Saltar para o conteúdo

Ana de Jesus Maria de Bragança: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
SimmeD (discussão | contribs)
João IV “Imperador do Brasil”???? Ele pode até ter sido rei do Brasil no Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, mas imperador do Brasil nunca.
Linha 22: Linha 22:
}}
}}


'''Ana de Jesus Maria de Bragança''' (de seu nome completo: ''Ana de Jesus Maria Luísa Gonzaga Joaquina Micaela Rafaela Sérvula Antónia Francisca Xavier de Paula de Bragança e Bourbon'', <small>[[Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa|GCNSC]]</small>; [[Mafra (Portugal)|Mafra]], [[23 de Outubro]] de [[1806]] — [[Roma]], [[22 de Junho]] de [[1857]]) foi a última filha de [[João VI de Portugal|D. João VI]], [[Lista de monarcas de Portugal|rei de Portugal]] e [[imperador do Brasil]], com a sua consorte [[Carlota Joaquina de Bourbon|D. Carlota Joaquina de Bourbon]].
'''Ana de Jesus Maria de Bragança''' (de seu nome completo: ''Ana de Jesus Maria Luísa Gonzaga Joaquina Micaela Rafaela Sérvula Antónia Francisca Xavier de Paula de Bragança e Bourbon'', <small>[[Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa|GCNSC]]</small>; [[Mafra (Portugal)|Mafra]], [[23 de Outubro]] de [[1806]] — [[Roma]], [[22 de Junho]] de [[1857]]) foi a última filha de [[João VI de Portugal|D. João VI]], [[Lista de monarcas de Portugal|rei de Portugal, Brasil e Algarves]], com a sua consorte [[Carlota Joaquina de Bourbon|D. Carlota Joaquina de Bourbon]].


== Nascimento ==
== Nascimento ==

Revisão das 19h42min de 9 de setembro de 2021

Ana de Jesus Maria
Infanta de Portugal
Marquesa de Loulé
Ana de Jesus Maria de Bragança
Retrato por Nicolas-Antoine Taunay
Nascimento 28 de outubro de 1806
  Mafra, Portugal
Morte 22 de junho de 1857 (50 anos)
  Roma, Estados Papais
Sepultado em Igreja de Santo António dos Portugueses, Roma, Itália
Nome completo  
Ana de Jesus Maria Luísa Gonzaga Joaquina Micaela Rafaela Sérvula Antónia Francisca Xavier de Paula de Bragança e Bourbon
Marido Nuno José Severo de Mendoça
Rolim de Moura Barreto
Descendência D. Ana Carlota, Condessa de Linhares
D. Maria do Carmo, Condessa de Belmonte
D. Pedro José, 2° Duque de Loulé
D. Maria Amália
D. Augusto Pedro, 3° Conde da Azambuja
Casa Bragança
Pai João VI de Portugal
Mãe Carlota Joaquina da Espanha
Religião Catolicismo
Brasão

Ana de Jesus Maria de Bragança (de seu nome completo: Ana de Jesus Maria Luísa Gonzaga Joaquina Micaela Rafaela Sérvula Antónia Francisca Xavier de Paula de Bragança e Bourbon, GCNSC; Mafra, 23 de Outubro de 1806Roma, 22 de Junho de 1857) foi a última filha de D. João VI, rei de Portugal, Brasil e Algarves, com a sua consorte D. Carlota Joaquina de Bourbon.

Nascimento

D. Ana de Jesus Maria nasceu no Palácio Nacional de Mafra a 23 de Outubro de 1806, filha do rei D. João VI de Portugal e de D. Carlota Joaquina de Bourbon (ver secção: Questão da paternidade da 1ª marquesa de Loulé).

Questão da paternidade da 1ª marquesa de Loulé

Ana de Jesus a Marquesa de Loulé

Inúmeras fontes bibliográficas e testemunhos da época dão conta de que a 1ª marquesa de Loulé, D. Ana de Jesus Maria, teria sido, à semelhança dos seus irmãos mais novos, o ex-infante D. Miguel e a D. Maria da Assunção, apenas uma filha bastarda reconhecida pelo rei D. João VI de Portugal[1], fruto das famosas ligações adúlteras de sua mãe, D. Carlota Joaquina de Bourbon, com os seus amantes e criados. Segundo estas, o próprio rei D. João VI terá confirmado não ter tido relações sexuais com a sua esposa durante mais de dois anos e meio antes do nascimento dos três últimos filhos[2], tempo durante o qual o rei e a rainha terão vivido numa permanente guerrilha conjugal e só se encontravam em raras ocasiões oficiais.[3]. Laura Permon, a duquesa de Abrantes e mulher do General Junot, declarou publicamente que: "O erário público pagava a um apontador para apontar as datas do acasalamento real, mas ele tinha pouco trabalho. Isso não impedia D. Carlota Joaquina de ter filhos com regularidade e, ao mesmo tempo advogar inocência e dizer que era fiel a D. João VI, gerando assim filhos da Imaculada Conceição." [...] "Mas uma coisa é saber-se que não era o pai, outra é dizer quem era o pai, porque D. Carlota Joaquina, não era fiel nem ao marido nem aos amantes".[4]

