Sérgio Buarque de Holanda

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Sérgio Buarque de Holanda
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Sérgio Buarque de Holanda na redação do Diário Carioca, em 1956.
Nascimento 11 de julho de 1902
São Paulo
Morte 24 de abril de 1982 (79 anos)
São Paulo
Nacionalidade Brasil brasileira
Ocupação historiador, jornalista, crítico literário

Sérgio Buarque de Holanda[1] (São Paulo, 11 de julho de 1902 — São Paulo, 24 de abril de 1982) foi um dos mais importantes historiadores brasileiros. Foi também crítico literário e jornalista.

Vida

Sérgio Buarque de Holanda estudou em diversas escolas de São Paulo uma delas foi a Escola Estadual Caetano de Campos. Mudou-se, em 1921, para o Rio de Janeiro, matriculando-se na Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro, atual Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde obteve o bacharelado em Ciências Jurídicas e Sociais em 1925.

Ao longo da década de 1920, atuou como representante do movimento modernista paulista no Rio de Janeiro. Trabalhou então em diferentes órgãos de imprensa e, entre 1929 e 1930, foi correspondente dos Diários Associados em Berlim, onde também frequentou atividades acadêmicas, como as conferências do historiador Friedrich Meinecke.

De volta ao Brasil no começo dos anos 30, continuou a trabalhar como jornalista. Em 1936, obteve o cargo de professor assistente da Universidade do Distrito Federal. Neste mesmo ano, casou-se com Maria Amélia de Carvalho Cesário Alvim, com quem teria sete filhos: Sérgio, Álvaro, Maria do Carmo, além dos músicos Ana de Hollanda, Cristina Buarque, Miúcha e Chico Buarque. Ainda em 1936, publicou o ensaio Raízes do Brasil, que foi seu primeiro trabalho de grande fôlego e, ainda hoje, é o seu escrito mais conhecido.

Em 1939, extinta a Universidade do Distrito Federal, passou a trabalhar na burocracia federal. Em 1941, passou uma longa temporada como visiting scholar em diversas universidades dos Estados Unidos.

Reuniu, no volume intitulado Cobra de Vidro, em 1944, uma série de artigos e ensaios que anteriormente publicara nos meios de imprensa. Publicou em 1945 e 1957, respectivamente, Monções e Caminhos e Fronteiras, que consistem em coletâneas de textos sobre a expansão oeste da colonização da América Portuguesa entre os séculos 17 e 18.

Em 1946, voltou a residir em São Paulo, para assumir a direção do Museu Paulista, - que ocuparia até 1956 - sucedendo então ao seu antigo professor escolar Afonso Taunay. Em 1948, passou a lecionar na Escola de Sociologia e Política de São Paulo, na cátedra de História Econômica do Brasil, em substituição a Roberto Simonsen.

Viveu na Itália entre 1953 e 1955, onde esteve a cargo da cátedra de estudos brasileiros da Universidade de Roma. Em 1958, assumiu a cadeira de História da Civilização Brasileira, agora na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP. O concurso para esta vaga motivou-o a escrever Visão do Paraíso, livro que publicou em 1959, no qual analisa aspectos do imaginário europeu à época da conquista do continente americano. Ainda em 1958, ingressou na Academia Paulista de Letras e recebeu o Prêmio Edgar Cavalheiro, do Instituto Nacional do Livro, por Caminhos e Fronteiras.

A partir de 1960, passou a coordenar o projeto da História Geral da Civilização Brasileira, para o qual contribuiu também com uma série de artigos. Em 1962, assumiu a presidência do recém-fundado Instituto de Estudos Brasileiros. Entre 1963 e 1967, foi professor convidado em universidades no Chile e nos Estados Unidos e participou de missões culturais da Unesco em Costa Rica e Peru. Em 1969, num protesto contra a aposentadoria compulsória de colegas da Universidade de São Paulo pelo então vigente regime militar, decidiu encerrar a sua carreira docente.

