Escherichia coli: diferenças entre revisões

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== Características ==
== Características ==

A ''E. coli'' assume a forma de um [[bacilo]] e pertence à família das [[Enterobacteriaceae]]. São aeróbias e anaeróbias facultativas. O seu habitat natural é o lúmen [[intestino|intestinal]] dos seres humanos e de outros animais de [[sangue]] quente. Possui múltiplos [[flagelo]]s dispostos em volta da [[célula]].<ref>{{Cite book | author = Murray, Patrick R | title = Microbiologia Médica | edition = 4ª | publisher = Elsevier | year = 2004}}</ref> Algumas espécies sao tao similares ao [[Shigella]] e tao diferentes entre si que alguns biólogos recomendam que ambos sejam re-classificados. <ref> Lan R, Reeves PR (September 2002). "Escherichia coli in disguise: molecular origins of Shigella". Microbes Infect. 4 (11): 1125–32. doi:10.1016/S1286-4579(02)01637-4. PMID 12361912.</ref>
A ''E. coli'' assume a forma de um [[bacilo]] e pertence à família das [[Enterobacteriaceae]]. São aeróbias e anaeróbias facultativas. O seu habitat natural é o lúmen [[intestino|intestinal]] dos seres humanos e de outros animais de [[sangue]] quente. Possui múltiplos [[flagelo]]s dispostos em volta da [[célula]].<ref>{{Cite book | author = Murray, Patrick R | title = Microbiologia Médica | edition = 4ª | publisher = Elsevier | year = 2004}}</ref> Algumas espécies sao tao similares ao [[Shigella]] e tao diferentes entre si que alguns biólogos recomendam que ambos sejam re-classificados. <ref> Lan R, Reeves PR (September 2002). "Escherichia coli in disguise: molecular origins of Shigella". Microbes Infect. 4 (11): 1125–32. doi:10.1016/S1286-4579(02)01637-4. PMID 12361912.</ref>


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Na ''E. coli'', o [[genoma]] tem quase 5 milhões de pares de [[base nitrogenada|bases]] e vários milhares de [[gene]]s codificando mais de 4000 [[proteína]]s (o genoma humano tem 3 bilhões de pares de bases e cerca de 27 mil proteínas).
Na ''E. coli'', o [[genoma]] tem quase 5 milhões de pares de [[base nitrogenada|bases]] e vários milhares de [[gene]]s codificando mais de 4000 [[proteína]]s (o genoma humano tem 3 bilhões de pares de bases e cerca de 27 mil proteínas).


==Epidemiologia==
== Epidemiologia ==

[[Ficheiro:EscherichiaColi NIAID.jpg|direita|thumb|''Escherichia coli'' ao microscópio electrónico]]
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== Classificações ==
== Classificações ==

Uma de suas formas de classificar é pelos sintomas que causam quando são patogênicas:
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#EPEC ("Enteropathogenic ''E.coli''" ; ''E.coli'' Enteropatogênica): causam diarreias não sanguinolentas epidêmicas em crianças, especialmente em países pobres. Têm um fator de adesão aos [[enterócito]]s e produzem enterotoxinas, resultando em destruição dos [[vilo]]s do [[intestino delgado]], com má absorção dos nutrientes e consequente diarreia [[osmose|osmótica]]. Há também febre, náuseas e vômitos. A EPEC foi a primeira categoria de E. Coli diarreiogênica identificada. Os primeiros estudos epidemiológicos relacionando EPEC com diarreia humana foram publicados na [[Alemanha]] nas décadas de [[1920]] e [[1930]].
#EPEC ("Enteropathogenic ''E.coli''" ; ''E.coli'' Enteropatogênica): causam diarreias não sanguinolentas epidêmicas em crianças, especialmente em países pobres. Têm um fator de adesão aos [[enterócito]]s e produzem enterotoxinas, resultando em destruição dos [[vilo]]s do [[intestino delgado]], com má absorção dos nutrientes e consequente diarreia [[osmose|osmótica]]. Há também febre, náuseas e vômitos. A EPEC foi a primeira categoria de E. Coli diarreiogênica identificada. Os primeiros estudos epidemiológicos relacionando EPEC com diarreia humana foram publicados na [[Alemanha]] nas décadas de [[1920]] e [[1930]].
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== Causas ==
== Causas ==

