Simeão II da Bulgária

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Simeão II
Tsar da Bulgária
Simeão II da Bulgária
Tsar da Bulgária
Reinado 28 de agosto de 1943
a 15 de setembro de 1946
Antecessor(a) Bóris III
Sucessor(a) Monarquia Abolida
Regente Príncipe Cirilo
48.º Primeiro-Ministro da Bulgária
Período 24 de julho de 2001
a 17 de agosto de 2005
Antecessor(a) Ivan Kostov
Sucessor(a) Sergei Stanishev
Presidente Petar Stoyanov
Georgi Parvanov
Nascimento 16 de junho de 1937 (86 anos)
  Sófia, Reino da Bulgária
Nome completo  
Simeão Borisov Saxe-Coburgo-Gotha
Esposa Margarita Gómez-Acebo y Cejuela
Descendência Kardam, Príncipe de Turnovo
Kyril, Príncipe de Preslav
Kubrat, Príncipe de Panagyurishte
Konstantin, Príncipe de Vidin
Kalina da Bulgária
Casa Saxe-Coburgo-Koháry
Pai Bóris III da Bulgária
Mãe Joana da Itália
Religião Cristã Ortodoxa
Assinatura Assinatura de Simeão II

Simeão II (em búlgaro: Симеон Сакскобургготски; Sófia, 16 de junho de 1937), foi o último Tsar de seu país e, atualmente, é um político da oposição búlgara, já tendo ocupado o cargo de primeiro-ministro.[1] Simeão II é um caso único na história: monarca deposto, conseguiu retornar ao poder, já não como rei numa monarquia, mas como chefe de um governo democrático de cariz republicano.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nascimento e primeiros anos[editar | editar código-fonte]

Filho do tsar Bóris III da Bulgária e da tsarina Joana de Saboia, Simeão nasceu em Sófia.[2] Como membro da família Saxe-Coburgo-Koháry, Simeão está ligado a uma série de casas reais europeias, algumas ainda reinantes e outras não, tais como a britânica, belga, alemã, austríaca, espanhola e portuguesa.

Houve, por ocasião do nascimento do príncipe herdeiro, uma série de comemorações, incluindo amnistia a alguns prisioneiros.[3] Semanas mais tarde o príncipe foi baptizado em Sófia com água do rio Jordão, trazida por um piloto militar búlgaro.[carece de fontes?]

Subida ao trono[editar | editar código-fonte]

Subiu ao trono após a morte súbita do pai, com apenas seis anos de idade e o título de Simeão II.[4] Um conselho de regência composto por três membros foi instaurado, para governar a Bulgária até à sua maioridade. Depois do golpe comunista de 9 de setembro de 1944, Simeão II permaneceu no trono, mas os regentes, incluindo o seu tio o príncipe Cirilo, e grande parte da hierarquia mais elevada do governo e intelectuais do país, foram executados. Dois anos mais tarde, em 1946, um referendo foi votado[5] forçando Simeão II e sua irmã, a princesa Maria Luísa, e a rainha-mãe Joana de Saboia, a deixarem a Bulgária.

Queda da monarquia e exílio[editar | editar código-fonte]

Após o término da Segunda Guerra Mundial, a Bulgária ficou assim de uma vez por todas sob a influência da União Soviética, tornando-se uma república popular. Aliás, aquando da criação do reino da Bulgária, no tempo de Alexandre I da Bulgária e do seu sucessor — o avô de Simeão, Fernando I da Bulgária, já eram os interesses da política externa da Rússia que determinavam em grande parte os acontecimentos na região.

Exílio[editar | editar código-fonte]

O primeiro país para onde a família real búlgara buscou asilo foi no Egito, em Alexandria. Em 1951 o ex-czar Simeão concluiu o colegial no Victoria College, onde também foi colega de classe de Leka da Albânia, filho do exilado rei Zog I.

Em julho de 1951, o governo espanhol concedeu o asilo à família real búlgara.[6] Em Madrid, Simeão graduou-se no Liceu Francês em Direito e Ciências Políticas.[7] Entre 1958-1959 matriculou-se no conceituado Valley Forge Military Academy and College nos Estados Unidos,[8] onde ficou conhecido como o "cadete Rylski"[3] e saiu de lá como segundo tenente.

Em 1962, Simeão casou-se com a aristocrata espanhola Margarita Gómez-Acebo y Cejuela,[9] e tiveram quatro filhos e uma filha.[10] Além de búlgaro, Simeão II falava inglês, francês, alemão, italiano e espanhol e um pouco de árabe e português.[7]

Retorno à Bulgária[editar | editar código-fonte]

Entretanto a situação alterava-se no seu país. O governo comunista terminou em 1990, quando o país teve eleições com a participação de diversos partidos.[11] Assim, em 1996, Simeão retornou à Bulgária após quase 50 anos de exílio,[3] grande parte dos quais preocupado com o desenvolvimento do seu país e com tudo o que dizia respeito à Bulgária.