No contexto da História Geral da Civilização Brasileira, publicou, em 1972, Do Império à República, texto que a princípio fora concebido como um simples artigo para a coletânea, mas que, com o decurso da pesquisa, acabou por ser ampliado num volume independente. Trata-se de um trabalho de história política que aborda a crise do império brasileiro no final do século 19, explicando-a como resultante da corrosão do mecanismo fundamental de sustentação deste regime: o poder pessoal do imperador.

Permaneceu intelectualmente ativo até 1982, tendo ainda neste último decênio publicado diversos textos. De 1975 é o volume Vale do Paraíba - Velhas Fazendas e de 1979, a coletânea Tentativas de Mitologia. Nestes últimos anos, trabalhou também na reelaboração do texto de Do Império à República - que não chegou a concluir. Participou, em 1980, da cerimônia de fundação do Partido dos Trabalhadores (PT), recebendo a terceira carteira de filiação do partido, após Mário Pedrosa e Antonio Candido.[2] Neste mesmo ano, recebeu tanto o Prêmio Juca Pato, da União Brasileira de Escritores, quanto o Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro.

Escritos mais importantes

(por ano da 1. ed.)

  • Raízes do Brasil. Rio de Janeiro, 1936.
  • Cobra de Vidro. São Paulo, 1944.
  • Monções. Rio de Janeiro, 1945.
  • Expansão Paulista em Fins do Século XVI e Princípio do Século XVII. São Paulo, 1948.
  • Caminhos e Fronteiras. Rio de Janeiro, 1957.
  • Visão do Paraíso. Os motivos edênicos no descobrimento e colonização do Brasil. São Paulo, 1959.
  • Do Império à República. São Paulo, 1972. (História Geral da Civilização Brasileira, Tomo II, vol. 5).
  • Tentativas de Mitologia. São Paulo, 1979.
  • Sergio Buarque de Hollanda: História (org. Maria Odila Dias). São Paulo, 1985.
  • O Extremo Oeste [obra póstuma]. São Paulo, 1986.
  • O espírito e a letra (org. Antonio Arnoni do Prado) 2 vols. São Paulo, 1996.
  • Para uma nova história (org. Marcos Costa). São Paulo, 2004 (coletânea de textos, publicados, quase todos, em jornais de notícias).

Literatura secundária

  • CANDIDO, Antônio (org.). Sérgio Buarque e o Brasil. São Paulo, 1998.
  • DIAS, Maria Odila. Sergio Buarque na USP. Revista de Estudos Avançados, n. 22, 1994. [1]
  • FRANÇOSO, Mariana. Um outro olhar: a etnologia alemã na obra de Sérgio Buarque de Holanda. Campinas, 2004. [2]
  • IGLÉSIAS, Francisco. Sérgio Buarque de Hollanda, historiador. In: Vários autores. Sérgio Buarque de Holanda: 3º Colóquio UERJ. Rio de Janeiro, 1992, p. 9-53.
  • MONTEIRO, Pedro M. A Queda do Aventureiro: aventura, cordialidade e os novos tempos em Raízes do Brasil. Campinas, 1999.
  • NICODEMO, Thiago Lima. Urdidura do Vivido. Visão do Paraíso e a obra de Sérgio Buarque nos anos 1950. Prefácio de Laura de Mello e Souza. São Paulo, EDUSP, 2008.
  • ROCHA, João Cezar de Castro. Literatura e cordialidade. O público e o privado na cultura brasileira. Rio de Janeiro, 1998.
  • WEGNER, Robert. A conquista do oeste. A fronteira na obra de Sergio Buarque de Hollanda. Belo Horizonte, 2002.

Cinebiografia

  • DOS SANTOS, Nelson Pereira (dir.). Raízes do Brasil – Uma cinebiografia de Sérgio Buarque de Holanda. 2 Partes. 2001.

Referências

  1. Pela grafia arcaica, Sergio Buarque de Hollanda.
  2. OGASSAWARA, Juliana Sayuri. "Onde estão os intelectuais brasileiros". Revista Fórum. São Paulo: Editora Publisher, maio de 2009. Página 20.

Ligações externas