também buscavam inspirações dentro do heavy metal.[4] Os Misfits em seu álbum denominado Earth A.D, tornaram-se influência através deste para o thrash.[5] Apesar de tudo, as culturas do punk e do metal permaneceram separadas desde meados do primeiro semestre de 1980.

Crossover thrash (1984–1989)[editar | editar código-fonte]

Banda de hardcore dos anos 80, Agnostic Front.

Uma mistura de metal e hardcore eventualmente criou a cena crossover thrash, que assaltou um clube em Berkley chamado Ruthie's, em 1984.[6] O termo "metalcore" em sua essência foi utilizado para se referir a estes grupos de crossover.[7] Bandas de hardcore punk como Corrosion of Conformity,[8] Dirty Rotten Imbeciles e Suicidal Tendencies[9] tocavam lado-a-lado com bandas de thrash metal como Metallica e Slayer. Esta cena influenciou o lado skinhead do hardcore novaiorquino, que também começou em 1984, incluindo bandas como Cro-Mags, Murphy's Law, Agnostic Front[10] e Warzone.[11] Os Cro-Mags se mostraram a banda de maior influência, sendo igualados aos Bad Brains, Motörhead, e Black Sabbath.[12] Os Cro-Mags também embarcaram no straight edge, e para surpresa de todos no Movimento Hare Krishna.[13] Outras bandas straight edge, incluindo Gorilla Biscuits, Crumbsuckers, e Youth of Today,que inaugurou o estilo youth crew.[14] Em 1985 foi anunciada a criação do Breakdown[desambiguação necessária],[15] uma miscelânia dos Bad Brains com uns traços de origem Reggae, criando assim a forma mais famosa de troca de ritmo dentro de uma mesma música, encorajando os espectadores a fazerem o mosh. O álbum Cause Of Alarm (1986), da banda Agnostic Front com a participação de Peter Steele, foi um marco na mistura do hardcore com o metal.

Hardcore metálico (1989–1995)[editar | editar código-fonte]

Entre 1989 e 1995, uma nova onda de bandas de hardcore punk e metalcore surgiu. Isto inclui All Out War, Integrity, Earth Crisis, Converge, Shai Hulud, Starkweather, Judge, Strife, Rorschach, Vision of Disorder. Integrity teve como sua influência primária uma banda de metalcore japonesa, intitulada GISM, com pitadas de Slayer e mais elementos vindo de bandas como Septic Death, Samhain e Motorhead. Já Earth Crisis, Converge e Hatebreed, preferiram elementos do death metal. Os álbuns Hearts Once Nourished with Hope and Compassion da banda Shai Hulud, e Destroy The Machines da banda Earth Crisis (1995), foram uma forte inflência desta época.

Metalcore melódico e sucesso comercial[editar | editar código-fonte]

Metalcore melódico
Metalcore
A banda Killswitch Engage foi uma das responsáveis por trazer o gênero ao mainstream.
Origens estilísticas Hardcore melódico
Death metal melódico
Contexto cultural Metade da década de 1990, nos Estados Unidos e no Reino Unido
Instrumentos típicos Vocais - Guitarra - Baixo - Bateria - algumas vezes Teclado
Popularidade Grande popularidade a partir do ano 2000.
Formas regionais
Estados Unidos - Austrália - Suécia - Reino Unido

No início dos anos 90, uma terceira onda de bandas de metalcore apareceu, que adicionaram uma significante ênfase na melodia. Estas bandas combinavam elementos modernos do punk e do metal, e tinham a tendência de misturar death metal melódico e hardcore melódico. As primeiras bandas que misturavam estes elementos e algumas das precursoras são Eighteen Visions, Killswitch Engage, All That Remains, Shadows Fall, Unearth, Trivium, Bleeding Through e Atreyu. Os primeiros discos destas bandas conseguiram subir a patamares mais populares em grande parte por esta mistura, tornando-se a lista das bandas de maior sucesso comercial no gênero. No death metal melódico, as bandas que podem ser consideradas como influência primária foram particularmente as bandas de Língua sueca, como In Flames, Dark Tranquility e At the Gates. O Metalcore melódico possui vocais limpos durante a música e tendem a ser menos dissonantes que os outros estilos do metalcore. Algumas destas bandas, como por exemplo Shadows Fall, chegam a lembrar o vocal anos 80 do glam metal.

