Fábio da Silva Prado
Fábio da Silva Prado | |
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Nascimento | 25 de junho de 1887 São Paulo |
Morte | 3 de março de 1963 (75 anos) São Paulo |
Sepultamento | Cemitério da Consolação |
Cidadania | Brasil |
Cônjuge | Renata Crespi Prado |
Ocupação | político, engenheiro |
Fábio da Silva Prado (São Paulo, 25 de junho de 1887 — São Paulo, 3 de março de 1963) foi um político e engenheiro brasileiro, prefeito do município de São Paulo entre 7 de setembro de 1934 e 31 de janeiro de 1938.[1]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Nascido em São Paulo, Fábio da Silva Prado é filho de Martinho da Silva Prado Júnior e Albertina Pinto Prado. Tendo feito a escola preparatória com professores particulares, Fábio foi estudar na Bélgica, na Escola Politécnica de Liège, formando-se engenheiro industrial. Em 1914 casou-se com Renata Crespi, filha de Rodolfo Crespi, proprietário da maior fábrica de tecelagem da capital paulista, o Cotonifício Crespi. A família de Prado fez oposição ao casamento uma vez que era esperado um casamento entre famílias tradicionais do café, parentes entre si.[2]
Presidiu a diretoria da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e o Banco Mercantil de São Paulo. Faleceu em São Paulo no dia 3 de março de 1963.[1]
É sobrinho de Antônio Prado, o primeiro prefeito da cidade de São Paulo, e tio do historiador e geógrafo brasileiro Caio Prado Júnior.[3]
Carreira política
[editar | editar código-fonte]Fábio Prado deu início à vida política quando foi eleito vereador à Câmara Municipal de São Paulo. Em 1934, foi eleito o décimo nono prefeito da cidade de São Paulo. Seu mandato foi o primeiro após um extenso período de instabilidade gerado pela Revolução de 1930 e a Revolução Constitucionalista de 1932. Em 1934, Fábio já contava com uma maior segurança de governabilidade, favorecendo feitos urbanísticos, sociais e culturais.[2]
Adotando um plano de urbanização criado por Prestes Maia (seu sucessor), Prado iniciou a construção do Estádio do Pacaembu, localizado na Zona Oeste da capital, da avenida Nove de Julho e do Parque Ibirapuera, fez reformas no Viaduto do Chá, na região central, e concluiu os túneis localizados na Avenida Paulista. Como parte de seus feitos arquitetônicos, construiu parques infantis como uma forma de ampliar o lazer na cidade, em bairros como Santo Amaro, Ipiranga, Lapa e centro.[4]
No âmbito cultural, trouxe benefícios à cidade quando aproximou-se de artistas e intelectuais que realizaram a Semana de Arte Moderna de 1922. Em 1935, criou o Departamento de Cultura da cidade - que futuramente viraria a Secretaria de Cultura. Baseando-se nas tendências da esfera federal, chamou Paulo Duarte para a apresentação do projeto do Departamento de Cultura. A proposta já estava sendo pensada por um grupo de intelectuais formado por Paulo, Mário de Andrade, Tácito de Almeida, Sérgio Millet e Randolfo Homem de Melo. O grupo de amigos reunia-se frequentemente para discutir o patrimônio histórico brasileiro, a identidade nacional e cultura. O escritor Mário de Andrade foi convidado para comandar a pasta.[2]
Em uma homenagem póstuma ao prefeito, em 1963, Antônio Cândido disse: "Graças à sua compreensão, homens tidos como iconoclastas, homens que na véspera escandalizavam por terem uma inteligência afinada com o ritmo do tempo, foram chamados a renovar a cultura desta cidade". Em 1934, reuniu os livros da Biblioteca Estadual e da Biblioteca Municipal de São Paulo, construindo um prédio próprio que abrigasse o acervo. Atualmente, o prédio é conhecido como a Biblioteca Mário de Andrade, localizada no centro de São Paulo. “Na gestão do prefeito Fábio Prado a socialização da cultura constituiu preocupação constante, consequência direta da entrada na administração municipal de um grupo de intelectuais liderados por Mário de Andrade”,[5] escreve a professora Maria Ruth Amaral de Sampaio.
