Paulo Freire: diferenças entre revisões

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'''Paulo Reglus Neves Freire''' ([[Recife]], [[19 de setembro]] de [[1921]] — [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], [[2 de maio]] de [[1997]]) foi um [[Educação|educador]], [[pedagogista|pedagogo]] e [[filósofo]] brasileiro. É considerado um dos pensadores mais notáveis na [[história]] da [[pedagogia]] mundial,<ref>[http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/mentor-educacao-consciencia-423220.shtml NOVA ESCOLA - REPORTAGEM - Paulo Freire - O mentor da educação para a consciência]</ref> tendo influenciado o movimento chamado [[pedagogia crítica]]. É também o Patrono da Educação Brasileira.
'''Paulo Reglus Neves Freire''' ([[Recife]], [[19 de setembro]] de [[1921]] — [[São Paulo (cidade)|São Paulo]], [[2 de maio]] de [[1997]]) foi um [[Educação|educador]], [[pedagogista|pedagogo]] e [[filósofo]] brasileiro. É considerado um dos pensadores mais notáveis na [[história]] da [[pedagogia]] mundial,<ref>[http://revistaescola.abril.com.br/historia/pratica-pedagogica/mentor-educacao-consciencia-423220.shtml NOVA ESCOLA - REPORTAGEM - Paulo Freire - O mentor da educação para a consciência]</ref> tendo influenciado o movimento chamado [[pedagogia crítica]]. É também o Patrono da Educação Brasileira.


Sua prática didática fundamentava-se na crença de que o educando assimilaria o objeto de estudo fazendo uso de uma prática dialética com a realidade, em contraposição à por ele denominada educação bancária, tecnicista e alienante: o educando criaria sua própria educação, fazendo ele próprio o caminho, e não seguindo um já previamente construído; libertando-se de chavões alienantes, o educando seguiria e criaria o rumo do seu aprendizado. Destacou-se por seu trabalho na área da [[educação popular]], voltada tanto para a escolarização como para a formação da [[consciência]] política.
Sua prática didática fundamentava-se na crença de que o educando assimilaria o objeto de estudo fazendo uso de uma prática [[dialética]] com a realidade, em contraposição à por ele denominada educação bancária, tecnicista e alienante: o educando criaria sua própria educação, fazendo ele próprio o caminho, e não seguindo um já previamente construído; libertando-se de [[Clichê|chavões]] alienantes, o educando seguiria e criaria o rumo do seu aprendizado. Destacou-se por seu trabalho na área da [[educação popular]], voltada tanto para a escolarização como para a formação da [[consciência]] política.


Autor de ''[[Pedagogia do Oprimido]]'', livro que propõe um método de alfabetização dialético, se diferenciou do "vanguardismo" dos intelectuais de esquerda tradicionais e sempre defendeu o diálogo com as pessoas simples, não só como método, mas como um modo de ser realmente democrático.<ref>{{citar web|título=Programa da TV UFPB apresenta obra de Paulo Freire em 30 vídeos disponíveis no youtube|url=http://www.ufpb.br/content/programa-da-tv-ufpb-apresenta-obra-de-paulo-freire-em-30-v%C3%ADdeos-dispon%C3%ADveis-no-youtube|acessodata=8 de Junho de 2017}}</ref>
Autor de ''[[Pedagogia do Oprimido]]'', livro que propõe um método de alfabetização dialético, se diferenciou do "vanguardismo" dos intelectuais de [[esquerda (política)|esquerda]] tradicionais e sempre defendeu o diálogo com as pessoas simples, não só como método, mas como um modo de ser realmente democrático.<ref>{{citar web|título=Programa da TV UFPB apresenta obra de Paulo Freire em 30 vídeos disponíveis no youtube|url=http://www.ufpb.br/content/programa-da-tv-ufpb-apresenta-obra-de-paulo-freire-em-30-v%C3%ADdeos-dispon%C3%ADveis-no-youtube|acessodata=8 de Junho de 2017}}</ref>


Foi o brasileiro mais homenageado da história: ganhou 29 títulos de Doutor ''Honoris Causa'' de universidades da [[Europa]] e [[América]]; e recebeu diversos galardões como o prêmio da [[UNESCO]] de Educação para a Paz em 1986.<ref name="Honoris_Causa">{{citar web|url=https://books.google.com.br/books?id=DEnNb-QZT9MC&pg=PA100&lpg=PA100&dq=paulo+freire+honorary+degrees&source=bl&ots=38eTmgByXB&sig=NPfhieugXZgGZ3tU_rw2YJ4IC1M&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwi7qv_imoHLAhULkpAKHVp1BxwQ6AEIUDAI#v=onepage&q=paulo%20freire%20honorary%20degrees&f=false|título=Changing Urban Education|autor=Simon Pratt-Adams, Meg Maguire e Elizabeth Burn|publicado=Google Livros|acessodata=27 de fevereiro de 2016}}</ref><ref name="Freire">{{citar web|url=https://issuu.com/portugues.pro/docs/almanaque_153|título=Almanaque Brasil 153|publicado=[[Almanaque Brasil de Cultura Popular]]|acessodata=17 de fevereiro de 2016}}</ref><ref>{{citar web|url=http://educarparacrescer.abril.com.br/politica-publica/entrevista-mario-sergio-cortella-410464.shtml|título=Entrevista Mario Sergio Cortella|publicado=Educar para Crescer|acessodata=17 de fevereiro de 2016}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.clicrbs.com.br/paidcontent/jsp/login.jspx?site=559&url=http%3A%2F%2Fwww.clicrbs.com.br%2Fanoticia%2Fjsp%2Fdefault2.jsp%3Fuf%3D2%26local%3D18%26source%3Da3347194.xml%26template%3D4191.dwt%26edition%3D17307%26section%3D886&previousurl=http%3A%2F%2Fanoticia.clicrbs.com.br%2F|título=Cadastro GrupoRBS|primeiro =Grupo|último =RBS|publicado=}}</ref><ref>http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001229/122930Eo.pdf UNESCO Prize 1986 and 1987 for Peace Education; 1988</ref> Em 13 de abril de 2012 foi sancionada a lei 12.612 que declara o educador Paulo Freire Patrono da Educação Brasileira.<ref>{{citar web |url=http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12612.htm |titulo=BRASIL. Lei 12.612 de 13 de abril de 2012 |acessodata=16 de abril de 2012 |autor = |data = }}</ref> Segundo uma pesquisa envolvendo três estados brasileiros, Paulo Freire é o nome de escola mais comum.<ref>{{citar web|URL=http://www.gazetadopovo.com.br/educacao/paulo-freire-monteiro-lobato-e-tancredo-neves-os-nomes-de-escola-mais-comuns-em-alguns-estados-1vjy3bl0td5kusddtjzcf43m3|título=Paulo Freire, Monteiro Lobato e Tancredo Neves: os nomes de escola mais comuns em alguns estados|autor=Filipe Albuquerque|data=24 de novembro de 2017|publicado=Gazeta do Povo|acessodata=2 de março de 2018}}</ref>
Foi o brasileiro mais homenageado da história: ganhou 29 títulos de Doutor ''[[Honoris Causa]]'' de universidades da [[Europa]] e [[América]]; e recebeu diversos galardões como o prêmio da [[UNESCO]] de Educação para a Paz em 1986.<ref name="Honoris_Causa">{{citar web|url=https://books.google.com.br/books?id=DEnNb-QZT9MC&pg=PA100&lpg=PA100&dq=paulo+freire+honorary+degrees&source=bl&ots=38eTmgByXB&sig=NPfhieugXZgGZ3tU_rw2YJ4IC1M&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwi7qv_imoHLAhULkpAKHVp1BxwQ6AEIUDAI#v=onepage&q=paulo%20freire%20honorary%20degrees&f=false|título=Changing Urban Education|autor=Simon Pratt-Adams, Meg Maguire e Elizabeth Burn|publicado=Google Livros|acessodata=27 de fevereiro de 2016}}</ref><ref name="Freire">{{citar web|url=https://issuu.com/portugues.pro/docs/almanaque_153|título=Almanaque Brasil 153|publicado=[[Almanaque Brasil de Cultura Popular]]|acessodata=17 de fevereiro de 2016}}</ref><ref>{{citar web|url=http://educarparacrescer.abril.com.br/politica-publica/entrevista-mario-sergio-cortella-410464.shtml|título=Entrevista Mario Sergio Cortella|publicado=Educar para Crescer|acessodata=17 de fevereiro de 2016}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.clicrbs.com.br/paidcontent/jsp/login.jspx?site=559&url=http%3A%2F%2Fwww.clicrbs.com.br%2Fanoticia%2Fjsp%2Fdefault2.jsp%3Fuf%3D2%26local%3D18%26source%3Da3347194.xml%26template%3D4191.dwt%26edition%3D17307%26section%3D886&previousurl=http%3A%2F%2Fanoticia.clicrbs.com.br%2F|título=Cadastro GrupoRBS|primeiro =Grupo|último =RBS|publicado=}}</ref><ref>http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001229/122930Eo.pdf UNESCO Prize 1986 and 1987 for Peace Education; 1988</ref> Em 13 de abril de 2012 foi sancionada a lei 12.612 que declara o educador Paulo Freire Patrono da Educação Brasileira.<ref>{{citar web |url=http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12612.htm |titulo=BRASIL. Lei 12.612 de 13 de abril de 2012 |acessodata=16 de abril de 2012 |autor = |data = }}</ref> Segundo uma pesquisa envolvendo três estados brasileiros, Paulo Freire é o nome de escola mais comum.<ref>{{citar web|URL=http://www.gazetadopovo.com.br/educacao/paulo-freire-monteiro-lobato-e-tancredo-neves-os-nomes-de-escola-mais-comuns-em-alguns-estados-1vjy3bl0td5kusddtjzcf43m3|título=Paulo Freire, Monteiro Lobato e Tancredo Neves: os nomes de escola mais comuns em alguns estados|autor=Filipe Albuquerque|data=24 de novembro de 2017|publicado=Gazeta do Povo|acessodata=2 de março de 2018}}</ref>


== Biografia ==
== Biografia ==

[[Imagem:Pye Engstrom 2008.JPG|thumb|direita|Escultura em [[Estocolmo]], [[Suécia]]. Paulo Freire (segundo da esquerda para a direita) aparece ao lado de outras seis personalidades internacionais, entre elas [[Pablo Neruda]] e [[Mao Tsé-Tung]].<ref>Leino, Per (13 de agosto de 2014). [http://www.helagotland.se/noje/?articleid=6200438 "Pye tar det med ro"]. ''Hela Gotland'' (em sueco), [[Visby]].</ref>]]
[[Imagem:Pye Engstrom 2008.JPG|thumb|direita|Escultura em [[Estocolmo]], [[Suécia]]. Paulo Freire (segundo da esquerda para a direita) aparece ao lado de outras seis personalidades internacionais, entre elas [[Pablo Neruda]] e [[Mao Tsé-Tung]].<ref>Leino, Per (13 de agosto de 2014). [http://www.helagotland.se/noje/?articleid=6200438 "Pye tar det med ro"]. ''Hela Gotland'' (em sueco), [[Visby]].</ref>]]


