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1.º Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque: diferenças entre revisões

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{{Info/Unidade Militar
[[Imagem:AF1 da Marinha do Brasil 2.jpg|thumb|320px|direita|Um [[Caça (avião)|caça]] Skyhawk no [[porta-aviões]] [[NAe São Paulo (A-12)|NAe ''São Paulo'' (A-12)]].]]
|país={{BRA}}
O '''1º Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque''' ('''VF-1''') é uma unidade da [[Marinha do Brasil]].
|corporação={{MB}}
|subordinação=Comando da Força Aeronaval
|sigla=VF-1
|criação=1998
|denominação=Esquadrão Falcão
|logística1=20 AF-1 e 3 AF-1A <small>(1998)</small> <br/> 3 AF-1B e 3 AF-1C <small>(2022)</small>
|legenda_logística1=Aeronaves
|guarnição=[[São Pedro da Aldeia]], Rio de Janeiro
|imagem=AF1 da Marinha do Brasil 2.jpg
|imagem_legenda=AF-1 Skyhawk a bordo do NAe ''São Paulo''
}}
O '''1.º Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque''' ('''VF-1'''), o “Esquadrão Falcão”, é a unidade da [[Aviação Naval Brasileira]] criada para voar [[caça]]s [[McDonnell Douglas A-4 Skyhawk]] em navios-aeródromo (NAe, ou [[porta-aviões]]) da [[Marinha do Brasil]] (MB). A desmobilização do [[NAe São Paulo|NAe ''São Paulo'']] em 2017, após mais de uma década inoperante, limita o esquadrão a decolar de pistas em terra, especialmente sua sede na [[Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia]] (BAeNSPA), [[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]], onde está subordinado ao Comando da Força Aeronaval. Seus aviões tinham as designações AF-1 (monolugar) e AF-1A (bilugar), alteradas após a modernização em 2015–2022 para AF-1B e AF-1C. O VF-1 opera os únicos caças no Brasil fora da [[Força Aérea Brasileira]] (FAB), foi o último esquadrão do mundo a voar o Skyhawk de porta-aviões e, juntamente com a [[Força Aérea Argentina]], é o último usuário militar desse avião.


O desejo da Marinha por caças embarcados existe desde a [[Guerra das Malvinas]] de 1982, quando ficou evidente a importância da defesa aérea da esquadra contra aeronaves e [[Míssil antinavio|mísseis antinavio]], que podem atingir os meios de superfície em poucos minutos. Os aviões interceptadores seriam um dos elementos da ala aérea embarcada e fariam parte de uma “defesa em camadas” dos navios. Em terra, poderiam fornecer [[apoio aéreo aproximado]] ao [[Corpo de Fuzileiros Navais]]. A oportunidade de adquirir caças surgiu nos anos 90, quando a FAB desativou seu 1.º Grupo de Aviação Embarcada (GAE) a bordo do porta-aviões ''[[NAeL Minas Gerais|Minas Gerais]]''. Desde o “[[Problema da aviação embarcada|corolário Castelo Branco]]” de 1965 a Aviação Naval era restrita em lei a [[helicóptero]]s, mas a Marinha superou resistências políticas na FAB e conseguiu um novo decreto presidencial autorizando seus aviões. Desde então as relações com a FAB melhoraram, e há treinamentos conjuntos frequentes. O avião escolhido foi um lote de 23 Skyhawks comprados do [[Kuwait]] em 1998. O Skyhawk é originário dos anos 1950 e não foi projetado como interceptador, embora possa ser usado nessa função.
Foi criado pela Portaria Ministerial nº 256, de [[2 de outubro]] de [[1998]], contando com vinte e três aeronaves [[McDonnell Douglas A-4 Skyhawk]], sendo ativada na mesma data, em cerimônia integrante das comemorações do 82º aniversário da Aviação Naval.


Os investimentos exigidos no pessoal e infraestrutura foram pesados. Os pilotos, denominados “caçadores”, demoram quase quatro anos para formar, incluindo períodos na [[Força Aérea dos Estados Unidos|Força Aérea]] e [[Marinha dos Estados Unidos]]. O esquadrão só começou a voar do ''Minas Gerais'' em 2001, mas esse navio era muito limitado para os caças e foi substituído no mesmo ano pelo NAe ''São Paulo''. As operações embarcadas, focadas em treinar uma massa crítica de pilotos, atingiram o auge em 2003, mas tanto o porta-aviões quanto os caças sofreram sérios problemas de indisponibilidade. Além de difíceis de manter, os aviões eram defasados: não havia armamentos modernos como [[Bomba inteligente|bombas inteligentes]], [[mísseis ar-ar]] mais modernos e mísseis antinavio, e tampouco aviões de [[reabastecimento em voo]] e [[Sistema Aéreo de Alerta e Controle|alerta aéreo antecipado]] para dar eficiência aos caças. Apenas oito pilotos estavam qualificados para operações embarcadas em 2005.
==Missão==
Atua em áreas oceânicas, com a responsabilidade de interceptar e atacar alvos aéreos, localizar, acompanhar e atacar alvos de superfície, minagem, reconhecimento, defesa de ponto e de área marítima restrita, além de defesa de plataformas de exploração e explotação de [[petróleo]], contribuindo para a segurança do país.<ref name="silva">{{Citar periódico |url=http://www.ebrevistas.eb.mil.br/ADN/article/view/6883/5949 |titulo=Emprego estratégico do navio-aeródromo na defesa da Amazônia Azul |data=2020 |acessodata=2023-01-10 |jornal=A Defesa Nacional |numero=843 |ultimo=Silva |primeiro=Jonathan Sidney da}}</ref>


A [[Embraer]] foi contratada em 2009 para modernizar doze Skyhawks; assim, metade da frota original já estaria aposentada. Após a desmobilização oficial do ''São Paulo'', em 2017, o contrato foi reduzido a apenas seis aeronaves, que foram entregues de 2015 a 2022. A vida útil esperada é até 2030, e seus sucessores estudados pela Marinha são o [[Gripen NG]], também escolhido pela FAB, ou o [[McDonnell Douglas F/A-18 Hornet|F/A-18 Hornet]]. Entretanto, se o esquadrão tornar-se como qualquer outra unidade de caça baseada em terra, pode surgir um argumento pela sua desativação. A modernização legou ao esquadrão a variante mais avançada já desenvolvida do Skyhawk, com sensores e instrumentos digitais modernos, mas a compra de armamentos ficou apenas na fase de estudos. A Marinha ainda valoriza essas aeronaves no [[Reconhecimento em força|esclarecimento]] marítimo, pois elas podem alcançar o limite da [[Zona econômica exclusiva do Brasil|zona econômica exclusiva]] em 30 minutos e, com seu novo radar, identificar alvos navais a 160 quilômetros de distância. O VF-1 ainda envia caças para exercícios em todo o país.
==História==
A Marinha do Brasil perdeu a possibilidade de operar aeronaves de asas fixas em [[1965]], transferindo as suas aeronaves deste tipo para a [[Força Aérea Brasileira]], ao mesmo tempo em que a FAB transferiu para a MB os helicópteros navais que possuía. Entretanto, a Marinha não abandonou a idéia de operar os seus próprios meios aéreos de asa fixa. Desse modo, em [[1996]], foram efetuadas análises de propostas apresentadas por fornecedores e empresas à Marinha para aquisição de uma aeronave de interceptação e ataque. Foi apurado que aeronaves [[A-4 Skyhawk]] pertencentes à [[Força Aérea do Kuwait]], em disponibilidade para venda à época, atendiam às necessidades da MB, com custo benefício atraente em virtude das poucas horas voadas por célula, condições de armazenamento e pacote logístico agregado (equipamentos de aviônica, armamento, material de apoio e sobressalentes).<ref name=":0">{{Citar web|ultimo=Caiafa|primeiro=Roberto|url=https://tecnodefesa.com.br/esquadrao-vf-1-19-anos-de-problemas/|titulo=Esquadrão VF-1 – 19 anos de problemas?|acessodata=2023-01-12|website=Tecnodefesa|lingua=pt-BR}}</ref><ref>{{Citar web|url=https://www.defesaaereanaval.com.br/aviacao/esquadrao-vf-1-completa-23-anos|titulo=Esquadrão VF-1 completa 23 anos|data=2021-10-02|acessodata=2023-01-12|website=Defesa Aérea &amp; Naval|lingua=pt-BR}}</ref>


== Criação ==
Pelo Decreto Presidencial nº 2.538, de [[8 de abril]] de [[1998]], a Marinha do Brasil recuperou o direito de operar as próprias aeronaves de asa fixa destinadas a operar a partir de suas embarcações. Nesse mesmo ano foram recebidas vinte aeronaves com capacidade para um tripulante e três aeronaves para dois tripulantes, estas últimas destinadas a treinamento. No país, essas aeronaves receberam respectivamente as designações AF-1 e AF-1A ("biplace").<ref name=":1">{{Citar web|url=https://www.defesaaereanaval.com.br/aviacao/esquadrao-vf-1-completa-23-anos|titulo=Esquadrão VF-1 completa 23 anos|data=2021-10-02|acessodata=2023-01-12|website=Defesa Aérea &amp; Naval|lingua=pt-BR}}</ref> O esquadrão operou a partir do [[NAeL Minas Gerais|NAeL ''Minas Gerais'']], posteriormente substituído pelo [[NAe São Paulo|NAe ''São Paulo'']].<ref name=":0" />
=== Demanda por caças na Marinha ===
[[Ficheiro:Hundimiento del destructor HMS Sheffield.jpg|miniaturadaimagem|Contratorpedeiro britânico [[HMS Sheffield (D80)|HMS ''Sheffield'']], afundado por um ataque aéreo na Guerra das Malvinas|esquerda]]
A observação da Guerra das Malvinas, travada em 1982 entre a Argentina e o [[Reino Unido]], fez a Marinha do Brasil perceber sua fraqueza num hipotético conflito no [[Atlântico Sul]].<ref name=falconi/>{{rp|180}} Aeronaves argentinas afundaram ou danificaram vários navios britânicos com [[Míssil antinavio|mísseis antinavio]] e bombas, e só não fizeram mais dano devido às baixas pesadas que sofreram para as aeronaves britânicas com [[Míssil ar-ar|mísseis ar-ar]]. Os porta-aviões, ao oferecerem [[superioridade aérea]] e projeção de poder sobre terra e mar, confirmaram sua importância como o núcleo das frotas. O Brasil tinha o porta-aviões ''Minas Gerais'', adquirido em 1956, mas sua função era a guerra antissubmarino; ele não tinha o porte e capacidades próprios para operar jatos.<ref name=svartman>{{Citar livro|ultimo=Svartman|primeiro=Eduardo Munhoz|ultimo2=Pivatto Junior|primeiro2=Dilceu Roberto|ano=2021|capitulo=The Falklands/Malvinas War and the Brazilian naval strategy: autonomy for a blue-water navy|título=The Falklands/Malvinas War in the South Atlantic|editor-sobrenome=Duarte|editor-nome=Érico Esteves|editora=Palgrave Macmillan|doi= 10.1007/978-3-030-65566-2}}</ref>{{rp|176-177}}


Oficiais em posições acadêmicas nos anos 80, rompendo com esse paradigma, passaram a defender uma frota com projeção de poder, dotada de seus própros caças.<ref name=svartman/>{{rp|181}} Logo após a guerra, em 1983 o ministro da Marinha [[Maximiano Eduardo da Silva Fonseca]] apresentou uma exposição de motivos para a compra de 12 aeronaves A-4 Skyhawk ao presidente [[João Figueiredo]].<ref name=nogueira>{{Citar tese|ultimo=Nogueira|primeiro=Wilson Soares Ferreira|ano=2014|título=A estratégia naval brasileira e o desenvolvimento de sua base logística de defesa|url=https://app.uff.br/riuff/bitstream/handle/1/26197/NOGUEIRA_%20WILSON%20-EST.%20NAV.DESNV.BLD.-MESTR.-%2022.08.14.pdf?sequence=1&isAllowed=y|tipo=Mestrado em Estudos Estratégicos|instituição=UFF|local=Niterói}}</ref>{{rp|133}} O vendedor seria a [[Força Aérea Israelense]], mas não havia condições financeiras e políticas para a compra.<ref name=falconi/>{{rp|216}} Ainda antes da guerra, na virada dos anos 70 a 80, a compra de Skyhawks israelenses, a ser operados pela FAB a bordo do ''Minas Gerais'', foi vetada pelo [[Ministério do Planejamento e Orçamento|Ministério do Planejamento]].<ref>{{Citar web|ultimo=Galante|primeiro=Alexandre|data=2022-04-22|título=Como era a Marinha do Brasil na época da Guerra das Malvinas|url=https://www.naval.com.br/blog/2022/04/22/como-era-a-marinha-do-brasil-na-epoca-da-guerra-das-malvinas/|website=Poder Naval|acessodata=2023-02-05}}</ref> Outra possibilidade, o desenvolvimento de uma versão embarcada do avião de ataque [[AMX A-1]] da Alenia/[[Aermacchi]]/Embraer, chegou a ser anunciada, mas foi cancelada em 1985.<ref name=falconi/>{{rp|192}}
==Lema==
"''In Aere Defensio Maris''" ("No ar, a defesa do mar").<ref name=":1" />