[[Ficheiro:Raw meat on the grill (Poland, Poznan).jpg|miniaturadaimagem|Carne mal cozida é uma das principais fontes de infecção por E coli no mundo. <ref>http://www.webmd.com/a-to-z-guides/e-coli-infection-topic-overview</ref><ref>http://whqlibdoc.who.int/publications/2011/9789241548243_eng.pdf</ref>]]
[[Ficheiro:Raw meat on the grill (Poland, Poznan).jpg|miniaturadaimagem|Carne mal cozida é uma das principais fontes de infecção por E coli no mundo. <ref>http://www.webmd.com/a-to-z-guides/e-coli-infection-topic-overview</ref><ref>http://whqlibdoc.who.int/publications/2011/9789241548243_eng.pdf</ref>]]


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== Comorbidades ==
== Comorbidades ==

{{AP|Comorbidade}}
{{AP|Comorbidade}}

A ''E.coli'' está entre as principais causas de:
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*[[Toxinfecção alimentar]]: é uma causa importante de [[Gastroenterite]]s.
*[[Toxinfecção alimentar]]: é uma causa importante de [[Gastroenterite]]s.
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*[[Septicémia]]: causam 15% dos casos da multiplicação sanguínea frequentemente fatal; contra 20% por ''[[Staphylococcus aureus]]''. É uma complicação de estágios avançados não tratados de doença nas vias urinárias ou gastrointestinais. A mortalidade é relativamente alta.
*[[Septicémia]]: causam 15% dos casos da multiplicação sanguínea frequentemente fatal; contra 20% por ''[[Staphylococcus aureus]]''. É uma complicação de estágios avançados não tratados de doença nas vias urinárias ou gastrointestinais. A mortalidade é relativamente alta.


==Diagnóstico==
== Diagnóstico ==

[[Ficheiro:Escherichia coli Gram.jpg|direita|thumb|Aspecto típico de ''E.coli'' após técnica de Gram]]
[[Ficheiro:Escherichia coli Gram.jpg|direita|thumb|Aspecto típico de ''E.coli'' após técnica de Gram]]

O diagnóstico é feito pela cultura de amostras dos líquidos infectados e observação microscópica com análises bioquímicas. São usadas técnicas genéticas para identificar [[gene]]s presentes no [[genoma]] da ''E.coli''. Pode causar dor no final ao urinar, ardência. Causa [[hematuria]] (que é sangue), odor fétido.
O diagnóstico é feito pela cultura de amostras dos líquidos infectados e observação microscópica com análises bioquímicas. São usadas técnicas genéticas para identificar [[gene]]s presentes no [[genoma]] da ''E.coli''. Pode causar dor no final ao urinar, ardência. Causa [[hematuria]] (que é sangue), odor fétido.


== Tratamento ==
== Tratamento ==

{{Aviso médico}}
{{Aviso médico}}

A ''E.coli'' pode ser resistente a um número crescente de [[antibiótico]]s, mas uma estirpe raramente é a mais de dois ou três fármacos. A Escherichia coli é mais vulnerável à [[amicacina]] (98,6 por cento), [[gentamicina]] (96,2 por cento), [[nitrofurantoína]] (96,3 por cento), e às [[quinolona]]s (90,9 por cento) e norfloxacina (89,8 por cento), sendo mais resistente à sulfametoxazol-trimetoprima (50,6 por cento). A escolha do antibiótico é feita por testes ''in vitro'' de susceptibilidade. É recomendado também repouso e beber muita água potável para repor os líquidos perdidos por diarreia, suor e vômito.<ref>http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&base=LILACS&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=471344&indexSearch=ID</ref>
A ''E.coli'' pode ser resistente a um número crescente de [[antibiótico]]s, mas uma estirpe raramente é a mais de dois ou três fármacos. A Escherichia coli é mais vulnerável à [[amicacina]] (98,6 por cento), [[gentamicina]] (96,2 por cento), [[nitrofurantoína]] (96,3 por cento), e às [[quinolona]]s (90,9 por cento) e norfloxacina (89,8 por cento), sendo mais resistente à sulfametoxazol-trimetoprima (50,6 por cento). A escolha do antibiótico é feita por testes ''in vitro'' de susceptibilidade. É recomendado também repouso e beber muita água potável para repor os líquidos perdidos por diarreia, suor e vômito.<ref>http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&base=LILACS&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=471344&indexSearch=ID</ref>


Uma complicação grave possível é a [[síndrome hemolítico-urêmica]] (SHU) causada por substâncias tóxicas produzidas por algumas espécies de bactérias que destroem as [[células vermelhas]] do sangue, causando danos nos [[rins]]. Pode exigir cuidados intensivos, [[diálise renal]] e transfusões de sangue. Esse tipo de complicação é raro nos países desenvolvidos (apenas 1 caso em cada 100.000 habitantes por ano), mas são mais de 20 vezes mais comuns em países latinos e africanos.
Uma complicação grave possível é a [[síndrome hemolítico-urêmica]] (SHU) causada por substâncias tóxicas produzidas por algumas espécies de bactérias que destroem as [[células vermelhas]] do sangue, causando danos nos [[rins]]. Pode exigir cuidados intensivos, [[diálise renal]] e transfusões de sangue. Esse tipo de complicação é raro nos países desenvolvidos (apenas 1 caso em cada 100.000 habitantes por ano), mas são mais de 20 vezes mais comuns em países latinos e africanos.