Paulo Freire nasceu em 19 de setembro de 1921 em [[Recife]]. Filho de Joaquim Temístocles Freire, capitão da Polícia Militar de Pernambuco e de Edeltrudes Neves Freire, Dona Tudinha, Paulo teve uma irmã, Stela, e dois irmãos, Armando e Temístocles. A irmã Stela foi professora primária do Estado. Armando, funcionário da Prefeitura da Cidade do Recife, abandonou os estudos aos 18 anos, não chegou a concluir o curso ginasial. Temístocles entrou para o Exército. Aos dois, Paulo agradece emocionado, em uma de suas entrevistas a Edson Passetti, pois começaram a trabalhar muito jovens, para ajudar na manutenção da casa e possibilitar que Paulo continuasse estudando.{{carece de fontes|data=outubro de 2012}}
Paulo Freire nasceu em 19 de setembro de 1921 em [[Recife]]. Filho de Joaquim Temístocles Freire, capitão da Polícia Militar de Pernambuco e de Edeltrudes Neves Freire, Dona Tudinha, Paulo teve uma irmã, Stela, e dois irmãos, Armando e Temístocles. A irmã Stela foi professora primária do Estado. Armando, funcionário da Prefeitura da Cidade do Recife, abandonou os estudos aos 18 anos, não chegou a concluir o curso ginasial. Temístocles entrou para o Exército. Aos dois, Paulo agradece emocionado, em uma de suas entrevistas a Edson Passetti, pois começaram a trabalhar muito jovens, para ajudar na manutenção da casa e possibilitar que Paulo continuasse estudando.{{carece de fontes|data=outubro de 2012}}


Sua família fazia parte da classe média, mas Paulo Freire vivenciou a [[pobreza]] e a [[fome]] na infância durante a [[Grande Depressão|depressão de 1929]], uma experiência que o levaria a se preocupar com os mais pobres e o ajudaria a construir seu revolucionário [[Método Paulo Freire|método de alfabetização]]. Por seu empenho em ensinar os mais pobres, Paulo Freire tornou-se uma inspiração para gerações de professores, especialmente na América Latina e na [[África]]. O talento como escritor o ajudou a conquistar um amplo público de pedagogos, cientistas sociais, teólogos e militantes políticos, quase sempre ligados a partidos de esquerda.<ref>{{citar web|título=Comissão de Educação, Cultura e Assuntos Indígenas da Assembleia homenageia o educador Paulo Freire|url=http://www.ale.am.gov.br/2013/12/04/comissao-de-educacao-cultura-e-assuntos-indigenas-da-assembleia-homenageia-o-educador-paulo-freire/|acessodata=8 de Junho de 2017}}</ref>
Sua família fazia parte da classe média, mas Paulo Freire vivenciou a [[pobreza]] e a [[fome]] na infância durante a [[Grande Depressão|depressão de 1929]], uma experiência que o levaria a se preocupar com os mais pobres e o ajudaria a construir seu revolucionário [[Método Paulo Freire|método de alfabetização]]. Por seu empenho em ensinar os mais pobres, Paulo Freire tornou-se uma inspiração para gerações de professores, especialmente na [[América Latina]] e na [[África]]. O talento como escritor o ajudou a conquistar um amplo público de pedagogos, cientistas sociais, teólogos e militantes políticos, quase sempre ligados a partidos de [[esquerda (política)|esquerda]].<ref>{{citar web|título=Comissão de Educação, Cultura e Assuntos Indígenas da Assembleia homenageia o educador Paulo Freire|url=http://www.ale.am.gov.br/2013/12/04/comissao-de-educacao-cultura-e-assuntos-indigenas-da-assembleia-homenageia-o-educador-paulo-freire/|acessodata=8 de Junho de 2017}}</ref>


A partir de suas primeiras experiências no [[Rio Grande do Norte]], em 1963, quando ensinou 300 adultos a ler e a escrever em 45 dias, Paulo Freire desenvolveu um método inovador de alfabetização, adotado primeiramente em Pernambuco. Seu projeto educacional estava vinculado ao nacionalismo desenvolvimentista do governo [[João Goulart]]. Na política, integrou o [[Partido dos Trabalhadores]], tendo sido Presidente da 1ª Diretoria Executiva da [[Fundação Wilson Pinheiro]], fundação de apoio partidária instituída pelo PT em 1981 (antecessora da [[Fundação Perseu Abramo]]); além de Secretário de Educação da [[Prefeitura Municipal de São Paulo]] na gestão petista de [[Luiza Erundina]] (1989-1992).<ref>FREIRE, Paulo. ''Educação na cidade.'' 4. ed. São Paulo: Cortez, 2000.</ref>
A partir de suas primeiras experiências no [[Rio Grande do Norte]], em 1963, quando ensinou 300 adultos a ler e a escrever em 45 dias, Paulo Freire desenvolveu um método inovador de alfabetização, adotado primeiramente em Pernambuco. Seu projeto educacional estava vinculado ao nacionalismo desenvolvimentista do governo [[João Goulart]]. Na política, integrou o [[Partido dos Trabalhadores]], tendo sido Presidente da 1ª Diretoria Executiva da [[Fundação Wilson Pinheiro]], fundação de apoio partidária instituída pelo PT em 1981 (antecessora da [[Fundação Perseu Abramo]]); além de Secretário de Educação da [[Prefeitura Municipal de São Paulo]] na gestão petista de [[Luiza Erundina]] (1989-1992).<ref>FREIRE, Paulo. ''Educação na cidade.'' 4. ed. São Paulo: Cortez, 2000.</ref>


Freire entrou para a [[Universidade do Recife]] em 1943, para cursar a [[Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco|Faculdade de Direito]], mas também se dedicou aos estudos de filosofia da linguagem. Apesar disso, nunca exerceu a profissão, e preferiu trabalhar como professor numa escola de segundo grau lecionando [[língua portuguesa]]. Em 1944, uniu-se em matrimônio com a colega de trabalho Elza Maia Costa de Oliveira, casamento este que durou até o ano de 1986, quando sua esposa morreu. Dois anos depois, em 1988, o educador casou-se com a também pernambucana Ana Maria Araújo, apelidada de "Nita", que além de conhecida desde a infância era sua orientada no programa de mestrado da [[Pontifícia Universidade Católica de São Paulo]], onde foi professor. Ambas as esposas foram reconhecidas por Paulo como importantes em sua carreira, inclusive quando o educador dedicou seu título de Doutor ''Honoris Causa'' na PUC de São Paulo "à memória de uma e à vida da outra".<ref>{{citar web|url=https://twiki.ufba.br/twiki/bin/view/UFBAIrece/Freire|título=Projeto Irecê|primeiro =Mônica|último =Paz|website=twiki.ufba.br}}</ref> Em 1946, Freire foi indicado ao cargo de diretor do Departamento de Educação e Cultura do Serviço Social no [[Pernambuco|Estado de Pernambuco]], onde iniciou o trabalho com [[Analfabetismo|analfabetos]] pobres.{{carece de fontes|data=outubro de 2012}}
Freire entrou para a [[Universidade do Recife]] em 1943, para cursar a [[Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco|Faculdade de Direito]], mas também se dedicou aos estudos de [[filosofia da linguagem]]. Apesar disso, nunca exerceu a profissão, e preferiu trabalhar como professor numa escola de segundo grau lecionando [[língua portuguesa]]. Em 1944, uniu-se em matrimônio com a colega de trabalho Elza Maia Costa de Oliveira, casamento este que durou até o ano de 1986, quando sua esposa morreu. Dois anos depois, em 1988, o educador casou-se com a também pernambucana Ana Maria Araújo, apelidada de "Nita", que além de conhecida desde a infância era sua orientada no programa de mestrado da [[Pontifícia Universidade Católica de São Paulo]], onde foi professor. Ambas as esposas foram reconhecidas por Paulo como importantes em sua carreira, inclusive quando o educador dedicou seu título de Doutor ''Honoris Causa'' na PUC de São Paulo "à memória de uma e à vida da outra".<ref>{{citar web|url=https://twiki.ufba.br/twiki/bin/view/UFBAIrece/Freire|título=Projeto Irecê|primeiro =Mônica|último =Paz|website=twiki.ufba.br}}</ref> Em 1946, Freire foi indicado ao cargo de diretor do Departamento de Educação e Cultura do Serviço Social no [[Pernambuco|Estado de Pernambuco]], onde iniciou o trabalho com [[Analfabetismo|analfabetos]] pobres.{{carece de fontes|data=outubro de 2012}}


Em 1961 tornou-se diretor do Departamento de Extensões Culturais da Universidade do Recife e, no mesmo ano,<ref>{{citar web|url=http://www.paulofreire.org/Noticias/NoticiaPauloFreireCidadaoBrasileiro|título="Paulo Freire, Cidadão Brasileiro"|publicado=}}</ref> realizou junto com sua equipe as primeiras experiências de alfabetização popular que levariam à constituição do [[Método Paulo Freire]]. Seu grupo foi responsável pela alfabetização de 300 cortadores de [[Cana-de-açúcar|cana]] em apenas 45 dias. Em resposta aos eficazes resultados, o governo brasileiro (que, sob o presidente [[João Goulart]], empenhava-se na realização das [[reformas de base]]) aprovou a multiplicação dessas primeiras experiências num [[Plano Nacional de Alfabetização]], que previa a formação de educadores em massa e a rápida implantação de 20 mil núcleos (os "[[Círculo de cultura|círculos de cultura]]") pelo País<ref>PELANDRÉ, Nilcéa Lemos. "Efeitos a longo prazo do método de alfabetização Paulo Freire". Florianópolis, 1998. Vol. I e II. 523p. Tese (Doutorado em Letras/Linguística) - Curso de Pós-Graduação em Letras/Linguística, Universidade Federal de Santa Catarina. p.33 - 48.</ref>. Em 1964, meses depois de iniciada a implantação do Plano, o [[Golpe de Estado no Brasil em 1964|golpe militar]] extinguiu esse esforço. Freire foi encarcerado como traidor por 70 dias. Em seguida passou por um breve [[exílio]] na [[Bolívia]] e trabalhou no [[Chile]] por cinco anos para o Movimento de Reforma Agrária da Democracia Cristã e para a [[Organização das Nações Unidas]] [[Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação|para a Agricultura e a Alimentação]]. Em 1967, durante o exílio chileno, publicou no Brasil seu primeiro livro, ''[[Educação como Prática da Liberdade]]'', baseado fundamentalmente na tese ''Educação e Atualidade Brasileira'', com a qual concorrera, em 1959, à cadeira de História e Filosofia da Educação na Escola de Belas Artes da Universidade do Recife.{{carece de fontes|data=outubro de 2012}}
Em 1961 tornou-se diretor do Departamento de Extensões Culturais da Universidade do Recife e, no mesmo ano,<ref>{{citar web|url=http://www.paulofreire.org/Noticias/NoticiaPauloFreireCidadaoBrasileiro|título="Paulo Freire, Cidadão Brasileiro"|publicado=}}</ref> realizou junto com sua equipe as primeiras experiências de alfabetização popular que levariam à constituição do [[Método Paulo Freire]]. Seu grupo foi responsável pela alfabetização de 300 cortadores de [[Cana-de-açúcar|cana]] em apenas 45 dias. Em resposta aos eficazes resultados, o governo brasileiro (que, sob o presidente [[João Goulart]], empenhava-se na realização das [[reformas de base]]) aprovou a multiplicação dessas primeiras experiências num [[Plano Nacional de Alfabetização]], que previa a formação de educadores em massa e a rápida implantação de 20 mil núcleos (os "[[Círculo de cultura|círculos de cultura]]") pelo País<ref>PELANDRÉ, Nilcéa Lemos. "Efeitos a longo prazo do método de alfabetização Paulo Freire". Florianópolis, 1998. Vol. I e II. 523p. Tese (Doutorado em Letras/Linguística) - Curso de Pós-Graduação em Letras/Linguística, Universidade Federal de Santa Catarina. p.33 - 48.</ref>. Em 1964, meses depois de iniciada a implantação do Plano, o [[Golpe de Estado no Brasil em 1964|golpe militar]] extinguiu esse esforço. Freire foi encarcerado como [[Traição|traidor]] por 70 dias. Em seguida passou por um breve [[exílio]] na [[Bolívia]] e trabalhou no [[Chile]] por cinco anos para o Movimento de Reforma Agrária da Democracia Cristã e para a [[Organização das Nações Unidas]] [[Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação|para a Agricultura e a Alimentação]]. Em 1967, durante o exílio chileno, publicou no Brasil seu primeiro livro, ''[[Educação como Prática da Liberdade]]'', baseado fundamentalmente na tese ''Educação e Atualidade Brasileira'', com a qual concorrera, em 1959, à cadeira de História e Filosofia da Educação na Escola de Belas Artes da Universidade do Recife.{{carece de fontes|data=outubro de 2012}}