A década seguinte introduziu mais argumentos em favor de ter caças embarcados. Com o fim da [[Guerra Fria]], a hipótese de emprego da Marinha, defendendo o comércio marítimo contra os submarinos da [[União Soviética]], não tinha mais lugar.<ref name=fgv>{{Citar livro|ultimo=FGV Projetos|título=100 anos da Aviação Naval|ano=2016|url=https://fgvprojetos.fgv.br/sites/fgvprojetos.fgv.br/files/pdf_baixa_-_aviacao_naval_0.pdf|local=Rio de Janeiro|editora=FGV Projetos e ComForAerNav}}</ref>{{rp|137}} A ideia passava a ser uma “esquadra equilibrada”, com cobertura aérea para seus meios de superfície navegando distantes do litoral.<ref name=alsina>{{Citar periódico|ultimo=Alsina Jr|primeiro=João Paulo Soares|data=dezembro de 2003|título=A síntese imperfeita: articulação entre política externa e política de defesa na era Cardoso|url=https://www.scielo.br/j/rbpi/a/Wqq4fBtTtJWSZphBT3qgjYR/abstract/?format=pdf&lang=pt|jornal=Revista Brasileira de Política Internacional|volume=46|numero=2}}</ref>{{rp|65}} Argumentava-se também com base no desempenho da força naval em exercícios e no apoio aéreo a contingentes do [[Corpo de Fuzileiros Navais]] enviados a missões de paz da [[Organização das Nações Unidas]].<ref name=pesce/>{{rp|118}} Aproximava-se o fim da vida útil dos aviões da FAB embarcados no ''Minas Gerais'', e do próprio porta-aviões, abrindo uma oportunidade à Marinha. A Aeronáutica não tinha previsão de substituto para seus [[Grumman S-2|P-16 Tracker]] de patrulha marítima, organizados no 1.º Grupo de Aviação Embarcada (GAE).{{Nre|Os P-16 Tracker foram desativados em 1996. A FAB comprou em seu lugar o [[P-3 Orion]], uma aeronave para bases em terra. Vide {{Citar periódico|ultimo=Freitas|primeiro=Wilmar Terroso|data=2018|título=Aviação de Patrulha: história e tradição de segurança e defesa nas águas jurisdicionais brasileiras|url=https://www.portaldeperiodicos.marinha.mil.br/index.php/ighmb/article/view/3410/3299|jornal=Revista do IGHMB|volume=77|numero=105}}. p. 76.}} Ela estava num dos piores momentos de sua história e tinha prioridades maiores, como o [[SIVAM]].<ref name=falconi/>{{rp|210-211}} Na ausência do 1.º GAE, o ''Minas Gerais'' foi reduzido ao papel de [[porta-helicópteros]].<ref name=falconi/>{{rp|20}}
{{Referências}}


=== Escolha do A-4 Skyhawk ===
==Ver também==
[[Ficheiro:A-4KUs 13Feb1991.jpg|miniaturadaimagem|A-4KUs da Força Aérea do Kuwait]]
*[[Aviação Naval Brasileira]]
Em vez de adquirir aviões de instrução e evoluir progressivamente às de combate, a Marinha optou por obter diretamente um lote de aeronaves. Sua função clara seria de interceptadores.<ref name=pesce/>{{rp|120}} O modelo escolhido precisaria de compatibilidade com o ''Minas Gerais''.<ref name=pesce1998/>{{rp|22}} Oficiais seguiram à Argentina e [[Uruguai]] em 1994 para se formarem como pilotos de avião. Em seguida, em setembro de 1996 o ministro da Marinha [[Mauro César Rodrigues Pereira]] apresentou sua exposição de motivos para a compra das aeronaves.<ref name=pesce1998>{{Citar periódico|ultimo=Pesce|primeiro=Eduardo Italo|data=outubro–dezembro de 1998|título=As asas da Marinha do Brasil rumo ao século XXI|url=http://memoria.bn.br/DocReader/008567/120384|jornal=Revista Marítima Brasileira|local=Rio de Janeiro|editora=Serviço de Documentação da Marinha|volume=118|numero=10/12}}</ref>{{rp|21}} Desejava-se aviões embarcados equivalentes aos [[Dassault-Breguet Super Étendard|Super Étendard]] da Armada Argentina, considerando como opções o próprio Étendard ou o A-4 Skyhawk. Um argumento contrário era que os aviões obsoletos acabariam inutilizados pela falta de apoio logístico.<ref name=falconi/>{{rp|206}} O Skyhawk foi escolhido como “compra de oportunidade”,<ref name=pesce/>{{rp|120}} aproveitando a oferta de modelos aposentados da [[Força Aérea do Kuwait]] com muitas peças sobressalentes e boa condição: uma média de 1.700 horas de voo,<ref>{{Citar jornal|ultimo=Ribeiro|primeiro=Fernando Moraes|data=1998|título=Conhecendo o A-4KU Skyhawk II|url=https://www.aereo.jor.br/2011/06/06/conhecendo-o-a-4-skyhawk-ii/|jornal=Revista da Aviação Naval|numero=57|acessodata=2023-01-24}}</ref> sem as desgastantes operações embarcadas,<ref name=clássicos/> e, graças às condições desérticas, pouca corrosão.<ref name=jalopnik/>

O Skyhawk é um jato americano conhecido por seu serviço na [[Guerra do Vietnã]], nos anos 1960,<ref name=winchester>{{Citar livro|ultimo=Winchester|primeiro=Jim|ano=2005|título=Douglas A-4 Skyhawk: Attack & Close-Support Fighter Bomber|url=https://books.google.com.br/books?id=ubDgAwAAQBAJ|editora=Pen and Sword}}</ref>{{rp|cap 3}} na qual decolava dos porta-aviões da [[Marinha dos Estados Unidos]] para bombardear alvos terrestres. A interceptação das aeronaves inimigas ficava a cargo do [[F-4 Phantom II]], também embarcado.<ref>{{Citar livro|ultimo=Mersky|primeiro=Peter|ano=2012|título=US Navy and Marine Corps A-4 Skyhawk units of the Vietnam War 1963–1973|url=https://books.google.com.br/books?id=vMGnCwAAQBAJ|editora=Osprey}}</ref>{{rp|6}} O A-4 foi projetado como [[bombardeiro]].<ref name=winchester/>{{rp|cap. 3}} Aviões de ataque como ele têm diferenças cruciais em relação aos interceptadores dedicados como o F-4. O avião de ataque tem boa manobrabilidade, mas sua carga transportada externamente tem elevado arrasto, criando problemas aerodinâmicos e dificultando a obtenção de uma [[velocidade supersônica]]. Já o interceptador precisa justamente dessa velocidade para cumprir sua função, além de voar em altitudes maiores.<ref name=matias>{{Citar periódico|ultimo=Matias|primeiro=Carlos Alberto|data=outubro–dezembro de 2000|título=Qual o meio aeronaval que, de forma mais eficiente, permitirá o emprego eficaz de nosso futuro navio-aeródromo?|url=http://memoria.bn.br/DocReader/008567/123340|jornal=Revista Marítima Brasileira|volume=120|numero=10/12}}</ref>{{rp|272}} O Skyhawk é subsônico, mas pode ultrapassar a velocidade do som em mergulho.<ref name=naval>{{Citar web|título=McDonnell Douglas A-4KU/TA-4KU Skyhawk II|url=http://www.naval.com.br/ANB/ANB-aeronaves/MDD_A4_Skyhawk/MDD_A-4_Skyhawk.htm|urlmorta=sim|wayb=20080418133736|website=Poder Naval}}</ref> Para o almirante Armando Amorim Vidigal, o Skyhawk não é ideal para a função atribuída pela MB, e o correto teria sido comprar interceptadores e aeronaves de alarme aéreo antecipado. É improvável que esses aviões conseguiriam operar no ''Minas Gerais''.<ref name=pesce>{{Citar tese|ultimo=Pesce|primeiro=Eduardo Ítalo|ano=2016|título=Navios-aeródromo e aviação embarcada na estratégia naval brasileira|url=https://www.repositorio.mar.mil.br/bitstream/ripcmb/26357/1/00001567.pdf|tipo=Mestrado em Estudos Marítimos|instituição=EGN|local=Rio de Janeiro}}</ref>{{rp|120}} Em 2000, um artigo na ''Revista Marítima Brasileira'' sugeriu que o sucessor do Skyhawk fosse uma aeronave de múltiplo emprego, conciliando as características de ataque e interceptação, como já era tendência nos Estados Unidos.<ref name=matias/>{{rp|274}}

Por outro lado, a própria Marinha dos EUA reconheceu as possibilidades do Skyhawk como caça, designando alguns para a defesa aérea de porta-aviões. Seus Skyhawks em missões de bombardeio acabaram entrando em [[Dogfight|combate aéreo]] com caças [[MiG]],<ref name=winchester/>{{rp|cap. 3}} e após a guerra eles simularam MiGs adversários nos treinamentos. Por seu baixo custo e manutenção relativamente barata, grandes números foram exportados a outros países, onde, configurados com peso leve, podiam servir de caças em porta-aviões pequenos.<ref name=winchester/>{{rp|7}} [[Austrália]] e [[Argentina]] operaram Skyhawks de porta-aviões da mesma classe do ''Minas Gerais''.<ref name=pesce/>{{rp|120}} Os Skyhawks da [[Força Aérea Argentina|Força Aérea]] e Aviação Naval da Argentina foram as aeronaves de maior sucesso nos ataques a navio durante a Guerra das Malvinas, mas amargaram baixas pesadas. A maioria de seus voos foi feita de bases em terra, pois o porta-aviões [[ARA Veinticinco de Mayo (V-2)|ARA ''Veinticinco de Mayo'']] foi retirado da zona de operações após o afundamento do [[ARA General Belgrano|ARA ''General Belgrano'']] por um submarino.<ref name=winchester/>{{rp|cap. 5}}

A estrutura forte dessa aeronave para as operações embarcadas garantiu longevidade em serviço.<ref name=winchester/>{{rp|7}} Tecnologicamente, o A-4 Skyhawk entrou em serviço em 1956 e era equivalente aos caças de duas gerações antes do F/A-18 Hornet,<ref>{{Citar web|ultimo=Guilmartin|primeiro=John R.|ultimo2=Taylor|primeiro2=John W. R.|título=Military aircraft|website=Encyclopedia Brittanica|url=https://www.britannica.com/technology/military-aircraft/Transonic-flight|acessodata=2023-01-23}}</ref> avião de múltiplo emprego que, nos anos 90, substituía o [[Grumman A-6|A-6]] como avião de ataque da Marinha dos EUA.<ref name=matias/>{{rp|273}} Na mesma década, a Força Aérea Argentina adquiriu Skyhawks modernizados ([[Lockheed Martin A-4AR]]).<ref name=winchester/>{{rp|cap. 4}} Após a [[Guerra do Golfo]] em 1990–1991, o Kuwait substituiu seus Skyhawks pelo F/A-18 Hornet. Os A-4 kuwaitianos haviam sido comprados em 1974, juntamente com caças [[Mirage F1]], e combateram na guerra.<ref name=naval/> À época, eram avançados dentro da família do Skyhawk, mas ao final dos anos 2000 a defasagem em relação aos caças de múltiplo propósito modernos era nítida. Os Skyhawks brasileiros foram os últimos do mundo a decolar de porta-aviões. Em 2014, com a iminente desativação dos A-4 [[israel]]enses, o Brasil e a Argentina eram os últimos países a voar esse avião.<ref name=jalopnik/>

=== Fatores políticos ===
[[Ficheiro:Eurocopter UH-14 Super Puma (AS-332F1) on the Minas Gerais Schleiffert-1.jpg|miniaturadaimagem|NAeL ''Minas Gerais'' em 1996, nos seus últimos anos|esquerda]]
A ambição da Marinha esbarrava na proibição legal de ter aeronaves de asa fixa. Sua disputa acirrada com a Aeronáutica pela aviação embarcada havia concluído em 1965: um decreto restringiu sua Aviação Naval aos helicópteros, desapontando o oficialato naval. Três décadas depois, eles retornaram à mesma pauta.<ref>{{Citar web|ultimo=Poggio|primeiro=Guilherme|url=https://www.naval.com.br/blog/2020/06/08/o-renascimento-da-aviacao-naval-brasileira/|titulo=O renascimento da Aviação Naval Brasileira|data=2020-06-08|acessodata=2022-12-31|website=Poder Naval|lingua=pt-BR}}</ref><ref>{{Citar tese|ultimo=Guedes|primeiro=Camila Bassetto|ano=2015|título=A Força Aérea e as relações civis-militares no Brasil|url=https://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/13518/For%c3%a7a%20A%c3%a9rea%20e%20RCM%20no%20Brasil_CAMILA%20GUEDES.pdf?sequence=1&isAllowed=y|tipo=Mestrado|instituição=Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas|local=Rio de Janeiro}}</ref>{{rp|41}} O ministro Mauro César teve como obstáculos internos a FAB, Exército e a área econômica do governo de [[Fernando Henrique Cardoso]], e externamente, a desconfiança argentina.<ref name=lopes>{{Citar livro|ultimo=Lopes|primeiro=Roberto|ano=2014|título=As garras do cisne: o ambicioso plano da Marinha brasileira de se transformar na nona frota mais poderosa do mundo|editora=Record|local=Rio de Janeiro}}. Livro 2.</ref>{{rp|cap. 1}} A Armada Argentina, e não a FAB, tornou-se aliada. Os argentinos haviam desativado seu porta-aviões, em 1997, mas pretendiam manter sua aviação naval funcionando. Dois oficiais argentinos integraram a comitiva brasileira no Kuwait,<ref name=moraes>{{Citar tese|ultimo=Moraes|primeiro=Rodrigo Fracalossi de|ano=2010|título=A cooperação Brasil-Argentina na área militar: da autonomia das forças armadas às relações estratégicas (1978-2009)|url=https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/25894/000755381.pdf?sequence=1&isAllowed=y|tipo=Mestrado em Relações Internacionais|instituição=UFRGS|local=Porto Alegre}}</ref>{{rp|97}} e um A-4Q da Aviação Naval Argentina foi usado para testes a bordo do ''Minas Gerais''.<ref name=lopes/>{{rp|cap. 1}}