==História==
== História ==

O seu nome vem do descobridor, [[Theodor Escherich]] ([[1857]]-[[1911]]), um médico alemão-austríaco nascido na [[Baviera]]. A descoberta ocorreu em [[1885]] e o seu nome foi dado à bactéria em [[1919]].
O seu nome vem do descobridor, [[Theodor Escherich]] ([[1857]]-[[1911]]), um médico alemão-austríaco nascido na [[Baviera]]. A descoberta ocorreu em [[1885]] e o seu nome foi dado à bactéria em [[1919]].


==Utilização científica e industrial==
== Utilização científica e industrial ==

A ''E.coli'' foi e é muito estudada enquanto modelo geral para os mecanismos biológicos das bactérias, na disciplina de [[biologia molecular]], tendo também um papel muito importante em [[bioengenharia]] e [[microbiologia industrial]].
A ''E.coli'' foi e é muito estudada enquanto modelo geral para os mecanismos biológicos das bactérias, na disciplina de [[biologia molecular]], tendo também um papel muito importante em [[bioengenharia]] e [[microbiologia industrial]].


A ''E. coli'' é usada pela [[engenharia genética]] para produzir [[ADN recombinante|proteínas recombinantes]]. Em [[1977]] foi usada pela primeira vez para produzir [[insulina]] "humana" em laboratório.
A ''E. coli'' é usada pela [[engenharia genética]] para produzir [[ADN recombinante|proteínas recombinantes]]. Em [[1977]] foi usada pela primeira vez para produzir [[insulina]] "humana" em laboratório.


Na [[Coreia do Sul]], um experimento na [[universidade]] [[KAIST]] (''Korea Advanced Institute of Science and Technology''),<ref>[http://www.kaist.edu/html/en/index.html KAIST] - Site oficial, {{en}} Acessado em 14/06/2016.</ref> produziu pequenas quantidades de [[biocombustível]] num processo que empregou [[micro-organismo]]s.<ref name="KAIST announced a novel technology to produce gasoline by a metabolically engineered microorganism">[http://www.eurekalert.org/pub_releases/2013-09/tkai-kaa092613.php Eurekalert] - ''KAIST announced a novel technology to produce gasoline by a metabolically engineered microorganism.'' 29 de Setembro de 2013. {{en}} Acessado em 14/06/2016.</ref> <ref name="Biogasolina é produzida por bactérias pela primeira vez">[http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=biogasolina#.V1BV9-Zv-1s Inovação Tecnológica] - Biogasolina é produzida por bactérias pela primeira vez. Redação do Site Inovação Tecnológica, 7 de Outubro de 2013. Acessado em 14/06/2016.</ref> Anteriormente, [[Organismos geneticamente modificados|micro-organismos geneticamente modificados]] geraram [[biodiesel]], mas os pesquisadores [[coreanos]] conseguiram produzir [[biogasolina]] usando [[bactéria]]s do tipo ''E.coli.''<ref name="KAIST announced a novel technology to produce gasoline by a metabolically engineered microorganism"/> <ref name="Biogasolina é produzida por bactérias pela primeira vez"/>
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== Ver também ==
== Ver também ==

*[[Surto de síndroma hemolítico-urémico de 2011]]
* [[Surto de síndroma hemolítico-urémico de 2011]]

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Revisão das 14h57min de 14 de junho de 2016

Como ler uma infocaixa de taxonomiaEscherichia coli
Escherichia coli no microscópio, ampliada 10.000 vezes.
Escherichia coli no microscópio, ampliada 10.000 vezes.
Classificação científica
Reino: Bacteria
Filo: Proteobacteria
Classe: Gammaproteobacteria
Ordem: Enterobacteriales
Família: Enterobacteriaceae
Género: Escherichia
Espécie: E. coli
Nome binomial
Escherichia coli
( T. Escherich, 1885)
Wikispecies
Wikispecies
O Wikispecies tem informações sobre: Escherichia coli

Escherichia coli (pronúncia /eʃʃeˈrikja ˈkɔli/), mais conhecida pela abreviatura E. coli, se refere a gêneros diversos de bactéria bacilar Gram-negativa, anaeróbica facultativa e que não produzem esporos. Podem ser benéficas ou prejudiciais à saúde dependendo da espécie e quantidade no organismo.[1] Pode causar sintomas de febre em humanos ou em animais.

