Platoon

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Platoon
Platoon
Cartaz promocional
No Brasil Platoon
Em Portugal Platoon - Os Bravos do Pelotão
 Estados Unidos
1986 •  cor •  120 min 
Género drama de guerra
Direção Oliver Stone
Produção Arnold Kopelson
Roteiro Oliver Stone
Baseado em Oliver Stone
Elenco Charlie Sheen
Tom Berenger
Willem Dafoe
Forest Whitaker
John C. McGinley
Kevin Dillon
Johnny Depp
Keith David
Música Georges Delerue
Cinematografia Robert Richardson
Edição Claire Simpson
Companhia(s) produtora(s) Hemdale Film Corporation
Distribuição Orion Pictures
Lançamento
  • 19 de dezembro de 1986 (1986-12-19) (EUA)[1]
  • 27 de fevereiro de 1987 (1987-02-27) (Brasil)[2]
Idioma inglês
Orçamento US$ 6 milhões[3]
Receita US$ 138,5 milhões[3]

Platoon (bra: Platoon[2]; prt: Platoon - Os Bravos do Pelotão[4]) é um filme norte-americano de 1986, do gênero drama de guerra, escrito e dirigido por Oliver Stone.

Baseado na experiência pessoal de Oliver Stone na Guerra do Vietnã, o filme mostra os horrores do conflito através dos olhos de Chris Taylor, um jovem recruta estadunidense que se alista voluntariamente para o combate. Na guerra, o jovem trava contato com os sargentos Bob Barnes e Elias Grodin: o primeiro, um assassino brutal e psicopata; e o segundo, um pacifista inteligente e sensível. Estrelado pelos atores Charlie Sheen, Tom Berenger, Willem Dafoe e grande elenco, o roteiro foi feito pelo próprio Oliver Stone, que foi finalizado por volta de 1976.

O orçamento de Platoon foi de 6 milhões de dólares, sendo que arrecadou a quantia de um pouco mais de 138 milhões de dólares apenas nas bilheterias estadunidenses.[3]

Na época de seu lançamento, o filme recebeu elogios universais da crítica especializada, sendo altamente premiado por seu roteiro, elenco, direção, cinematografia e edição.

Elenco[editar | editar código-fonte]

Desenvolvimento[editar | editar código-fonte]

"O Vietnã era realmente visceral, e eu vim de uma existência cerebral: estudo... Trabalhando com uma caneta e papel, com ideias. Voltei realmente visceral. E acho que a câmera é muito mais... Esse é o seu intérprete, em oposição a uma caneta."

—Oliver Stone[5]

Depois de seu turno na Guerra do Vietnã ter terminado em 1968, Oliver Stone escreveu um roteiro chamado "Break", uma história semi-autobiográfica detalhando suas experiências com seus pais e seu tempo na Guerra do Vietnã. Os tempos em que Stone serviu no conflito resultou em uma "grande mudança" na forma como ele viu a vida e a guerra. Embora o roteiro de "Break" nunca tenha sido produzido, ele mais tarde usou isso como base para Platoon.

Em uma entrevista em 2010 com o jornal The Times, Stone discutiu ter matado um membro dos vietcongs durante a guerra e como ele trabalhou esse evento em seu roteiro inicial.[6] "Break" apresentava vários personagens que foram os embriões daqueles que ele desenvolveu em Platoon. O roteiro foi configurado, inicialmente, para ser uma música da banda The Doors; Stone enviou o roteiro para Jim Morrison na esperança de que ele gravasse uma música (Morrison nunca respondeu, mas seu empresário devolveu o roteiro para Stone logo após a morte de Morrison, que estava com o script quando ele faleceu em Paris). Apesar de "Break" nunca ter sido utilizado, Stone decidiu se matricular numa escola de cinema.

