Família: diferenças entre revisões

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== Tipos ==
== Tipos ==
Embora [[Antropologia cultural|antropólogos]] e [[Sociologia|sociólogos]] culturais ocidentais, embasados em ideias comuns de próprias culturas, tenham considerado a família e o [[parentesco]] universalmente associados às relações por "sangue", pesquisas posteriores mostraram que muitas sociedades, em vez disso, entendem a família por meio da ideia de viver junto, compartilhar alimentos, cuidados e nutrição.<ref name="Schneider p. 1822">Schneider, David 1984 ''A Critique of the Study of Kinship''. Ann Arbor: [[University of Michigan Press]]. p. 182</ref>
Embora [[Antropologia cultural|antropólogos]] e [[Sociologia|sociólogos]] culturais ocidentais, embasados em ideias comuns de próprias culturas, tenham considerado a família e o [[parentesco]] universalmente associados às relações por "sangue", pesquisas posteriores mostraram que muitas sociedades, em vez disso, entendem a família por meio da ideia de viver junto, compartilhar alimentos, cuidados e nutrição.<ref name="Schneider p. 1822">Schneider, David 1984 ''A Critique of the Study of Kinship''. Ann Arbor: [[University of Michigan Press]]. p. 182</ref> De acordo com o trabalho dos estudiosos [[Max Weber]], [[Alan Macfarlane]], [[Steven Ozment]], [[Jack Goody]] e [[Peter Laslett]], a enorme transformação que levou ao casamento moderno nas democracias ocidentais foi "alimentada pelo sistema de valores religiosos-culturais fornecido por elementos do [[judaísmo]], do [[cristianismo primitivo]], do [[Código de Direito Canónico|Direito Canônico]] [[Igreja Católica|Católico Romano]] e da [[Reforma Protestante]]".<ref>{{Citar web |url=http://www.religion-online.org/showarticle.asp?title=3322 |titulo=The Collapse of Marriage by Don Browning – The Christian Century |data=February 7, 2006 |acessodata=2007-07-10 |website=Religion-online.org |paginas=24–28 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20070930181232/http://www.religion-online.org/showarticle.asp?title=3322 |arquivodata=September 30, 2007}}</ref>

De acordo com o trabalho dos estudiosos [[Max Weber]], [[Alan Macfarlane]], [[Steven Ozment]], [[Jack Goody]] e [[Peter Laslett]], a enorme transformação que levou ao casamento moderno nas democracias ocidentais foi "alimentada pelo sistema de valores religiosos-culturais fornecido por elementos do [[judaísmo]], do [[cristianismo primitivo]], do [[Código de Direito Canónico|Direito Canônico]] [[Igreja Católica|Católico Romano]] e da [[Reforma Protestante]]".<ref>{{Citar web |url=http://www.religion-online.org/showarticle.asp?title=3322 |titulo=The Collapse of Marriage by Don Browning – The Christian Century |data=February 7, 2006 |acessodata=2007-07-10 |website=Religion-online.org |paginas=24–28 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20070930181232/http://www.religion-online.org/showarticle.asp?title=3322 |arquivodata=September 30, 2007}}</ref>
Em termos de padrões de comunicação dentro das famílias, há um certo conjunto de crenças dentro que refletem como seus membros devem se comunicar e interagir. Esses padrões de comunicação familiar surgem de dois conjuntos de crenças subjacentes. O primeiro deles é a orientação para a conversação, o grau em que a comunicação é valorizada, e o segundo é a orientação para a conformidade, o grau em que as famílias devem enfatizar semelhanças ou diferenças em relação a atitudes, crenças e valores. <ref>{{Citar livro|título=Reflect & Relate an introduction to interpersonal communication|ultimo=McCornack|primeiro=Steven|editora=Bedford/St. Martin's|ano=2010|localização=Boston/NY|páginas=369–370}}</ref>
[[Ficheiro:Settled_sami_vasterbotten_sweden_publ_1926.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|Família de agricultores Sami (Lapplander) em Stensele, [[Västerbotten]], [[Suécia]], início do século XX]]
[[Ficheiro:Settled_sami_vasterbotten_sweden_publ_1926.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|Família de agricultores Sami (Lapplander) em Stensele, [[Västerbotten]], [[Suécia]], início do século XX]]


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=== Família conjugal (nuclear) ===
=== Família conjugal (nuclear) ===
O termo "[[família nuclear]]" é comumente usado, especialmente nos [[Estados Unidos|Estados Unidos da América]], para se referir a famílias conjugais. Uma [[Casamento|família "conjugal]] " inclui apenas os cônjuges e filhos solteiros que não sejam maiores de idade.<ref>{{Citar web |ultimo=Smith |primeiro=Court |url=http://oregonstate.edu/instruct/anth370/gloss.html |titulo=Definitions of Anthropological Terms |acessodata=12 April 2017 |website=Oregonstate.edu}}</ref> Alguns sociólogos, como John Scott e Gary Lee, separam as famílias conjugais, consideradas relativamente independentes da [[parentela]] dos pais e de outras famílias em geral, das famílias nucleares, aquelas que mantêm laços relativamente próximos com sua parentela.<ref>Compare: {{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=2zr_AwAAQBAJ|título=A Dictionary of Sociology|data=2014|editora=Oxford University Press|editor-sobrenome=Scott|editor-link=John Scott (sociologist)|series=Oxford paperback reference|localização=Oxford|isbn=978-0-19-968358-1|citação=The conjugal family refers to a family system of spouses and their dependent children. [...] The term nuclear family is used to refer to a unit consisting of spouses and their dependent children. [...]|acessodata=2018-06-30|edition=4}}</ref> <ref>Compare: {{Citar livro|título=Handbook of Marriage and the Family|ultimo=Lee|primeiro=Gary R.|editora=Springer Science & Business Media|publicadopor=2013|ano=1999|editor-sobrenome=Sussman|localização=New York|capitulo=4: Comparative Perspectives|isbn=978-1-4757-5367-7|citação=[...] the nuclear family (consisting of parents and dependent children) [...] the conjugal family (defined as nuclear in structure) [...].|acessodata=2018-06-30|editor-sobrenome2=Steinmetz|editor-sobrenome3=Peterson|edition=2}}</ref>
O termo "[[família nuclear]]" é comumente usado, especialmente nos [[Estados Unidos|Estados Unidos da América]], para se referir a famílias conjugais. Uma [[Casamento|família "conjugal]] " inclui apenas os cônjuges e filhos solteiros que não sejam maiores de idade.<ref>{{Citar web |ultimo=Smith |primeiro=Court |url=http://oregonstate.edu/instruct/anth370/gloss.html |titulo=Definitions of Anthropological Terms |acessodata=12 April 2017 |website=Oregonstate.edu}}</ref> Alguns sociólogos, como John Scott e Gary Lee, separam as famílias conjugais, consideradas relativamente independentes da [[parentela]] dos pais e de outras famílias em geral, das famílias nucleares, aquelas que mantêm laços relativamente próximos com sua parentela.<ref>Compare: {{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=2zr_AwAAQBAJ|título=A Dictionary of Sociology|data=2014|editora=Oxford University Press|editor-sobrenome=Scott|editor-link=John Scott (sociologist)|series=Oxford paperback reference|localização=Oxford|isbn=978-0-19-968358-1|citação=The conjugal family refers to a family system of spouses and their dependent children. [...] The term nuclear family is used to refer to a unit consisting of spouses and their dependent children. [...]|acessodata=2018-06-30|edition=4}}</ref> <ref>Compare: {{Citar livro|título=Handbook of Marriage and the Family|ultimo=Lee|primeiro=Gary R.|editora=Springer Science & Business Media|publicadopor=2013|ano=1999|editor-sobrenome=Sussman|localização=New York|capitulo=4: Comparative Perspectives|isbn=978-1-4757-5367-7|citação=[...] the nuclear family (consisting of parents and dependent children) [...] the conjugal family (defined as nuclear in structure) [...].|acessodata=2018-06-30|editor-sobrenome2=Steinmetz|editor-sobrenome3=Peterson|edition=2}}</ref>