O livro foi bem recebido, e Freire foi convidado para ser professor visitante da [[Universidade Harvard]] em [[1969]]. No ano anterior, ele havia concluído a redação de seu mais famoso livro, ''[[Pedagogia do Oprimido]]'', que foi publicado em várias línguas como o [[Língua castelhana|espanhol]], o [[Língua inglesa|inglês]] (em 1970) e até o [[hebraico]] (em 1981). Em razão da rixa política entre a [[Anos de chumbo|ditadura militar]] e o [[socialismo cristão]] de Paulo Freire,<ref>{{citar livro|título = História da Educação e da Pedagogia|sobrenome = ARANHA|nome = Maria Lúcia de Arruda|edição = 3ª|local = São Paulo|editora = Moderna|ano = 2006|página = 336|isbn = 85-16-05020-3}}</ref> ele não foi publicado no Brasil até 1974, quando o [[general Geisel]] assumiu a presidência do país e iniciou o processo de abertura política. Depois de um ano em [[Cambridge (Massachusetts)|Cambridge]], Freire mudou-se para [[Genebra]], na [[Suíça]], trabalhando como consultor educacional do Conselho Mundial de Igrejas. Durante esse tempo, atuou como consultor em reforma educacional em colônias portuguesas na [[África]], particularmente na [[Guiné-Bissau]] e em [[Moçambique]].<ref>{{Citar web|url=https://www.paulofreire.org/paulo-freire-patrono-da-educacao-brasileira|título=Paulo Freire|publicado=Paulofreire.org|acessodata=12-5-2017}}</ref>
O livro foi bem recebido, e Freire foi convidado para ser professor visitante da [[Universidade Harvard]] em [[1969]]. No ano anterior, ele havia concluído a redação de seu mais famoso livro, ''[[Pedagogia do Oprimido]]'', que foi publicado em várias línguas como o [[Língua castelhana|espanhol]], o [[Língua inglesa|inglês]] (em 1970) e até o [[hebraico]] (em 1981). Em razão da rixa política entre a [[Anos de chumbo|ditadura militar]] e o [[socialismo cristão]] de Paulo Freire,<ref>{{citar livro|título = História da Educação e da Pedagogia|sobrenome = ARANHA|nome = Maria Lúcia de Arruda|edição = 3ª|local = São Paulo|editora = Moderna|ano = 2006|página = 336|isbn = 85-16-05020-3}}</ref> ele não foi publicado no Brasil até 1974, quando o [[general Geisel]] assumiu a presidência do país e iniciou o processo de [[abertura política]]. Depois de um ano em [[Cambridge (Massachusetts)|Cambridge]], Freire mudou-se para [[Genebra]], na [[Suíça]], trabalhando como consultor educacional do [[Conselho Mundial de Igrejas]]. Durante esse tempo, atuou como consultor em reforma educacional em [[Império Português|colônias portuguesas]] na [[África]], particularmente na [[Guiné-Bissau]] e em [[Moçambique]].<ref>{{Citar web|url=https://www.paulofreire.org/paulo-freire-patrono-da-educacao-brasileira|título=Paulo Freire|publicado=Paulofreire.org|acessodata=12-5-2017}}</ref>


Com a Anistia em 1979 Freire pôde retornar ao Brasil, mas só o fez em 1980. Filiou-se ao [[Partido dos Trabalhadores]] na cidade de São Paulo, e atuou como supervisor para o programa do partido para [[alfabetização]] de adultos de 1980 até 1986. Quando o PT venceu as eleições municipais paulistanas de 1988, iniciando-se a gestão de [[Luiza Erundina]] (1989-1993), Freire foi nomeado secretário de Educação da cidade de [[São Paulo (cidade)|São Paulo]]. Exerceu esse cargo de 1989 a 1991. Dentre as marcas de sua passagem pela secretaria municipal de Educação está a criação do [[Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos]] (MOVA), um modelo de programa público de apoio a salas comunitárias de [[Educação de Jovens e Adultos]] que até hoje é adotado por numerosas prefeituras e outras instâncias de governo.{{carece de fontes|data=outubro de 2012}}
Com a [[Anistia de 1979]] Freire pôde retornar ao Brasil, mas só o fez em 1980. Filiou-se ao [[Partido dos Trabalhadores]] na cidade de São Paulo, e atuou como supervisor para o programa do partido para [[alfabetização]] de adultos ([[andragogia]]) de 1980 até 1986. Quando o PT venceu as eleições municipais paulistanas de 1988, iniciando-se a gestão de [[Luiza Erundina]] (1989-1993), Freire foi nomeado secretário de Educação da cidade de [[São Paulo (cidade)|São Paulo]]. Exerceu esse cargo de 1989 a 1991. Dentre as marcas de sua passagem pela secretaria municipal de Educação está a criação do [[Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos]] (MOVA), um modelo de programa público de apoio a salas comunitárias de [[Educação de Jovens e Adultos]] que até hoje é adotado por numerosas prefeituras e outras instâncias de governo.{{carece de fontes|data=outubro de 2012}}


Em 1991 foi fundado em [[São Paulo (cidade)|São Paulo]] o Instituto Paulo Freire, para estender e elaborar as ideias de Freire. O instituto mantém até hoje os arquivos do educador, além de realizar numerosas atividades relacionadas com o legado do pensador e a atuação em temas da educação brasileira e mundial.<ref>{{Citar web|url=https://www.paulofreire.org/o-instituto-paulo-freire|título=O Instituto Paulo Freire|publicado=Instituto Paulo Freire|acessodata=2-6-2017}}</ref>
Em 1991 foi fundado em [[São Paulo (cidade)|São Paulo]] o [[Instituto Paulo Freire]], para estender e elaborar as ideias de Freire. O instituto mantém até hoje os arquivos do educador, além de realizar numerosas atividades relacionadas com o legado do pensador e a atuação em temas da educação brasileira e mundial.<ref>{{Citar web|url=https://www.paulofreire.org/o-instituto-paulo-freire|título=O Instituto Paulo Freire|publicado=Instituto Paulo Freire|acessodata=2-6-2017}}</ref>


Freire morreu de um [[ataque cardíaco]] em 2 de maio de 1997, às 6h53, no [[Hospital Albert Einstein]], em São Paulo, devido a complicações em uma operação de desobstrução de artérias. O Estado Brasileiro, por meio do [[Ministério da Justiça]], no Fórum Mundial de Educação Profissional de [[2009]], realizado em [[Brasília]], fez o pedido de perdão ''post mortem'' à viúva e à família do educador, assumindo o pagamento de "reparação econômica".<ref>[http://sitefmept.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=318%3Adeclarada-a-anistia-ao-educador-paulo-freire-com-pedido-de-perdao&catid=85%3Anoticia-destaque&Itemid=101&lang=br Nº 61/2008]. Governo do Brasil. Acessado em 29 de junho de 2016</ref>
Freire morreu de um [[ataque cardíaco]] em 2 de maio de 1997, às 6h53, no [[Hospital Albert Einstein]], em São Paulo, devido a complicações em uma operação de desobstrução de artérias. O Estado Brasileiro, por meio do [[Ministério da Justiça]], no Fórum Mundial de Educação Profissional de [[2009]], realizado em [[Brasília]], fez o pedido de perdão ''post mortem'' à viúva e à família do educador, assumindo o pagamento de "reparação econômica".<ref>[http://sitefmept.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=318%3Adeclarada-a-anistia-ao-educador-paulo-freire-com-pedido-de-perdao&catid=85%3Anoticia-destaque&Itemid=101&lang=br Nº 61/2008]. Governo do Brasil. Acessado em 29 de junho de 2016</ref>


== Contribuições teóricas ==
== Contribuições teóricas ==

{{quote2|Não existe tal coisa como um processo de educação neutra. Educação ou funciona como um instrumento que é usado para facilitar a integração das gerações na lógica do atual sistema e trazer conformidade com ele, ou ela se torna a "prática da liberdade", o meio pelo qual homens e mulheres lidam de forma crítica com a realidade e descobrem como participar na transformação do seu mundo.|[[Richard Shaull]], com base em Paulo Freire<ref>''Gramsci, Freire, and Adult Education: Possibilities for Transformative Action'', by Peter Mayo, Macmillan, 1999, ISBN 1-85649-614-7, pg 5</ref>}}
{{quote2|Não existe tal coisa como um processo de educação neutra. Educação ou funciona como um instrumento que é usado para facilitar a integração das gerações na [[lógica]] do atual sistema e trazer conformidade com ele, ou ela se torna a "prática da liberdade", o meio pelo qual homens e mulheres lidam de forma crítica com a realidade e descobrem como participar na transformação do seu mundo.|[[Richard Shaull]], com base em Paulo Freire<ref>''Gramsci, Freire, and Adult Education: Possibilities for Transformative Action'', by Peter Mayo, Macmillan, 1999, ISBN 1-85649-614-7, pg 5</ref>}}
[[Imagem:Painel.Paulo.Freire.JPG|thumb|esquerda|upright=1.3|Painel Paulo Freire no Centro de Formação, Tecnologia e Pesquisa Educacional (CEFORTEPE) da Secretaria Municipal de Educação de [[Campinas]], [[São Paulo]]]]
[[Imagem:Painel.Paulo.Freire.JPG|thumb|esquerda|upright=1.3|Painel Paulo Freire no Centro de Formação, Tecnologia e Pesquisa Educacional (CEFORTEPE) da Secretaria Municipal de Educação de [[Campinas]], [[São Paulo]]]]


Paulo Freire contribuiu com uma filosofia da educação que veio não só das abordagens mais clássicas decorrentes de [[Platão]], mas também da fenomenologia-existencial, de pensadores [[Marxismo|marxistas]] e [[Anti-imperialismo|anticolonialistas]] modernos. De muitas maneiras a sua obra ''[[Pedagogia do Oprimido]]'' (1970) pode ser melhor lida como uma extensão, ou de resposta, de ''[[Os Condenados da Terra]]'' (1961) de [[Frantz Fanon]], que enfatizava a necessidade de dotar as populações nativas com uma educação que era ao mesmo tempo nova e moderna (em vez de tradicional) e anticolonial (e não simplesmente uma extensão da cultura do colonizador).
Paulo Freire contribuiu com uma [[filosofia da educação]] que veio não só das abordagens mais clássicas decorrentes de [[Platão]], mas também da fenomenologia-existencial, de pensadores [[Marxismo|marxistas]] e [[Anti-imperialismo|anticolonialistas]] modernos. De muitas maneiras a sua obra ''[[Pedagogia do Oprimido]]'' (1970) pode ser melhor lida como uma extensão, ou de resposta, de ''[[Os Condenados da Terra]]'' (1961) de [[Frantz Fanon]], que enfatizava a necessidade de dotar as populações nativas com uma educação que era ao mesmo tempo nova e moderna (em vez de tradicional) e anticolonial (e não simplesmente uma extensão da cultura do colonizador).