Os treinamentos na Argentina e Uruguai não haviam sido negociados como parte da política externa de seus respectivos países, mas por canais independentes de comunicação entre os militares.<ref name=moraes/>{{rp|118}} O ministro da Aeronáutica [[Lélio Viana Lobo]] declarou ter tomado conhecimento do treinamento por “vias tranversas”.<ref name=moraes/>{{rp|98}} Os recursos para a compra vieram pela própria Marinha através do Fundo Naval.<ref name=falconi/>{{rp|215}} A Comissão Naval de Londres começou a preparar o contrato após a Marinha receber a oferta dos A-4, em junho de 1997.<ref name=falconi/>{{rp|210}} O processo revelava uma autonomia de cada uma das Armas entre si e em relação ao governo,<ref name=zirker/>{{rp|155}} e essa falta de consenso impelia o governo a aumentar seu controle político sobre os militares, contribuindo à criação da Política de Defesa Nacional (PDN) em 1996.<ref name=moraes/>{{rp|118}} Em 1997, o jornalista Antônio Carlos Pereira, do [[O Estado de S. Paulo|''Estado de S. Paulo'']], acusou a Marinha de ter apresentado a compra ao presidente como um fato consumado e de subverter a PND e a cooperação interarmas.<ref name=zirker>{{Citar periódico|ultimo=Martins Filho|primeiro=João R.|ultimo2=Zirker|primeiro2=Daniel|data=2000|título=The Brazilian military under Cardoso: overcoming the identity crisis|jornal=Journal of Interamerican Studies and World Affairs|volume=42|numero=3|páginas=143-170|editora=University of Miami|doi=10.2307/166441}}</ref>{{rp|155}} Segundo o aviador naval Pedro Lynch, o almirante Mauro César tinha desde 1997 a autorização de Fernando Henrique Cardoso para realizar a compra.<ref name=falconi/>{{rp|215}}

A Carta de Intenção para a compra foi assinada pelos respectivos governos em 19 de dezembro de 1997.<ref name=pesce1998/>{{rp|21}} A recepção não foi unânime nas Forças Armadas. O ministro da Aeronáutica disse ter ficado surpreso. Para o ministro do Exército [[Zenildo de Lucena]], os Skyhawks eram “porcarias”.<ref name=moraes/>{{rp|98}} A polêmica veio à tona. A Aeronáutica insistia no seu monopólio da defesa do espaço aéreo, e na própria Marinha havia dissidência, pois os recursos eram escassos e o investimento ocorreria às custas do [[SN Álvaro Alberto (SN-10)|programa do submarino nuclear]], prioridade até então. Os defensores da compra tinham argumentos [[Doutrina militar|doutrinários]] a seu favor, pois o Brasil era o único país no mundo com um arranjo misto (marinha e força aérea) em porta-aviões.<ref name=falconi/>{{rp|21}} A ''[[Folha de S. Paulo]]'' relatou em janeiro de 1998 que somente uma minoria mais velha dentro da FAB defendia uma Aeronáutica “indivisível”, e a transferência da aviação embarcada à Marinha traria uma economia para a FAB.<ref name=falconi/>{{rp|219}} Fernando Henrique Cardoso interveio a favor da Marinha e em 8 de abril de 1998 editou um decreto revogando a proibição às asas fixas na Aviação Naval.<ref name=falconi/>{{rp|21}} Ao aumentar salários militares e financiar a modernização tecnológica, incluindo os caças, o presidente procurava abrir o caminho para o aumento do controle.<ref>{{Citar tese|ultimo=Connors|primeiro=Michael E.|ano=2005|título=Tudo pela pátria: the Brazilian Navy’s drive to blue water|url=https://apps.dtic.mil/sti/pdfs/ADA435681.pdf|tipo=Mestrado em Segurança Nacional|instituição=Naval Postgraduate School|local=Monterey, California}}</ref>{{rp|41}} Para a Marinha em específico, buscou aplacar um pouco as demandas da Arma, que tinha a menor influência das três.<ref name=falconi>{{Citar tese|ultimo=Falconi|primeiro=Paulo Gustavo|ano=2009|título=Aviação naval brasileira: rivalidades e debates|url=https://www.franca.unesp.br/Home/Pos-graduacao/falconi.pdf|tipo=Doutorado em História|instituição=UNESP|local=Franca}}</ref>{{rp|221}}

=== Consolidação da unidade ===
{{Imagem múltipla
|align=right
|direction=vertical
|image1=AF-1 Falcao (A-4 Skyhawk) (12123461493).jpg
|image2=AF- 1 Skyhawk 4 (5430906605).jpg
|caption2=Decolagem e pouso do AF-1 a bordo do ''São Paulo''
}}
O acordo da aquisição foi assinado em 30 de abril de 1998. Em setembro chegaram ao Brasil 20 aviões A-4KU ''monoplace'' (monoposto) e três TA-4KU ''biplace'' (biposto), designados pela Marinha como AF-1 e AF-1A.<ref name=pesce/>{{rp|21}} Ao desembarcar, ainda possuíam a camuflagem de deserto e a escrita ''Free Kuwait''.<ref name=lopes/>{{rp|cap. 1}} Os AF-1 receberam matrículas de N-1001 a N-1020, e os AF-1A, de N-1021 a N-1023. O padrão de camuflagem adotado no Brasil, com três tons de cinza, é baseado no esquema do [[Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos]].<ref name=naval/> O 1.º Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque, designado VF-1, conforme a nomenclatura americana, recebeu o código de rádio de “Falcão”.<ref name=clássicos/> Ele foi ativado em 2 de outubro de 1998, quando ainda não tinha condições de voo. A capacidade de operação embarcada teve que ser construída quase do zero.<ref name=winchester/>{{rp|cap. 4}}

O pacote, orçado em cerca de U$ 70 milhões de [[dólar]]es,<ref name=naval/> incluía também 19 motores, muitas outras peças sobressalentes, 219 mísseis ar-ar AIM-9H Sidewinder e outros armamentos,<ref name=winchester/>{{rp|cap. 4}} além da revisão das aeronaves.<ref name=pesce1998/>{{rp|21}} Elas exigiram investimentos pesados e a expansão da infraestrutura de manutenção e preparação de pilotos.<ref name=nogueira/>{{rp|133}} Em [[São Pedro da Aldeia]] a Marinha construiu mais um hangar e ampliou a pista de pouso da base da Aviação Naval.<ref name=pesce1998/>{{rp|22}} Inicialmente havia uma carência de pessoal. 16 pilotos já haviam sido formados na Argentina, Uruguai e Estados Unidos em 1994–1998, e a partir de 1999 a FAB ofereceu instrução de voo aos aviadores navais;<ref name=pesce1998/>{{rp|23}} após a compra dos caças, as relações entre os serviços melhoraram e a Aeronáutica cooperou com o esquadrão.<ref name=falconi/>{{rp|223}}

A empresa americana Kay & Associates Inc. foi contratada para revisar o material (aeronaves, motores, sobressalentes e equipamento de apoio), treinar e capacitar os técnicos de manutenção e, mais tarde, preparar a transição dos pilotos para a operação embarcada, contratando dois oficiais aposentados da Marinha americana. Os primeiros voos foram em 2000, e o primeiro pouso enganchado de um AF-1 no ''Minas Gerais'' foi em 13 de janeiro de 2001. O primeiro lançamento via [[Catapulta de avião|catapulta]] foi em 18 de janeiro, e naquele ano já começaram as operações regulares e de longa distância.<ref name=naval/><ref name=casella/><ref name=winchester/>{{rp|cap. 4}}

O esquadrão trazia implícito um possível novo porta-aviões.<ref name=falconi/>{{rp|21}} A catapulta do ''Minas Gerais'' podia lançar um AF-1 em quaisquer condições de vento, mas o pouso exigia 30 nós de vento relativo, com o navio aproando ao vento. Como a velocidade nominal do porta-aviões era de 24 nós, na prática muito menor, ele dependeria muito do vento natural. Somente as bases em terra ofereceriam pouso seguro, obrigando o ''Minas Gerais'' a navegar perto do litoral. Além disso, suas dimensões pequenas e arriscadas para o pouso de jatos de alta ''performance'', pois ele era um porta-aviões projetado para as aeronaves da [[Segunda Guerra Mundial]]. Consequentemente, a Marinha substituiu o ''Minas Gerais'' pelo porta-aviões francês ''[[Foch (R99)|Foch]]'', também antigo, porém mais moderno e espaçoso, com velocidade nominal de 32 nós e duas catapultas. Denominado ''São Paulo'', foi incorporado à Esquadra em 2001.<ref name=pesce/>{{rp|121}}<ref name=lopes/>{{rp|cap. 1}} A obsolescência do porta-aviões e dos caças foi criticada na imprensa. A Marinha defendeu-se e encontrou apoio em parte da opinião pública, argumentando que o ''Foch'' havia sido reformado e os Skyhawks seriam um passo intermediário para a obtenção de aviões mais modernos.<ref name=falconi/>{{rp|218}} A conquista do esquadrão e do porta-aviões foi recebida com euforia na Marinha.<ref name=caiafa/>

== Estrutura e pessoal ==
[[Ficheiro:Militares e aeronaves do 1º Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque (EsqdVF-1) (52256746423).jpg|miniaturadaimagem|Efetivo e aeronaves do esquadrão|esquerda]]
O esquadrão está sediado na Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia (BAeNSPA) e subordinado ao Comando da Força Aeronaval.<ref name=fgv/>{{rp|161}} Seu comando é exercido por um [[capitão de fragata]].<ref>{{Citar web|ultimo=Wiltgen|primeiro=Guilherme|título=Passagem de Comando do Esquadrão VF-1|url=https://www.defesaaereanaval.com.br/aviacao/passagem-de-comando-do-esquadrao-vf-1|data=2020-07-31|acessodata=2023-01-31|website=Defesa Aérea & Naval}}</ref> A estrutura é típica de uma unidade de caça, com setores de Operações, Manutenção, Segurança de Voo e Administração. Suas instalações físicas são dois hangares e quatro Hangares de Linha de Voo. A manutenção de primeiro escalão ocorre dentro da unidade, e as de segundo e terceiro escalão, no Grupo Aeronaval de Manutenção. Empresas homologadas pela [[Diretoria de Aeronáutica da Marinha]] revisam itens específicos.<ref name=casella>{{Citar web|ultimo=Casella|primeiro=Leandro|data=2019-11-28|título=Falcões em Patrulha|url=https://forcaaerea.com.br/loren-ipsum-3/|website=Revista Força Aérea|acessodata=2023-01-23}}</ref> Quando os Skyhawks foram comprados, nem o Brasil e nem a Argentina tinham como reparar seus componentes [[Aviónica|aviônicos]] complexos. A manutenção a nível de depósito dependia de enviar os itens às fábricas nos Estados Unidos.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Rodrigues|primeiro=Marcelo B.|ultimo2=Karpowicz|primeiro2=Mario|data=2000|título=A readiness analysis for the Argentine Air Force and the Brazilian Navy A-4 fleet via consolidated logistics support|url=https://core.ac.uk/download/pdf/36730996.pdf|jornal=Proceedings of the 2000 Winter Simulation Conference}}</ref>

O efetivo de pilotos era originalmente previsto em trinta,<ref name=pesce1998/>{{rp|24}} mas em 2005 só havia oito pilotos qualificados para as operações embarcadas.<ref name=winchester/>{{rp|cap. 4}} Em 2022, os pilotos eram seis.<ref name=carvalho>{{citar web|ultimo=Carvalho|primeiro=Luciano Franklin de|url=https://www.marinha.mil.br/agenciadenoticias/no-ar-os-homens-do-mar-conheca-cinco-fases-da-aviacao-naval|titulo=No ar, os homens do mar: conheça as cinco fases da Aviação Naval Brasileira|data=26 de agosto de 2022|acessodata=27 de dezembro de 2022|website=Agência Marinha de Notícias}}</ref> A formação dos pilotos é um longo processo de quase quatro anos de seleção, estudos e treinamento.<ref name=emídio>{{Citar web|ultimo=Emídio Neto|data=2013-12-26|título=Formando pilotos de caça na Marinha do Brasil|url=https://www.defesaaereanaval.com.br/aviacao/formando-pilotos-de-caca-na-marinha-do-brasil|website=Defesa Aérea & Naval|acessodata=2023-01-10}}</ref> Em comum com os demais aviadores navais, os “caçadores” do VF-1 são oficiais com um a três anos de experiência naval prévia.<ref>{{Citar revista|ultimo=Leite|primeiro=Humberto|título=Olhos, ouvidos e garras da esquadra|data=2020|url=https://www.edrotacultural.com.br/wp-content/uploads/2020/04/revista-asas-105-download.pdf|revista=Revista Asas|acessodata=2023-01-22|numero=Edição especial (105): Força Aeronaval da Marinha do Brasil}}</ref> Oriundos do Corpo da Armada ou do Corpo de Fuzileiros Navais, todos entram na Aviação Naval através do curso teórico do Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval (CIAAN), na BAeNSPA.<ref name=emídio/><ref name=formação>{{Citar revista|ultimo=Leite|primeiro=Humberto|título=No ar, os homens do mar|data=2020|url=https://www.edrotacultural.com.br/wp-content/uploads/2020/04/revista-asas-105-download.pdf|revista=Revista Asas|acessodata=2023-01-22|numero=Edição especial (105): Força Aeronaval da Marinha do Brasil}}</ref>