Na [[sociologia]], particularmente nas obras do psicólogo social [[Michael Lamb (psicólogo)|Michael Lamb]],<ref>{{Citar web |url=http://www.sdp.cam.ac.uk/contacts/staff/profiles/mlamb.html |titulo=Department of Social and Developmental Psychology: PPSIS Faculty, Academic Profile |acessodata=2011-03-26 |website=Sdp.cam.ac.uk |arquivourl=https://web.archive.org/web/20111125163148/http://www.sdp.cam.ac.uk/contacts/staff/profiles/mlamb.html |arquivodata=2011-11-25}}</ref> a família tradicional se refere a "uma família de classe média com um pai que ganha o sustento e uma mãe que fica em casa, casados um com o outro e criando seus filhos biológicos", e a não tradicional para todas as exceções a esta regra. A maioria das famílias norte-americanas do século XXI não é tradicional segundo esta definição.<ref>[http://www.glad.org/uploads/docs/cases/gill-v-office-of-personnel-management/2009-11-17-doma-aff-lamb.pdf Civil Action No. 1:09-cv-10309] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20101225193923/http://www.glad.org/uploads/docs/cases/gill-v-office-of-personnel-management/2009-11-17-doma-aff-lamb.pdf|date=2010-12-25}} paragraph 17</ref> Os críticos ao termo "família tradicional" apontam que na maioria das culturas e na maioria das vezes, o [[Família extensa|modelo de família extensa]] tem sido o mais comum, não o de família nuclear. <ref>{{Citar web |url=https://www.npr.org/2018/05/13/610777733/parenting-myths-and-facts |titulo=Parenting Myths And Facts |website=NPR.org}}</ref> A família nuclear era a forma mais comum nos Estados Unidos nas décadas de 1960 e 1970.<ref>{{Citar web |url=https://bebusinessed.com/history/history-nuclear-families/ |titulo=History of Nuclear Families |data=January 3, 2017 |website=bebusinessed.com}}</ref>


=== Família monoparental ===
=== Família monoparental ===
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O termo [[família de escolha]], também às vezes referido como "família escolhida" ou "família encontrada", é comum na [[comunidade LGBT]], veteranos, indivíduos que sofreram abuso e aqueles que não têm contato com "pais" biológicos. Refere-se ao grupo de pessoas na vida de um indivíduo que satisfaz o papel típico da família como rede de apoio. O termo busca diferenciar a "família de origem, a biológica ou na qual as pessoas são criadas, daquela que assume ativamente esse papel.<ref>{{Citar web |url=http://www.algbtical.org/2A%20GLOSSARY.htm |titulo=ALGBTICAL LGBT Glossary of Terminology |data=2005–2006 |acessodata=May 4, 2016 |website=ALGBTICAL Association for Lesbian, Gay, Bisexual, and Transgender Issues in Counseling of Alabama}}</ref> A família de escolha pode ou não incluir alguns ou todos os membros da família de origem. Essa terminologia decorre do fato de que muitos indivíduos LGBT, ao se [[Sair do armário|assumirem]], enfrentam rejeição ou vergonha das famílias em que foram criados.<ref name="Stitt">{{Citar livro|título=ACT For Gender Identity: The Comprehensive Guide|ultimo=Stitt|primeiro=Alex|data=2020|editora=Jessica Kingsley Publishers|localização=London|páginas=372–376|isbn=978-1785927997|oclc=1089850112}}</ref>
O termo [[família de escolha]], também às vezes referido como "família escolhida" ou "família encontrada", é comum na [[comunidade LGBT]], veteranos, indivíduos que sofreram abuso e aqueles que não têm contato com "pais" biológicos. Refere-se ao grupo de pessoas na vida de um indivíduo que satisfaz o papel típico da família como rede de apoio. O termo busca diferenciar a "família de origem, a biológica ou na qual as pessoas são criadas, daquela que assume ativamente esse papel.<ref>{{Citar web |url=http://www.algbtical.org/2A%20GLOSSARY.htm |titulo=ALGBTICAL LGBT Glossary of Terminology |data=2005–2006 |acessodata=May 4, 2016 |website=ALGBTICAL Association for Lesbian, Gay, Bisexual, and Transgender Issues in Counseling of Alabama}}</ref> A família de escolha pode ou não incluir alguns ou todos os membros da família de origem. Essa terminologia decorre do fato de que muitos indivíduos LGBT, ao se [[Sair do armário|assumirem]], enfrentam rejeição ou vergonha das famílias em que foram criados.<ref name="Stitt">{{Citar livro|título=ACT For Gender Identity: The Comprehensive Guide|ultimo=Stitt|primeiro=Alex|data=2020|editora=Jessica Kingsley Publishers|localização=London|páginas=372–376|isbn=978-1785927997|oclc=1089850112}}</ref>


Como um sistema familiar, as famílias de escolha enfrentam problemas específicos. Sem [[Lei|salvaguardas legais]], elas podem ter dificuldades de reconhecimento de sua legitimidade por instituições de saúde, educacionais ou governamentais.<ref name="Stitt2">{{Citar livro|título=ACT For Gender Identity: The Comprehensive Guide|ultimo=Stitt|primeiro=Alex|data=2020|editora=Jessica Kingsley Publishers|localização=London|páginas=372–376|isbn=978-1785927997|oclc=1089850112}}</ref> Se os membros da família de escolha tiverem sido renegados por sua família de origem, eles podem experimentar uma dor substituta, deslocando a raiva, a perda ou o apego ansioso para sua nova família.<ref name="Stitt2" />[[Ficheiro:Bundesarchiv_Bild_183-A0808-0008-001,_Berlin,_Passanten.jpg|miniaturadaimagem|Uma mãe alemã com seus filhos na década de 1960]][[Ficheiro:Marie Antoinette and her Children by Élisabeth Vigée-Lebrun.jpg|miniaturadaimagem|esquerda|A família de [[Maria Antonieta]]<p><small title="Élisabeth-Louise Vigée-Le Brun">Por [[Élisabeth-Louise Vigée-Le Brun|Élisabeth Vigée-Le Brun]], 1788</small></p>
Como um sistema familiar, as famílias de escolha enfrentam problemas específicos. Sem [[Lei|salvaguardas legais]], elas podem ter dificuldades de reconhecimento de sua legitimidade por instituições de saúde, educacionais ou governamentais.<ref name="Stitt2">{{Citar livro|título=ACT For Gender Identity: The Comprehensive Guide|ultimo=Stitt|primeiro=Alex|data=2020|editora=Jessica Kingsley Publishers|localização=London|páginas=372–376|isbn=978-1785927997|oclc=1089850112}}</ref> Se os membros da família de escolha tiverem sido renegados por sua família de origem, eles podem experimentar uma dor substituta, deslocando a raiva, a perda ou o apego ansioso para sua nova família.<ref name="Stitt2" />