Na ''Pedagogia do Oprimido'' (1970), Freire reprisa a distinção entre opressores e oprimidos e diferencia entre as posições em uma sociedade injusta: o opressor e o oprimido. Freire não faz nenhuma referência direta a sua influência mais direta para a distinção, que remonta, pelo menos, na medida em que [[Hegel]] em 1802.
Na ''Pedagogia do Oprimido'' (1970), Freire reprisa a distinção entre opressores e oprimidos e diferencia entre as posições em uma sociedade injusta: o opressor e o oprimido. Freire não faz nenhuma referência direta a sua influência mais direta para a distinção, que remonta, pelo menos, na medida em que [[Hegel]] em 1802.
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Freire acredita que "a educação faz sentido porque as mulheres e homens aprendem que através da aprendizagem podem fazerem-se e refazerem-se, porque mulheres e homens são capazes de assumirem a responsabilidade sobre si mesmos como seres capazes de conhecerem." (Freire, 2004, p. 15).<ref>Freire, P. (2004). ''Pedagogy of Indignation''. Boulder: Colorado, Paradigm.</ref>
Freire acredita que "a educação faz sentido porque as mulheres e homens aprendem que através da aprendizagem podem fazerem-se e refazerem-se, porque mulheres e homens são capazes de assumirem a responsabilidade sobre si mesmos como seres capazes de conhecerem." (Freire, 2004, p. 15).<ref>Freire, P. (2004). ''Pedagogy of Indignation''. Boulder: Colorado, Paradigm.</ref>


Além de pensadores marxistas, Paulo Freire possui influência de outras correntes de pensamento, como a fenomenologia-existencial. Segundo Mendonça (2006), a preocupação primordial de Freire volta-se para a ontologia do ser humano, que está ligada ao exercício da condição de sujeitos dada historicamente. Desse modo, surge a práxis humana “como um compromisso histórico que, ao endereçar os sujeitos ao mundo, possibilita, ao mesmo tempo, a transformação da realidade e dos próprios seres humanos.” (p. 16).<ref name=":0">{{citar web|url=http://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/4507|titulo=A humanização na pedagogia de Paulo Freire|data=2006|acessodata=|publicado=Repositório Institucional da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)|ultimo=Mendonça|primeiro=Nelino}}</ref>
Além de pensadores marxistas, Paulo Freire possui influência de outras correntes de pensamento, como a fenomenologia-existencial. Segundo Mendonça (2006), a preocupação primordial de Freire volta-se para a [[ontologia]] do ser humano, que está ligada ao exercício da condição de sujeitos dada historicamente. Desse modo, surge a práxis humana “como um compromisso histórico que, ao endereçar os sujeitos ao mundo, possibilita, ao mesmo tempo, a transformação da realidade e dos próprios seres humanos.” (p. 16).<ref name=":0">{{citar web|url=http://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/4507|titulo=A humanização na pedagogia de Paulo Freire|data=2006|acessodata=|publicado=Repositório Institucional da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)|ultimo=Mendonça|primeiro=Nelino}}</ref>


Filósofos como [[Martin Heidegger]] e [[Jean-Paul Sartre|Jean Paul Sartre]], [[Gabriel Marcel]] e [[Karl Jaspers]] desenvolvem pensamentos existencialistas, cujos princípios se encontram em [[Søren Kierkegaard|Kierkegaard]] e influenciam efetivamente Paulo Freire (MENDONÇA, 2006).<ref name=":0" /> Ainda na sua obra ''Pedagogia do Oprimido'', Paulo Freire cita diretamente o Sartre: “Na verdade, não há eu que se constitua sem um não-eu. Por sua vez, não-eu constituinte do eu se constitui na constituição do eu constituído. Desta forma, o mundo constituinte da consciência se torna mundo da consciência, um percebido objetivo seu, ao qual se intenciona. Daí, a afirmação de Sartre, anteriormente citada: ‘consciência e mundo se dão ao mesmo tempo’” (Freire, 1987, p. 71).<ref>{{citar livro|título=Pedagogia do oprimido|ultimo=FREIRE|primeiro=Paulo|editora=Paz e Terra|ano=1987|local=Rio de Janeiro|páginas=|acessodata=}}</ref>
Filósofos como [[Martin Heidegger]] e [[Jean-Paul Sartre|Jean Paul Sartre]], [[Gabriel Marcel]] e [[Karl Jaspers]] desenvolvem pensamentos existencialistas, cujos princípios se encontram em [[Søren Kierkegaard|Kierkegaard]] e influenciam efetivamente Paulo Freire (MENDONÇA, 2006).<ref name=":0" /> Ainda na sua obra ''Pedagogia do Oprimido'', Paulo Freire cita diretamente o Sartre: “Na verdade, não há eu que se constitua sem um não-eu. Por sua vez, não-eu constituinte do eu se constitui na constituição do eu constituído. Desta forma, o mundo constituinte da consciência se torna mundo da consciência, um percebido objetivo seu, ao qual se intenciona. Daí, a afirmação de Sartre, anteriormente citada: ‘consciência e mundo se dão ao mesmo tempo’” (Freire, 1987, p. 71).<ref>{{citar livro|título=Pedagogia do oprimido|ultimo=FREIRE|primeiro=Paulo|editora=Paz e Terra|ano=1987|local=Rio de Janeiro|páginas=|acessodata=}}</ref>


A fenomenologia de Paulo Freire articula-se com o existencialismo. “É também sob marcante influência do existencialismo que se pode compreender a filosofia da educação de Paulo Freire, para quem a educação é prática da liberdade e a pedagogia, processo de conscientização” (Severino, 2000, p. 303).<ref>{{citar livro|título=A filosofia da educação no Brasil: esboço de uma trajetória. In: GHIRALDELLI JR, Paulo (org.). O que é filosofia da educação|ultimo=SEVERINO|primeiro=Antonio|editora=DP&A|ano=2000|local=Rio de Janeiro|páginas=|acessodata=}}</ref> Embora, faça referência a Sartre, é o existencialismo cristão de Jaspers e Gabriel Marcel que predomina.<ref>{{citar web|url=http://www.histedbr.fe.unicamp.br/acer_histedbr/seminario/seminario7/TRABALHOS/J/Jose%20luiz%20zanella.pdf|titulo=Considerações sobre a Filosofia da Educação de Paulo Freire e o Marxismo|data=2010|acessodata=|publicado=Quaestio: revista de estudos em educação|ultimo=ZANELLA|primeiro=José}}</ref>
A [[fenomenologia]] de Paulo Freire articula-se com o [[existencialismo]]. “É também sob marcante influência do existencialismo que se pode compreender a filosofia da educação de Paulo Freire, para quem a educação é prática da liberdade e a pedagogia, processo de conscientização” (Severino, 2000, p. 303).<ref>{{citar livro|título=A filosofia da educação no Brasil: esboço de uma trajetória. In: GHIRALDELLI JR, Paulo (org.). O que é filosofia da educação|ultimo=SEVERINO|primeiro=Antonio|editora=DP&A|ano=2000|local=Rio de Janeiro|páginas=|acessodata=}}</ref> Embora, faça referência a Sartre, é o [[existencialismo cristão]] de Jaspers e Gabriel Marcel que predomina.<ref>{{citar web|url=http://www.histedbr.fe.unicamp.br/acer_histedbr/seminario/seminario7/TRABALHOS/J/Jose%20luiz%20zanella.pdf|titulo=Considerações sobre a Filosofia da Educação de Paulo Freire e o Marxismo|data=2010|acessodata=|publicado=Quaestio: revista de estudos em educação|ultimo=ZANELLA|primeiro=José}}</ref>


O pensamento existencialista enquanto se ocupa do ser humano, tem importância para a educação, na medida em que esclarece a condição dele no mundo. "Paulo Freire (1996) sofre influências desta corrente e a desenvolve em sua Pedagogia. Se por um lado, uma educação é possível a partir do pensamento de Sartre (1987), de outro, encontra-se a humanização na pedagogia de Freire" (MENDONÇA, 2006, p. 161),<ref name=":0" /> que objetiva, finalmente, a humanização das relações no processo de ensino/aprendizagem.<ref>{{citar web|url=http://www.bib.unesc.net/biblioteca/sumario/000039/000039C5.pdf|titulo=O existencialismo de Jean Paul Sartre e a Pedagogia da Autonomia de Paulo Freire|data=2008|acessodata=|publicado=Unesc - Universidade do Extremo Sul Catarinense|ultimo=GARCIA|primeiro=Marcio}}</ref>
O pensamento existencialista enquanto se ocupa do ser humano, tem importância para a educação, na medida em que esclarece a condição dele no mundo. "Paulo Freire (1996) sofre influências desta corrente e a desenvolve em sua Pedagogia. Se por um lado, uma educação é possível a partir do pensamento de Sartre (1987), de outro, encontra-se a humanização na pedagogia de Freire" (MENDONÇA, 2006, p. 161),<ref name=":0" /> que objetiva, finalmente, a humanização das relações no processo de [[ensino]]/aprendizagem.<ref>{{citar web|url=http://www.bib.unesc.net/biblioteca/sumario/000039/000039C5.pdf|titulo=O existencialismo de Jean Paul Sartre e a Pedagogia da Autonomia de Paulo Freire|data=2008|acessodata=|publicado=Unesc - Universidade do Extremo Sul Catarinense|ultimo=GARCIA|primeiro=Marcio}}</ref>


=== Modelo bancário de educação ===
=== Modelo bancário de educação ===
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=== Cultura do silêncio ===
=== Cultura do silêncio ===

