António de Spínola

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António de Spínola
António de Spínola
14..º Presidente de Portugal
Período 15 de Maio de 1974
a 30 de Setembro de 1974
Antecessor(a) Américo Thomaz
Sucessor(a) Francisco da Costa Gomes
Dados pessoais
Nome completo António Sebastião Ribeiro de Spínola
Nascimento 11 de abril de 1910
Estremoz, Reino de Portugal Reino de Portugal
Morte 13 de agosto de 1996 (86 anos)
Lisboa, Portugal Portugal
Primeira-dama Maria Helena Martins Monteiro de Barros Spínola
Profissão Militar
Serviço militar
Serviço/ramo Forças Armadas (Exército)
Anos de serviço 1920 - 1974; 1981
Graduação General (Efetivo); Marechal de Campo (Honorificos)
Comandos 345 do Batalhão de Cavalaria, Governador Militar da Guiné-Bissau, Movimento das Forças Armadas
Condecorações Grande-Oficial e Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, Oficial e Comendador da Ordem Militar de Avis

António Sebastião Ribeiro de Spínola GOTEGCTEBTOOAComA (Estremoz, Santo André, 11 de Abril de 1910[1]Lisboa, Ajuda, 13 de Agosto de 1996) foi um militar e político português, décimo quarto presidente da República Portuguesa e o primeiro após o 25 de Abril de 1974.

Biografia

Filho de António Sebastião Spínola e de sua mulher Maria Gabriela Alves Ribeiro, filha dum galego.

Estudou no Colégio Militar, em Lisboa, entre 1920 e 1928. Em 1939 tornou-se ajudante de campo do Comando da Guarda Nacional Republicana.

Germanófilo, partiu em 1941 para a frente russa como observador das movimentações da Wehrmacht, no início do cerco a Leninegrado, onde já se encontravam voluntários portugueses incorporados na Blaue Division.

A 23 de Janeiro de 1948 foi feito Oficial da Ordem Militar de Avis, tendo sido elevado a Comendador da mesma Ordem a 16 de Maio de 1959.[2]

Em 1961, em carta dirigida a Salazar, voluntaria-se para a Guerra Colonial, em Angola. Notabilizou-se no comando do Batalhão de Cavalaria n.º 345, entre 1961 e 1963.

Foi nomeado governador militar da Guiné-Bissau em 1968, e de novo em 1972, no auge da Guerra Colonial, nesse cargo, o seu grande prestígio tem origem numa política de respeito pela individualidade das etnias guineenses e à associação das autoridades tradicionais à administração, ao mesmo tempo que continuava a guerra por todos os meios ao seu dispor que iam da diplomacia secreta (encontro secreto com Léopold Sédar Senghor presidente do Senegal) e incursões armadas em países vizinhos (ataque a Conakri, Operação Mar Verde).

A 6 de Julho de 1973 foi feito Grande-Oficial da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito.[2]

Em Novembro de 1973, regressado à metrópole, foi convidado por Marcello Caetano, para a pasta do Ultramar, cargo que recusou, por não aceitar a intransigência governamental face às colónias.

A 17 de Janeiro de 1974, foi nomeado vice-chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, por sugestão de Costa Gomes, cargo de que foi afastado em Março. Pouco tempo depois, mas ainda antes da Revolução dos Cravos, publica Portugal e o Futuro, onde expressa a ideia de que a solução para o problema colonial português passava por outras vias que não a continuação da guerra.

A 25 de Abril de 1974, como representante do Movimento das Forças Armadas, recebeu do Presidente do Conselho de Ministros, Marcello Caetano, a rendição do Governo (que se refugiara no Quartel do Carmo). Isto permitiu-lhe assumir assim os seus poderes públicos, apesar de essa não ter sido a intenção original do MFA.

Instituída a Junta de Salvação Nacional (que passou a deter as principais funções de condução do Estado após o golpe), à qual presidia, foi escolhido pelos seus camaradas para exercer o cargo de Presidente da República, cargo que ocupará de 15 de Maio de 1974 até à sua renúncia em 30 de Setembro do mesmo ano, altura em que foi substituído pelo general Costa Gomes.