=== Família pluriparental ===
O termo [[família pluriparental]] ou família mosaico descreve famílias com pais mistos, onde um ou ambos os pais se casaram novamente, trazendo os filhos da antiga família para a nova família.<ref>[http://www.familylife.com/articles/topics/blended-family Blended and Blessed] – Encouraging Step-Families, blendedandblessed.com</ref>

=== Família monogâmica ===
Uma família monogâmica é baseada em uma [[monogamia]] legal ou social. Nesse caso, um indivíduo tem apenas um parceiro oficial, não podendo ter vários cônjuges ao mesmo tempo.<ref name="BRIT">Cf. "Monogamy" in ''Britannica World Language Dictionary'', R.C. Preble (ed.), Oxford-London 1962, p. 1275:''1. The practice or principle of marrying only once. opp. to digamy now ''rare'' 2. The condition, rule or custom of being married to only one [[person]] at a time (opp. to polygamy or bigamy) 1708. 3. [[Zoology|Zool.]] The habit of living in pairs, or having only one mate''; The same text repeats ''The Shorter Oxford English Dictionary'', W. Little, H.W. Fowler, J. Coulson (ed.), C.T. Onions (rev. & ed.,) Oxford 1969, 3rd edition, vol. 1, p. 1275; [http://dictionary.oed.com/cgi/entry/00314586 OED Online]. March 2010. Oxford University Press. 23 Jun. 2010 Cf. [http://www.merriam-webster.com/dictionary/monogamy Monogamy] in Merriam-Webster Dictionary</ref>
[[Ficheiro:Kwong_Sue_Duk_with_his_three_wives_and_fourteen_children,_Cairns,_1904_(9623512597).jpg|miniaturadaimagem|Imigrante chinês com suas três esposas e quatorze filhos, [[Cairns]], [[Austrália]], 1904]]

=== Família polígama ===

A [[poligamia]] é um casamento que inclui mais de dois parceiros.<ref>{{Citar web |url=http://www.scienceofrelationships.com/home/2012/8/17/opening-up-challenging-myths-about-consensual-non-monogamy.html |titulo=Opening Up: Challenging Myths about Consensual Non-Monogamy – Science of Relationships |data=2012-08-17 |acessodata=12 April 2017 |website=Scienceofrelationships.com}}</ref> <ref name="Zeitzen">{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=WIzHjpTJgdQC&pg=PA3|título=Polygamy: a cross-cultural analysis|ultimo=Zeitzen|primeiro=Miriam Koktvedgaard|editora=Berg|ano=2008|isbn=978-1-84520-220-0}}</ref> Quando um homem é casado com mais de uma esposa ao mesmo tempo, o relacionamento é denominado [[poliginia]]; enquando que quando uma mulher é casada com mais de um marido ao mesmo tempo, isso é chamado de [[poliandria]].<ref>{{cite book|url=https://archive.org/details/polygamycrosscul00zeit|title=Polygamy: A Cross-Cultural Analysis|last=Zeitzen|first=Miriam K.|publisher=Berg|url-access=limited|year=2008|location=Oxford|page=[https://archive.org/details/polygamycrosscul00zeit/page/n15 9]}}</ref><ref name="Starkweather/Hames 2012">{{Citar periódico |url=http://digitalcommons.unl.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1049&context=anthropologyfacpub |titulo=A survey of non-classical polyandry |data=June 2012 |ultimo=Starkweather |primeiro=Katherine E. |ultimo2=Hames |primeiro2=Raymond |paginas=149–172 |doi=10.1007/s12110-012-9144-x |pmid=22688804 |volume=23 |journal=[[Human Nature (journal)|Human Nature]]}}</ref> Se um casamento inclui vários maridos e esposas, pode ser chamado de [[poliamor]].<ref>{{Citar periódico |url=http://www.ejhs.org/volume6/polyamory.htm |titulo=Polyamory – What it is and what it isn't |data=February 27, 2003 |ultimo=McCullough |primeiro=Derek |ultimo2=Hall |primeiro2=David S. |volume=6 |journal=[[Electronic Journal of Human Sexuality]]}}</ref>

A poliandria fraterna, em que dois ou mais irmãos são casados com a mesma mulher, é uma forma comum de poliandria. A poliandria era tradicionalmente praticada em áreas das montanhas do [[Himalaias|Himalaia]], entre os tibetanos no [[Nepal]], em partes da [[Queixo|China]] e em partes do norte da [[Índia]]. A poliandria é mais comum em sociedades marcadas por alta mortalidade masculina ou onde os homens frequentemente ficam separados do resto da família por um período de tempo considerável.<ref name="Starkweather/Hames 20122">{{Citar periódico |url=http://digitalcommons.unl.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1049&context=anthropologyfacpub |titulo=A survey of non-classical polyandry |data=June 2012 |ultimo=Starkweather |primeiro=Katherine E. |ultimo2=Hames |primeiro2=Raymond |paginas=149–172 |doi=10.1007/s12110-012-9144-x |pmid=22688804 |volume=23 |journal=[[Human Nature (journal)|Human Nature]]}}</ref>[[Ficheiro:Bundesarchiv_Bild_183-A0808-0008-001,_Berlin,_Passanten.jpg|miniaturadaimagem|Uma mãe alemã com seus filhos na década de 1960]][[Ficheiro:Marie Antoinette and her Children by Élisabeth Vigée-Lebrun.jpg|miniaturadaimagem|esquerda|A família de [[Maria Antonieta]]<p><small title="Élisabeth-Louise Vigée-Le Brun">Por [[Élisabeth-Louise Vigée-Le Brun|Élisabeth Vigée-Le Brun]], 1788</small></p>
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Relativamente aos papéis dos irmãos, estes são promotores e receptores, em simultâneo, do processo de socialização na família, ajudando a estabelecer e manter as normas, promovendo o desenvolvimento da cultura familiar. "Contribuem para a formação da identidade uns dos outros servindo de defensores e protectores, interpretando o mundo exterior, ensinando os outros sobre [[equidade]], formando alianças, discutindo, negociando e ajustando mutuamente os comportamentos uns dos outros".<ref name=":1" /> Há a salientar, relativamente aos papéis atribuídos que, será ideal que exista alguma flexibilidade, assim como, a possibilidade de troca ocasional desses mesmos papéis, aquando, por exemplo, um dos membros não possa desempenhar o seu (SOARES, 2003).
Relativamente aos papéis dos irmãos, estes são promotores e receptores, em simultâneo, do processo de socialização na família, ajudando a estabelecer e manter as normas, promovendo o desenvolvimento da cultura familiar. "Contribuem para a formação da identidade uns dos outros servindo de defensores e protectores, interpretando o mundo exterior, ensinando os outros sobre [[equidade]], formando alianças, discutindo, negociando e ajustando mutuamente os comportamentos uns dos outros".<ref name=":1" /> Há a salientar, relativamente aos papéis atribuídos que, será ideal que exista alguma flexibilidade, assim como, a possibilidade de troca ocasional desses mesmos papéis, aquando, por exemplo, um dos membros não possa desempenhar o seu (SOARES, 2003).