Segundo Freire, o sistema de relações sociais dominantes cria uma "cultura do silêncio", que infunde uma autoimagem negativa, silenciada e suprimida aos oprimidos. O aluno deve desenvolver uma consciência crítica, a fim de reconhecer que esta cultura do silêncio é criada para oprimir.<ref>{{citar web|url=http://tx.cpusa.org/school/classics/freire.htm|título=Marxist education:Education by Freire|publicado=Tx.cpusa.org|acessodata=12 de novembro de 2012}}</ref> A cultura do silêncio também pode fazer com que os "indivíduos dominados percam o meio pelo qual respondem de forma crítica à cultura que é forçada sobre eles pela cultura dominante".<ref>{{citar web|url=http://www.education.miami.edu/ep/contemporaryed/Paulo_Freire/paulo_freire.html|título=Paulo Freire|publicado=Education.miami.edu|acessodata=12 de novembro de 2012}}</ref>
Segundo Freire, o sistema de relações sociais dominantes cria uma "cultura do silêncio", que infunde uma autoimagem negativa, silenciada e suprimida aos oprimidos. O aluno deve desenvolver uma consciência crítica, a fim de reconhecer que esta cultura do silêncio é criada para oprimir.<ref>{{citar web|url=http://tx.cpusa.org/school/classics/freire.htm|título=Marxist education:Education by Freire|publicado=Tx.cpusa.org|acessodata=12 de novembro de 2012}}</ref> A cultura do silêncio também pode fazer com que os "indivíduos dominados percam o meio pelo qual respondem de forma crítica à cultura que é forçada sobre eles pela cultura dominante".<ref>{{citar web|url=http://www.education.miami.edu/ep/contemporaryed/Paulo_Freire/paulo_freire.html|título=Paulo Freire|publicado=Education.miami.edu|acessodata=12 de novembro de 2012}}</ref>


A dominação social de raça e classe é entrelaçada no sistema de ensino convencional, através do qual a "cultura do silêncio" elimina os "caminhos de pensamento que levam a uma linguagem crítica".<ref>(Giroux, 2001, p. 80) {{citar web|título=Culture, Power and Transformation in the Work of Paulo Freire by Henry A. Giroux|autor =(A Presentation by) John Cortez Fordham University|url=http://faculty.fordham.edu/kpking/classes/uege5102-pres-and-newmedia/Giroux-John-Cortez-Presentation.pdf}}</ref>
A dominação social de [[Raças humanas|raça]] e classe é entrelaçada no [[sistema de ensino]] convencional, através do qual a "cultura do silêncio" elimina os "caminhos de pensamento que levam a uma linguagem crítica".<ref>(Giroux, 2001, p. 80) {{citar web|título=Culture, Power and Transformation in the Work of Paulo Freire by Henry A. Giroux|autor =(A Presentation by) John Cortez Fordham University|url=http://faculty.fordham.edu/kpking/classes/uege5102-pres-and-newmedia/Giroux-John-Cortez-Presentation.pdf}}</ref>


== Impacto internacional ==
== Impacto internacional ==

[[Imagem:Mural en la Facultad de Educación y Humanidades, Universidad del Bío-Bío.jpg|thumb|upright=1.3|Mural de Paulo Freire na Faculdade de Educação e Humanidades da [[Universidade do Bío-Bío]], no [[Chile]]]]
[[Imagem:Mural en la Facultad de Educación y Humanidades, Universidad del Bío-Bío.jpg|thumb|upright=1.3|Mural de Paulo Freire na Faculdade de Educação e Humanidades da [[Universidade do Bío-Bío]], no [[Chile]]]]


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Em 2016, duas pesquisas demonstram o impacto de sua obra a nível mundial. A Open Syllabus pesquisou em mais de um milhão de programas de estudos de universidades dos Estados Unidos, [[Reino Unido]], [[Austrália]] e [[Nova Zelândia]] e descobriu que ''Pedagogia do Oprimido'' é o 99º livro mais citado, fazendo do pedagogo o único brasileiro entre os 100 mais citados e o o segundo melhor colocado no campo da educação, perdendo apenas para ''Teaching for Quality Learning in University: What the Student Does'', de [[John Biggs]].<ref>{{citar web | url=http://g1.globo.com/educacao/noticia/2016/02/so-um-livro-brasileiro-entra-no-top-100-de-universidades-de-lingua-inglesa.html | título=Só um livro brasileiro entra no top 100 de universidades de língua inglesa | data=17 de fevereiro de 2016 | publicado=G1 | acessodata=30 de junho de 2016}}</ref> Uma pesquisa da [[London School of Economics]] descobriu que ''Pedagogia do Oprimido'' é o terceira livro mais citado mundialmente na área das [[Ciências Sociais]], segundo dados do [[Google Acadêmico]].<ref>{{citar web| url=http://painelacademico.uol.com.br/painel-academico/6806-pesquisador-faz-levantamento-sobre-os-livros-mais-citados-nas-ciencias-sociais | título=Pesquisador faz levantamento sobre os livros mais citados nas ciências sociais | autor=Neves, Thiago | data=3 de junho de 2016 | publicado=Painel Acadêmico. Universo Online | acessodata=30 de junho de 2016}}</ref>
Em 2016, duas pesquisas demonstram o impacto de sua obra a nível mundial. A Open Syllabus pesquisou em mais de um milhão de programas de estudos de universidades dos Estados Unidos, [[Reino Unido]], [[Austrália]] e [[Nova Zelândia]] e descobriu que ''Pedagogia do Oprimido'' é o 99º livro mais citado, fazendo do pedagogo o único brasileiro entre os 100 mais citados e o o segundo melhor colocado no campo da educação, perdendo apenas para ''Teaching for Quality Learning in University: What the Student Does'', de [[John Biggs]].<ref>{{citar web | url=http://g1.globo.com/educacao/noticia/2016/02/so-um-livro-brasileiro-entra-no-top-100-de-universidades-de-lingua-inglesa.html | título=Só um livro brasileiro entra no top 100 de universidades de língua inglesa | data=17 de fevereiro de 2016 | publicado=G1 | acessodata=30 de junho de 2016}}</ref> Uma pesquisa da [[London School of Economics]] descobriu que ''Pedagogia do Oprimido'' é o terceira livro mais citado mundialmente na área das [[Ciências Sociais]], segundo dados do [[Google Acadêmico]].<ref>{{citar web| url=http://painelacademico.uol.com.br/painel-academico/6806-pesquisador-faz-levantamento-sobre-os-livros-mais-citados-nas-ciencias-sociais | título=Pesquisador faz levantamento sobre os livros mais citados nas ciências sociais | autor=Neves, Thiago | data=3 de junho de 2016 | publicado=Painel Acadêmico. Universo Online | acessodata=30 de junho de 2016}}</ref>


== Críticas na Wikipédia ==
== Críticas ==
=== Na Wikipédia ===

Em 28 de junho de 2016 um texto que acusava Freire e sua pedagogia de inserir doutrinação marxista nas escolas, publicado originalmente por um ''[[think tank]]'' defensor do [[neoliberalismo]] chamado ''[[Instituto Liberal]]'',<ref>{{Citar periódico|ultimo=Gros|primeiro=Denise B.|data=2004|titulo=Institutos liberais, neoliberalismo e políticas públicas na Nova República|jornal=Revista Brasileira de Ciências Sociais|volume=19|numero=54|paginas=143–159|issn=0102-6909|doi=10.1590/s0102-69092004000100009|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0102-69092004000100009&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt|acessadoem=}}</ref> foi inserido em sua biografia na [[Wikipédia]]. Apesar da edição ter sido [[Wikipédia:Reverter|revertida]] após 9 minutos,<ref>{{Dif|46027403}}</ref> a viúva de Freire, Ana Maria Araújo Freire, ao tomar conhecimento do fato e saber que a edição foi feita através dos servidores controlados pelo [[Serpro]], o Serviço Federal de Processamento de Dados, protestou em carta pública dirigida ao então Presidente da República em exercício, [[Michel Temer]].<ref>{{Citar periódico|ultimo=Pernambuco|primeiro=Diario de|data=2016-07-04|titulo=Viúva de Paulo Freire envia carta aberta a Temer|jornal=Diario de Pernambuco|url=http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/brasil/2016/07/04/interna_brasil,653376/viuva-de-paulo-freire-envia-carta-aberta-a-temer.shtml}} </ref>
Em 28 de junho de 2016 um texto que acusava Freire e sua pedagogia de inserir doutrinação marxista nas escolas, publicado originalmente por um ''[[think tank]]'' defensor do [[neoliberalismo]] chamado ''[[Instituto Liberal]]'',<ref>{{Citar periódico|ultimo=Gros|primeiro=Denise B.|data=2004|titulo=Institutos liberais, neoliberalismo e políticas públicas na Nova República|jornal=Revista Brasileira de Ciências Sociais|volume=19|numero=54|paginas=143–159|issn=0102-6909|doi=10.1590/s0102-69092004000100009|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0102-69092004000100009&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt|acessadoem=}}</ref> foi inserido em sua biografia na [[Wikipédia]]. Apesar da edição ter sido [[Wikipédia:Reverter|revertida]] após 9 minutos,<ref>{{Dif|46027403}}</ref> a viúva de Freire, Ana Maria Araújo Freire, ao tomar conhecimento do fato e saber que a edição foi feita através dos servidores controlados pelo [[Serpro]], o Serviço Federal de Processamento de Dados, protestou em carta pública dirigida ao então Presidente da República em exercício, [[Michel Temer]].<ref>{{Citar periódico|ultimo=Pernambuco|primeiro=Diario de|data=2016-07-04|titulo=Viúva de Paulo Freire envia carta aberta a Temer|jornal=Diario de Pernambuco|url=http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/brasil/2016/07/04/interna_brasil,653376/viuva-de-paulo-freire-envia-carta-aberta-a-temer.shtml}} </ref> Segundo o Serpro, tal edição não foi realizada em suas dependências mas, nas de outra entidade do governo federal, cujo nome não pôde ser revelado.<ref name="Legado de Paulo Freire é defendido por uns e odiado por outros">[[Galileu (revista)]] - [https://revistagalileu.globo.com/Revista/noticia/2017/05/legado-de-paulo-freire-e-defendido-por-uns-e-odiado-por-outros.html ''Legado de Paulo Freire é defendido por uns e odiado por outros.''] Por: Marcelle Souza, 2 de Maio de 2017, edição: Giuliana de Toledo. Acessado em 04/05/2018.</ref>

=== Pedagógicas e ideológicas ===

Além do Instituto Liberal, outras instituições e indivíduos (incluindo professores) <ref>[[Fórum (revista)]] - [https://www.revistaforum.com.br/professor-cria-polemica-em-protesto-contra-paulo-freire-pedagogia-do-oprimido-e-coitadismo/ ''Professor cria polêmica em protesto contra Paulo Freire: "Pedagogia do Oprimido é coitadismo".''] 19 de Março de 2015. Acessado em 04/05/2018.</ref> apontam os métodos pedagógicos em geral, atualmente adotados pelo Brasil, como responsáveis pela má qualidade do [[ensino]] no país.<ref name="Paulo Freire, o patrono do fracasso educacional brasileiro">[http://www.ilisp.org/artigos/paulo-freire-o-patrono-do-fracasso-educacional-brasileiro/ Ilisp] - ''Paulo Freire, o patrono do fracasso educacional brasileiro.'' Rogério Marinho, 4 de Novembro de 2017. Acessado em 04/05/2018.</ref> [[Pierluigi Piazzi]] (1943 - 2015) criticou duramente a aplicação de tais [[Método de ensino|métodos de ensino]].<ref>[https://wn.com/a_bronca_do_professor_pierluiggi_piazzi:_estamos_criando_uma_gera%C3%A7%C3%A3o_de_deficientes_mentais World News] - ''A bronca do Professor Pierluiggi Piazzi: Estamos criando uma geração de deficientes mentais.'' Palestra do prof. Pierluiggi na Escola Estadual Professor José Chediak. Publicado em 26 de Julho de 2011. Acessado em 04/05/2018.</ref> Especificamente, os métodos freirianos vem sendo criticados.<ref name="Paulo Freire, o patrono do fracasso educacional brasileiro"/>