Banda galesa, Bullet For My Valentine, durante um show em 2006.

Na metade da década de 2000, o metalcore acabou subindo a patamares mais altos com uma força que até mesmo gerou gravadoras independentes, como a Century Media ou a Metal Blade, encabeçando bandas de metalcore como seus principais produtos.

Trivium durante um show em 2008.

O metalcore ficou popular o suficiente para que álbuns como The End of Heartache do Killswitch Engage e The War Within da banda Shadows Fall debutassem nas posições 21 e 20 da Billboard. O single "Two Weeks" da banda All That Remains alcançou a nona posição no Mainstream Rock Tracks nos Estados Unidos e a canção título do álbum ficou no lugar de número 38. Mesmo com o sucesso do metalcore melódico, algumas bandas desta época ainda possuíam influências do thrash metal, como o Bullet for My Valentine em seu segundo álbum de estúdio, Scream Aim Fire.

Metalcore cristão[editar | editar código-fonte]

Metalcore cristão
Metalcore
The Devil Wears Prada no Cornerstone Festival.
Origens estilísticas Metal cristão
Hardcore cristão
Contexto cultural Final da década de 1990 e começo da década de 2000, nos Estados Unidos
Instrumentos típicos Vocais - Guitarra - Baixo - Bateria - algumas vezes Teclado
Popularidade Popularidade média.

Em 1999 foi realizado o primeiro trabalho de metalcore envolvido com temáticas cristãs, da banda de metalcore Zao, com o álbum Where Blood and Fire Bring Rest. Sendo ZAO um dos precursores do Metalcore e o precursor do metalcore cristão, o gênero se tornou um estilo muito favorável a bandas de metal cristão, tendo uma onda de bandas de metalcore cristão nos anos 2000 e as bandas desta cena do metalcore acabaram se tornando a maioria do mainstream do metalcore atual (e vice-versa, com o mainstream do metal cristão se tornando as atuais bandas de metalcore). Underoath, Demon Hunter, The Devil Wears Prada, August Burns Red, Zao, Haste the Day, For Today, Phinehas outra banda que não é totalmente adepta ao gênero, mas que sofre influências do metalcore é a Banda Living Sacrifice, estes são alguns exemplos dentre muitos outros.

Subgêneros[editar | editar código-fonte]

Mathcore[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Mathcore

O Mathcore surgiu na metade dos anos 90, do trabalho das bandas Converge, Botch e The Dillinger Escape Plan. O termo foi concebido como analogia ao Mathrock, pois o Mathcore é caracterizado pela velocidade, riffs bastante técnicos, e compassos não usuais ou complexos. Bandas como Protest The Hero e Fear Before, incorporam os padrões do Metalcore junto com tempos complexos e elementos do progressivo, formando assim o Mathcore.

Deathcore[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Deathcore
Banda de deathcore Carnifex

De forma bem incisiva, é uma amalgama entre o Metalcore e o Death Metal. Enquanto ainda classificado como um subgênero do Metalcore, o Deathcore tem influência maior do Death Metal, tendo como peculiaridades a velocidade, o peso, a abordagem da escalas cromáticas, grande quantidade de riffs com a técnica do palm mutting, dissonância e trocas de tom. O Deathcore muitas vezes faz o uso excessivos de breakdowns com uma sonoridade pesada e sombria, descartando o uso de melodias, no entanto, algumas bandas como Chelsea Grin, All Shall Perish e Born of Osiris fazem o uso da melodias em algumas de suas músicas.