[[Ficheiro:Skyhawk (12133060933).jpg|miniaturadaimagem|Preparo do Skyhawk embarcado]]
Dez dos 25 aviadores de cada turma (dependendo da oferta de vagas) são selecionados para voar em asas fixas na [[Academia da Força Aérea (Brasil)|Academia da Força Aérea]] (AFA), em [[Pirassununga]], de acordo com exames médico e psicotécnico e o Teste de Aptidão para Pilotagem Militar (Tapmil). Na AFA eles fazem o Estágio primário de aviação, pilotando aviões [[Neiva T-25]]. Dois a quatro dos aviadores são selecionados pelo Conselho de Avaliação do Desempenho de Pilotos de Asa Fixa (Capedaf), formado por oficiais do CIAAN e da AFA, para prosseguirem ao Estágio básico de asa fixa, pilotando o [[Embraer EMB-312|T-27 Tucano]], enquanto os demais são aproveitados pela Marinha como pilotos de helicóptero. Os que permaneceram na AFA são novamente selecionados para prosseguir a habilitação nos Estados Unidos. Ali eles estudam o [[Língua inglesa|inglês]], com ênfase na técnica de voo, no ''{{Ill|en|Defense Language Institute}}''; a sobrevivência no mar na [[Estação Aeronaval de Pensacola]]; e o treinamento teórico e prático, pilotando o {{Ill|en|McDonnell Douglas T-45 Goshawk|McDonnell Douglas T-45 Goshawk|T-45 Goshawk}}, na {{Ill|en|Estação Aeronaval de Kingsville|Naval Air Station Kingsville}}, incluindo o pouso em um porta-aviões da Marinha dos Estados Unidos.<ref name=emídio/><ref name=casella/><ref name=fgv/>{{rp|170}}

Ao retornar ao Brasil, os pilotos fazem a ''ground school'', o treinamento em [[simulador de voo]] e a transição para a aeronave.<ref name=casella/><ref>{{Citar web|ultimo=Magalhães|primeiro=André|data=2022-12-27|título=Pilotos de caças AF-1 da Marinha ganham simulador de voo|url=https://aeromagazine.uol.com.br/artigo/pilotos-de-cacas-af-1-da-marinha-ganham-simulador-de-voo.html|website=Aero Magazine|acessodata=2023-01-31}}</ref> Os modelos biposto (AF-1A, depois AF-1C) foram comprados para o treinamento, mas não foram usados para o treinamento embarcado devido ao seu maior peso e menor capacidade para combustível, que limitam o número de pousos.<ref name=winchester/>{{rp|cap. 4}} Os pilotos passam pelos estágios básico (pré-solo, voo solo, [[regras de voo por instrumentos]] e formatura básica e tática) e operacional (interceptação, ataque a alvos terrestres e marítimos, combate aéreo, apoio aéreo aproximado e reabastecimento em voo). A FAB colabora com seus KC-130M no reabastecimento em voo, e os caçadores da Marinha realizam intercâmbio, voando nos seus [[Super Tucano]].<ref name=casella/>

== Funções previstas ==
{{Imagem múltipla
|align=left
|direction=vertical
|image1=Operação Ágata 2020 IMG 1941 (50587613072).jpg
|image2=Aeronaves AF-1, do Primeiro Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque, sobrevoando a região de Formosa (GO) (52279370180).jpg
|caption2=Skyhawks no mar, acompanhando a [[F União (F-45)|fragata ''União'']], e em terra na [[Operação Formosa]] de 2022
}}
A Marinha conceitua as aeronaves de interceptação e ataque como parte da ala aérea embarcada de um navio-aeródromo, que, por sua vez, seria o núcleo de uma força naval. Sua ala aérea também incluiria aeronaves de alarme aéreo antecipado (''airborne early warning'', ou AEW), reabastecimento em voo, esclarecimento marítimo e guerra antissubmarino. Essa força poderia navegar distante do litoral e fornecer a defesa aeroespacial da esquadra, reagindo com suas aeronaves no menor tempo possível, o que não seria viável com a aviação baseada em terra.<ref name=emprego>{{Citar periódico|ultimo=Silva|primeiro=Jonathan Sidney da|data=2020|url=http://www.ebrevistas.eb.mil.br/ADN/article/view/6883/5949|titulo=Emprego estratégico do navio-aeródromo na defesa da Amazônia Azul|acessodata=2023-01-10|jornal=A Defesa Nacional|numero=843}}</ref>

As ameaças aéreas (aeronaves e mísseis) podem atingir a esquadra em poucos minutos, e portanto devem ser enfrentadas o mais longe possível dos navios. A defesa é “em camadas”, com [[Míssil superfície-ar|mísseis superfície-ar]] e canhões dos navios e aeronaves de interceptação vetoradas por outras de AEW. Os interceptadores podem ficar em alerta no convoo ou em patrulha aérea de combate, que oferece melhor tempo de reação. Além da reação ao ataque, é preciso negar a informação ao adversário, impedindo seu esclarecimento aéreo, e atacar as ameaças aéreas nas sua origem. Na ausência desses meios, as marinhas com poucos recursos ficam restritas à proximidade do litoral.<ref name=pesce/>{{rp|135-137}} Dessa forma, o ''São Paulo'' e o VF-1 tornariam a MB uma marinha de águas azuis.<ref name=caiafa>{{Citar web|ultimo=Caiafa|primeiro=Roberto|data=2017-10-3|título=Esquadrão VF-1 – 19 anos de problemas?|url=https://tecnodefesa.com.br/esquadrao-vf-1-19-anos-de-problemas/|website=Tecnologia & Defesa|acessodata=2023-01-10}}</ref>

Os interceptadores precisam de aeronaves de reabastecimento em voo, para estender sua autonomia de voo, que é fator crucial,<ref name=pesce/>{{rp|136}} e de aeronaves de AEW, que aumentam em até quatro vezes seu tempo de reação. Os [[radar]]es dos navios podem realizar a busca aérea de volume e vetorar os interceptadores, mas seu horizonte para identificar mísseis e aeronaves voando baixo é menor.<ref>{{Citar web|ultimo=Lima|primeiro=Marcelo Chagas de|data=2009-08-02|título=Alerta aéreo antecipado em proveito da Força Naval|url=https://www.naval.com.br/blog/2009/08/02/alerta-aereo-antecipado-em-proveito-da-forca-naval/|website=Poder Naval|acessodata=2023-01-17}}</ref> A Marinha planejou o 1.º Esquadrão de Aviões de Transporte e Alarme Aéreo Antecipado (EsqdVEC-1) para completar a ala aérea embarcada,<ref name=pesce/>{{rp|130}} com a previsão de entrega de quatro C-1 Trader em 2021, mas o cronograma não foi cumprido.<ref>{{Citar web|ultimo=Galante|primeiro=Alexandre|data=2021-05-03|título=Novidades sobre os aviões KC-2 Turbo Trader da Marinha do Brasil|url=https://www.naval.com.br/blog/2021/05/03/novidades-sobre-os-avioes-kc-2-turbo-trader-da-marinha-do-brasil/|acessodata=2023-01-19}}</ref>

[[Ficheiro:Prepairing the launch of an Argentinian S-2 Tracker (11521981885).jpg|miniaturadaimagem|Skyhawks no convoo do ''São Paulo'']]
A difícil manutenção e alta indisponibilidade do VF-1 e seu porta-aviões tornaram a defesa aérea concebida inoperante. O ''São Paulo'' foi oficialmente desmobilizado em 2017.<ref name=caiafa/><ref name=pesce/>{{rp|137}} Na ausência de porta-aviões, o esquadrão, restrito a decolar em terra, é mantido em operação para preservar a doutrina de operação de caças. Ele ainda pode prestar apoio aéreo aproximado ao Corpo de Fuzileiros Navais, e é valorizado pela Marinha por sua autonomia de voo e a capacidade dos sensores modernizados. Os AF-1B e AF-1C alcançam o limite da zona econômica exclusiva em 30 minutos, podem operar juntamente com o radar do [[NAM Atlântico|NAM ''Atlântico'']], livrar os helicópteros da Aviação Naval do trabalho de reconhecimento e diminuir os pedidos de auxílio aos aviões de alarme aéreo da FAB. Com um foco crescente nas operações ar-ar, o esquadrão ambiciona integrar o sistema de alerta de defesa aéreo brasileiro, subordinado ao Comando de Operações Aéreas (COMAE) da Aeronáutica.<ref name=clássicos>{{Citar revista|ultimo=Leite|primeiro=Humberto|título=Clássicos e modernos|data=2020|url=https://www.edrotacultural.com.br/wp-content/uploads/2020/04/revista-asas-105-download.pdf|revista=Revista Asas|acessodata=2023-01-22|numero=Edição especial (105): Força Aeronaval da Marinha do Brasil}}. p. 67-71.</ref><ref name=casella/> Ele tem os únicos caças brasileiros operados fora da FAB.<ref>{{Citar web|ultimo=Martins|primeiro=Carlos|data=2022-04-10|título=Como os caças antigos da FAB foram entregues ao Brasil?|url=https://aeroin.net/como-os-cacas-antigos-da-fab-foram-entregues-ao-brasil/|website=AeroIn||acessodata=2023-01-23}}</ref>

== Condição das aeronaves ==
=== Atrito inicial da frota ===
[[Ficheiro:Aniversário da Aviação Naval (9602719294).jpg|miniaturadaimagem|Armamento do AF-1|esquerda]]
Em seus primeiros anos o esquadrão operou de forma consistente, concentrado na formação de uma massa crítica de pilotos.<ref name=caiafa/> O ''São Paulo'' operou sem interrupções de 2001 e 2005 e a partir de então sofreu diversos problemas, incluindo acidentes fatais, passando por prolongados períodos de manutenção.<ref name=silva/>{{rp|95}} O VF-1 operou embarcado até maio de 2004.<ref name=casella/> Em toda sua história operacional no Brasil, o ''São Paulo'' fez menos de seiscentos lançamentos de Skyhawks.<ref name=trevithick>{{Citar web|ultimo=Trevithick|primeiro=Joseph|data=2019-09-26|título=Brazil’s Aircraft Carrier To Be Auctioned Off After Years Of Disappointment|url=https://www.thedrive.com/the-war-zone/30023/brazils-aircraft-carrier-so-paulo-to-be-auctioned-off-after-years-of-disappointment|website=The War Zone|acessodata=2023-01-07}}</ref> Em seu auge em 2003, não mais que meia dúzia de caças estiveram embarcados ao mesmo tempo, embora o navio tivesse capacidade para dezoito.<ref name=lopes/>{{rp|cap. 24}}

Os recursos aviônicos e sensores ficaram defasados em pouco tempo.<ref name=souza>{{Citar tese|ultimo=Souza|primeiro=Deywisson Ronaldo Oliveira de|ano=2015|título=O Imperativo tecnológico e os projetos estratégicos de defesa: uma análise dos programas de reaparelhamento das forças armadas nos governos Lula da Silva e Dilma Rousseff|url=https://repositorio.ufpe.br/bitstream/123456789/13887/1/Disserta%C3%A7%C3%A3oDeywisson%20Vers%C3%A3o%20Definitiva%20CD.pdf|tipo=Mestrado em Ciência Política|instituição=UFPE|local=Recife}}</ref>{{rp|64}} Os armamentos, como as bombas burras Mk 82 e derivados, foguetes de 70 mm e mísseis Sidewinder,<ref name=caiafa/> eram rudimentares e os caças dependeriam da direção de radar externa para a interceptação.<ref name=jalopnik/> A modernização dos AF-1 foi prevista no Plano de Reaparelhamento da Marinha elaborado em 2003, mas postergada por falta de recursos.<ref name=silva>{{Citar tese|ultimo=Silva|primeiro=Peterson Ferreira da|ano=2015|título=A política industrial de defesa no Brasil (1999-2014): intersetorialidade e dinâmica de seus principais atores|url=https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/101/101131/tde-15092015-113930/publico/Peterson_Ferreira_Silva.pdf|tipo=Doutorado em Relações Internacionais|instituição=USP|local=São Paulo}}</ref>{{rp|95}}

Assim como o porta-aviões, os caças revelaram sua idade: as peças de reposição eram custosas e difíceis de obter e o suporte de manutenção de motores não existia no Brasil. A disponibilidade para voo foi baixa e a frota paulatinamente encolheu. Para manter alguns caças funcionando, outros tiveram peças canibalizadas.<ref name=caiafa/> Em 2008, com todos os meios da Marinha em situação crítica, apenas dois dos aviões tinham condições de voar.<ref>{{Citar web|ultimo=Estadão Conteúdo|data=2008-03-16|título=Relatório da Marinha expõe problemas operacionais|url=https://www.dgabc.com.br/Noticia/893270/relatorio-da-marinha-expoe-problemas-operacionais|website=Diário do Grande ABC|acessodata=2023-02-01}}</ref> Em dezembro desse ano, um contrato de U$ 5 milhões foi assinado com a [[Israel Aerospace Industries]] para a recuperação de dez motores. O Plano de Equipamento e Articulação da Marinha do Brasil (PAEMB) de 2009 previu a modernização de doze aeronaves de interceptação e ataque e a compra de mais 48. O primeiro item materializou-se em dois contratos assinados em abril do mesmo ano entre a Embraer e a Diretoria de Aeronáutica da Marinha, respectivamente de R$ 106 milhões e U$ 93 milhões.<ref name=silva/>{{rp|95-96}} Dessa forma, a frota já havia sofrido o atrito de metade dos 23 caças originais.<ref name=caiafa/>