O [[Escola sem Partido]], [[movimento político]] que objetiva impedir doutrinação no ambiente escolar, acusa o [[Método Paulo Freire]] de ser usado para promover ideologização e doutrinação política através da escola.<ref>[http://www.escolasempartido.org/artigos-top/382-paulo-freire-e-a-educacao-bancaria-ideologizada Escola sem Partido] - ''Paulo Freire e a "educação bancária ideologizada."'' Luiz Lopes Diniz Filho. Acessado em 04/05/2018.</ref> Segundo [[Miguel Nagib]], coordenador do movimento: "''O que a gente defende é que alguns dos ensinamentos de Paulo Freire se chocam com a Constituição. Nossa crítica é de natureza jurídica, porque o uso da sala de aula para efeito de transformação da sociedade, como ele defendia, dependendo da maneira com que isso é aplicado, viola a liberdade dos alunos e a neutralidade política e ideológica do Estado''".<ref name="Legado de Paulo Freire é defendido por uns e odiado por outros"/>

=== Acusação de plágio ===

[[Frank Laubach]] (1884 - 1970), [[missionário]] e [[educador]] [[estadounidense]], desenvolveu um método de aprendizado (''[[Each one teach one]]'' - "Cada um ensina um") <ref>''Essentials for Speech-language Pathologists.'' Autora: Betsy Partin Vinson. Cengage Learning, 2001, pág. 360, {{en}} ISBN 9780769300719 Adicionado em 04/05/2018.</ref> que, empregado na [[Ásia]] durante décadas, possibilitou a alfabetização de milhões de pessoas.<ref name="Método Paulo Freire ou Método Laubach?">[http://www.alvoler.org.br/noticias.php?noticia=27&titulo=Metodo-Paulo-Freire-ou-Metodo-Laubach Alvo Ler] - ''Método Paulo Freire ou Método Laubach?'' Acessado em 09/05/2018.</ref> Em 1943, convidado pelo governo, Laubach visitou o Brasil,<ref>[http://www.alvoler.org.br/noticias.php?noticia=55 Alvo Ler] - ''Dia Mundial da Alfabetização - Frank Charles Laubach.'' Acessado em 04/05/2018.</ref> ocasião em que divulgou seu método <ref name="Método Paulo Freire ou Método Laubach?"/> que passou a ser usado no país pelo [[Ministério da Educação (Brasil)|Ministério da Educação]].<ref>''Anais.'' Brazil. Ministério da Educação e Saúde Pública, págs. 185 e 219, 1944, (informar ISBN). Adicionado em 04/05/2018.</ref> Paulo Freire já foi acusado de [[Plágio|plagiar]] o sistema de alfabetização criado por Laubach para criar o método que leva seu nome.<ref name="Método Paulo Freire ou Método Laubach?"/>


== Honrarias ==
== Honrarias ==

* 29 títulos de Doutor ''Honoris Causa'' de universidades da [[Europa]] e [[América]];<ref name="Honoris_Causa"/>
* 29 títulos de Doutor ''Honoris Causa'' de universidades da [[Europa]] e [[América]];<ref name="Honoris_Causa"/>
* ''[[King Baudouin International Development Prize]]'' de 1980, entregue pela Fundação King Baudouin, que tem como objetivo servir a sociedade. Paulo Freire foi a primeira pessoa a receber o prêmio. Ele foi nomeado pelo Dr. Mathew Zachariah, Professor de Educação na [[Universidade de Calgary]];<ref>{{citar web|título=Laureates|url=http://www.africa-kbf.org/en/laureates|publicado=King Baudouin Foundation|acessodata=6 de Fevereiro de 2016}}</ref>
* ''[[King Baudouin International Development Prize]]'' de 1980, entregue pela Fundação King Baudouin, que tem como objetivo servir a sociedade. Paulo Freire foi a primeira pessoa a receber o prêmio. Ele foi nomeado pelo Dr. Mathew Zachariah, Professor de Educação na [[Universidade de Calgary]];<ref>{{citar web|título=Laureates|url=http://www.africa-kbf.org/en/laureates|publicado=King Baudouin Foundation|acessodata=6 de Fevereiro de 2016}}</ref>

Revisão das 14h02min de 9 de maio de 2018

 Nota: Para outros significados, veja Paulo Freire (desambiguação).
Paulo Freire
OMC
Paulo Freire
Nome completo Paulo Reglus Neves Freire
Nascimento 19 de setembro de 1921
Recife
Morte 2 de maio de 1997 (75 anos)
São Paulo
Nacionalidade brasileiro
Cônjuge Elza (1944-1986)
Ana Maria Araújo (1988-1997)
Ocupação Educador, Filósofo
Escola/tradição Personalismo
Marxismo
Existencialismo
Principais interesses Educação
Religião Catolicismo

Paulo Reglus Neves Freire (Recife, 19 de setembro de 1921São Paulo, 2 de maio de 1997) foi um educador, pedagogo e filósofo brasileiro. É considerado um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial,[1] tendo influenciado o movimento chamado pedagogia crítica. É também o Patrono da Educação Brasileira.

Sua prática didática fundamentava-se na crença de que o educando assimilaria o objeto de estudo fazendo uso de uma prática dialética com a realidade, em contraposição à por ele denominada educação bancária, tecnicista e alienante: o educando criaria sua própria educação, fazendo ele próprio o caminho, e não seguindo um já previamente construído; libertando-se de chavões alienantes, o educando seguiria e criaria o rumo do seu aprendizado. Destacou-se por seu trabalho na área da educação popular, voltada tanto para a escolarização como para a formação da consciência política.

Autor de Pedagogia do Oprimido, livro que propõe um método de alfabetização dialético, se diferenciou do "vanguardismo" dos intelectuais de esquerda tradicionais e sempre defendeu o diálogo com as pessoas simples, não só como método, mas como um modo de ser realmente democrático.[2]

Foi o brasileiro mais homenageado da história: ganhou 29 títulos de Doutor Honoris Causa de universidades da Europa e América; e recebeu diversos galardões como o prêmio da UNESCO de Educação para a Paz em 1986.[3][4][5][6][7] Em 13 de abril de 2012 foi sancionada a lei 12.612 que declara o educador Paulo Freire Patrono da Educação Brasileira.[8] Segundo uma pesquisa envolvendo três estados brasileiros, Paulo Freire é o nome de escola mais comum.[9]

Biografia

Escultura em Estocolmo, Suécia. Paulo Freire (segundo da esquerda para a direita) aparece ao lado de outras seis personalidades internacionais, entre elas Pablo Neruda e Mao Tsé-Tung.[10]

Paulo Freire nasceu em 19 de setembro de 1921 em Recife. Filho de Joaquim Temístocles Freire, capitão da Polícia Militar de Pernambuco e de Edeltrudes Neves Freire, Dona Tudinha, Paulo teve uma irmã, Stela, e dois irmãos, Armando e Temístocles. A irmã Stela foi professora primária do Estado. Armando, funcionário da Prefeitura da Cidade do Recife, abandonou os estudos aos 18 anos, não chegou a concluir o curso ginasial. Temístocles entrou para o Exército. Aos dois, Paulo agradece emocionado, em uma de suas entrevistas a Edson Passetti, pois começaram a trabalhar muito jovens, para ajudar na manutenção da casa e possibilitar que Paulo continuasse estudando.[carece de fontes?]

Sua família fazia parte da classe média, mas Paulo Freire vivenciou a pobreza e a fome na infância durante a depressão de 1929, uma experiência que o levaria a se preocupar com os mais pobres e o ajudaria a construir seu revolucionário método de alfabetização. Por seu empenho em ensinar os mais pobres, Paulo Freire tornou-se uma inspiração para gerações de professores, especialmente na América Latina e na África. O talento como escritor o ajudou a conquistar um amplo público de pedagogos, cientistas sociais, teólogos e militantes políticos, quase sempre ligados a partidos de esquerda.[11]

A partir de suas primeiras experiências no Rio Grande do Norte, em 1963, quando ensinou 300 adultos a ler e a escrever em 45 dias, Paulo Freire desenvolveu um método inovador de alfabetização, adotado primeiramente em Pernambuco. Seu projeto educacional estava vinculado ao nacionalismo desenvolvimentista do governo João Goulart. Na política, integrou o Partido dos Trabalhadores, tendo sido Presidente da 1ª Diretoria Executiva da Fundação Wilson Pinheiro, fundação de apoio partidária instituída pelo PT em 1981 (antecessora da Fundação Perseu Abramo); além de Secretário de Educação da Prefeitura Municipal de São Paulo na gestão petista de Luiza Erundina (1989-1992).[12]

Freire entrou para a Universidade do Recife em 1943, para cursar a Faculdade de Direito, mas também se dedicou aos estudos de filosofia da linguagem. Apesar disso, nunca exerceu a profissão, e preferiu trabalhar como professor numa escola de segundo grau lecionando língua portuguesa. Em 1944, uniu-se em matrimônio com a colega de trabalho Elza Maia Costa de Oliveira, casamento este que durou até o ano de 1986, quando sua esposa morreu. Dois anos depois, em 1988, o educador casou-se com a também pernambucana Ana Maria Araújo, apelidada de "Nita", que além de conhecida desde a infância era sua orientada no programa de mestrado da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, onde foi professor. Ambas as esposas foram reconhecidas por Paulo como importantes em sua carreira, inclusive quando o educador dedicou seu título de Doutor Honoris Causa na PUC de São Paulo "à memória de uma e à vida da outra".[13] Em 1946, Freire foi indicado ao cargo de diretor do Departamento de Educação e Cultura do Serviço Social no Estado de Pernambuco, onde iniciou o trabalho com analfabetos pobres.[carece de fontes?]

Em 1961 tornou-se diretor do Departamento de Extensões Culturais da Universidade do Recife e, no mesmo ano,[14] realizou junto com sua equipe as primeiras experiências de alfabetização popular que levariam à constituição do Método Paulo Freire. Seu grupo foi responsável pela alfabetização de 300 cortadores de cana em apenas 45 dias. Em resposta aos eficazes resultados, o governo brasileiro (que, sob o presidente João Goulart, empenhava-se na realização das reformas de base) aprovou a multiplicação dessas primeiras experiências num Plano Nacional de Alfabetização, que previa a formação de educadores em massa e a rápida implantação de 20 mil núcleos (os "círculos de cultura") pelo País[15]. Em 1964, meses depois de iniciada a implantação do Plano, o golpe militar extinguiu esse esforço. Freire foi encarcerado como traidor por 70 dias. Em seguida passou por um breve exílio na Bolívia e trabalhou no Chile por cinco anos para o Movimento de Reforma Agrária da Democracia Cristã e para a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação. Em 1967, durante o exílio chileno, publicou no Brasil seu primeiro livro, Educação como Prática da Liberdade, baseado fundamentalmente na tese Educação e Atualidade Brasileira, com a qual concorrera, em 1959, à cadeira de História e Filosofia da Educação na Escola de Belas Artes da Universidade do Recife.[carece de fontes?]