Nessas cinco décadas, trabalhou ativamente ajudando os vários exilados búlgaros em redor do mundo, e manteve também estreito contato com homens de negócios e outros atores fundamentais no processo político búlgaro. As suas múltiplas atividades (quase sempre em prol do seu país) levaram-no a diversas partes do mundo.

Vida política e eleição como primeiro-ministro[editar | editar código-fonte]

Em 1998, o tribunal constitucional devolveu-lhe as propriedades familiares confiscadas pelo golpe comunista.[12] Em 6 de abril de 2001,[5] ele expressou o desejo de voltar ao serviço governamental, e ajudar a moldar através do seu contributo o futuro do seu país, agora liberto da influência soviética e em aproximação à União Europeia.

Assim, participou num intenso movimento de moralização política e renovação da integridade nacional, baptizado com o seu nome.[5] Como líder do Movimento Simeão II, chegou assim ao parlamento búlgaro na eleição de 17 de junho de 2001, acabando conduzido ao cargo de primeiro-ministro em 24 de julho de 2001, que ocupou até ao final do mandato, a 17 de fevereiro de 2005. Foi durante o seu governo que a Bulgária aderiu à OTAN em 2004,[13] e preparou o terreno para a adesão à União Europeia, que se veio a efectuar a 1 de janeiro de 2007.

No poder, procurou recuperar os bens da antiga família dominante que tinham sido nacionalizados pelo governo comunista. Em 2001, o seu governo retirou várias residências da lista de bens imobiliários geridos pelo executivo búlgaro. No ano seguinte, obteve do governador da província de Sófia, por ele nomeado, a restituição de vários lojas de caça. Entre 2003 e 2005, pelo menos mais quatro propriedades e milhares de hectares de terra foram recuperados pelo Saxe-Coburgo-Gota.[14]

Depois de deixar o cargo, foi objecto de vários processos por utilizar o seu cargo de Primeiro-Ministro para enriquecimento pessoal. Permanecendo próximo de Boiko Borisov (o seu ex-polícia que nomeou Secretário-Geral do Ministério do Interior em 2001), obteve em 2017 uma lei especial para contornar as decisões legais. Em troca desta lei, terá aproveitado as suas ligações com a monarquia de Saudi para atrair o investimento saudita no sector turístico da Bulgária.[14]

Ancestrais[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b WATKINS, Richard; DELISO, Christopher (2008). Bulgaria (em inglês). Melbourne: Lonely Planet Publications. p. 43-44. ISBN 9781741044744. Consultado em 16 de junho de 2012 
  2. Dimitroff, Pashanko (1986). Boris III of Bulgaria 1894-1943 (em inglês). Londres: [s.n.] ISBN 0-86332-140-2 
  3. a b c «Tzar Simeon II - Famous Bulgarians Information» (em inglês). Invest Bulgaria. Consultado em 16 de junho de 2012 
  4. L'ABOURDETTE, Jean-Paul; PANAYOTOVA, Nevena; AUZIAS, Dominique (2008). Bulgarie (em francês). [S.l.]: Petit Futé. p. 54-55. ISBN 978-2-7469-2141-2 
  5. a b c Wright, John (2001). The New York Times Almanac 2002 (em inglês). Londres: Penguin Reference Books. p. 536. ISBN 1-57958-348-2. Consultado em 17 de junho de 2012 
  6. Page, James (1969). King Simeon II of the Bulgarians (em inglês). Londres: Monarchist Press Association. p. 16. ISBN 9780950032122 
  7. a b «Vips Governments - Bulgaria» (em inglês). Vips Gov. Consultado em 16 de junho de 2012 
  8. «Notable Alumni» (em inglês). Valley Forge Military Academy and College. Consultado em 17 de junho de 2012. Arquivado do original em 9 de maio de 2012 
  9. «Margarita Gómez-Acebo, Pilar de un Reino» (em espanhol). Hola.com. 18 de junho de 2011. Consultado em 15 de junho de 2012 
  10. «A genealogical survey of the peerage of Britain as well as the royal families of Europe» (em inglês). The Peerage. Consultado em 15 de junho de 2012 
  11. Julie Kim. «Bulgaria: Country Background Report» (PDF) (em inglês). Air University. Consultado em 17 de junho de 2012 
  12. Vesselin Zhelev (4 de agosto de 2010). «Simeon sues Bulgaria over restitution row» (em inglês). EU Observer. Consultado em 17 de junho de 2012 
  13. «Interview: Bulgaria - H.M. King Simeon II (also elected Prime Minister 2001-5)». Worldleaderathon.com. Consultado em 17 de junho de 2012. Arquivado do original em 20 de março de 2012 
  14. a b https://www.courrierdesbalkans.fr/bulgarie-le-tsar-simeon-ses-riches-amis-arabes-et-les-biens-de-la-couronne

Precedido por
Bóris III
Czar da Bulgária
1943 - 1946
Sucedido por
Proclamação da República Popular
Precedido por
Ivan Kostov
Primeiro-ministro da Bulgária
2001 - 2005
Sucedido por
Serguei Stanishev