=== Programa de modernização ===
[[Ficheiro:AF- 1B e AF-1C Skyhawk (52257214740).jpg|miniaturadaimagem|Skyhawks modernizados (AF-1B e AF-1C) em terra]]
A modernização dos aviões, também chamada de programa AF-1M,<ref name=barreira/> estava ligada à modernização e reativação do ''São Paulo'',<ref name=pesce/>{{rp|130}} numa lógica de recuperação de equipamentos defasados ou desativados devido às restrições orçamentárias.<ref name=souza/>{{rp|83}} A ideia era manter os Skyhawks voando até 2025, quando a Marinha receberia um novo porta-aviões e um novo modelo de caça, provavelmente uma versão naval do [[Gripen NG]] sueco, também escolhido pela FAB como parte de seu [[Projeto FX-2]];<ref name=lopes/>{{rp|cap. 14}} a alta comunalidade seria sua principal vantagem.<ref name=radar>{{Citar revista|ultimo=Leite|primeiro=Humberto|título=No radar da Marinha|data=2020|url=https://www.edrotacultural.com.br/wp-content/uploads/2020/04/revista-asas-105-download.pdf|revista=Revista Asas|acessodata=2023-01-22|numero=Edição especial (105): Força Aeronaval da Marinha do Brasil}}. p. 78-88.</ref> Em 2014 três caças operavam no esquadrão, sete estavam em modernização nas instalações da Embraer em [[Gavião Peixoto]], quatro aguardavam o envio, oito estavam por definir, um estava embarcado no ''São Paulo'' como ''mock-up'' e um servia de monumento em São Pedro da Aldeia.<ref name=modernização>{{Citar web|ultimo=Padilha|primeiro=Luiz|ultimo2=Wiltgen|primeiro2=Guilherme|data=2014-03-25|título=Exclusivo – Programa de Modernização dos caças AF-1/1A da Marinha do Brasil|url=https://www.defesaaereanaval.com.br/artigos/exclusivo-programa-de-modernizacao-dos-cacas-af-11a-da-marinha-do-brasil|acessodata=2023-02-04|website=Defesa Aérea & Naval}}</ref> Alguns dos pilotos estavam em intercâmbio em outros esquadrões de aviação.<ref name=jalopnik>{{Citar web|ultimo=Rogoway|primeiro=Tyler|data=2014-06-22|título=There's a magical place where A-4 Skyhawks still fly off carriers?|url=https://jalopnik.com/theres-a-magical-place-where-a-4-skyhawks-still-fly-off-1594183306|website=Jalopnik|acessodata=2023-02-04}}</ref>

O programa, conduzido pela Embraer e a Marinha com o apoio da indústria bélica de Israel, era focado na substituição dos sensores analógicos por digitais.<ref name=hornet>{{Citar web|ultimo=Lopes|primeiro=Roberto|data=2020-01-15|título=Exclusivo: Marinha estuda compra de caças F/A-18 Hornet por oportunidade|url=https://www.naval.com.br/blog/2020/01/15/exclusivo-marinha-estuda-compra-de-cacas-f-a-18-hornet-por-oportunidade/|website=Poder Naval|acessodata=2023-02-04}}</ref> As versões modernizadas, denominadas AF-1B (monoposto) e AF-1C (biposto), receberam novidades significativas: ''[[glass cockpit]]'' da [[AEL Sistemas]], controles ''{{Ill|en|Hands on throttle-and-stick}}'' (HOTAS), radar EL/M-2032 da {{Ill|en|Elta Systems}}, [[receptor do alerta de radar]] da [[Elbit Systems]], computador principal para cálculos de navegação e balística, rádios Rohde & Schwarz M3AR, comuns à FAB, entre outras.<ref name=trevithick/><ref name=modernização/><ref name=barreira>{{Citar web|ultimo=Barreira|primeiro=Victor|data=2022-03-23|título=Brazil receives last modernised Skyhawk jet|url=https://www.janes.com/defence-news/news-detail/brazil-receives-last-modernised-skyhawk-jet|website=Janes|acessodata=2023-02-04}}</ref> O vetor aéreo passou a ter o estado da arte em aviônica e sistemas embarcados,<ref name=redução>{{Citar web|ultimo=Galante|primeiro=Alexandre|data=2018-02-21|título=Marinha reduz número de jatos AF-1 Skyhawk modernizados pela Embraer|url=https://www.aereo.jor.br/2018/02/21/marinha-reduz-numero-de-jatos-af-1-skyhawk-modernizados-pela-embraer/|website=Poder Aéreo|acessodata=2023-02-04}}</ref> proporcionando aos pilotos a percepção situacional e familiaridade com os sistemas dos aviões de combate modernos.<ref>{{Citar web|ultimo=Dubois|primeiro=Gastón|data=2022-04-20|título=Brazilian Navy takes delivery of its last A-4 Skyhawk modernized by Embraer|url=https://www.aviacionline.com/2022/04/brazilian-navy-takes-delivery-of-its-last-a-4-skyhawk-modernized-by-embraer/|website=Aviacionline|acessodata=2023-02-04}}</ref>

Essa foi a última modernização na história do Skyhawk, e o resultado, referido como a variante mais avançada desse avião já desenvolvida.<ref name=çetiner>{{Citar web|ultimo=Çetiner|primeiro=Yusuf|data=2022-04-25|título=The last modernized AF-1B Skyhawk is delivered to the Brazilian Navy|url=https://www.overtdefense.com/2022/04/25/the-last-modernized-af-1b-skyhawk-is-delivered-to-the-brazilian-navy/|website=Overt Defense|acessodata=2023-02-04}}</ref> Ainda assim, diferentes autoridades navais contestaram os benefícios obtidos devido às limitações da versão modernizada no ataque a alvos em superfície.<ref name=hornet/> O programa habilitou os aviões a carregarem novos armamentos ar-ar e ar-terra,<ref name=trevithick/> mas por si só não incluiu novos armamentos. Os mísseis disponíveis continuaram sendo os Sidewinder comprados do Kuwait.<ref name=modernização/>

Os novos sistemas apenas deram maior eficácia aos armamentos antigos. Os Skyhawks não receberam mísseis antinavio, bombas guiadas ou mísseis de 5.ª geração.<ref name=caiafa/> O novo radar permite a interceptação com mísseis ar-ar [[Míssil além do alcance visual|além do alcance visual]] (BVR, ''beyond visual range''). A Marinha estudou diversos novos mísseis, como o [[Derby (míssil)|Derby]] BVR; o Sidewinder AIM-9X Block I, [[MAA-1 Piranha|MAA-1B Piranha]], [[A-Darter]] ou [[Python (míssil)|Python]], para ar-ar a alcance menor; e o [[AGM-84 Harpoon]], AM 39 (versão do [[Exocet]]), ou uma versão ar-superfície do [[MAN-1]], de produção nacional, contra navios. A compra de sistemas de guiagem modernos permitiria usar bombas inteligentes. Um Skyhawk com mísseis Python e Derby teria poder considerável em combate. Os AF-1B poderiam ser tão capazes quanto os F-5EM/FM modernizados da FAB.<ref name=modernização/><ref name=jalopnik/>

Em 2020, essas considerações permaneciam apenas em estudo; conforme a revista ''Asas'', o armamento existente “não está alinhado às tecnologias e demandas da guerra aérea moderna ou mesmo às capacidades instaladas no avião com o processo de modernização”, apesar do radar, com alcance de 160 km para alvos navais, ser útil no esclarecimento marítimo.<ref name=clássicos/> A avaliação na revista ''Tecnologia & Defesa'' em 2017 era que o programa foi custoso e demorado e o resultado tem “pouca efetividade militar como sistema de armas”.<ref name=caiafa/>

=== Horizonte de serviço ===
[[Ficheiro:Workshop F-39E Gripen (50541454967).jpg|miniaturadaimagem|Gripen NG da FAB, sucessor hipotético do Skyhawk no VF-1|esquerda]]
Os dois primeiros AF-1B modernizados, o N-1001 e N-1011, foram entregues em 2015 e 2016. Eles colidiram durante um treinamento em 26 de julho de 2016, a 44 quilômetros do litoral de [[Saquarema]], Rio de Janeiro. O N-1011 foi perdido e seu piloto morreu, enquanto o N-1001 retornou à base,<ref>{{Citar web|ultimo=Cardoso|primeiro=Paulo Henrique|data=2017-07-26|título=Um ano após queda de caça no mar do RJ, especialista indica possíveis causas de desaparecimento|url=https://g1.globo.com/rj/regiao-dos-lagos/noticia/um-ano-apos-queda-de-caca-no-mar-do-rj-ex-piloto-indica-possiveis-causas-de-desaparecimento.ghtml|website=G1|acessodata=2023-02-04}}</ref><ref name=casella/> onde foi reparado pela Embraer.<ref name=hornet/> Assim, em 2017 o VF-1 operava com dois AF-1 e um AF-1A, às vezes com um AF-1 adicional, nenhum deles modernizado.<ref name=caiafa/>

A desmobilização do ''São Paulo'' em 2017, após mais de uma década inoperante, colocou no limbo o futuro do VF-1.<ref name=trevithick/> O que justifica a existência dessas aeronaves é o porta-aviões,<ref name=pesce/>{{rp|133}} mas ele estava inoperante por mais de uma década, e agora não havia qualquer possibilidade de treinar as operações embarcadas no Brasil. As únicas opções seriam intercâmbios de pilotos nas marinhas dos Estados Unidos e [[França]], únicos outros países com porta-aviões de sistema [[CATOBAR]]. Sem o treinamento, a proficiência dos pilotos nas operações embarcadas seria perdida e o esquadrão gradualmente se tornaria como qualquer unidade de caça baseada em terra, criando um argumento para sua desativação. Havia planos para a versão naval do Gripen e a compra de um novo porta-aviões, mas a [[Crise econômica brasileira de 2014|crise econômica nacional]] e as prioridades maiores da Marinha (submarinos e fragatas) tornavam improvável sua realização.<ref name=trevithick/><ref>{{Citar web|ultimo=Rogoway|primeiro=Tyler|data=2017-02-15|título=Brazil pulls the plug on its only aircraft carrier|url=https://www.thedrive.com/the-war-zone/7697/brazil-pulls-the-plug-on-its-only-aircraft-carrier|website=The War Zone|acessodata=2023-01-07}}</ref>

Os Skyhawks restantes não podem decolar do NAM ''Atlântico'', comprado pela Marinha no lugar do ''São Paulo''. A única opção para esse navio seria receber mudanças significativas para poder operar os jatos [[McDonnell Douglas AV-8B Harrier II|AV-8B Harrier]] de [[V/STOL|decolagem curta/vertical]].<ref name=trevithick/> Em 2020 a Marinha ainda estudava o Gripen naval, que ficaria disponível ao final da década, ou o F/A-18 Hornet, obtido dos estoques aposentados dos Estados Unidos ou do Kuwait, na segunda metade da década. O avanço tecnológico seria grande, mas na ausência de um porta-aviões, há o risco de oposição da FAB, que se entende responsável por todos os jatos decolando de pistas em terra.<ref name=hornet/>

Em fevereiro de 2018, diante das restrições orçamentárias e da desativação do porta-aviões, o programa de modernização foi reduzido a apenas seis aviões (três AF-1B e três AF-1C).<ref name=redução/> Contando o AF-1B perdido no acidente em 2016, foram sete caças modernizados no total.<ref name=barreira/> O N-1013 saiu da pista da BAeNSPA em 21 de outubro de 2019 e foi danificado após um princípio de incêndio, mas foi recuperado com apoio da Embraer.<ref name=casella/><ref>{{Citar web|ultimo=Vinholes|primeiro=Tiago|data=2019-10-21|título=Caça AF-1 da Marinha sofre acidente no Rio de Janeiro|url=https://www.airway.com.br/caca-af-1-da-marinha-sofre-acidente-no-rio-de-janeiro/|website=Airway|acessodata=2023-02-04}}</ref> O último dos seis aviões modernizados foi recebido em março de 2022.<ref name=barreira/> Seus números são o N-1001, N-1004, N-1008 e N-1013, para o AF-1B, e N-1022 e N-1023, para o AF-1C.<ref name=casella/> Havia seis pilotos nesse ano.<ref name=carvalho/> A expectativa é operar os Skyhawks até 2030.<ref name=clássicos/>

== Participação em exercícios ==
[[Ficheiro:Interoperabilidade (51751939698).jpg|miniaturadaimagem|Treinamento conjunto de um AF-1C da Marinha com um F-5M da FAB]]
Sem adestramento contínuo, as habilidades de um aviador naval são rapidamente perdidas.<ref name=pesce1998/>{{rp|23}} Assim, o esquadrão participa de diversos exercícios e operações da Marinha e da FAB, como o trânstio sob ameaça aérea, para verificar o funcionamento da defesa antiaérea dos navios,<ref>{{Citar web|ultimo=Magalhães|primeiro=André|data=2020-11-30|título=Fragata “União” realiza exercício com duas aeronaves AF-1C “Skyhawk” nas proximidades do litoral de Vitória|url=https://www.aeroflap.com.br/fragata-uniao-realiza-exercicio-com-duas-aeronaves-af-1c-skyhawk-nas-proximidades-do-litoral-de-vitoria/|website=AeroFlap|acessodata=2023-02-06}}</ref> o Aspirantex, demonstração prática dos meios navais e aeronavais aos aspirantes da [[Escola Naval (Brasil)|Escola Naval]],<ref>{{Citar web|website=Poder Naval|data=2022-01-20|título=Falcões do Mar em Florianópolis|url=https://www.naval.com.br/blog/2022/01/20/falcoes-do-mar-em-florianopolis/|acessodata=2023-02-06}}</ref> as campanhas de lançamento real de bombas, realizadas duas vezes ao ano, e o apoio aéreo aproximado ao Corpo de Fuzileiros Navais em [[Formosa (Goiás)|Formosa]], [[Goiás]].<ref name=clássicos/>