O livro foi bem recebido, e Freire foi convidado para ser professor visitante da Universidade Harvard em 1969. No ano anterior, ele havia concluído a redação de seu mais famoso livro, Pedagogia do Oprimido, que foi publicado em várias línguas como o espanhol, o inglês (em 1970) e até o hebraico (em 1981). Em razão da rixa política entre a ditadura militar e o socialismo cristão de Paulo Freire,[16] ele não foi publicado no Brasil até 1974, quando o general Geisel assumiu a presidência do país e iniciou o processo de abertura política. Depois de um ano em Cambridge, Freire mudou-se para Genebra, na Suíça, trabalhando como consultor educacional do Conselho Mundial de Igrejas. Durante esse tempo, atuou como consultor em reforma educacional em colônias portuguesas na África, particularmente na Guiné-Bissau e em Moçambique.[17]

Com a Anistia de 1979 Freire pôde retornar ao Brasil, mas só o fez em 1980. Filiou-se ao Partido dos Trabalhadores na cidade de São Paulo, e atuou como supervisor para o programa do partido para alfabetização de adultos (andragogia) de 1980 até 1986. Quando o PT venceu as eleições municipais paulistanas de 1988, iniciando-se a gestão de Luiza Erundina (1989-1993), Freire foi nomeado secretário de Educação da cidade de São Paulo. Exerceu esse cargo de 1989 a 1991. Dentre as marcas de sua passagem pela secretaria municipal de Educação está a criação do Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos (MOVA), um modelo de programa público de apoio a salas comunitárias de Educação de Jovens e Adultos que até hoje é adotado por numerosas prefeituras e outras instâncias de governo.[carece de fontes?]

Em 1991 foi fundado em São Paulo o Instituto Paulo Freire, para estender e elaborar as ideias de Freire. O instituto mantém até hoje os arquivos do educador, além de realizar numerosas atividades relacionadas com o legado do pensador e a atuação em temas da educação brasileira e mundial.[18]

Freire morreu de um ataque cardíaco em 2 de maio de 1997, às 6h53, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, devido a complicações em uma operação de desobstrução de artérias. O Estado Brasileiro, por meio do Ministério da Justiça, no Fórum Mundial de Educação Profissional de 2009, realizado em Brasília, fez o pedido de perdão post mortem à viúva e à família do educador, assumindo o pagamento de "reparação econômica".[19]

Contribuições teóricas

Painel Paulo Freire no Centro de Formação, Tecnologia e Pesquisa Educacional (CEFORTEPE) da Secretaria Municipal de Educação de Campinas, São Paulo

Paulo Freire contribuiu com uma filosofia da educação que veio não só das abordagens mais clássicas decorrentes de Platão, mas também da fenomenologia-existencial, de pensadores marxistas e anticolonialistas modernos. De muitas maneiras a sua obra Pedagogia do Oprimido (1970) pode ser melhor lida como uma extensão, ou de resposta, de Os Condenados da Terra (1961) de Frantz Fanon, que enfatizava a necessidade de dotar as populações nativas com uma educação que era ao mesmo tempo nova e moderna (em vez de tradicional) e anticolonial (e não simplesmente uma extensão da cultura do colonizador).

Na Pedagogia do Oprimido (1970), Freire reprisa a distinção entre opressores e oprimidos e diferencia entre as posições em uma sociedade injusta: o opressor e o oprimido. Freire não faz nenhuma referência direta a sua influência mais direta para a distinção, que remonta, pelo menos, na medida em que Hegel em 1802.

Freire defende que a educação deve permitir que os oprimidos possam recuperar o seu senso de humanidade e, por sua vez, superar a sua condição. No entanto, ele reconhece que para que isso ocorra, o indivíduo oprimido deve desempenhar um papel na sua libertação. Como ele afirma:

Da mesma forma, os opressores devem estar dispostos a repensarem seu modo de vida e a examinarem seu próprio papel na opressão se a verdadeira libertação deve ocorrer: "aqueles que autenticamente se comprometem com o povo devem reexaminar-se constantemente" (Freire, 1970, p. 60).

Freire acredita que a educação é um ato político que não pode ser divorciado da pedagogia. Ele definiu este como um princípio principal da pedagogia crítica. Professores e alunos devem estar cientes das "políticas" que cercam a educação. A forma como os alunos são ensinados e o que lhes é ensinado serve a uma agenda política. Professores, eles próprios, têm noções políticas que trazem para a sala de aula (Kincheloe, 2008).[22]

Freire acredita que "a educação faz sentido porque as mulheres e homens aprendem que através da aprendizagem podem fazerem-se e refazerem-se, porque mulheres e homens são capazes de assumirem a responsabilidade sobre si mesmos como seres capazes de conhecerem." (Freire, 2004, p. 15).[23]

Além de pensadores marxistas, Paulo Freire possui influência de outras correntes de pensamento, como a fenomenologia-existencial. Segundo Mendonça (2006), a preocupação primordial de Freire volta-se para a ontologia do ser humano, que está ligada ao exercício da condição de sujeitos dada historicamente. Desse modo, surge a práxis humana “como um compromisso histórico que, ao endereçar os sujeitos ao mundo, possibilita, ao mesmo tempo, a transformação da realidade e dos próprios seres humanos.” (p. 16).[24]

Filósofos como Martin Heidegger e Jean Paul Sartre, Gabriel Marcel e Karl Jaspers desenvolvem pensamentos existencialistas, cujos princípios se encontram em Kierkegaard e influenciam efetivamente Paulo Freire (MENDONÇA, 2006).[24] Ainda na sua obra Pedagogia do Oprimido, Paulo Freire cita diretamente o Sartre: “Na verdade, não há eu que se constitua sem um não-eu. Por sua vez, não-eu constituinte do eu se constitui na constituição do eu constituído. Desta forma, o mundo constituinte da consciência se torna mundo da consciência, um percebido objetivo seu, ao qual se intenciona. Daí, a afirmação de Sartre, anteriormente citada: ‘consciência e mundo se dão ao mesmo tempo’” (Freire, 1987, p. 71).[25]

A fenomenologia de Paulo Freire articula-se com o existencialismo. “É também sob marcante influência do existencialismo que se pode compreender a filosofia da educação de Paulo Freire, para quem a educação é prática da liberdade e a pedagogia, processo de conscientização” (Severino, 2000, p. 303).[26] Embora, faça referência a Sartre, é o existencialismo cristão de Jaspers e Gabriel Marcel que predomina.[27]

O pensamento existencialista enquanto se ocupa do ser humano, tem importância para a educação, na medida em que esclarece a condição dele no mundo. "Paulo Freire (1996) sofre influências desta corrente e a desenvolve em sua Pedagogia. Se por um lado, uma educação é possível a partir do pensamento de Sartre (1987), de outro, encontra-se a humanização na pedagogia de Freire" (MENDONÇA, 2006, p. 161),[24] que objetiva, finalmente, a humanização das relações no processo de ensino/aprendizagem.[28]

Modelo bancário de educação

Em termos de pedagogia, Freire é mais conhecido por seu ataque sobre o que chamou de conceito "bancário" da educação, em que o aluno é visto como uma conta vazia a ser preenchida pelo professor. Ele observa que "transformar os alunos em objetos receptores é uma tentativa de controlar o pensamento e a ação, leva homens e mulheres a ajustarem-se ao mundo e inibe o seu poder criativo" (Freire, 1970, p. 77). Esta crítica básica não era nova - a concepção da criança como um aprendiz ativo de Rousseau já era um passo de tabula rasa (que é basicamente o mesmo que o "conceito bancário"). Além disso, pensadores como John Dewey também são fortemente críticos da transmissão de meros fatos como o objetivo da educação. Dewey muitas vezes descrevia a educação como um mecanismo de mudança social, explicando que "a educação é um regulamento do processo de vir a partilhar a consciência social; e que o ajustamento da atividade individual com base nessa consciência social é o único método seguro de reconstrução social" (1897, p. 16). O trabalho de Freire, no entanto, atualizou o conceito e colocou-o em contexto com as teorias e práticas de educação atuais, que estabelece as bases para o que hoje é chamado pedagogia crítica.[29]

Cultura do silêncio

Segundo Freire, o sistema de relações sociais dominantes cria uma "cultura do silêncio", que infunde uma autoimagem negativa, silenciada e suprimida aos oprimidos. O aluno deve desenvolver uma consciência crítica, a fim de reconhecer que esta cultura do silêncio é criada para oprimir.[30] A cultura do silêncio também pode fazer com que os "indivíduos dominados percam o meio pelo qual respondem de forma crítica à cultura que é forçada sobre eles pela cultura dominante".[31]

A dominação social de raça e classe é entrelaçada no sistema de ensino convencional, através do qual a "cultura do silêncio" elimina os "caminhos de pensamento que levam a uma linguagem crítica".[32]

Impacto internacional

Mural de Paulo Freire na Faculdade de Educação e Humanidades da Universidade do Bío-Bío, no Chile

Os principais expoentes de Freire na América do Norte são Henry Giroux, Peter McLaren, Donaldo Macedo, Joe L. Kincheloe, Carlos Alberto Torres, Ira Shor e Shirley R. Steinberg. Um dos textos editados por McLaren, Paulo Freire: A Critical Encounter, expõe sobre o impacto de Freire no campo da educação crítica. McLaren também fornece um estudo comparativo entre Paulo Freire e o ícone revolucionário argentino Che Guevara. O trabalho de Freire influenciou o movimento chamado "matemática radical" nos Estados Unidos, que enfatiza questões de justiça social e pedagogia crítica como componentes de currículos de matemática.[33]

Na África do Sul, as ideias e métodos de Freire foram fundamentais para o Movimento da Consciência Negra (em inglês: Black Consciousness Movement), muitas vezes associado com a figura de Steve Biko, na década de 1970.[34][35] Há um projeto sobre Paulo Freire na Universidade de KwaZulu-Natal em Pietermaritzburg.[36]

Em 1991, o Instituto Paulo Freire foi criado em São Paulo para ampliar e elaborar as suas teorias da educação popular. O instituto já tem projetos em muitos países e está sediada na Escola de Educação e Estudos de Informação da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), onde arquivos de Freire são mantidos. O diretor é o Dr. Carlos Torres, professor da UCLA e autor de livros freireanos incluindo A praxis educativa de Paulo Freire (1978). Desde a publicação da edição anglófona da obra Pedagogia do Oprimido', Freire alcançou status quase icônico em programas de formação de professores dos Estados Unidos.[37]

Em 2016, duas pesquisas demonstram o impacto de sua obra a nível mundial. A Open Syllabus pesquisou em mais de um milhão de programas de estudos de universidades dos Estados Unidos, Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia e descobriu que Pedagogia do Oprimido é o 99º livro mais citado, fazendo do pedagogo o único brasileiro entre os 100 mais citados e o o segundo melhor colocado no campo da educação, perdendo apenas para Teaching for Quality Learning in University: What the Student Does, de John Biggs.[38] Uma pesquisa da London School of Economics descobriu que Pedagogia do Oprimido é o terceira livro mais citado mundialmente na área das Ciências Sociais, segundo dados do Google Acadêmico.[39]