Descontente com o rumo dos acontecimentos em Portugal após a Revolução dos Cravos (designadamente pela profunda viragem à esquerda, à qual eram afectos muitos militares, e pela perspectiva de independência plena para as colónias), tenta intervir activamente na política para evitar a aplicação completa do programa do MFA. A sua demissão da Presidência da República após o golpe falhado de 28 de Setembro de 1974 (em que apelara a uma «maioria silenciosa» para se fazer ouvir contra a radicalização política que se vivia), o seu envolvimento[carece de fontes?] na tentativa de golpe de estado de direita do 11 de Março de 1975 e sua fuga para a Espanha (depois para o Brasil) são exemplos disso. No mesmo ano, presidiu[3] ao MDLP. [4][5]

Não obstante, a sua importância no início da consolidação do novo regime democrático foi reconhecida oficialmente a 5 de Fevereiro de 1987, pelo então Presidente Mário Soares, que o designou Chanceler das Antigas Ordens Militares Portuguesas, tendo-lhe também condecorado com a Grã-Cruz da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito (a segunda maior insígnia da principal ordem militar portuguesa), pelos «feitos de heroísmo militar e cívico e por ter sido símbolo da Revolução de Abril e o primeiro Presidente da República após a ditadura» a 13 do mesmo mês e ano.[2] A 20 de Março de 1989 recebeu a Grã-Cruz da Ordem de Isabel a Católica de Espanha.[6]

A 13 de Agosto de 1996, Spínola morre aos 86 anos, vítima de embolia pulmonar.

O Sonho de regressar ao Poder

Spínola tencionava voltar ao poder eliminando todos os seus adversários políticos, pelo menos segundo o livro "Aufdeckung einer Verschwörung - die Spínola Aktion", de Günter Wallraff[7] que afirma ter-se infiltrado no MDLP como um potencial fornecedor de armas ao movimento, afirmando trabalhar para Franz Josef Strauss, então líder da União Social-Cristã na Baviera. Spínola ter-se-á mesmo encontrado com Walraff com o fim de negociar a compra de armamento, a quem terá dito que já tinha vários pontos de apoio no Alentejo e que estava prestes a tomar o poder.[8]

Homenagem

A Câmara Municipal de Lisboa homenageou este antigo Presidente da República Portuguesa, falecido nesta cidade a 13 de Agosto de 1996, aos 86 anos de idade, atribuindo o seu nome a uma grande artéria desta cidade, nas freguesias de Marvila e S. João de Brito.[9]

Principais obras

  • Por Uma Guiné Melhor (1970);
  • Linha de Acção (1971);
  • No Caminho do Futuro (1972);
  • Por Uma Portugalidade Renovada (1973);
  • Portugal e o Futuro (1974);
  • Ao Serviço de Portugal (1976);
  • País sem Rumo - Contributo para a História de uma Revolução (1978).

Ver também

Referências

  1. Bap. Lisboa, Santa Justa, 18 de Agosto de 1910.
  2. a b c «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "António Sebastião Ribeiro de Spínola". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 22 de fevereiro de 2015 
  3. Redacção Quidnovi, com coordenação de José Hermano Saraiva, História de Portugal, Dicionário de Personalidades, Volume X, Ed. QN-Edição e Conteúdos,S.A., 2004
  4. Centro de Documentação 25 de Abril
  5. Ministério da Justiça
  6. «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Estrangeiras». Resultado da busca de "António Sebastião Ribeiro de Spínola". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 22 de fevereiro de 2015 
  7. Günter Wallraff: Aufdeckung einer Verschwörung - die Spínola Aktion" ("A Descoberta de uma conspiração, a acção Spínola", ed. Bertrand, 1976)
  8. Quando Spínola quis invadir Portugal com ajuda do Brasil, Público Online, recuperado 29 de abril 2014
  9. Comissão Municipal de Toponímia, Toponimia lx António Spínola, Abril de 2010.
  • Fotobiografias do Século XX, Fotobiografia de António de Spínola, Círculo de Leitores.


Precedido por
Arnaldo Schulz
Governador da Guiné Portuguesa
19681973
Sucedido por
José Manuel Bettencourt Rodrigues
Precedido por
Américo Thomaz

14º. Presidente da República Portuguesa

1974
Sucedido por
Francisco da Costa Gomes