== Tipos de parentesco ==
A identificação da descendência em patrilinear, matrilinear, patrilinear ou dupla é uma questão das mais polêmicas na [[antropologia]].<ref name=":4">{{Citar periódico |url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-93132010000100013&lng=pt&tlng=pt |titulo=Une maison sans fille est une maison morte: la personne et le genre en sociétés matrilinéaires et/ou uxorilocales |data=2010-04-XX |acessodata=2021-05-15 |jornal=Mana |número=1 |ultimo=Lea |primeiro=Vanessa |paginas=236–239 |doi=10.1590/S0104-93132010000100013 |issn=0104-9313}}</ref>

=== Patrilinear ===
A [[patrilinearidade]], também conhecida como linha masculina ou parentesco agnático, é um sistema de parentesco no qual a afiliação familiar de um indivíduo deriva e é rastreada através da linhagem de seu pai.<ref>Benokraitis, N.V. ''Marriages and Families.'' 7th Edition, Pearson Education, Inc., 2011</ref>

=== Matrilinear ===
Muitas das sociedades africanas serviram de referência clássica para a elaboração da noção de descendência matrilinear, assim como os [[iroqueses]] norte-americanos.<ref name=":4" />

=== Dupla ===
A [[Descida bilateral|descendência bilateral]] é um sistema de parentesco em que a afiliação familiar de um indivíduo deriva e é rastreada pelos lados paterno e materno. Os parentes por parte da mãe e do lado do pai são igualmente importantes para os laços emocionais ou para a transferência de propriedade ou riqueza. É um arranjo familiar em que a descendência e a herança são transmitidas igualmente por ambos os pais.<ref>{{Citar livro|url=http://www.glencoe.com/catalog/index.php/program?c=1675&s=21309&p=4213&parent=4526|título=Sociology and You|ultimo=Shepard|primeiro=Jon <!-- |author-link=Jon M. Shepard-->|ultimo2=Greene|primeiro2=Robert W.|editora=Glencoe McGraw-Hill|ano=2003|localização=Ohio|isbn=978-0-07-828576-9|arquivourl=2010-03-08|arquivodata=https://web.archive.org/web/20100308100024/http://www.glencoe.com/catalog/index.php/program?c=1675&s=21309&p=4213&parent=4526}}</ref> As famílias que usam esse sistema traçam a descendência por meio de ambos os pais simultaneamente e reconhecem vários ancestrais, mas, ao contrário da [[Parentesco cognático|descendência cognática]], não é usado para formar grupos de descendência.<ref>{{Citar livro|url=https://archive.org/details/kinshipgenderint0000ston_k8m0/page/168|título=Kinship and Gender: An Introduction|ultimo=Stone|primeiro=Linda|editora=Westview Press|ano=2006|localização=Boulder, Colorado|páginas=[https://archive.org/details/kinshipgenderint0000ston_k8m0/page/168 168–169]|isbn=978-0-8133-4302-0|autorlink=Linda Stone}}</ref>

Tradicionalmente, essa forma de descendência é encontrada em alguns grupos na [[África Ocidental]], [[Índia]], [[Austrália]], [[Indonésia]], [[Melanésia]], [[Malásia]] e [[Polinésia]] . Os antropólogos acreditam que uma estrutura tribal baseada na descendência bilateral ajuda os membros a viver em ambientes extremos porque permite que os indivíduos dependam de dois conjuntos de famílias dispersas por uma vasta área.<ref name="scientificamerican2001">{{Citar periódico |url=http://www.sciam.com/article.cfm?chanID=sa006&articleID=0005596A-DE68-1C6F-84A9809EC588EF21 |titulo=The Himba and the Dam |data=June 2001 |acessodata=2015-07-12 |ultimo=Ezzell |primeiro=Carol |paginas=80–90 |doi=10.1038/scientificamerican0601-80 |pmid=11396346 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20071012142329/http://www.sciam.com/article.cfm?chanID=sa006&articleID=0005596A-DE68-1C6F-84A9809EC588EF21 |arquivodata=2007-10-12 |volume=284 |journal=Scientific American}}</ref>


== Funções de família ==
== Funções de família ==
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DUVALL e MILLER identificaram, como funções familiares, as seguintes: "geradora de afecto", entre os membros da família; "proporcionadora de segurança e aceitação pessoal", promovendo um desenvolvimento pessoal natural; "proporcionadora de satisfação e sentimento de utilidade", através das actividades que satisfazem os membros da família; "asseguradora da continuidade das relações", proporcionando relações duradouras entre os familiares; "proporcionadora de estabilidade e [[socialização]]", assegurando a continuidade da cultura da sociedade correspondente; "impositora da autoridade e do sentimento do que é correcto", relacionado com a aprendizagem das regras e normas, direitos e obrigações características das sociedades humanas.<ref name=":1" /> Para além destas funções, Márcia Stanhope acrescenta, ainda, uma função relativa à [[saúde]], na medida em que a família protege a saúde dos seus membros, dando apoio e resposta às necessidades básicas em situações de [[doença]].<ref name=":1" /> "A família, como uma unidade, desenvolve um [[sistema]] de [[Valor (ética)|valores]], [[crença]]s e atitudes face à saúde e doença que são expressas e demonstradas através dos comportamentos de saúde-doença dos seus membros (estado de saúde da família)".<ref name=":1" />
DUVALL e MILLER identificaram, como funções familiares, as seguintes: "geradora de afecto", entre os membros da família; "proporcionadora de segurança e aceitação pessoal", promovendo um desenvolvimento pessoal natural; "proporcionadora de satisfação e sentimento de utilidade", através das actividades que satisfazem os membros da família; "asseguradora da continuidade das relações", proporcionando relações duradouras entre os familiares; "proporcionadora de estabilidade e [[socialização]]", assegurando a continuidade da cultura da sociedade correspondente; "impositora da autoridade e do sentimento do que é correcto", relacionado com a aprendizagem das regras e normas, direitos e obrigações características das sociedades humanas.<ref name=":1" /> Para além destas funções, Márcia Stanhope acrescenta, ainda, uma função relativa à [[saúde]], na medida em que a família protege a saúde dos seus membros, dando apoio e resposta às necessidades básicas em situações de [[doença]].<ref name=":1" /> "A família, como uma unidade, desenvolve um [[sistema]] de [[Valor (ética)|valores]], [[crença]]s e atitudes face à saúde e doença que são expressas e demonstradas através dos comportamentos de saúde-doença dos seus membros (estado de saúde da família)".<ref name=":1" />


Para SERRA (1999), a família tem, como função primordial, a de protecção, tendo, sobretudo, potencialidades para dar apoio emocional para a resolução de problemas e conflitos, podendo formar uma barreira defensiva contra agressões externas. FALLON [et al.] (cit. por Idem) reforça ainda que, a família ajuda a manter a [[saúde]] física e [[Saúde mental|mental]] do indivíduo, por constituir o maior recurso natural para lidar com situações potenciadoras de estresse associadas à vida na comunidade.
Para José Serra, a família tem, como função primordial, a de protecção, tendo, sobretudo, potencialidades para dar apoio emocional para a resolução de problemas e conflitos, podendo formar uma barreira defensiva contra agressões externas.<ref>{{citar periódico |url=http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/revista_saude_familia1.pdf |titulo=A diversidade é a maior riqueza |data=1999 |acessodata=15/05/2021 |jornal=Revista brasileira de saúde da família |publicado=Editora do Ministério da Saúde |ultimo=SERRA |primeiro=José}}</ref> FALLON [et al.] (cit. por Idem) reforça ainda que, a família ajuda a manter a [[saúde]] física e [[Saúde mental|mental]] do indivíduo, por constituir o maior recurso natural para lidar com situações potenciadoras de estresse associadas à vida na comunidade.
[[File:Family by Edwina Sandys.JPG|thumb|upright|''Family'', escultura de [[Edwina Sandys]] colocada no jardim do [[Palácio das Nações]], em [[Genebra]], na [[Suíça]], para comemorar o [[Ano Internacional da Criança]].]]
[[File:Family by Edwina Sandys.JPG|thumb|upright|''Family'', escultura de [[Edwina Sandys]] colocada no jardim do [[Palácio das Nações]], em [[Genebra]], na [[Suíça]], para comemorar o [[Ano Internacional da Criança]].]]