Electronicore[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Electronicore
I See Stars em 2010

O electronicore[16][17][16] (também conhecido como synthcore ou trancecore) é uma fusão entre o metalcore ou post-hardcore com a música eletrônica, mais especificamente electronica e trance, podendo também incluir EDM, dubstep e influências da música ambiente. A banda I See Stars é uma das mais expressivas desta fusão, embora seu estilo oscile entre metalcore e post-hardcore combinados com a música eletrônica. Outras bandas como a precursora Enter Shikari, Attack Attack! e Abandon All Ships também foram notáveis dentro do estilo. Logo em seu lançamento, o álbum Stand Up and Scream da banda Asking Alexandria se tornou um dos mais populares e expressivos na mistura do peso do metalcore com a música eletrônica.[18]

Metalcore progressivo[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Metalcore progressivo
Banda de metalcore progressivo After the Burial

O Metalcore progressivo[19] é uma fusão do Metalcore com o Metal progressivo, tendo ainda influência do Djent, sendo caracterizado por instrumentais mais complexos, como solos mais elaborados, constantes contratempos, arranjos atmosféricos e ambientes, entre mais.

Nu metalcore[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Nu metalcore

O Nu metalcore[20] é uma fusão entre o Metalcore e (ou) Deathcore com o Nu metal,[21] sendo ainda algumas bandas influenciadas pelos gêneros mais atuais do pop[20] e do R&B.[21]

Principais álbuns[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Resistance». Resistance Records (22–26). 2004: 111 
  2. Blush, American Hardcore, part 2, "Thirsty and Miserable", p. 63, 66
  3. Andersen, Mark and Mark Jenkins (2003). Dance of Days: Two Decades of Punk in the Nation's Capital. "Postive Mental Attitude". p. 27. Akashic Books. ISBN 1-888451-44-0
  4. Glasper, Ian (2004). Burning Britain: The History of UK Punk 1980-1984. Cherry Red Books. p. 5. ISBN 1-901447-24-3
  5. Blush, "Hits from Hell", American Hardcore, p. 204
  6. Blush, p. 115
  7. Felix von Havoc, Maximum Rock'n'Roll #198 [1] Arquivado em 5 de junho de 2008, no Wayback Machine. Data de acesso: 20 de junho de 2008
  8. Blush, p. 193
  9. Christe, Ian: Sound of the Beast: The Complete Headbanging History of Heavy Metal (2003), p. 184
  10. Blush, p. 186
  11. Blush, p. 188
  12. Blush, p. 189
  13. "Cro-Mags foi a primeira banda a juntar skinheads e metaleiros em shows." Blush, p. 189
  14. Alternative Press, 7 de julho de 2008, p. 109
  15. "O estilo de mosh era mais lento, e com uma influência mais peculiar do reggae." - Howie Abrams, Blush, p. 193
  16. a b Pio, Gabriel (Staff member). «I See Stars - The End of the World Party». TheNewReview.net. Consultado em 8 de Outubro de 2012. Arquivado do original em 23 de fevereiro de 2011 
  17. Erro de citação: Etiqueta <ref> inválida; não foi fornecido texto para as refs de nome ISSls
  18. Ultimate Guitar.com. «Stand Up And Scream Review». Consultado em 2 de setembro de 2011 
  19. «Our Contributors’ Year End Lists». Metal Insider (em inglês). 17 de dezembro de 2010. Consultado em 26 de maio de 2017 
  20. a b «The Nu Metal Revival Is Officially Upon Us». NuMetalMessiah.net - The Number One Resource For All Things Nu Metal. 21 de abril de 2017. Consultado em 18 de julho de 2017 
  21. a b «Thrash Hits - Nu metalcore». Consultado em 2 de janeiro de 2018. Arquivado do original em 15 de março de 2017 
  22. «Killswitch Engage II estreando em #7 no Billboard 200 com mais de 58 mil cópias vendidas na primeira semana». roadrunnerrecords.com. Consultado em 7 de Dezembro de 2011 

Ligações Externas[editar | editar código-fonte]

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Metalcore