Depois de escrever vários outros roteiros no início da década de 1970, Stone trabalhou com Robert Bolt no roteiro de The Cover-up (a qual nunca saiu do papel). As diversas mudanças no script feitas por Bolt não agradaram Stone. Oliver Stone, então, usou seus personagens de "Break" e desenvolveu um novo roteiro intitulado "The Platoon". O produtor Martin Bregman tentou suscitar o interesse de um estúdio de cinema no projeto, mas não teve sucesso. Mas, com base no script de "The Platoon", Stone foi contratado para escrever o roteiro do filme Midnight Express (1978).

O filme foi um sucesso crítico e comercial, mas mesmo assim a maioria dos estúdios ainda estava relutante em financiar uma eventual adaptação para "The Platoon", pois o assunto sobre a Guerra do Vietnã era impopular nos Estados Unidos. Após os lançamentos de The Deer Hunter e Apocalypse Now, os estúdios começaram a ver com melhores olhos uma produção para o roteiro de Stone, visto os sucessos que esses filmes sobre o confronto no Vietnã conseguiram.

Oliver Stone começou sua carreira como diretor liderando a produção de um filme do gênero de horror chamado The Hand, que foi um fiasco de bilheteria. Por conta desse insucesso, Stone começou a temer que "The Platoon" nunca seria realizado. Após isso, Stone co-escreveu Year of the Dragon financiando cerca de US$ 200 mil da produção do longa sob a condição de o produtor Dino De Laurentiis ajudar a financiar uma eventual adaptação de "The Platoon" (Year of the Dragon foi dirigido pelo amigo de Stone, Michael Cimino, que também tinha dirigido The Deer Hunter).

De Laurentiis conseguiu seu prometido financiamento para "The Platoon", mas ele teve dificuldades para encontrar uma empresa que distribuísse o filme. Como De Laurentiis já havia gasto dinheiro enviando Stone às Filipinas para explorar as locações, ele decidiu manter o controle do roteiro do filme até que ele fosse reembolsado. O roteiro de Stone foi passado para John Daly, que trabalhava para a produtora britânica Hemdale Film Corporation. Daly adorou o roteiro e ajudou a financiar a produção do filme, que a esta altura teve o nome do roteiro mudado apenas para Platoon.

Produção[editar | editar código-fonte]

Platoon começou a ser filmado na ilha de Luzon nas Filipinas em fevereiro de 1986. A produção foi quase cancelada por causa da agitação política no país, então liderado pelo ditador Ferdinand Marcos. Com a ajuda do conhecido produtor asiático Mark Hill, as cenas do filme começaram a serem gravadas dois dias depois que Marcos se exilou do país.[7] O filme teve um custo total de 6 milhões de dólares. A produção fez um acordo com as forças armadas filipinas para o uso de equipamentos militares.[5] A produção de Platoon contratou refugiados vietnamitas que viviam nas Filipinas para interpretar diferentes papéis como vietnamitas no filme.[8] O filme foi rodado inteiramente em sequência.[9]

As cenas da floresta tiveram locação em Mount Makiling e as cenas do rio e da aldeia foram feitas em Cavite.[10][11]

Pelo fato do filme ter sido rodado na ordem cronológica de acordo com a história, a medida que os personagens morriam nas cenas, seus respectivos atores eram dispensados das gravações e mandados para casa.

Johnny Depp tinha 22 anos de idade na época em que o filme foi realizado e aquela foi a primeira vez que ele saiu dos Estados Unidos, uma vez que as filmagens foram realizadas nas Filipinas. Keanu Reeves e Emilio Estevez chegaram a ser convidados para o papel de Chris Taylor, mas ambos recusaram. O papel do Sargento Barnes foi originalmente oferecido a Kevin Costner.