Uma campanha fora da sede de duração e mobilização logística típicas ocorreu com um AF-1B e AF-1C de 5 de novembro a 20 de dezembro de 2019. A quantidade de localidades visitadas no curto espaço de tempo foi inédita. Além da BAeNSPA, os caças operaram das bases da FAB em [[Natal (Rio Grande do Norte)|Natal]], [[Rio Grande do Norte]], e [[Belém (Pará)|Belém]], [[Pará]]. Coordenando com os meios navais, alcançaram ilhas logínquas como o [[Atol das Rocas]], [[Fernando de Noronha]] e o [[arquipélago de São Pedro e São Paulo]].<ref name=casella/> Os treinamentos com a FAB, especialmente no combate ar-ar, são comuns. O VF-1 frequentemente opera em Natal e já esteve em [[Santa Maria (Rio Grande do Sul)|Santa Maria]] e [[Canoas]], no [[Rio Grande do Sul]], [[Santa Cruz (Rio Grande do Norte)|Santa Cruz]], Rio Grande do Norte, [[Anápolis]], Goiás e [[Campo Grande (Mato Grosso do Sul)|Campo Grande]], [[Mato Grosso do Sul]].<ref name=clássicos/> Um AF-1B e um AF-1C participaram do Exercício Multinacional [[Cruzex]] 2018, no qual a FAB hospedou aeronaves de treze países.<ref>{{Citar web|ultimo=Galante|primeiro=Alexandre|data=2018-11-22|título=Esquadrão VF-1 participa do Exercício Cruzex 2018|url=https://www.naval.com.br/blog/2018/11/22/esquadrao-vf-1-participa-do-exercicio-cruzex-2018/|website=Poder Naval|acessodata=2023-02-06}}</ref>

{{Notas}}

{{Referências}}


==Ligações externas==
==Ligações externas==
{{Commonscat|A-4 Skyhawk of the Navy of Brazil}}
* {{oficial|http://www.mar.mil.br/foraer/index.html}}
*[https://web.archive.org/web/20080421160018/http://www.naval.com.br/ANB/aeronaval-capa.htm Site especializado em Aviação Naval Brasileira]
*[https://web.archive.org/web/20080421160018/http://www.naval.com.br/ANB/aeronaval-capa.htm Site especializado em Aviação Naval Brasileira]

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Revisão das 16h19min de 6 de fevereiro de 2023

1.º Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque

AF-1 Skyhawk a bordo do NAe São Paulo
País  Brasil
Corporação Brasão da Marinha Marinha do Brasil
Subordinação Comando da Força Aeronaval
Denominação Esquadrão Falcão
Sigla VF-1
Criação 1998
Logística
Aeronaves 20 AF-1 e 3 AF-1A (1998)
3 AF-1B e 3 AF-1C (2022)
Sede
Guarnição São Pedro da Aldeia, Rio de Janeiro

O 1.º Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque (VF-1), o “Esquadrão Falcão”, é a unidade da Aviação Naval Brasileira criada para voar caças McDonnell Douglas A-4 Skyhawk em navios-aeródromo (NAe, ou porta-aviões) da Marinha do Brasil (MB). A desmobilização do NAe São Paulo em 2017, após mais de uma década inoperante, limita o esquadrão a decolar de pistas em terra, especialmente sua sede na Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia (BAeNSPA), Rio de Janeiro, onde está subordinado ao Comando da Força Aeronaval. Seus aviões tinham as designações AF-1 (monolugar) e AF-1A (bilugar), alteradas após a modernização em 2015–2022 para AF-1B e AF-1C. O VF-1 opera os únicos caças no Brasil fora da Força Aérea Brasileira (FAB), foi o último esquadrão do mundo a voar o Skyhawk de porta-aviões e, juntamente com a Força Aérea Argentina, é o último usuário militar desse avião.

O desejo da Marinha por caças embarcados existe desde a Guerra das Malvinas de 1982, quando ficou evidente a importância da defesa aérea da esquadra contra aeronaves e mísseis antinavio, que podem atingir os meios de superfície em poucos minutos. Os aviões interceptadores seriam um dos elementos da ala aérea embarcada e fariam parte de uma “defesa em camadas” dos navios. Em terra, poderiam fornecer apoio aéreo aproximado ao Corpo de Fuzileiros Navais. A oportunidade de adquirir caças surgiu nos anos 90, quando a FAB desativou seu 1.º Grupo de Aviação Embarcada (GAE) a bordo do porta-aviões Minas Gerais. Desde o “corolário Castelo Branco” de 1965 a Aviação Naval era restrita em lei a helicópteros, mas a Marinha superou resistências políticas na FAB e conseguiu um novo decreto presidencial autorizando seus aviões. Desde então as relações com a FAB melhoraram, e há treinamentos conjuntos frequentes. O avião escolhido foi um lote de 23 Skyhawks comprados do Kuwait em 1998. O Skyhawk é originário dos anos 1950 e não foi projetado como interceptador, embora possa ser usado nessa função.

Os investimentos exigidos no pessoal e infraestrutura foram pesados. Os pilotos, denominados “caçadores”, demoram quase quatro anos para formar, incluindo períodos na Força Aérea e Marinha dos Estados Unidos. O esquadrão só começou a voar do Minas Gerais em 2001, mas esse navio era muito limitado para os caças e foi substituído no mesmo ano pelo NAe São Paulo. As operações embarcadas, focadas em treinar uma massa crítica de pilotos, atingiram o auge em 2003, mas tanto o porta-aviões quanto os caças sofreram sérios problemas de indisponibilidade. Além de difíceis de manter, os aviões eram defasados: não havia armamentos modernos como bombas inteligentes, mísseis ar-ar mais modernos e mísseis antinavio, e tampouco aviões de reabastecimento em voo e alerta aéreo antecipado para dar eficiência aos caças. Apenas oito pilotos estavam qualificados para operações embarcadas em 2005.

A Embraer foi contratada em 2009 para modernizar doze Skyhawks; assim, metade da frota original já estaria aposentada. Após a desmobilização oficial do São Paulo, em 2017, o contrato foi reduzido a apenas seis aeronaves, que foram entregues de 2015 a 2022. A vida útil esperada é até 2030, e seus sucessores estudados pela Marinha são o Gripen NG, também escolhido pela FAB, ou o F/A-18 Hornet. Entretanto, se o esquadrão tornar-se como qualquer outra unidade de caça baseada em terra, pode surgir um argumento pela sua desativação. A modernização legou ao esquadrão a variante mais avançada já desenvolvida do Skyhawk, com sensores e instrumentos digitais modernos, mas a compra de armamentos ficou apenas na fase de estudos. A Marinha ainda valoriza essas aeronaves no esclarecimento marítimo, pois elas podem alcançar o limite da zona econômica exclusiva em 30 minutos e, com seu novo radar, identificar alvos navais a 160 quilômetros de distância. O VF-1 ainda envia caças para exercícios em todo o país.

Criação

Demanda por caças na Marinha

Ficheiro:Hundimiento del destructor HMS Sheffield.jpg
Contratorpedeiro britânico HMS Sheffield, afundado por um ataque aéreo na Guerra das Malvinas

A observação da Guerra das Malvinas, travada em 1982 entre a Argentina e o Reino Unido, fez a Marinha do Brasil perceber sua fraqueza num hipotético conflito no Atlântico Sul.[1]:180 Aeronaves argentinas afundaram ou danificaram vários navios britânicos com mísseis antinavio e bombas, e só não fizeram mais dano devido às baixas pesadas que sofreram para as aeronaves britânicas com mísseis ar-ar. Os porta-aviões, ao oferecerem superioridade aérea e projeção de poder sobre terra e mar, confirmaram sua importância como o núcleo das frotas. O Brasil tinha o porta-aviões Minas Gerais, adquirido em 1956, mas sua função era a guerra antissubmarino; ele não tinha o porte e capacidades próprios para operar jatos.[2]:176-177

Oficiais em posições acadêmicas nos anos 80, rompendo com esse paradigma, passaram a defender uma frota com projeção de poder, dotada de seus própros caças.[2]:181 Logo após a guerra, em 1983 o ministro da Marinha Maximiano Eduardo da Silva Fonseca apresentou uma exposição de motivos para a compra de 12 aeronaves A-4 Skyhawk ao presidente João Figueiredo.[3]:133 O vendedor seria a Força Aérea Israelense, mas não havia condições financeiras e políticas para a compra.[1]:216 Ainda antes da guerra, na virada dos anos 70 a 80, a compra de Skyhawks israelenses, a ser operados pela FAB a bordo do Minas Gerais, foi vetada pelo Ministério do Planejamento.[4] Outra possibilidade, o desenvolvimento de uma versão embarcada do avião de ataque AMX A-1 da Alenia/Aermacchi/Embraer, chegou a ser anunciada, mas foi cancelada em 1985.[1]:192

A década seguinte introduziu mais argumentos em favor de ter caças embarcados. Com o fim da Guerra Fria, a hipótese de emprego da Marinha, defendendo o comércio marítimo contra os submarinos da União Soviética, não tinha mais lugar.[5]:137 A ideia passava a ser uma “esquadra equilibrada”, com cobertura aérea para seus meios de superfície navegando distantes do litoral.[6]:65 Argumentava-se também com base no desempenho da força naval em exercícios e no apoio aéreo a contingentes do Corpo de Fuzileiros Navais enviados a missões de paz da Organização das Nações Unidas.[7]:118 Aproximava-se o fim da vida útil dos aviões da FAB embarcados no Minas Gerais, e do próprio porta-aviões, abrindo uma oportunidade à Marinha. A Aeronáutica não tinha previsão de substituto para seus P-16 Tracker de patrulha marítima, organizados no 1.º Grupo de Aviação Embarcada (GAE).[a] Ela estava num dos piores momentos de sua história e tinha prioridades maiores, como o SIVAM.[1]:210-211 Na ausência do 1.º GAE, o Minas Gerais foi reduzido ao papel de porta-helicópteros.[1]:20

Escolha do A-4 Skyhawk

A-4KUs da Força Aérea do Kuwait

Em vez de adquirir aviões de instrução e evoluir progressivamente às de combate, a Marinha optou por obter diretamente um lote de aeronaves. Sua função clara seria de interceptadores.[7]:120 O modelo escolhido precisaria de compatibilidade com o Minas Gerais.[8]:22 Oficiais seguiram à Argentina e Uruguai em 1994 para se formarem como pilotos de avião. Em seguida, em setembro de 1996 o ministro da Marinha Mauro César Rodrigues Pereira apresentou sua exposição de motivos para a compra das aeronaves.[8]:21 Desejava-se aviões embarcados equivalentes aos Super Étendard da Armada Argentina, considerando como opções o próprio Étendard ou o A-4 Skyhawk. Um argumento contrário era que os aviões obsoletos acabariam inutilizados pela falta de apoio logístico.[1]:206 O Skyhawk foi escolhido como “compra de oportunidade”,[7]:120 aproveitando a oferta de modelos aposentados da Força Aérea do Kuwait com muitas peças sobressalentes e boa condição: uma média de 1.700 horas de voo,[9] sem as desgastantes operações embarcadas,[10] e, graças às condições desérticas, pouca corrosão.[11]

O Skyhawk é um jato americano conhecido por seu serviço na Guerra do Vietnã, nos anos 1960,[12]:cap 3 na qual decolava dos porta-aviões da Marinha dos Estados Unidos para bombardear alvos terrestres. A interceptação das aeronaves inimigas ficava a cargo do F-4 Phantom II, também embarcado.[13]:6 O A-4 foi projetado como bombardeiro.[12]:cap. 3 Aviões de ataque como ele têm diferenças cruciais em relação aos interceptadores dedicados como o F-4. O avião de ataque tem boa manobrabilidade, mas sua carga transportada externamente tem elevado arrasto, criando problemas aerodinâmicos e dificultando a obtenção de uma velocidade supersônica. Já o interceptador precisa justamente dessa velocidade para cumprir sua função, além de voar em altitudes maiores.[14]:272 O Skyhawk é subsônico, mas pode ultrapassar a velocidade do som em mergulho.[15] Para o almirante Armando Amorim Vidigal, o Skyhawk não é ideal para a função atribuída pela MB, e o correto teria sido comprar interceptadores e aeronaves de alarme aéreo antecipado. É improvável que esses aviões conseguiriam operar no Minas Gerais.[7]:120 Em 2000, um artigo na Revista Marítima Brasileira sugeriu que o sucessor do Skyhawk fosse uma aeronave de múltiplo emprego, conciliando as características de ataque e interceptação, como já era tendência nos Estados Unidos.[14]:274