Revisão das 03h39min de 15 de maio de 2021

 Nota: Para outros significados, veja Família (desambiguação).
Poster de sensibilização, da Associação ILGA Portugal, para a diversidade estrutural das famílias portuguesas.

A família (do termo latino familia) é um agrupamento humano formado por duas ou mais pessoas com ligações biológicas, ancestrais, legais ou afetivas que, geralmente, vivem ou viveram na mesma casa.[1] Pode ser formada por pessoas solteiras, casais heterossexuais, casais homossexuais, entre outras constituições presentes em diferentes contextos sociais.[2][3][4] Constitui uma das unidades básicas da sociedade.

A família representa um grupo social primário que influencia e é influenciado por outras pessoas e instituições. É formado por pessoas, ou um número de grupos domésticos ligados por descendência (demonstrada ou estipulada) a partir de um ancestral comum, matrimónio ou adoção. Nesse sentido o termo confunde-se com clã. Dentro de uma família, existe, sempre, algum grau de parentesco. Membros de uma família, geralmente pai, mãe e filhos e seus descendentes, costumam compartilhar do mesmo sobrenome, herdado dos ascendentes diretos. A família é unida por múltiplos laços capazes de manter os membros moralmente, materialmente e reciprocamente durante uma vida e durante as gerações.

Família substituta é aquela nascida dos institutos jurídicos da guarda, tutela e adoção. É uma situação excepcional, podendo ser a adoção, que é definitiva ou guarda e tutela que são transitórias.[5]

No interior da família, os indivíduos podem constituir subsistemas, formados pela geração, gênero, interesse e função, havendo diferentes níveis de poder, e onde os comportamentos de um membro afetam e influenciam os outros membros. A família como unidade social, enfrenta uma série de tarefas de desenvolvimento, diferindo a nível dos parâmetros culturais, mas possuindo as mesmas raízes universais.[6]

Conceito histórico de família

O termo "família" é derivado do latim famulus, que significa "escravo doméstico". Este termo foi criado na Roma Antiga para designar um novo grupo social que surgiu entre as tribos latinas, ao serem introduzidas à agricultura e à escravidão legalizada.

No direito romano clássico, a "família natural" cresce de importância - esta família é baseada no casamento e no vínculo de sangue. A família natural é o agrupamento constituído apenas dos cônjuges e de seus filhos. A família natural tem, por base, o casamento e as relações jurídicas dele resultantes, entre os cônjuges, e pais e filhos.[7]

Se, nesta época, predominava uma estrutura familiar patriarcal em que um vasto leque de pessoas se encontrava sob a autoridade do mesmo chefe, nos tempos medievais (Idade Média), as pessoas começaram a estar ligadas por vínculos matrimoniais, formando novas famílias. Dessas novas famílias, fazia, também, parte, a descendência gerada, que, assim, tinha duas famílias: a paterna e a materna. Daí surgiram o conceito de famílias reais, a relação estendida dos membros de um soberano, geralmente de um Estado monárquico.

Uma família de Alexandria, no Egito Romano, no século III ou IV.

Com a Revolução Francesa, surgiram os casamentos laicos no Ocidente e, com a Revolução Industrial, tornaram-se frequentes os movimentos migratórios para cidades maiores, construídas em redor dos complexos industriais.

Estas mudanças demográficas originaram o estreitamento dos laços familiares e as pequenas famílias, num cenário similar ao que existe hoje em dia. As mulheres saem de casa, integrando a população activa, e a educação dos filhos é partilhada com as escolas. Os idosos deixam também de poder contar com o apoio directo dos familiares nos moldes pré-Revoluções Francesa e Industrial, sendo entregues aos cuidados de instituições de assistência.[8] Na altura, a família era definida como um "agregado doméstico (...) composto por pessoas unidas por vínculos de aliança, consanguinidade ou outros laços sociais, podendo ser restrita ou alargada".[8] Nesta definição, nota-se a ambiguidade motivada pela transição entre o período anterior às revoluções, representada pelas referências à família alargada, com a tendência reducionista que começava a instalar-se reflectida pelos vínculos de aliança matrimonial.

Na cultura ocidental, uma família é definida especificamente como um grupo de pessoas de mesmo sangue, ou unidas legalmente (como no casamento e na adoção). Muitos etnólogos argumentam que a noção de "sangue" como elemento de unificação familiar deve ser entendida metaforicamente; dizem que em muitas sociedades e culturas não-ocidentais a família é definida por outros conceitos que não "sangue". A família poderia assim se constituir de uma instituição normalizada por uma série de regulamentos de afiliação e aliança, aceites pelos membros. Alguns destes regulamentos envolvem: a exogamia, a endogamia, o incesto, a monogamia, a poligamia, e a poliandria.

A família vem-se transformando através dos tempos, acompanhando as mudanças religiosas, económicas e socioculturais do contexto em que se encontram inseridas. Esta é um espaço sociocultural que pode ser continuamente renovado e reconstruído; o conceito de próximo encontra-se realizado mais que em outro espaço social qualquer, e pode ser visto como um espaço político de natureza criativa e inspiradora sendo vital para qualquer circunstância a transmissão de valores socialmente aceites.

Assim, a família deverá ser encarada como um todo que integra contextos mais vastos como a comunidade em que se insere. De encontro a esta afirmação, JANOSIK e GREEN, referem que a família é um "sistema de membros interdependentes que possuem dois atributos: comunidade dentro da família e interacção com outros membros".[9]

Engels, em seu livro A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado, faz uma ligação da família com a produção material, utilizando-se do materialismo histórico dialético e relacionando a monogamia como "propriedade privada da mulher".

Através de uma análise de DNA, pesquisadores coordenados por Wolfgang Haak, da Universidade de Adelaide, na Austrália, identificaram quatro corpos como sendo uma mãe, um pai e seus dois filhos, de 8 ou 9 anos e 4 ou 5 anos. Com uma idade de 4 600 anos, a descoberta consiste no mais antigo registro genético molecular já identificado de uma família no mundo.[10][11]

Função social

Família Sauk fotografada por Frank Rinehart em 1899

Uma das principais funções da família é fornecer estrutura para a produção e reprodução de pessoas de um ponto de vista biológico e social. Isso pode ocorrer por meio do compartilhamento de elementos materiais; do ato de dar e receber cuidados e nutrição adequados; dos direitos e obrigações jurídicas; e dos laços morais e sentimentais.[12] [13] Assim, a experiência de uma família muda com o tempo. Do ponto de vista dos filhos, a família é uma "família de orientação", ou seja, ela serve para localizar socialmente os filhos e desempenha um papel importante na sua enculturação e socialização.[14] Do ponto de vista dos pais, a família é uma "família de procriação", cujo objetivo é produzir, enculturar e socializar os filhos.[15] No entanto, produzir filhos não é a única função da família. Em sociedades com divisão sexual do trabalho, o casamento e o relacionamento resultante entre duas pessoas é necessário para a formação de uma família economicamente produtiva.[16] [17] [18]

Christopher Harris observa que a concepção ocidental de família é ambígua e facilmente confundida com o lar, conforme revela os diferentes contextos em que a palavra é usada.[19] Olivia Harris afirma que essa confusão não é acidental, mas indicativa da ideologia familiar dos países capitalistas ocidentais que aprovam uma legislação social que insiste que os membros de uma família nuclear devem viver juntos e que aqueles que não são parentes não devem viver juntos. Apesar das pressões ideológicas e legais, uma grande porcentagem de famílias não se encaixa nesse tipo de família. [20]

