Eleições estaduais em Mato Grosso do Sul em 1990

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1986 Brasil 1994
Eleições estaduais em  Mato Grosso do Sul em 1990
3 de outubro de 1990
(Decisão em primeiro turno)
Candidato Pedro Pedrossian Gandi Jamil
Partido PTB PDT
Natural de Miranda, MS Ponta Porã, MS
Vice Ary Rigo Celina Jallad
Votos 417.589 217.289
Porcentagem 59,39% 30,90%
Candidato mais votado por município no 1º turno (79):

     Pedro Pedrossian (70)

     Gandil Jamil (7)

     Sem Informações (2)


As eleições estaduais em Mato Grosso do Sul em 1990 ocorreram em 3 de outubro como parte das eleições em 26 estados e no Distrito Federal. Foram eleitos o governador Pedro Pedrossian, o vice-governador Ary Rigo, o senador Levy Dias oito deputados federais e vinte e quatro estaduais.[1] Como o candidato a governador mais votado recebeu mais de metade mais um dos votos válidos, o pleito foi decidido em primeiro turno e conforme a Constituição, o governador foi eleito para um mandato de quatro anos com início em 15 de março de 1991.[2][nota 1]

Natural de Miranda, na época uma cidade pertencente a Mato Grosso, o engenheiro civil Pedro Pedrossian formou-se na Universidade Presbiteriana Mackenzie em São Paulo e ao voltar para seu estado foi trabalhar em Três Lagoas como engenheiro residente na Estrada de Ferro Noroeste do Brasil e depois chefiou uma divisão da mesma na cidade de Campo Grande. Assessor do presidente da Rede Ferroviária Federal no Rio de Janeiro, foi nomeado diretor da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil em 1961 no gabinete parlamentarista de Tancredo Neves durante o governo do presidente João Goulart, mantendo-se no cargo por três anos.[3] Correligionário de Filinto Müller, foi eleito governador de Mato Grosso via PSD em 1965, poucos dias antes do Regime Militar de 1964 outorgar o bipartidarismo através do Ato Institucional Número Dois,[4] motivo pelo qual ingressou na ARENA cumprindo um mandato de cinco anos à frente do Palácio Alencastro.[1][5][nota 2]

O retorno de Pedro Pedrossian à política ocorreu quando o Governo Ernesto Geisel criou Mato Grosso do Sul e ele foi eleito senador pelo estado em 1978.[6][nota 3] Com a restauração do pluripartidarismo ingressou no PDS em 1980 e nesse mesmo ano renunciou ao mandato parlamentar quando o presidente João Figueiredo o nomeou governador de Mato Grosso do Sul.[nota 4] A partir da Nova República filiou-se ao PTB e foi derrotado por Saldanha Derzi na eleição para senador em 1986 graças às sublegendas do PMDB.[7] Rearticulou-se politicamente e retornou ao governo sul-mato-grossense por eleição direta em 1990.[8]

Natural de Passo Fundo, o engenheiro agrônomo Ary Rigo foi eleito deputado estadual pela ARENA em 1978, reeleito pelo PDS em 1982 e pelo PFL em 1986, participando da Assembleia Estadual Constituinte de 1989. Após nova troca de partido, foi eleito vice-governador de Mato Grosso do Sul via PST na chapa de Pedro Pedrossian em 1990.[1]

Resultado da eleição para governador[editar | editar código-fonte]

Segundo o Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul foram apurados 703.182 votos nominais (81,81%), 84.346 votos em branco (9,81%) e 71.977 votos nulos (8,38%), resultando no comparecimento de 859.505 eleitores.

Candidatos a governador do estado Candidatos a vice-governador Número Coligação Votação Percentual
Pedro Pedrossian
PTB
Ary Rigo
PST
14
Frente das Oposições
(PTB, PST, PDS, PRN, PDC, PL, PSD)
417.589
59,39%
Gandi Jamil
PDT
Celina Jallad
PMDB
12
Movimento Popular de Renovação
(PDT, PMDB, PFL, PSDB, PTR, PMN)
217.289
30,90%
Manoel Camargo Ferreira Bronze
PT
Irene Margarida Lajos Kemp
PT
13
Frente Mato Grosso do Sul Popular
(PT, PSB, PCB, PCdoB)
68.304
9,71%
Fontes:[1][2]
  Eleito

Biografia do senador eleito[editar | editar código-fonte]

Levy Dias[editar | editar código-fonte]