Por outro lado, a própria Marinha dos EUA reconheceu as possibilidades do Skyhawk como caça, designando alguns para a defesa aérea de porta-aviões. Seus Skyhawks em missões de bombardeio acabaram entrando em combate aéreo com caças MiG,[12]:cap. 3 e após a guerra eles simularam MiGs adversários nos treinamentos. Por seu baixo custo e manutenção relativamente barata, grandes números foram exportados a outros países, onde, configurados com peso leve, podiam servir de caças em porta-aviões pequenos.[12]:7 Austrália e Argentina operaram Skyhawks de porta-aviões da mesma classe do Minas Gerais.[7]:120 Os Skyhawks da Força Aérea e Aviação Naval da Argentina foram as aeronaves de maior sucesso nos ataques a navio durante a Guerra das Malvinas, mas amargaram baixas pesadas. A maioria de seus voos foi feita de bases em terra, pois o porta-aviões ARA Veinticinco de Mayo foi retirado da zona de operações após o afundamento do ARA General Belgrano por um submarino.[12]:cap. 5

A estrutura forte dessa aeronave para as operações embarcadas garantiu longevidade em serviço.[12]:7 Tecnologicamente, o A-4 Skyhawk entrou em serviço em 1956 e era equivalente aos caças de duas gerações antes do F/A-18 Hornet,[16] avião de múltiplo emprego que, nos anos 90, substituía o A-6 como avião de ataque da Marinha dos EUA.[14]:273 Na mesma década, a Força Aérea Argentina adquiriu Skyhawks modernizados (Lockheed Martin A-4AR).[12]:cap. 4 Após a Guerra do Golfo em 1990–1991, o Kuwait substituiu seus Skyhawks pelo F/A-18 Hornet. Os A-4 kuwaitianos haviam sido comprados em 1974, juntamente com caças Mirage F1, e combateram na guerra.[15] À época, eram avançados dentro da família do Skyhawk, mas ao final dos anos 2000 a defasagem em relação aos caças de múltiplo propósito modernos era nítida. Os Skyhawks brasileiros foram os últimos do mundo a decolar de porta-aviões. Em 2014, com a iminente desativação dos A-4 israelenses, o Brasil e a Argentina eram os últimos países a voar esse avião.[11]

Fatores políticos

NAeL Minas Gerais em 1996, nos seus últimos anos

A ambição da Marinha esbarrava na proibição legal de ter aeronaves de asa fixa. Sua disputa acirrada com a Aeronáutica pela aviação embarcada havia concluído em 1965: um decreto restringiu sua Aviação Naval aos helicópteros, desapontando o oficialato naval. Três décadas depois, eles retornaram à mesma pauta.[17][18]:41 O ministro Mauro César teve como obstáculos internos a FAB, Exército e a área econômica do governo de Fernando Henrique Cardoso, e externamente, a desconfiança argentina.[19]:cap. 1 A Armada Argentina, e não a FAB, tornou-se aliada. Os argentinos haviam desativado seu porta-aviões, em 1997, mas pretendiam manter sua aviação naval funcionando. Dois oficiais argentinos integraram a comitiva brasileira no Kuwait,[20]:97 e um A-4Q da Aviação Naval Argentina foi usado para testes a bordo do Minas Gerais.[19]:cap. 1

Os treinamentos na Argentina e Uruguai não haviam sido negociados como parte da política externa de seus respectivos países, mas por canais independentes de comunicação entre os militares.[20]:118 O ministro da Aeronáutica Lélio Viana Lobo declarou ter tomado conhecimento do treinamento por “vias tranversas”.[20]:98 Os recursos para a compra vieram pela própria Marinha através do Fundo Naval.[1]:215 A Comissão Naval de Londres começou a preparar o contrato após a Marinha receber a oferta dos A-4, em junho de 1997.[1]:210 O processo revelava uma autonomia de cada uma das Armas entre si e em relação ao governo,[21]:155 e essa falta de consenso impelia o governo a aumentar seu controle político sobre os militares, contribuindo à criação da Política de Defesa Nacional (PDN) em 1996.[20]:118 Em 1997, o jornalista Antônio Carlos Pereira, do Estado de S. Paulo, acusou a Marinha de ter apresentado a compra ao presidente como um fato consumado e de subverter a PND e a cooperação interarmas.[21]:155 Segundo o aviador naval Pedro Lynch, o almirante Mauro César tinha desde 1997 a autorização de Fernando Henrique Cardoso para realizar a compra.[1]:215

A Carta de Intenção para a compra foi assinada pelos respectivos governos em 19 de dezembro de 1997.[8]:21 A recepção não foi unânime nas Forças Armadas. O ministro da Aeronáutica disse ter ficado surpreso. Para o ministro do Exército Zenildo de Lucena, os Skyhawks eram “porcarias”.[20]:98 A polêmica veio à tona. A Aeronáutica insistia no seu monopólio da defesa do espaço aéreo, e na própria Marinha havia dissidência, pois os recursos eram escassos e o investimento ocorreria às custas do programa do submarino nuclear, prioridade até então. Os defensores da compra tinham argumentos doutrinários a seu favor, pois o Brasil era o único país no mundo com um arranjo misto (marinha e força aérea) em porta-aviões.[1]:21 A Folha de S. Paulo relatou em janeiro de 1998 que somente uma minoria mais velha dentro da FAB defendia uma Aeronáutica “indivisível”, e a transferência da aviação embarcada à Marinha traria uma economia para a FAB.[1]:219 Fernando Henrique Cardoso interveio a favor da Marinha e em 8 de abril de 1998 editou um decreto revogando a proibição às asas fixas na Aviação Naval.[1]:21 Ao aumentar salários militares e financiar a modernização tecnológica, incluindo os caças, o presidente procurava abrir o caminho para o aumento do controle.[22]:41 Para a Marinha em específico, buscou aplacar um pouco as demandas da Arma, que tinha a menor influência das três.[1]:221

Consolidação da unidade

Decolagem e pouso do AF-1 a bordo do São Paulo

O acordo da aquisição foi assinado em 30 de abril de 1998. Em setembro chegaram ao Brasil 20 aviões A-4KU monoplace (monoposto) e três TA-4KU biplace (biposto), designados pela Marinha como AF-1 e AF-1A.[7]:21 Ao desembarcar, ainda possuíam a camuflagem de deserto e a escrita Free Kuwait.[19]:cap. 1 Os AF-1 receberam matrículas de N-1001 a N-1020, e os AF-1A, de N-1021 a N-1023. O padrão de camuflagem adotado no Brasil, com três tons de cinza, é baseado no esquema do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos.[15] O 1.º Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque, designado VF-1, conforme a nomenclatura americana, recebeu o código de rádio de “Falcão”.[10] Ele foi ativado em 2 de outubro de 1998, quando ainda não tinha condições de voo. A capacidade de operação embarcada teve que ser construída quase do zero.[12]:cap. 4

O pacote, orçado em cerca de U$ 70 milhões de dólares,[15] incluía também 19 motores, muitas outras peças sobressalentes, 219 mísseis ar-ar AIM-9H Sidewinder e outros armamentos,[12]:cap. 4 além da revisão das aeronaves.[8]:21 Elas exigiram investimentos pesados e a expansão da infraestrutura de manutenção e preparação de pilotos.[3]:133 Em São Pedro da Aldeia a Marinha construiu mais um hangar e ampliou a pista de pouso da base da Aviação Naval.[8]:22 Inicialmente havia uma carência de pessoal. 16 pilotos já haviam sido formados na Argentina, Uruguai e Estados Unidos em 1994–1998, e a partir de 1999 a FAB ofereceu instrução de voo aos aviadores navais;[8]:23 após a compra dos caças, as relações entre os serviços melhoraram e a Aeronáutica cooperou com o esquadrão.[1]:223

A empresa americana Kay & Associates Inc. foi contratada para revisar o material (aeronaves, motores, sobressalentes e equipamento de apoio), treinar e capacitar os técnicos de manutenção e, mais tarde, preparar a transição dos pilotos para a operação embarcada, contratando dois oficiais aposentados da Marinha americana. Os primeiros voos foram em 2000, e o primeiro pouso enganchado de um AF-1 no Minas Gerais foi em 13 de janeiro de 2001. O primeiro lançamento via catapulta foi em 18 de janeiro, e naquele ano já começaram as operações regulares e de longa distância.[15][23][12]:cap. 4

O esquadrão trazia implícito um possível novo porta-aviões.[1]:21 A catapulta do Minas Gerais podia lançar um AF-1 em quaisquer condições de vento, mas o pouso exigia 30 nós de vento relativo, com o navio aproando ao vento. Como a velocidade nominal do porta-aviões era de 24 nós, na prática muito menor, ele dependeria muito do vento natural. Somente as bases em terra ofereceriam pouso seguro, obrigando o Minas Gerais a navegar perto do litoral. Além disso, suas dimensões pequenas e arriscadas para o pouso de jatos de alta performance, pois ele era um porta-aviões projetado para as aeronaves da Segunda Guerra Mundial. Consequentemente, a Marinha substituiu o Minas Gerais pelo porta-aviões francês Foch, também antigo, porém mais moderno e espaçoso, com velocidade nominal de 32 nós e duas catapultas. Denominado São Paulo, foi incorporado à Esquadra em 2001.[7]:121[19]:cap. 1 A obsolescência do porta-aviões e dos caças foi criticada na imprensa. A Marinha defendeu-se e encontrou apoio em parte da opinião pública, argumentando que o Foch havia sido reformado e os Skyhawks seriam um passo intermediário para a obtenção de aviões mais modernos.[1]:218 A conquista do esquadrão e do porta-aviões foi recebida com euforia na Marinha.[24]

Estrutura e pessoal

Efetivo e aeronaves do esquadrão

O esquadrão está sediado na Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia (BAeNSPA) e subordinado ao Comando da Força Aeronaval.[5]:161 Seu comando é exercido por um capitão de fragata.[25] A estrutura é típica de uma unidade de caça, com setores de Operações, Manutenção, Segurança de Voo e Administração. Suas instalações físicas são dois hangares e quatro Hangares de Linha de Voo. A manutenção de primeiro escalão ocorre dentro da unidade, e as de segundo e terceiro escalão, no Grupo Aeronaval de Manutenção. Empresas homologadas pela Diretoria de Aeronáutica da Marinha revisam itens específicos.[23] Quando os Skyhawks foram comprados, nem o Brasil e nem a Argentina tinham como reparar seus componentes aviônicos complexos. A manutenção a nível de depósito dependia de enviar os itens às fábricas nos Estados Unidos.[26]

O efetivo de pilotos era originalmente previsto em trinta,[8]:24 mas em 2005 só havia oito pilotos qualificados para as operações embarcadas.[12]:cap. 4 Em 2022, os pilotos eram seis.[27] A formação dos pilotos é um longo processo de quase quatro anos de seleção, estudos e treinamento.[28] Em comum com os demais aviadores navais, os “caçadores” do VF-1 são oficiais com um a três anos de experiência naval prévia.[29] Oriundos do Corpo da Armada ou do Corpo de Fuzileiros Navais, todos entram na Aviação Naval através do curso teórico do Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval (CIAAN), na BAeNSPA.[28][30]

Preparo do Skyhawk embarcado

Dez dos 25 aviadores de cada turma (dependendo da oferta de vagas) são selecionados para voar em asas fixas na Academia da Força Aérea (AFA), em Pirassununga, de acordo com exames médico e psicotécnico e o Teste de Aptidão para Pilotagem Militar (Tapmil). Na AFA eles fazem o Estágio primário de aviação, pilotando aviões Neiva T-25. Dois a quatro dos aviadores são selecionados pelo Conselho de Avaliação do Desempenho de Pilotos de Asa Fixa (Capedaf), formado por oficiais do CIAAN e da AFA, para prosseguirem ao Estágio básico de asa fixa, pilotando o T-27 Tucano, enquanto os demais são aproveitados pela Marinha como pilotos de helicóptero. Os que permaneceram na AFA são novamente selecionados para prosseguir a habilitação nos Estados Unidos. Ali eles estudam o inglês, com ênfase na técnica de voo, no Defense Language Institute [en]; a sobrevivência no mar na Estação Aeronaval de Pensacola; e o treinamento teórico e prático, pilotando o T-45 Goshawk [en], na Estação Aeronaval de Kingsville [en], incluindo o pouso em um porta-aviões da Marinha dos Estados Unidos.[28][23][5]:170

Ao retornar ao Brasil, os pilotos fazem a ground school, o treinamento em simulador de voo e a transição para a aeronave.[23][31] Os modelos biposto (AF-1A, depois AF-1C) foram comprados para o treinamento, mas não foram usados para o treinamento embarcado devido ao seu maior peso e menor capacidade para combustível, que limitam o número de pousos.[12]:cap. 4 Os pilotos passam pelos estágios básico (pré-solo, voo solo, regras de voo por instrumentos e formatura básica e tática) e operacional (interceptação, ataque a alvos terrestres e marítimos, combate aéreo, apoio aéreo aproximado e reabastecimento em voo). A FAB colabora com seus KC-130M no reabastecimento em voo, e os caçadores da Marinha realizam intercâmbio, voando nos seus Super Tucano.[23]

Funções previstas

Skyhawks no mar, acompanhando a fragata União, e em terra na Operação Formosa de 2022

A Marinha conceitua as aeronaves de interceptação e ataque como parte da ala aérea embarcada de um navio-aeródromo, que, por sua vez, seria o núcleo de uma força naval. Sua ala aérea também incluiria aeronaves de alarme aéreo antecipado (airborne early warning, ou AEW), reabastecimento em voo, esclarecimento marítimo e guerra antissubmarino. Essa força poderia navegar distante do litoral e fornecer a defesa aeroespacial da esquadra, reagindo com suas aeronaves no menor tempo possível, o que não seria viável com a aviação baseada em terra.[32]