Segundo vários autores e inclusive os relatos da própria época, a 1ª marquesa de Loulé era filha do jardineiro do palácio da rainha, ou de um outro serviçal do Ramalhão (o palácio localizado perto de Sintra, onde D. Carlota Joaquina vivia separada do seu real esposo).[5] Para Raul Brandão, por exemplo, João dos Santos, o cocheiro e jardineiro da Quinta do Ramalhão, era o pai de D. Maria da Assunção e de D. Ana de Jesus Maria, enquanto o D. Miguel era o filho do marquês de Marialva.[6] Por seu lado, Alberto Pimentel assegura que "...passa como certo que dos nove filhos que D. Carlota Joaquina dera à luz, apenas os primeiros quatro tiveram por pai D. João VI".[7] A própria duquesa de Abrantes, no entanto, não deixou de sublinhar nas suas "Memórias" a própria "diversidade cómica" da descendência do rei D. João VI: "O que é notável nesta família de Portugal é não haver um único filho parecido com a irmã ou o irmão...".[8]

Transferência da Corte portuguesa para o Brasil

D. Ana de Jesus Maria teve que partir, em 1808, para o Brasil, juntamente com a família real portuguesa e nobreza portuguesa, em função da invasão napoleónica em Portugal. Tal episódio é conhecido com a transferência da corte portuguesa para o Brasil.

Casamento e filhos

Retrato da Infanta D. Ana (1832), por Gillot Saint-Evre

No dia 5 de dezembro de 1827, no Palácio Real de Queluz, D. Ana de Jesus Maria desposou o general, político, maçon e nobre D. Nuno José Severo de Mendoça Rolim de Moura Barreto, então titulado como 9.º conde de Vale de Reis e 2.° marquês de Loulé (mais tarde, ele tornar-se-ia 1.º duque de Loulé). D. Nuno José foi, por várias vezes, primeiro-ministro de Portugal.

Ao contrário dos matrimónios de suas irmãs, o casamento de D. Ana de Jesus Maria não se deu por razões políticas, e a primeira filha do casal nasceu em 27 de Dezembro daquele ano, ou seja, vinte e dois dias após a cerimónia. Isso indica que ela se casou grávida. Ao todo, eles tiveram cinco filhos:

Embora a Casa de Loulé fosse também uma remota descendente, por via ilegítima, da família real portuguesa, o casamento foi mal visto e até recebido como escândalo pela facção mais conservadora dos portugueses, que o consideraram desprestigiante para a Casa Real. Afinal, D. Ana de Jesus Maria foi a primeira titulada infanta de Portugal a casar fora da realeza, e ainda se casou grávida, tendo nascido a filha mais velha no próprio dia em que finalmente o Corpo Diplomático acreditado em Lisboa se apresentou no Palácio de Benfica a fim de apresentar cumprimentos. Eles, no entanto, não puderam ver D. Ana de Jesus Maria, mas apenas ouvi-la ao longe gritando com as dores do parto.

O casal não quis envolver-se na disputa do ex-infante D. Miguel, irmão de D. Ana de Jesus Maria, pelo trono português. Preferiram exilar-se e viajaram então por alguns anos pela Europa, período em que nasceram os restantes filhos, maioritariamente em Paris, onde residiam no bairro de Saint Philippe du Role. O casamento, nunca dissolvido, acabou em separação em 1835; e D. Ana de Jesus Maria continuou a viver em Roma, onde veio a morrer, vinte e dois anos depois, aos 50 anos. A infanta morreu antes do seu marido ser agraciado com o título de Duque. Por causa disso, nunca se tornou duquesa de Loulé.

Encontra-se sepultada na cripta da Igreja de Santo António dos Portugueses, em Roma. O seu marido, filhos e filhas, encontram-se sepultados em jazigo próprio, no Cemitério dos Prazeres.