Tamanho

A taxa de fecundidade das mulheres varia de país para país. Segundo dados de 2015, essa curva vai de um máximo de 6,76 filhos nascidos por mulher no Níger a um mínimo de 0,81 em Cingapura.[21] A fertilidade é baixa na maioria dos países do Leste Europeu e do Europa meridional e alta na maioria dos países da África subsaariana.[21]

Em algumas culturas, a preferência da mãe quanto ao tamanho da família influencia na decisão de seus filhos em relação à sua própria família no início da idade adulta.[22] O número de filhos tidos pelos pais está fortemente correlacionado ao número de filhos que seus filhos terão.[23]

Tipos

Embora antropólogos e sociólogos culturais ocidentais, embasados em ideias comuns de próprias culturas, tenham considerado a família e o parentesco universalmente associados às relações por "sangue", pesquisas posteriores mostraram que muitas sociedades, em vez disso, entendem a família por meio da ideia de viver junto, compartilhar alimentos, cuidados e nutrição.[24] De acordo com o trabalho dos estudiosos Max Weber, Alan Macfarlane, Steven Ozment, Jack Goody e Peter Laslett, a enorme transformação que levou ao casamento moderno nas democracias ocidentais foi "alimentada pelo sistema de valores religiosos-culturais fornecido por elementos do judaísmo, do cristianismo primitivo, do Direito Canônico Católico Romano e da Reforma Protestante".[25]

Em termos de padrões de comunicação dentro das famílias, há um certo conjunto de crenças dentro que refletem como seus membros devem se comunicar e interagir. Esses padrões de comunicação familiar surgem de dois conjuntos de crenças subjacentes. O primeiro deles é a orientação para a conversação, o grau em que a comunicação é valorizada, e o segundo é a orientação para a conformidade, o grau em que as famílias devem enfatizar semelhanças ou diferenças em relação a atitudes, crenças e valores. [26]

Família de agricultores Sami (Lapplander) em Stensele, Västerbotten, Suécia, início do século XX

Família multigeracional

Historicamente, o tipo de família mais comum é aquele em que avós, pais e filhos vivem juntos como uma única unidade. Por exemplo, a família pode incluir os proprietários de uma fazenda, um ou mais de seus filhos adultos, o cônjuge do filho adulto e os próprios filhos do filho adulto, que são os netos dos proprietários. Às vezes, famílias de gerações alternadas, como avós morando com seus netos, são incluídas nesse tipo.[27]

Nos Estados Unidos, esse arranjo familiar entrou em declínio após a Segunda Guerra Mundial, atingindo seu ponto baixo em 1980, quando cerca de uma em cada oito pessoas nos Estados Unidos vivia em uma família multigeracional.[28] Os números aumentaram desde então, com uma em cada cinco pessoas nos Estados Unidos vivendo em uma família multigeracional em 2016.[29] O aumento desse tipo de conformação familiar é parcialmente derivado das mudanças demográficas e econômicas associadas à Geração Boomerang.[28]

Em 2016, as famílias multigeracionais abarcavam 6% das pessoas que viviam no Canadá. Contudo a proporção de famílias multigeracionais está aumentando rapidamente, impulsionada pelo crescimento no número de famílias aborígenes, famílias de imigrantes e elevados custos habitacionais em algumas regiões.[30]

Um pai com seus filhos nos Estados Unidos na década de 1940

Família conjugal (nuclear)

O termo "família nuclear" é comumente usado, especialmente nos Estados Unidos da América, para se referir a famílias conjugais. Uma família "conjugal " inclui apenas os cônjuges e filhos solteiros que não sejam maiores de idade.[31] Alguns sociólogos, como John Scott e Gary Lee, separam as famílias conjugais, consideradas relativamente independentes da parentela dos pais e de outras famílias em geral, das famílias nucleares, aquelas que mantêm laços relativamente próximos com sua parentela.[32] [33]

Na sociologia, particularmente nas obras do psicólogo social Michael Lamb,[34] a família tradicional se refere a "uma família de classe média com um pai que ganha o sustento e uma mãe que fica em casa, casados um com o outro e criando seus filhos biológicos", e a não tradicional para todas as exceções a esta regra. A maioria das famílias norte-americanas do século XXI não é tradicional segundo esta definição.[35] Os críticos ao termo "família tradicional" apontam que na maioria das culturas e na maioria das vezes, o modelo de família extensa tem sido o mais comum, não o de família nuclear. [36] A família nuclear era a forma mais comum nos Estados Unidos nas décadas de 1960 e 1970.[37]

Família monoparental

Uma família monoparental consiste em um dos pais junto com seus filhos, sendo que o progenitor é viúvo, divorciado (e não se casou novamente) ou nunca se casou. Os pais podem ter a guarda unilateral exclusiva dos filhos, ou os pais separados podem ter a guarda compartilhada ou alternada, onde os filhos dividem seu tempo entre duas famílias monoparentais diferentes ou entre uma família monoparental e uma família mista . Em comparação com a guarda exclusiva, o bem-estar físico, mental e social das crianças pode ser melhorado por arranjos de parentalidade compartilhada, pois as crianças têm maior acesso a ambos os pais.[38] [39] O número de famílias monoparentais tem crescido, e cerca de metade de todas as crianças nos Estados Unidos viverão em famílias monoparentais em algum momento antes de atingirem a idade de 18 anos.[40] A maioria das famílias monoparentais são chefiadas pela mãe, mas o número de famílias monoparentais chefiadas por pais tem aumentando.[41] [42] [43]

Uma família de Basankusu, República Democrática do Congo .

Família matrifocal

Uma família "matrifocal" consiste em uma mãe e seus filhos. Geralmente, essas crianças são seus descendentes biológicos, embora a adoção de crianças seja uma prática em quase todas as sociedades. Esse tipo de família ocorre comumente onde as mulheres têm os recursos para criar seus filhos sozinhas ou onde os homens têm mais mobilidade do que as mulheres. Por definição, “uma família ou grupo doméstico é matrifocal quando está centrado em uma mulher e seus filhos. Nesse caso, os pais dessas crianças estão intermitentemente presentes na vida do grupo e ocupam um lugar secundário", sendo quer a mãe não é necessariamente a sua esposa.[44]

Irmãos menonitas, Montana, Estados Unidos, 1937

Família de escolha

O termo família de escolha, também às vezes referido como "família escolhida" ou "família encontrada", é comum na comunidade LGBT, veteranos, indivíduos que sofreram abuso e aqueles que não têm contato com "pais" biológicos. Refere-se ao grupo de pessoas na vida de um indivíduo que satisfaz o papel típico da família como rede de apoio. O termo busca diferenciar a "família de origem, a biológica ou na qual as pessoas são criadas, daquela que assume ativamente esse papel.[45] A família de escolha pode ou não incluir alguns ou todos os membros da família de origem. Essa terminologia decorre do fato de que muitos indivíduos LGBT, ao se assumirem, enfrentam rejeição ou vergonha das famílias em que foram criados.[46]

Como um sistema familiar, as famílias de escolha enfrentam problemas específicos. Sem salvaguardas legais, elas podem ter dificuldades de reconhecimento de sua legitimidade por instituições de saúde, educacionais ou governamentais.[47] Se os membros da família de escolha tiverem sido renegados por sua família de origem, eles podem experimentar uma dor substituta, deslocando a raiva, a perda ou o apego ansioso para sua nova família.[47]