As ameaças aéreas (aeronaves e mísseis) podem atingir a esquadra em poucos minutos, e portanto devem ser enfrentadas o mais longe possível dos navios. A defesa é “em camadas”, com mísseis superfície-ar e canhões dos navios e aeronaves de interceptação vetoradas por outras de AEW. Os interceptadores podem ficar em alerta no convoo ou em patrulha aérea de combate, que oferece melhor tempo de reação. Além da reação ao ataque, é preciso negar a informação ao adversário, impedindo seu esclarecimento aéreo, e atacar as ameaças aéreas nas sua origem. Na ausência desses meios, as marinhas com poucos recursos ficam restritas à proximidade do litoral.[7]:135-137 Dessa forma, o São Paulo e o VF-1 tornariam a MB uma marinha de águas azuis.[24]

Os interceptadores precisam de aeronaves de reabastecimento em voo, para estender sua autonomia de voo, que é fator crucial,[7]:136 e de aeronaves de AEW, que aumentam em até quatro vezes seu tempo de reação. Os radares dos navios podem realizar a busca aérea de volume e vetorar os interceptadores, mas seu horizonte para identificar mísseis e aeronaves voando baixo é menor.[33] A Marinha planejou o 1.º Esquadrão de Aviões de Transporte e Alarme Aéreo Antecipado (EsqdVEC-1) para completar a ala aérea embarcada,[7]:130 com a previsão de entrega de quatro C-1 Trader em 2021, mas o cronograma não foi cumprido.[34]

Skyhawks no convoo do São Paulo

A difícil manutenção e alta indisponibilidade do VF-1 e seu porta-aviões tornaram a defesa aérea concebida inoperante. O São Paulo foi oficialmente desmobilizado em 2017.[24][7]:137 Na ausência de porta-aviões, o esquadrão, restrito a decolar em terra, é mantido em operação para preservar a doutrina de operação de caças. Ele ainda pode prestar apoio aéreo aproximado ao Corpo de Fuzileiros Navais, e é valorizado pela Marinha por sua autonomia de voo e a capacidade dos sensores modernizados. Os AF-1B e AF-1C alcançam o limite da zona econômica exclusiva em 30 minutos, podem operar juntamente com o radar do NAM Atlântico, livrar os helicópteros da Aviação Naval do trabalho de reconhecimento e diminuir os pedidos de auxílio aos aviões de alarme aéreo da FAB. Com um foco crescente nas operações ar-ar, o esquadrão ambiciona integrar o sistema de alerta de defesa aéreo brasileiro, subordinado ao Comando de Operações Aéreas (COMAE) da Aeronáutica.[10][23] Ele tem os únicos caças brasileiros operados fora da FAB.[35]

Condição das aeronaves

Atrito inicial da frota

Armamento do AF-1

Em seus primeiros anos o esquadrão operou de forma consistente, concentrado na formação de uma massa crítica de pilotos.[24] O São Paulo operou sem interrupções de 2001 e 2005 e a partir de então sofreu diversos problemas, incluindo acidentes fatais, passando por prolongados períodos de manutenção.[36]:95 O VF-1 operou embarcado até maio de 2004.[23] Em toda sua história operacional no Brasil, o São Paulo fez menos de seiscentos lançamentos de Skyhawks.[37] Em seu auge em 2003, não mais que meia dúzia de caças estiveram embarcados ao mesmo tempo, embora o navio tivesse capacidade para dezoito.[19]:cap. 24

Os recursos aviônicos e sensores ficaram defasados em pouco tempo.[38]:64 Os armamentos, como as bombas burras Mk 82 e derivados, foguetes de 70 mm e mísseis Sidewinder,[24] eram rudimentares e os caças dependeriam da direção de radar externa para a interceptação.[11] A modernização dos AF-1 foi prevista no Plano de Reaparelhamento da Marinha elaborado em 2003, mas postergada por falta de recursos.[36]:95

Assim como o porta-aviões, os caças revelaram sua idade: as peças de reposição eram custosas e difíceis de obter e o suporte de manutenção de motores não existia no Brasil. A disponibilidade para voo foi baixa e a frota paulatinamente encolheu. Para manter alguns caças funcionando, outros tiveram peças canibalizadas.[24] Em 2008, com todos os meios da Marinha em situação crítica, apenas dois dos aviões tinham condições de voar.[39] Em dezembro desse ano, um contrato de U$ 5 milhões foi assinado com a Israel Aerospace Industries para a recuperação de dez motores. O Plano de Equipamento e Articulação da Marinha do Brasil (PAEMB) de 2009 previu a modernização de doze aeronaves de interceptação e ataque e a compra de mais 48. O primeiro item materializou-se em dois contratos assinados em abril do mesmo ano entre a Embraer e a Diretoria de Aeronáutica da Marinha, respectivamente de R$ 106 milhões e U$ 93 milhões.[36]:95-96 Dessa forma, a frota já havia sofrido o atrito de metade dos 23 caças originais.[24]

Programa de modernização

Skyhawks modernizados (AF-1B e AF-1C) em terra

A modernização dos aviões, também chamada de programa AF-1M,[40] estava ligada à modernização e reativação do São Paulo,[7]:130 numa lógica de recuperação de equipamentos defasados ou desativados devido às restrições orçamentárias.[38]:83 A ideia era manter os Skyhawks voando até 2025, quando a Marinha receberia um novo porta-aviões e um novo modelo de caça, provavelmente uma versão naval do Gripen NG sueco, também escolhido pela FAB como parte de seu Projeto FX-2;[19]:cap. 14 a alta comunalidade seria sua principal vantagem.[41] Em 2014 três caças operavam no esquadrão, sete estavam em modernização nas instalações da Embraer em Gavião Peixoto, quatro aguardavam o envio, oito estavam por definir, um estava embarcado no São Paulo como mock-up e um servia de monumento em São Pedro da Aldeia.[42] Alguns dos pilotos estavam em intercâmbio em outros esquadrões de aviação.[11]

O programa, conduzido pela Embraer e a Marinha com o apoio da indústria bélica de Israel, era focado na substituição dos sensores analógicos por digitais.[43] As versões modernizadas, denominadas AF-1B (monoposto) e AF-1C (biposto), receberam novidades significativas: glass cockpit da AEL Sistemas, controles Hands on throttle-and-stick [en] (HOTAS), radar EL/M-2032 da Elta Systems [en], receptor do alerta de radar da Elbit Systems, computador principal para cálculos de navegação e balística, rádios Rohde & Schwarz M3AR, comuns à FAB, entre outras.[37][42][40] O vetor aéreo passou a ter o estado da arte em aviônica e sistemas embarcados,[44] proporcionando aos pilotos a percepção situacional e familiaridade com os sistemas dos aviões de combate modernos.[45]

Essa foi a última modernização na história do Skyhawk, e o resultado, referido como a variante mais avançada desse avião já desenvolvida.[46] Ainda assim, diferentes autoridades navais contestaram os benefícios obtidos devido às limitações da versão modernizada no ataque a alvos em superfície.[43] O programa habilitou os aviões a carregarem novos armamentos ar-ar e ar-terra,[37] mas por si só não incluiu novos armamentos. Os mísseis disponíveis continuaram sendo os Sidewinder comprados do Kuwait.[42]

Os novos sistemas apenas deram maior eficácia aos armamentos antigos. Os Skyhawks não receberam mísseis antinavio, bombas guiadas ou mísseis de 5.ª geração.[24] O novo radar permite a interceptação com mísseis ar-ar além do alcance visual (BVR, beyond visual range). A Marinha estudou diversos novos mísseis, como o Derby BVR; o Sidewinder AIM-9X Block I, MAA-1B Piranha, A-Darter ou Python, para ar-ar a alcance menor; e o AGM-84 Harpoon, AM 39 (versão do Exocet), ou uma versão ar-superfície do MAN-1, de produção nacional, contra navios. A compra de sistemas de guiagem modernos permitiria usar bombas inteligentes. Um Skyhawk com mísseis Python e Derby teria poder considerável em combate. Os AF-1B poderiam ser tão capazes quanto os F-5EM/FM modernizados da FAB.[42][11]

Em 2020, essas considerações permaneciam apenas em estudo; conforme a revista Asas, o armamento existente “não está alinhado às tecnologias e demandas da guerra aérea moderna ou mesmo às capacidades instaladas no avião com o processo de modernização”, apesar do radar, com alcance de 160 km para alvos navais, ser útil no esclarecimento marítimo.[10] A avaliação na revista Tecnologia & Defesa em 2017 era que o programa foi custoso e demorado e o resultado tem “pouca efetividade militar como sistema de armas”.[24]

Horizonte de serviço

Gripen NG da FAB, sucessor hipotético do Skyhawk no VF-1

Os dois primeiros AF-1B modernizados, o N-1001 e N-1011, foram entregues em 2015 e 2016. Eles colidiram durante um treinamento em 26 de julho de 2016, a 44 quilômetros do litoral de Saquarema, Rio de Janeiro. O N-1011 foi perdido e seu piloto morreu, enquanto o N-1001 retornou à base,[47][23] onde foi reparado pela Embraer.[43] Assim, em 2017 o VF-1 operava com dois AF-1 e um AF-1A, às vezes com um AF-1 adicional, nenhum deles modernizado.[24]

A desmobilização do São Paulo em 2017, após mais de uma década inoperante, colocou no limbo o futuro do VF-1.[37] O que justifica a existência dessas aeronaves é o porta-aviões,[7]:133 mas ele estava inoperante por mais de uma década, e agora não havia qualquer possibilidade de treinar as operações embarcadas no Brasil. As únicas opções seriam intercâmbios de pilotos nas marinhas dos Estados Unidos e França, únicos outros países com porta-aviões de sistema CATOBAR. Sem o treinamento, a proficiência dos pilotos nas operações embarcadas seria perdida e o esquadrão gradualmente se tornaria como qualquer unidade de caça baseada em terra, criando um argumento para sua desativação. Havia planos para a versão naval do Gripen e a compra de um novo porta-aviões, mas a crise econômica nacional e as prioridades maiores da Marinha (submarinos e fragatas) tornavam improvável sua realização.[37][48]

Os Skyhawks restantes não podem decolar do NAM Atlântico, comprado pela Marinha no lugar do São Paulo. A única opção para esse navio seria receber mudanças significativas para poder operar os jatos AV-8B Harrier de decolagem curta/vertical.[37] Em 2020 a Marinha ainda estudava o Gripen naval, que ficaria disponível ao final da década, ou o F/A-18 Hornet, obtido dos estoques aposentados dos Estados Unidos ou do Kuwait, na segunda metade da década. O avanço tecnológico seria grande, mas na ausência de um porta-aviões, há o risco de oposição da FAB, que se entende responsável por todos os jatos decolando de pistas em terra.[43]

Em fevereiro de 2018, diante das restrições orçamentárias e da desativação do porta-aviões, o programa de modernização foi reduzido a apenas seis aviões (três AF-1B e três AF-1C).[44] Contando o AF-1B perdido no acidente em 2016, foram sete caças modernizados no total.[40] O N-1013 saiu da pista da BAeNSPA em 21 de outubro de 2019 e foi danificado após um princípio de incêndio, mas foi recuperado com apoio da Embraer.[23][49] O último dos seis aviões modernizados foi recebido em março de 2022.[40] Seus números são o N-1001, N-1004, N-1008 e N-1013, para o AF-1B, e N-1022 e N-1023, para o AF-1C.[23] Havia seis pilotos nesse ano.[27] A expectativa é operar os Skyhawks até 2030.[10]

Participação em exercícios

Treinamento conjunto de um AF-1C da Marinha com um F-5M da FAB

Sem adestramento contínuo, as habilidades de um aviador naval são rapidamente perdidas.[8]:23 Assim, o esquadrão participa de diversos exercícios e operações da Marinha e da FAB, como o trânstio sob ameaça aérea, para verificar o funcionamento da defesa antiaérea dos navios,[50] o Aspirantex, demonstração prática dos meios navais e aeronavais aos aspirantes da Escola Naval,[51] as campanhas de lançamento real de bombas, realizadas duas vezes ao ano, e o apoio aéreo aproximado ao Corpo de Fuzileiros Navais em Formosa, Goiás.[10]

Uma campanha fora da sede de duração e mobilização logística típicas ocorreu com um AF-1B e AF-1C de 5 de novembro a 20 de dezembro de 2019. A quantidade de localidades visitadas no curto espaço de tempo foi inédita. Além da BAeNSPA, os caças operaram das bases da FAB em Natal, Rio Grande do Norte, e Belém, Pará. Coordenando com os meios navais, alcançaram ilhas logínquas como o Atol das Rocas, Fernando de Noronha e o arquipélago de São Pedro e São Paulo.[23] Os treinamentos com a FAB, especialmente no combate ar-ar, são comuns. O VF-1 frequentemente opera em Natal e já esteve em Santa Maria e Canoas, no Rio Grande do Sul, Santa Cruz, Rio Grande do Norte, Anápolis, Goiás e Campo Grande, Mato Grosso do Sul.[10] Um AF-1B e um AF-1C participaram do Exercício Multinacional Cruzex 2018, no qual a FAB hospedou aeronaves de treze países.[52]

Notas

  1. Os P-16 Tracker foram desativados em 1996. A FAB comprou em seu lugar o P-3 Orion, uma aeronave para bases em terra. Vide Freitas, Wilmar Terroso (2018). «Aviação de Patrulha: história e tradição de segurança e defesa nas águas jurisdicionais brasileiras». Revista do IGHMB. 77 (105) . p. 76.

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