Na chegada às Filipinas, o elenco foi enviado para um curso de treinamento intensivo, durante o qual eles tiveram que cavar poços e estavam sujeitos a marchas forçadas e "emboscadas" noturnas, que usavam explosões de efeitos especiais. Conduzido pelo ator e também veterano da Guerra do Vietnã Dale Dye, o treinamento colocou os atores principais - incluindo Sheen, Dafoe, Depp e Whitaker - através de um regime imersivo de treino militar de 30 dias. A produção limitou a quantidade de comida e água que eles poderiam beber e comer e quando os atores dormiam eram disparados tiros pelo alto para mantê-los acordados, embora cansados.[12] No filme, Dye fez o papel do Capitão Harris. Willem Dafoe disse que "o treinamento foi muito importante para a realização do filme", ​​acrescentando a sua autenticidade e fortalecimento da camaradagem desenvolvida entre o elenco: "No momento em que você passou pelo treinamento e através do filme, você teve um relacionamento com a arma. Não ia matar pessoas, mas você se sentia confortável com isso".[13]

Stone faz uma aparição atuando como o comandante do batalhão da infantaria 3/22 na batalha final, que se baseou na histórica Batalha do Dia de Ano Novo de 1968, na qual ele participou enquanto estava de serviço no Vietnã do Sul. Dale Dye, que interpretou Harris também atuou como assessor técnico do filme.[14]

Trilha Sonora[editar | editar código-fonte]

"Adagio for Strings", instrumental de Samuel Barber, foi bastante utilizada em Platoon. "White Rabbit" da banda Jefferson Airplane, e "Okie from Muskogee" de Merle Haggard também foram tocadas no filme. Em uma das cenas do longa, os soldados cantam juntos "The Tracks of My Tears" dos The Miracles, que também foi apresentado no trailer do filme. A trilha sonora ainda inclui "Groovin" dos The Rascals e "(Sittin' On) the Dock of the Bay" de Otis Redding.

Lançamento[editar | editar código-fonte]

O filme foi apresentado nos Estados Unidos com o slogan "The first casualty of war is innocence" ("A primeira vítima da guerra é a inocência"). Esta foi uma adaptação da afirmação do senador Hiram Johnson de 1917 de que "a primeira vítima da guerra é a verdade".[15]

Platoon foi lançado nos Estados Unidos em 19 de dezembro de 1986.[1] No Brasil, o filme chegou nos cinemas em 27 de fevereiro de 1987.[2]

Recepção[editar | editar código-fonte]

Platoon foi aclamado pela critica especializada: Roger Ebert deu quatro de quatro estrelas, chamando-lhe de o melhor filme do ano e o nono melhor dos anos 80.[16][17] Gene Siskel também pontuou o filme com quatro de quatro estrelas,[18] e observou o quanto os veteranos da Guerra do Vietnã se identificaram com o filme.[19] Em sua revisão no The New York Times Vincent Canby descreveu Platoon como "possivelmente o melhor trabalho de qualquer tipo sobre a Guerra do Vietnã desde o livro vigoroso e alucinante de Michael Herr, Dispatches".[20]

No Rotten Tomatoes, o filme possui uma classificação de aprovação de 88% com base em 60 avaliações, com uma classificação média de 8.1/10. O consenso crítico do site diz: "Informado pelas experiências pessoais do diretor Oliver Stone no Vietnã, Platoon renuncia a sermão fácil em favor de uma visão de guerra angustiante e subterrânea, reforçada por performances sem barulho de Charlie Sheen e Willem Dafoe". No Metacritic, o filme recebeu a pontuação 86/100, indicando "aclamação universal".[21]

Principais prêmios e indicações[editar | editar código-fonte]

Oscar 1987 (EUA)

Festival de Berlim 1987 (Alemanha)

Globo de Ouro 1987 (EUA)

  • Vencedor nas categorias de melhor filme - drama, melhor direção (Oliver Stone) e melhor ator coadjvuante (Tom Berenger).
  • Indicado na categoria de melhor roteiro.

Independent Spirit Awards 1987 (EUA)

  • Vencedor nas categorias de melhor filme, melhor diretor (Oliver Stone), melhor fotografia e melhor roteiro.
  • Indicado na categoria de melhor ator (Willem Dafoe).

Academia Japonesa de Cinema 1988 (Japão)

  • Venceu na categoria de melhor filme estrangeiro.

BAFTA 1988 (Reino Unido)

  • Venceu nas categorias de melhor direção e melhor edição.
  • Indicado na categoria de melhor fotografia.