Junto a Sérgio Millet, fez com que o serviço de estatísticas municipais voltasse a funcionar e pôde patrocinar a publicação de uma ampla documentação do Arquivo Municipal. Milliet foi o intermediário, a ponte entre a geração modernista e os artistas das décadas de 1930 e 1940, cujas interações originaram os salões modernos e serviram de base para as novas instituições de arte das próximas décadas. Ao abrir novas avenidas e vias, foi responsável por preparar as vias urbanas para a transição do transporte feito sobre trilhos para as vias de ônibus e carros. Em 1937, Getúlio Vargas deu o Golpe do Estado Novo (1937-1945), dando fim à eleição presidencial e anunciando o fechamento do Congresso Nacional. Um ano após o golpe, Fábio Prado deixou o cargo de prefeito, dando lugar a Paulo Barbosa Campos. Após sua saída, nunca mais ingressou novamente na política, dedicando-se integralmente aos negócios da família e à atividades voltadas ao interesse público.[1]
Museu da Casa Brasileira
[editar | editar código-fonte]O casal tinha um grande interesse por questões culturais e sociais. Em meados dos anos 1940, Fábio e Renata contrataram o arquiteto Wladimir Alves de Souza para construir um casarão na antiga rua Iguatemi, atual avenida Brigadeiro Faria Lima. O Solar neoclássico foi um projeto arquitetônico construído fazendo referência às linhas do Palácio Imperial de Petrópolis (RJ). A construção ocorreu no momento em que a elite paulistana deixou o centro para ocupar os arredores do rio Pinheiros.[6]
A mansão, localizada no Jardim Europa, foi decorada com peças do escultor brasileiro Victor Brecheret, do pintor Di Cavalcanti e Candido Portinari. Sempre rodeada por políticos, intelectuais e artistas, a residência de 8 000 m² abrigou o casal por mais de 18 anos, quando Fábio faleceu.[4]
Após sua morte, Renata doou o imóvel para a Fundação Padre Anchieta em 1968. A Fundação, por sua vez, concedeu o Solar à Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. Atualmente, o museu é o único especializado em design e arquitetura, sendo uma referência nacional e internacional em ambos os temas. Em sua programação, o MCB promove exposições temporárias e debates que discutem temas como arquitetura, urbanismo e mobilidade urbana.[6]
Homenagens
[editar | editar código-fonte]Após falecer, Fábio foi homenageado tendo uma avenida com seu nome no município de São Paulo, no Distrito de Vila Mariana.[4] Também em São Paulo, no distrito da Mooca, a escola EMEF Fábio da Silva Prado foi condecorada com o nome do ex-prefeito.
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Caio Prado Júnior
- Museu da Casa Brasileira
- Viaduto do Chá
- Rodolfo Crespi
- Lista de prefeitos da cidade de São Paulo
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ a b c Brasil, CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação História Contemporânea do. «PRADO, FABIO DA SILVA | CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil». CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Consultado em 28 de novembro de 2018
- ↑ a b c [nudesign.com.br], nu. «Museu da Casa Brasileira - MCB». www.mcb.org.br. Consultado em 28 de novembro de 2018. Arquivado do original em 12 de julho de 2015
- ↑ «Ruas: Quem foi o prefeito Fábio Prado?». CHK. 20 de maio de 2013
- ↑ a b c «O Homem Que Moldou São Paulo - Fábio da Silva Prado». SP In Foco. 14 de julho de 2014
- ↑ «Fábio Prado: mestre de obras de São Paulo». VEJA SÃO PAULO
- ↑ a b «Museu da Casa Brasileira». Historia das Artes. 1 de outubro de 2016
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Fábio da Silva Prado, 1935 Centro de Memória da Câmara Municipal de São Paulo. Consultado em 12 de setembro de 2018.
- C. Peixoto-Mehrtens (2010). Urban Space and National Identity in Early Twentieth Century São Paulo, Brazil.
- Carlos A. C. Lemos & Maria Ruth Amaral de Sampaio (2006). Renata e Fábio Prado - A Casa e a Cidade
Precedido por Antônio Carlos de Assunção |
Prefeito de São Paulo 1934 — 1938 |
Sucedido por Paulo Barbosa de Campos Filho |
Precedido por Paulo Barbosa de Campos Filho |
Prefeito de São Paulo 1938 |
Sucedido por Prestes Maia |