Família pluriparental

O termo família pluriparental ou família mosaico descreve famílias com pais mistos, onde um ou ambos os pais se casaram novamente, trazendo os filhos da antiga família para a nova família.[48]

Família monogâmica

Uma família monogâmica é baseada em uma monogamia legal ou social. Nesse caso, um indivíduo tem apenas um parceiro oficial, não podendo ter vários cônjuges ao mesmo tempo.[49]

Imigrante chinês com suas três esposas e quatorze filhos, Cairns, Austrália, 1904

Família polígama

A poligamia é um casamento que inclui mais de dois parceiros.[50] [51] Quando um homem é casado com mais de uma esposa ao mesmo tempo, o relacionamento é denominado poliginia; enquando que quando uma mulher é casada com mais de um marido ao mesmo tempo, isso é chamado de poliandria.[52][53] Se um casamento inclui vários maridos e esposas, pode ser chamado de poliamor.[54]

A poliandria fraterna, em que dois ou mais irmãos são casados com a mesma mulher, é uma forma comum de poliandria. A poliandria era tradicionalmente praticada em áreas das montanhas do Himalaia, entre os tibetanos no Nepal, em partes da China e em partes do norte da Índia. A poliandria é mais comum em sociedades marcadas por alta mortalidade masculina ou onde os homens frequentemente ficam separados do resto da família por um período de tempo considerável.[55]

Uma mãe alemã com seus filhos na década de 1960
A família de Maria Antonieta

Por Élisabeth Vigée-Le Brun, 1788

Estruturas familiares

Exemplo de uma árvore genealógica (em inglês).
Família homoparental na Life Magazine em 1983.
Ficheiro:Familia Lalli.jpg
Uma família brasileira.

A família assume uma estrutura característica. Por estrutura, entende-se, "uma forma de organização ou disposição de um número de componentes que se inter-relacionam de maneira específica e recorrente".[56] Deste modo, a estrutura familiar compõe-se de um conjunto de indivíduos com condições e em posições, socialmente reconhecidas, e com uma interacção regular e recorrente, também ela socialmente aprovada. A família pode, então, assumir uma estrutura nuclear ou conjugal, que consiste em duas pessoas adultas (tradicionalmente uma mulher e um homem, mas não necessariamente) e nos seus filhos, biológicos ou adotados, habitando num ambiente familiar comum. A estrutura nuclear tem uma grande capacidade de adaptação, reformulando a sua constituição, quando necessário. Existem também famílias com uma estrutura de pais únicos ou monoparental, tratando-se de uma variação da estrutura nuclear tradicional devido a fenómenos sociais, como o divórcio, óbito, abandono de lar, ilegitimidade ou adopção de crianças por uma só pessoa.

A família ampliada, alargada ou extensa (também dita consanguínea) é uma estrutura mais ampla, que consiste na família nuclear, mais os parentes directos ou colaterais, existindo uma extensão das relações entre pais e filhos para avós, pais e netos, tios e sobrinhos. Para além destas estruturas, existem também as por vezes denominadas de famílias alternativas, estando entre estas as famílias comunitárias e as famílias arco-íris, constituídas por casais do mesmo sexo e os seus filhos. As famílias comunitárias, ao contrário dos sistemas familiares tradicionais, onde a total responsabilidade pela criação e educação das crianças se cinge aos pais e à escola, nestas famílias, o papel dos pais é descentralizado, sendo as crianças da responsabilidade de todos os membros adultos.

Quanto ao tipo de relações pessoais que se apresentam numa família, LÉVI-STRAUSS (citado por PINHEIRO, 1999), refere três tipos de relação. São elas, a de aliança (casal), a de filiação (pais e filhos) e a de consanguinidade (irmãos). É nesta relação de parentesco, de pessoas que se vinculam pelo casamento ou por uniões sexuais, que se geram os filhos. Segundo ATKINSON e MURRAY, a família é um sistema social uno, composto por um grupo de indivíduos, cada um com um papel atribuído, e embora diferenciados, consubstanciam o funcionamento do sistema como um todo.[57] O conceito de família, ao ser abordado, evoca obrigatoriamente, os conceitos de papéis e funções, como se têm vindo a verificar. Em todas as famílias, independentemente da sociedade, cada membro ocupa determinada posição ou tem determinado estatuto, como por exemplo, marido, mulher, filho ou irmão, sendo orientados por papéis. Papéis estes, que não são mais do que, "as expectativas de comportamento, de obrigações e de direitos que estão associados a uma dada posição na família ou no grupo social".[9]

Assim sendo, e começando pelos adultos na família, os seus papéis variam muito, tendo NYE considerado como característicos os seguintes: a "socialização da criança", relacionado com as actividades contribuintes para o desenvolvimento das capacidades mentais e sociais da criança; os "cuidados às crianças", tanto físicos como emocionais, perspectivando o seu desenvolvimento saudável; o "papel de suporte familiar", que inclui a produção e/ ou obtenção de bens e serviços necessários à família; o "papel de encarregados dos assuntos domésticos", onde estão incluídos os serviços domésticos, que visam o prazer e o conforto dos membros da família; o "papel de manutenção das relações familiares", relacionado com a manutenção do contacto com parentes e implicando a ajuda em situações de crise; os "papéis sexuais", relacionado com as relações sexuais entre ambos os parceiros; o "papel terapêutico", que implica a ajuda e apoio emocional aquando dos problemas familiares; o "papel recreativo", relacionado com o proporcionar divertimentos à família, visando o relaxamento e desenvolvimento pessoal.[9]

Relativamente aos papéis dos irmãos, estes são promotores e receptores, em simultâneo, do processo de socialização na família, ajudando a estabelecer e manter as normas, promovendo o desenvolvimento da cultura familiar. "Contribuem para a formação da identidade uns dos outros servindo de defensores e protectores, interpretando o mundo exterior, ensinando os outros sobre equidade, formando alianças, discutindo, negociando e ajustando mutuamente os comportamentos uns dos outros".[9] Há a salientar, relativamente aos papéis atribuídos que, será ideal que exista alguma flexibilidade, assim como, a possibilidade de troca ocasional desses mesmos papéis, aquando, por exemplo, um dos membros não possa desempenhar o seu (SOARES, 2003).

Tipos de parentesco

A identificação da descendência em patrilinear, matrilinear, patrilinear ou dupla é uma questão das mais polêmicas na antropologia.[58]

Patrilinear

A patrilinearidade, também conhecida como linha masculina ou parentesco agnático, é um sistema de parentesco no qual a afiliação familiar de um indivíduo deriva e é rastreada através da linhagem de seu pai.[59]

Matrilinear

Muitas das sociedades africanas serviram de referência clássica para a elaboração da noção de descendência matrilinear, assim como os iroqueses norte-americanos.[58]

Dupla

A descendência bilateral é um sistema de parentesco em que a afiliação familiar de um indivíduo deriva e é rastreada pelos lados paterno e materno. Os parentes por parte da mãe e do lado do pai são igualmente importantes para os laços emocionais ou para a transferência de propriedade ou riqueza. É um arranjo familiar em que a descendência e a herança são transmitidas igualmente por ambos os pais.[60] As famílias que usam esse sistema traçam a descendência por meio de ambos os pais simultaneamente e reconhecem vários ancestrais, mas, ao contrário da descendência cognática, não é usado para formar grupos de descendência.[61]

Tradicionalmente, essa forma de descendência é encontrada em alguns grupos na África Ocidental, Índia, Austrália, Indonésia, Melanésia, Malásia e Polinésia . Os antropólogos acreditam que uma estrutura tribal baseada na descendência bilateral ajuda os membros a viver em ambientes extremos porque permite que os indivíduos dependam de dois conjuntos de famílias dispersas por uma vasta área.[62]

Funções de família

Família de americanos brancos em Indiana, Estados Unidos.
Família de coloureds na Cidade do Cabo, África do Sul.