Para senador venceu Levy Dias, advogado natural de Aquidauana e graduado em 1970 pela Universidade Federal de Uberlândia. Também empresário, trabalhou na Companhia de Desenvolvimento de Mato Grosso no governo Pedro Pedrossian.[9] Filiado à ARENA foi eleito deputado estadual em 1970 e prefeito de Campo Grande em 1972.[nota 5] Eleito deputado federal por Mato Grosso do Sul em 1978,[10] passou pelo MDB e PMDB, mas com Pedro Pedrossian à frente do governo estadual, foi nomeado prefeito de Campo Grande e depois reeleito deputado federal pelo PDS em 1982. Ausente da votação da Emenda Dante de Oliveira em 1984, votou em Tancredo Neves no Colégio Eleitoral em 1985,[11][12] mesmo ano em que ingressou no PFL e foi derrotado por Juvêncio da Fonseca ao disputar a prefeitura de Campo Grande, todavia foi reeleito deputado federal em 1986 ajudando a elaborar a Constituição de 1988 e foi eleito senador via PST em 1990. Na véspera da posse mudou para o PTB, votando a favor do impeachment de Fernando Collor em 1992.[13][2]

Resultado da eleição para senador[editar | editar código-fonte]

Segundo o Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul foram apurados 630.552 votos nominais (73,36%), 158.393 votos em branco (18,43%) e 70.560 votos nulos (8,21%), resultando no comparecimento de 859.505 eleitores.

Candidatos a senador da República Candidatos a suplente de senador Número Coligação Votação Percentual
Levy Dias
PST
Ayres Marques
PDS
Albino Mendes
-
521
Frente das Oposições
(PTB, PST, PDS, PRN, PDC, PL, PSD)
301.752
47,85%
Juvêncio da Fonseca
PMDB
Jose Augusto Lopes Sobrinho
-
Anete Silva Melo
-
151
Movimento Popular de Renovação
(PDT, PMDB, PFL, PSDB, PTR, PMN)
279.121
44,27%
Pedro Teruel
PT
Ricardo Brandão
PT
Lauro Bulaty
PCdoB
131
Frente Mato Grosso do Sul Popular
(PT, PSB, PCB, PCdoB)
49.679
7,88%
Fontes:[1][2]
  Eleito

Deputados federais eleitos[editar | editar código-fonte]

São relacionados os candidatos eleitos com informações complementares da Câmara dos Deputados.

Representação eleita

  PTB: 3
  PST: 2
  PRN: 1
  PFL: 1
  PMDB: 1
Número Deputados federais eleitos Partido Votação Percentual Cidade onde nasceu Unidade federativa
5222 Flávio Derzi PST 61.203 Campo Grande  Mato Grosso do Sul
1415 Marilu Guimarães PTB 52.463 Campo Grande  Mato Grosso do Sul
5211 Waldir Guerra PST 38.673 Soledade  Rio Grande do Sul
3636 Elísio Curvo PRN 28.887 Corumbá  Mato Grosso do Sul
1460 José Elias Moreira PTB 25.315 Poços de Caldas  Minas Gerais
2511 George Takimoto PFL 24.432 Lavínia  São Paulo
1414 Nelson Trad PTB 24.053 Aquidauana  Mato Grosso do Sul
1506 Valter Pereira[nota 6] PMDB 22.340 Campo Grande  Mato Grosso do Sul
Fontes:[1][2][14][15]

Deputados estaduais eleitos[editar | editar código-fonte]

São relacionados apenas os candidatos eleitos com informações complementares da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul.

Representação eleita

  PTB: 7
  PST: 5
  PDT: 4
  PMDB: 3
  PSDB: 2
  PRN: 1
  PFL: 1
  PT: 1
Número Deputados estaduais eleitos Partido Votação Percentual Cidade onde nasceu Unidade federativa
52113 Londres Machado PST 26.355 Rio Brilhante  Mato Grosso do Sul
12211 Oscar Goldoni PDT 17.520 Anta Gorda  Rio Grande do Sul
52152 Alberto Rondon PST 14.816 Campo Grande  Mato Grosso do Sul
52111 Maurício Picarelli PST 13.992 Bauru  São Paulo
45125 André Puccinelli PSDB 13.764 Viareggio  Itália
15116 Valdenir Machado PMDB 12.681 Ribeirão dos Índios  São Paulo
14141 Fernando Saldanha PTB 12.413 Ponta Porã  Mato Grosso do Sul
15106 Waldemir Moka PMDB 11.403 Bela Vista  Mato Grosso do Sul
12121 Roberto Razuk PDT 11.130 Campo Grande  Mato Grosso do Sul
52120 Santos Tomazelli PST 9.194 Itaquiraí  Mato Grosso do Sul
36160 Humberto Teixeira PRN 9.145 Guanambi Bahia Bahia
14111 Valdomiro Gonçalves PTB 8.926 Paranaíba  Mato Grosso do Sul
45112 Eder Brambilla PSDB 8.379 Araraquara  São Paulo
12250 José Carlos Monteiro PDT 8.079 Ponta Porã  Mato Grosso do Sul
15151 Franklin Masruha PMDB 7.904 Coxim  Mato Grosso do Sul
25185 Cícero de Souza PFL 7.696 Campo Grande  Mato Grosso do Sul
14140 Claudinei da Silva PTB 7.430 Marialva  Paraná
14170 Waldir Neves PTB 7.215 Miranda  Mato Grosso do Sul
14150 Wilson Roberto Mariano PTB 7.074 Paranaíba  Mato Grosso do Sul
52121 José Pedro Batiston PST 6.985 Lins  São Paulo
12101 Loester Nunes PDT 6.797 Nioaque  Mato Grosso do Sul
14115 Armando Anache PTB 6.771 Corumbá  Mato Grosso do Sul
14114 Aluízio Borges PTB 6.597 Campo Grande  Mato Grosso do Sul
13111 Zeca do PT PT 4.217 Porto Murtinho  Mato Grosso do Sul
Fontes:[1][2][15][16]