Críticas

Na Wikipédia

Em 28 de junho de 2016 um texto que acusava Freire e sua pedagogia de inserir doutrinação marxista nas escolas, publicado originalmente por um think tank defensor do neoliberalismo chamado Instituto Liberal,[40] foi inserido em sua biografia na Wikipédia. Apesar da edição ter sido revertida após 9 minutos,[41] a viúva de Freire, Ana Maria Araújo Freire, ao tomar conhecimento do fato e saber que a edição foi feita através dos servidores controlados pelo Serpro, o Serviço Federal de Processamento de Dados, protestou em carta pública dirigida ao então Presidente da República em exercício, Michel Temer.[42] Segundo o Serpro, tal edição não foi realizada em suas dependências mas, nas de outra entidade do governo federal, cujo nome não pôde ser revelado.[43]

Pedagógicas e ideológicas

Além do Instituto Liberal, outras instituições e indivíduos (incluindo professores) [44] apontam os métodos pedagógicos em geral, atualmente adotados pelo Brasil, como responsáveis pela má qualidade do ensino no país.[45] Pierluigi Piazzi (1943 - 2015) criticou duramente a aplicação de tais métodos de ensino.[46] Especificamente, os métodos freirianos vem sendo criticados.[45]

O Escola sem Partido, movimento político que objetiva impedir doutrinação no ambiente escolar, acusa o Método Paulo Freire de ser usado para promover ideologização e doutrinação política através da escola.[47] Segundo Miguel Nagib, coordenador do movimento: "O que a gente defende é que alguns dos ensinamentos de Paulo Freire se chocam com a Constituição. Nossa crítica é de natureza jurídica, porque o uso da sala de aula para efeito de transformação da sociedade, como ele defendia, dependendo da maneira com que isso é aplicado, viola a liberdade dos alunos e a neutralidade política e ideológica do Estado".[43]

Acusação de plágio

Frank Laubach (1884 - 1970), missionário e educador estadounidense, desenvolveu um método de aprendizado (Each one teach one - "Cada um ensina um") [48] que, empregado na Ásia durante décadas, possibilitou a alfabetização de milhões de pessoas.[49] Em 1943, convidado pelo governo, Laubach visitou o Brasil,[50] ocasião em que divulgou seu método [49] que passou a ser usado no país pelo Ministério da Educação.[51] Paulo Freire já foi acusado de plagiar o sistema de alfabetização criado por Laubach para criar o método que leva seu nome.[49]

Honrarias

  • 29 títulos de Doutor Honoris Causa de universidades da Europa e América;[3]
  • King Baudouin International Development Prize de 1980, entregue pela Fundação King Baudouin, que tem como objetivo servir a sociedade. Paulo Freire foi a primeira pessoa a receber o prêmio. Ele foi nomeado pelo Dr. Mathew Zachariah, Professor de Educação na Universidade de Calgary;[52]
  • Prêmio de Excelência para Educadores Cristãos, 1985;[53]
  • Prêmio de Educação para a Paz da UNESCO, 1986;
  • Incluído no International Adult and Continuing Education Hall of Fame, 2008;[54]
  • Uma escola pública independente de Holyoke, Massachusetts, nomeou-se "Paulo Freire Social Justice Charter School", aprovado pelo Estado em 28 de fevereiro de 2012;[55]

Obras

Ver também

Referências

  1. NOVA ESCOLA - REPORTAGEM - Paulo Freire - O mentor da educação para a consciência
  2. «Programa da TV UFPB apresenta obra de Paulo Freire em 30 vídeos disponíveis no youtube». Consultado em 8 de Junho de 2017 
  3. a b Simon Pratt-Adams, Meg Maguire e Elizabeth Burn. «Changing Urban Education». Google Livros. Consultado em 27 de fevereiro de 2016 
  4. «Almanaque Brasil 153». Almanaque Brasil de Cultura Popular. Consultado em 17 de fevereiro de 2016 
  5. «Entrevista Mario Sergio Cortella». Educar para Crescer. Consultado em 17 de fevereiro de 2016 
  6. RBS, Grupo. «Cadastro GrupoRBS» 
  7. http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001229/122930Eo.pdf UNESCO Prize 1986 and 1987 for Peace Education; 1988
  8. «BRASIL. Lei 12.612 de 13 de abril de 2012». Consultado em 16 de abril de 2012 
  9. Filipe Albuquerque (24 de novembro de 2017). «Paulo Freire, Monteiro Lobato e Tancredo Neves: os nomes de escola mais comuns em alguns estados». Gazeta do Povo. Consultado em 2 de março de 2018 
  10. Leino, Per (13 de agosto de 2014). "Pye tar det med ro". Hela Gotland (em sueco), Visby.
  11. «Comissão de Educação, Cultura e Assuntos Indígenas da Assembleia homenageia o educador Paulo Freire». Consultado em 8 de Junho de 2017 
  12. FREIRE, Paulo. Educação na cidade. 4. ed. São Paulo: Cortez, 2000.
  13. Paz, Mônica. «Projeto Irecê». twiki.ufba.br 
  14. «"Paulo Freire, Cidadão Brasileiro"» 
  15. PELANDRÉ, Nilcéa Lemos. "Efeitos a longo prazo do método de alfabetização Paulo Freire". Florianópolis, 1998. Vol. I e II. 523p. Tese (Doutorado em Letras/Linguística) - Curso de Pós-Graduação em Letras/Linguística, Universidade Federal de Santa Catarina. p.33 - 48.
  16. ARANHA, Maria Lúcia de Arruda (2006). História da Educação e da Pedagogia 3ª ed. São Paulo: Moderna. p. 336. ISBN 85-16-05020-3 
  17. «Paulo Freire». Paulofreire.org. Consultado em 12 de maio de 2017 
  18. «O Instituto Paulo Freire». Instituto Paulo Freire. Consultado em 2 de junho de 2017 
  19. Nº 61/2008. Governo do Brasil. Acessado em 29 de junho de 2016
  20. Gramsci, Freire, and Adult Education: Possibilities for Transformative Action, by Peter Mayo, Macmillan, 1999, ISBN 1-85649-614-7, pg 5
  21. Freire, P. (1970). Pedagogy of the Oppressed. New York: Continuum.
  22. Kincheloe, J.L. (2008). Critical Pedagogy Primer, 2nd Ed. New York: Peter Lang.
  23. Freire, P. (2004). Pedagogy of Indignation. Boulder: Colorado, Paradigm.
  24. a b c Mendonça, Nelino (2006). «A humanização na pedagogia de Paulo Freire». Repositório Institucional da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) 
  25. FREIRE, Paulo (1987). Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra 
  26. SEVERINO, Antonio (2000). A filosofia da educação no Brasil: esboço de uma trajetória. In: GHIRALDELLI JR, Paulo (org.). O que é filosofia da educação. Rio de Janeiro: DP&A 
  27. ZANELLA, José (2010). «Considerações sobre a Filosofia da Educação de Paulo Freire e o Marxismo» (PDF). Quaestio: revista de estudos em educação 
  28. GARCIA, Marcio (2008). «O existencialismo de Jean Paul Sartre e a Pedagogia da Autonomia de Paulo Freire» (PDF). Unesc - Universidade do Extremo Sul Catarinense 
  29. Dewey, J. (1897). My Pedagogic Creed
  30. «Marxist education:Education by Freire». Tx.cpusa.org. Consultado em 12 de novembro de 2012 
  31. «Paulo Freire». Education.miami.edu. Consultado em 12 de novembro de 2012 
  32. (Giroux, 2001, p. 80) (A Presentation by) John Cortez Fordham University. «Culture, Power and Transformation in the Work of Paulo Freire by Henry A. Giroux» (PDF) 
  33. «Radical Math». www.radicalmath.org 
  34. [Anne Hope - February 12, 1930 – December 26, 2015 ://www.iol.co.za/capetimes/anne-hope-a-woman-of-substance-in-anti-apartheid-movement-1964986
  35. A Liberation and Development: Black Consciousness Community Programs in South Africa, Leslie Anne Hadfield, 2016
  36. «Paulo Freire Project». cae.ukzn.ac.za 
  37. Bharath Sriraman, ""On the Origins of Social Justice: Darwin, Freire, Marx and Vivekananda", The Mathematics Enthusiast, Monograph 1, 2007
  38. «Só um livro brasileiro entra no top 100 de universidades de língua inglesa». G1. 17 de fevereiro de 2016. Consultado em 30 de junho de 2016 
  39. Neves, Thiago (3 de junho de 2016). «Pesquisador faz levantamento sobre os livros mais citados nas ciências sociais». Painel Acadêmico. Universo Online. Consultado em 30 de junho de 2016 
  40. Gros, Denise B. (2004). «Institutos liberais, neoliberalismo e políticas públicas na Nova República». Revista Brasileira de Ciências Sociais. 19 (54): 143–159. ISSN 0102-6909. doi:10.1590/s0102-69092004000100009 
  41. 46027403]
  42. Pernambuco, Diario de (4 de julho de 2016). «Viúva de Paulo Freire envia carta aberta a Temer». Diario de Pernambuco 
  43. a b Galileu (revista) - Legado de Paulo Freire é defendido por uns e odiado por outros. Por: Marcelle Souza, 2 de Maio de 2017, edição: Giuliana de Toledo. Acessado em 04/05/2018.
  44. Fórum (revista) - Professor cria polêmica em protesto contra Paulo Freire: "Pedagogia do Oprimido é coitadismo". 19 de Março de 2015. Acessado em 04/05/2018.
  45. a b Ilisp - Paulo Freire, o patrono do fracasso educacional brasileiro. Rogério Marinho, 4 de Novembro de 2017. Acessado em 04/05/2018.
  46. World News - A bronca do Professor Pierluiggi Piazzi: Estamos criando uma geração de deficientes mentais. Palestra do prof. Pierluiggi na Escola Estadual Professor José Chediak. Publicado em 26 de Julho de 2011. Acessado em 04/05/2018.
  47. Escola sem Partido - Paulo Freire e a "educação bancária ideologizada." Luiz Lopes Diniz Filho. Acessado em 04/05/2018.
  48. Essentials for Speech-language Pathologists. Autora: Betsy Partin Vinson. Cengage Learning, 2001, pág. 360, (em inglês) ISBN 9780769300719 Adicionado em 04/05/2018.
  49. a b c Alvo Ler - Método Paulo Freire ou Método Laubach? Acessado em 09/05/2018.
  50. Alvo Ler - Dia Mundial da Alfabetização - Frank Charles Laubach. Acessado em 04/05/2018.
  51. Anais. Brazil. Ministério da Educação e Saúde Pública, págs. 185 e 219, 1944, (informar ISBN). Adicionado em 04/05/2018.
  52. «Laureates». King Baudouin Foundation. Consultado em 6 de Fevereiro de 2016 
  53. «A Brief Biography of Paulo Freire». ptoweb 
  54. «Hall of fame» 
  55. «Hampshiregazette» 

Bibliografia

  • BARRETO, Vera. Paulo Freire para educadores. São Paulo: Arte & Ciência, 1998.
  • BEISIEGEL, Celso de Rui. Política e educação popular. São Paulo: Ática, 1982.
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