Como os papéis, as funções estão igualmente implícitas nas famílias, como já foi referido. As famílias como agregações sociais, ao longo dos tempos, assumem ou renunciam funções de proteção e socialização dos seus membros, como resposta às necessidades da sociedade pertencente. Nesta perspectiva, as funções da família regem-se por dois objetivos, sendo um de nível interno, como a proteção psicossocial dos membros, e o outro de nível externo, como a acomodação a uma cultura e sua transmissão. A família deve então, responder às mudanças externas e internas de modo a atender às novas circunstâncias sem, no entanto, perder a continuidade, proporcionando sempre um esquema de referência para os seus membros.[6] Existe, consequentemente, uma dupla responsabilidade, isto é, a de dar resposta às necessidades quer dos seus membros, quer da sociedade.[9]

DUVALL e MILLER identificaram, como funções familiares, as seguintes: "geradora de afecto", entre os membros da família; "proporcionadora de segurança e aceitação pessoal", promovendo um desenvolvimento pessoal natural; "proporcionadora de satisfação e sentimento de utilidade", através das actividades que satisfazem os membros da família; "asseguradora da continuidade das relações", proporcionando relações duradouras entre os familiares; "proporcionadora de estabilidade e socialização", assegurando a continuidade da cultura da sociedade correspondente; "impositora da autoridade e do sentimento do que é correcto", relacionado com a aprendizagem das regras e normas, direitos e obrigações características das sociedades humanas.[9] Para além destas funções, Márcia Stanhope acrescenta, ainda, uma função relativa à saúde, na medida em que a família protege a saúde dos seus membros, dando apoio e resposta às necessidades básicas em situações de doença.[9] "A família, como uma unidade, desenvolve um sistema de valores, crenças e atitudes face à saúde e doença que são expressas e demonstradas através dos comportamentos de saúde-doença dos seus membros (estado de saúde da família)".[9]

Para José Serra, a família tem, como função primordial, a de protecção, tendo, sobretudo, potencialidades para dar apoio emocional para a resolução de problemas e conflitos, podendo formar uma barreira defensiva contra agressões externas.[63] FALLON [et al.] (cit. por Idem) reforça ainda que, a família ajuda a manter a saúde física e mental do indivíduo, por constituir o maior recurso natural para lidar com situações potenciadoras de estresse associadas à vida na comunidade.

Family, escultura de Edwina Sandys colocada no jardim do Palácio das Nações, em Genebra, na Suíça, para comemorar o Ano Internacional da Criança.

Relativamente à criança, a necessidade mais básica da mesma, remete-se para a figura materna, que a alimenta, protege e ensina, assim como cria um apego individual seguro, contribuindo para um bom desenvolvimento da família e consequentemente para um bom desenvolvimento da criança. A família é, então, para a criança, um grupo significativo de pessoas, de apoio, como os pais, os pais adoptivos, os tutores, os irmãos, entre outros. Assim, a criança assume um lugar relevante na unidade familiar, onde se sente segura. A nível do processo de socialização a família assume, igualmente, um papel muito importante, já que é ela que modela e programa o comportamento e o sentido de identidade da criança. Ao crescerem juntas, família e criança, promovem a acomodação da família às necessidades da criança, delimitando áreas de autonomia, que a criança experiência como separação.

A família tem também, um papel essencial para com a criança, que é o da afectividade, tal como já foi referido. Para MCHAFFIE (cit. por PINHEIRO, 1999), a sua importância é primordial pois considera o alimento afectivo tão imprescindível, como os nutrientes orgânicos. "Sem o afecto de um adulto, o ser humano enquanto criança não desenvolve a sua capacidade de confiar e de se relacionar com o outro" (Idem; p. 30).

Deste modo, "a família constitui o primeiro, o mais fundante e o mais importante grupo social de toda a pessoa, bem como o seu quadro de referência, estabelecido através das relações e identificações que a criança criou durante o desenvolvimento", tornando-a na matriz da identidade.[57]

Ver também

Referências

  1. «What's family?» 
  2. FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 755.
  3. Tapia, Eloisa (13 de agosto de 2012). «O Conceito Jurídico de Família nas Constituições Brasileiras de 1824 à de 1988: Um Estudo Histórico-Historiográfico». Horizonte Científico. ISSN 1808-3064. Consultado em 15 de setembro de 2019 
  4. Zinn, Maxine Baca; Eitzen, D. Stanley (1 de janeiro de 1987). Diversity in American families (em inglês). [S.l.]: Harper & Row. ISBN 9780063673762 
  5. DIAS, Wagner Inácio Freitas. Estatuto da Criança e do Adolescente. In: Flávia Cristina (org.). Exame da OAB. Salvador: JusPODIVM, 2013, página 357
  6. a b MINUCHIN, Salvador (1990). Famílias: Funcionamento & Tratamento. Porto Alegre: Artes Médicas. p. 25-69 
  7. ALVES, José Carlos Moreira. Direito Romano. Rio de Janeiro: Forense, 1977. II vol. n. 282.
  8. a b MOREIRA, Isabel Maria Pinheiro Borges (2001). O Doente Terminal em Contexto Familiar: Uma Análise da Experiência de Cuidar Vivenciada pela Família. Coimbra: Sinais Vitais. p. 22 
  9. a b c d e f g h STANHOPE, Marcia (1999). «Teorias e Desenvolvimento Familiar». Enfermagem comunitária : promoção da saúde de grupos, famílias e indivíduos. Marcia Stanhope, Jeanette Lancaster. Lisboa: Lusociência. p. 503. OCLC 847296662 
  10. O Globo Visitado em 20.11.2008.
  11. Jornal O Globo, 19.11.2008, pg. 36
  12. Schneider, David 1984 A Critique of the Study of Kinship. Ann Arbor: University of Michigan Press. p. 182
  13. Deleuze-Guattari (1972). Part 2, ch. 3, p. 80
  14. Russon, John, (2003) Human Experience: Philosophy, Neurosis, and the Elements of Everyday Life, Albany: State University of New York Press. pp. 61–68.
  15. George Peter Murdoch Social Structure p. 13
  16. Wolf, Eric. 1982 Europe and the People Without History. Berkeley: University of California Press. 92
  17. Harner, Michael 1975 "Scarcity, the Factors of Production, and Social Evolution," in Population, Ecology, and Social Evolution, Steven Polgar, ed. Mouton Publishers: the Hague.
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  19. "We have seen that people can refer to their relatives as 'the family.' 'All the family turned up for the funeral... But of course, my brother didn't bring his family along— they're much too young.' Here the reference is to the offspring (as distinct from 'all' the family). The neighbors were very good, too. 'The Jones came, and their two children. It was nice, the whole family turning up like that.' Here the usage is more restricted than 'relatives' or 'his relatives,' but includes just both parents and offspring. 'Of course, the children will be leaving home soon. It's always sad to see the family break up like that.' Here the reference is not only to parents and children but to their co-residence, that is, to the household."The Family and Industrial Society", 1983, George Allen Unwin, London, p. 30
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