Pretensão ao trono português

Realeza Portuguesa
Dinastia de Bragança
Descendência

Ver artigo principal: Questão dinástica portuguesa

Embora Portugal seja actualmente uma República, o 6.º duque de Loulé, descendente por varonia de D. Ana de Jesus Maria, ao dar-se conta da disputa dinástica pelo trono português levada a cabo no presente, decidiu apresentar-se, também ele, como um pretendente (embora a sua legitimidade seja uma das mais contestadas).

Após o exílio do irmão de D. Ana de Jesus Maria, o rei deposto D. Miguel I, tanto ele quanto os seus descendentes foram perpetuamente banidos do território nacional e da sucessão ao trono português por via da Constituição Monárquica de 1838, assinada pela rainha D. Maria II. Contudo, devido à aparente falta de herdeiros do rei D. Manuel II e à sua morte prematura em 1932, apresentou-se como imediata sucessora do monarca a sua alegada meia-irmã D. Maria Pia de Saxe-Coburgo Gotha e Bragança, pretensamente filha bastarda do rei D. Carlos I e representante do Ramo Constitucional (ou Ramo Liberal) e, posteriormente, após a abolição da Lei do Banimento e da Lei da Proscrição, os pretendentes Duarte Nuno e Duarte Pio de Bragança, descendentes do ex-infante D. Miguel e representantes do Ramo Miguelista (ou Ramo Absolutista).

Tem sido bastante contestado se Duarte Pio tem ou não direito à chefia da Casa Real Portuguesa. Se o banimento perpétuo, declarado em 1834 (e reforçado em 1838), ainda permanece válido, a linha de sucessão recairia, na ausência de outros herdeiros possíveis, ou aos descendentes de D. Maria Pia de Bragança ou aos descendentes de D. Ana de Jesus Maria, actualmente representada pelo seu tetraneto, D. Pedro José Folque de Mendonça Rolim de Moura Barreto, o 6.º duque de Loulé. Contudo, também tem sido bastante contestado o facto se D. Ana de Jesus Maria, a 1ª marquesa de Loulé, além de filha bastarda (embora reconhecida por D. João VI) manteve os seus direitos à Coroa, para o que a Carta Constitucional requeria que o seu casamento fosse "a aprazimento do Rei", ou, na ausência de Rei, como era o caso, com autorização das Cortes (muito embora tenha existido uma autorização outorgada pela infanta D. Isabel Maria de Bragança, presidente do Conselho de Regência, a contragosto). A aparente falta de tal autorização excluiu a casa ducal de Loulé da sucessão ao trono português.

A actual representação do trono português, no entanto, obedece a leis próprias e depende sempre da aprovação prévia das Cortes e, depois, da Assembleia da República Portuguesa, sem a qual quaisquer direitos eventuais de pessoas não têm qualquer valor legal.

Referências

  1. LENCASTRE, Isabel; Bastardos Reais - Os filhos ilegítimos dos Reis de Portugal. Lisboa: Oficina do Livro, 2012. Págs. 177
  2. EDMUNDO, Luiz, A corte de D. João no Rio de Janeiro (1808-1821), volume 1 (de 3). Página 239.
  3. PEREIRA, Sara Marques (1999), D. Carlota Joaquina e os Espelhos de Clio - Actuação Política e Figurações Historiográficas, Livros Horizonte, Lisboa, 1999, página 53.
  4. DOMINGUES, Mário; Junot em Portugal. Lisboa : Romano Torres, 1972. Página 211
  5. Ver WILCKEN, Patrick, Empire Adrift, páginas 61 e 62.
  6. BRANDÃO, Raul; El-Rei Junot. Lisboa: Livraria Brasileira, 1912. pp 66.
  7. PIMENTEL, Alberto; A Última Corte do Absolutismo. Lisboa: Livraria Férin, 1893. Pág. 143
  8. ABRANTES, Duquesa de; Recordações de uma estada em Portugal. Lisboa: Biblioteca Nacional de Portugal, 2008. pp 78.

Bibliografia

  • MENDOÇA, D. Filipe Folque de; A Casa Loulé e suas Alianças, 288 pp., Livraria Bizantina, Lisboa, 1995.
  • PEREIRA, Nuno da Câmara; O Usurpador, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 2007.
  • LENCASTRE, Isabel; Bastardos Reais - Os filhos ilegítimos dos Reis de Portugal. Lisboa: Oficina do Livro, 2012. Págs. 175-182
  • Conselho de Nobreza, Boletim Oficial, vários.
  • Anuário da Nobreza de Portugal, edições de 1964, e de 1985.

Ver também

Ligações externas

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Ana de Jesus Maria de Bragança