Notas

  1. A data da posse dos governadores eleitos em 1990 foi determinada pelo Art. 4º, § 3º do Ato das Disposições Constituições Transitórias, exceto no Amapá, Distrito Federal e Roraima, que empossaram seus mandatários em 1º de janeiro de 1991 conforme o Art. 28 da Carta Magna.
  2. Referência ao Palácio Alencastro, sede do governo de Mato Grosso a partir de 1819 e que recebeu este nome no fim do Século XIX quando José Maria Alencastro tornou-se o terceiro membro de sua família a governar o estado. Deixou de sediar o Executivo Estadual em 1975 e hoje abriga a prefeitura de Cuiabá.
  3. Mato Grosso do Sul foi criado por Lei Complementar em 11 de outubro de 1977 e instalado em 1º de janeiro de 1979. Em seus primeiros anos de existência seus governadores eram nomeados pelo presidente da República, realidade alterada após as eleições de 1982.
  4. Pedro Pedrossian renunciou ao mandato de senador em prol de José Fragelli e assumiu o governo sul-mato-grossense em 7 de novembro de 1980, nele permanecendo até 15 de março de 1983.
  5. Antes da criação de Mato Grosso do Sul o prefeito de Campo Grande era escolhido pelo voto direto, situação que foi alterada quando a referida cidade passou à condição de capital de estado em 1979 sendo administrada por prefeitos biônicos durante os sete anos seguintes.
  6. Renunciou ao mandato nos últimos dias de exercício do mesmo em favor de Saulo Queiroz.

Referências

  1. a b c d e f g BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. «Eleições de 1990». Consultado em 5 de abril de 2024 
  2. a b c d e f «Banco de dados do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul». Consultado em 14 de fevereiro de 2020 
  3. «Biografia de Pedro Pedrossian no CPDOC/FGV». Consultado em 14 de fevereiro de 2020 
  4. «BRASIL. Presidência da República: Ato Institucional Número Dois». Consultado em 14 de fevereiro de 2020 
  5. Kelly Martins (1 de janeiro de 2013). «Conheça a história do "Palácio" que abriga a Prefeitura de Cuiabá». globo.com. G1 Mato Grosso. Consultado em 14 de fevereiro de 2020 
  6. «BRASIL. Presidência da República: Lei Complementar n.º 31 de 11/10/1977». Consultado em 14 de fevereiro de 2020 
  7. Sublegenda ajuda PMDB no Senado (online). Jornal do Brasil, Rio de Janeiro (RJ), 23/11/1986. Primeiro Caderno, Política, p. 19. Página visitada em 14 de fevereiro de 2020.
  8. «Morre Pedro Pedrossian, ex-governador de Mato Grosso do Sul (g1.globo.com)». Consultado em 14 de fevereiro de 2020 
  9. «Biografia de Levy Dias no CPDOC/FGV». Consultado em 14 de fevereiro de 2020 
  10. «Câmara dos Deputados do Brasil: deputado Levy Dias». Consultado em 14 de fevereiro de 2020 
  11. A nação frustrada! Apesar da maioria de 298 votos, faltaram 22 para aprovar diretas (online). Folha de S.Paulo, São Paulo (SP), 26/04/1984. Capa. Página visitada em 14 de janeiro de 2020.
  12. Sai de São Paulo o voto para a vitória da Aliança (online). Folha de S.Paulo, São Paulo (SP), 16/01/1985. Primeiro caderno, p. 06. Página visitada em 14 de janeiro de 2020.
  13. BRASIL. Senado Federal. «Biografia do senador Levy Dias». Consultado em 14 de fevereiro de 2020 
  14. BRASIL. Câmara dos Deputados. «Página oficial». Consultado em 5 de abril de 2024 
  15. a b BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 9.504 de 30/09/1997». Consultado em 5 de abril de 2024 
  16. «História da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul». Consultado em 2 de julho de 2014