Honrarias[editar | editar código-fonte]

O filme aparece em 3 listas de melhores filmes de sempre do American Film Institute, sendo elas:

Em 2011, o canal de televisão britânico Channel 4 nomeou Platoon como o sexto melhor filme de guerra já feito, atrás de Full Metal Jacket e à frente de A Bridge Too Far.[22]

Adaptações[editar | editar código-fonte]

Literatura[editar | editar código-fonte]

  • Dale Dye escreveu uma novelização do filme em 1986.[23]

Referências

  1. a b «Grand Opening Today». The Manila Standard (em inglês). 18 de março de 1987. p. 15. Consultado em 5 de julho de 2023. Cópia arquivada em 1 de março de 2021. A Roadshow Presentation! 
  2. a b c «Platoon». Brasil: AdoroCinema. Consultado em 26 de outubro de 2020 
  3. a b c «Platoon (1986) - Box Office Mojo». Box Office Mojo. Consultado em 5 de julho de 2023 
  4. «Platoon - Os Bravos do Pelotão». Portugal: CineCartaz. Consultado em 13 de fevereiro de 2024 
  5. a b Salewicz, Chris (1999) [1997]. Oliver Stone: The Making of His Movies New ed. UK: Orion Publishing Group. ISBN 0-7528-1820-1 
  6. «The Times & The Sunday Times» 
  7. Depp, Johnny. «Johnny Depp: Platoon interviews». youtube. You Tube. Consultado em 21 de março de 2015 
  8. Dye, Dale. «Part 3 - Confronting Demons in "Platoon"». Movies (entrevista). Almar Haflidason. BBC. Consultado em 15 de julho de 2012 
  9. «Mohr Stories 84: Charlie Sheen». Mohr Stories Podcast. Jay Mohr. 27 de agosto de 2012. Consultado em 28 de outubro de 2012 
  10. «Platoon filming locations». Fast rewind. Consultado em 21 de março de 2015 
  11. Chuyaco, Joy (4 de março de 2012). «Made in Phl Hollywood Films». Phil Star. Consultado em 21 de março de 2015 
  12. «Cópia arquivada». Consultado em 17 de outubro de 2017. Arquivado do original em 9 de novembro de 2016 
  13. Chua, Lawrence. «BOMB Magazine: Willem Dafoe by Louis Morra». Bombsite.com. Consultado em 28 de outubro de 2012 
  14. Stone, Oliver (2001). Platoon DVD commentary (DVD). MGM Home Entertainment 
  15. Mooallem, Jon (29 de fevereiro de 2004). «How movie taglines are born». The Boston Globe. Consultado em 13 de novembro de 2008 
  16. Ebert, Roger (30 de dezembro de 1986). «Platoon Movie Review & Film Summary (1986)». Roger Ebert. Consultado em 30 de novembro de 2014 
  17. Ebert, Roger; Siskel, Gene (3 de maio de 2011). «Siskel and Ebert Top Ten Lists (1969-1998) - Inner Mind». innermind. Consultado em 30 de novembro de 2014 
  18. Siskel, Gene (2 de janeiro de 1987). «Flick Of Week: 'Platoon' Shows The Real Vietnam». Chicago Tribune. Consultado em 23 de setembro de 2017 
  19. Gene Siskel (1 de abril de 1987). «A Test For `Platoon`: Battle Vets Say The Film Lacks Only The Taste And The Smell Of Death». Chicago Tribune 
  20. «The Vietnam War in Stone's "Platoon" - New York Times». The New York Times. 19 de dezembro de 1986 
  21. «Platoon - Rotten Tomatoes». Uk.rottentomatoes.com. Consultado em 28 de outubro de 2012. Arquivado do original em 16 de março de 2010 
  22. «Channel 4's 100 Greatest War Movies of All Time». Consultado em 13 de agosto de 2011 
  23. «Platoon by Dale A. Dye». Goodreads. Consultado em 14 de julho de 2013