Juntamente com o Staphylococcus aureus é a mais comum e uma das mais antigas bactérias simbiontes do homem. Foi descoberta pelo alemão-austríaco Theodor Escherich, em 1885.

Características

A E. coli assume a forma de um bacilo e pertence à família das Enterobacteriaceae. São aeróbias e anaeróbias facultativas. O seu habitat natural é o lúmen intestinal dos seres humanos e de outros animais de sangue quente. Possui múltiplos flagelos dispostos em volta da célula.[2] Algumas espécies sao tao similares ao Shigella e tao diferentes entre si que alguns biólogos recomendam que ambos sejam re-classificados. [3]

A E. coli é um dos poucos seres vivos capazes de produzir todos os componentes de que são feitos, a partir de compostos básicos e fontes de energia suficientes. Ela é lactase positiva, uma enzima fermentadora de açúcares que é grandemente responsável pela flatulência de cada pessoa, especialmente após o consumo de leite e seus derivados.

Possuem fímbrias ou adesinas que permitem a sua fixação, impedindo o arrastamento pela urina ou diarreia. Muitas produzem exotoxinas. São susceptiveis aos ambientes secos, aos quais não resistem. Possuem lipopolissacarídeo (LPS), como todas as bactérias Gram-negativas. Esta molécula externa ativa o sistema imunitário de forma desproporcionada e a vasodilatação excessiva provocada pelas citocinas produzidas pode levar ao choque séptico e morte em casos de septicémia.

Na E. coli, o genoma tem quase 5 milhões de pares de bases e vários milhares de genes codificando mais de 4000 proteínas (o genoma humano tem 3 bilhões de pares de bases e cerca de 27 mil proteínas).

Epidemiologia

Escherichia coli ao microscópio electrónico

Existem, enquanto parte da microbiota normal no intestino, em grandes números. Cada pessoa evacua em média, com as fezes, um trilhão de bactérias E.coli todos os dias. A doença é devida à disseminação, noutros órgãos, das estirpes intestinais normais; ou nos casos de enterite ou meningite neonatal à invasão do lúmen intestinal por estirpes diferentes daquelas normais no indivíduo.

A presença da E.coli em água ou alimentos é indicativa de contaminação com fezes humanas (ou mais raramente de outros animais). A quantidade de E.coli em cada mililitro de água é uma das principais medidas usadas no controlo da higiene da água potável municipal, preparados alimentares e água de piscinas. Esta medida é conhecida oficialmente como índice coliforme da água.

A estirpe de E.coli que existe normalmente nos intestinos de um determinado indivíduo é bem conhecida e controlada pelo seu sistema imunitário, e raramente causa problemas excepto quando há debilidade do indivíduo. A maioria das doenças é devido a E.coli vindas de indivíduos diferentes e portanto de estirpe diferente, não reconhecida pelos linfócitos. As intoxicações alimentares em particular são quase sempre devidas a bactérias de estirpes radicalmente diferentes. O subgrupo ETEC é responsável pela grande maioria das intoxicações alimentares entre turistas e viajantes. [carece de fontes?]

No Brasil, entre 2000 e 2002 a quantidade de infectados subiu de 12% para 18% em Santa Catarina. Essa quantidade de infectados está próxima a média de outros estados.[4]

Classificações

Uma de suas formas de classificar é pelos sintomas que causam quando são patogênicas:

  1. EPEC ("Enteropathogenic E.coli" ; E.coli Enteropatogênica): causam diarreias não sanguinolentas epidêmicas em crianças, especialmente em países pobres. Têm um fator de adesão aos enterócitos e produzem enterotoxinas, resultando em destruição dos vilos do intestino delgado, com má absorção dos nutrientes e consequente diarreia osmótica. Há também febre, náuseas e vômitos. A EPEC foi a primeira categoria de E. Coli diarreiogênica identificada. Os primeiros estudos epidemiológicos relacionando EPEC com diarreia humana foram publicados na Alemanha nas décadas de 1920 e 1930.
  2. ETEC ("Enterotoxic E.coli" ; E.coli Enterotoxinogênica): são a causa mais comum de diarreia do turista, sendo ingeridas em grandes números em comida mal cozida ou água contaminada com detritos fecais. Resolve com imunidade durante vários meses, logo o turista normalmente só é apanhado uma vez. Infectam principalmente o intestino delgado. Sintomas adicionais são dores violentas abdominais, vômitos, náuseas e febre baixa. Produzem enterotoxinas semelhantes à toxina da cólera, com atividade de adenilato ciclase. O aumento do GMPc (um mediador) dentro do enterócito causa aumento da secreção de electrólitos como cloro e sódio para o lúmen intestinal, seguidos de água por osmose. O resultado é diarreia profusa aquosa, tipo água de arroz, sem sangue. A bactéria tem fímbrias que lhe permite aderir fortemente ao epitélio e não ser completamente arrastada pela diarreia volumosa. A doença é perigosa para crianças pequenas devido à desidratação. Deve lhes ser administrada bastante água (mais é melhor que menos) com um pouco de sal e açúcar.
  3. EIEC ("Enteroinvasive E.coli" ; E.coli Enteroinvasiva): são invasivas e destrutivas da mucosa intestinal, causando úlceras e inflamação. O resultado é diarreia aquosa inicial seguida em alguns doentes de diarreia com sangue e muco, semelhante à da disenteria bacteriana.
  4. EHEC ("Enterohemorragic E.coli" ; E.coli Entero-hemorrágica): causam diarreia aquosa inicial que pode progredir em colite hemorrágica e síndrome hemolítico-urémico (que ocorre em 5% das infecções por EHEC). Têm fímbrias aderentes e produzem uma toxina semelhante à shiga-toxina produzida pela Shigella. Podem provocar anemia, trombocitopenia e insuficiência renal aguda potencialmente perigosa.
  5. DAEC ("Diffusely adherent E.coli"): causa diarreia aquosa em crianças pequenas.
  6. EAEC ("Enteroaggregative E.coli" ; E.coli Enteroagregativa): Têm fímbrias, produzem toxinas semelhantes às da ETEC, resultando em diarreia aquosa ou hemorrágica persistente em crianças. As bactérias têm aparência característica, aglutinando-se umas às outras em "muros de tijolos".
  7. UPEC ("Uropathogenic E.coli"): causa frequentemente infecções do trato urinário (ITU) em mulheres jovens. Têm receptores específicos para moléculas da membrana de células do epitélio da pelve renal. Produzem hemolisinas que lisam os eritrócitos.
  8. SEPEC ("Septicemia Enteropathogenic E.coli") : causa frequente de intoxicação alimentar. Resiste ao sistema complemento.

Causas

Carne mal cozida é uma das principais fontes de infecção por E coli no mundo. [5][6]

O E. coli é transmitido por via orofecal a seres humanos e outros animais, geralmente por[7]:

  • Consumir água sem tratamento de esgoto;
  • Carne não cozida a mais de 71°C;
  • Leite ou queijos não-pasteurizados;
  • Vegetais e legumes regados com água contaminada e mal lavados.
  • Nadar em rios, lagos ou piscinas contaminados;
  • Contato direto com o ambiente de animais infectados.

Comorbidades

Ver artigo principal: Comorbidade

A E.coli está entre as principais causas de:

  • Toxinfecção alimentar: é uma causa importante de Gastroenterites.
  • Infecção do tracto urinário (ITU): é a mais frequente (cerca de 80% dos casos) causa desta condição em mulheres jovens, podendo complicar em pielonefrite. Resultam da ascensão do organismo do intestino pelo ânus até ao orifício urinário e invasão da uretra, bexiga e ureteres. Frequentemente causadas pelo serotipo UPEC. Também conhecida como cistite da lua de mel devido à propensão para aparecer em mulheres sexualmente activas.
  • Colecistite
  • Apendicite
  • Peritonite: se perfurarem a parede intestinas ou do tracto urinário. A mortalidade é alta.
  • Meningite: a maioria dos casos de meningite em neonatos é causada pela E.coli.
  • Infecções de feridas
  • Septicémia: causam 15% dos casos da multiplicação sanguínea frequentemente fatal; contra 20% por Staphylococcus aureus. É uma complicação de estágios avançados não tratados de doença nas vias urinárias ou gastrointestinais. A mortalidade é relativamente alta.

Diagnóstico

Aspecto típico de E.coli após técnica de Gram

O diagnóstico é feito pela cultura de amostras dos líquidos infectados e observação microscópica com análises bioquímicas. São usadas técnicas genéticas para identificar genes presentes no genoma da E.coli. Pode causar dor no final ao urinar, ardência. Causa hematuria (que é sangue), odor fétido.

Tratamento

A E.coli pode ser resistente a um número crescente de antibióticos, mas uma estirpe raramente é a mais de dois ou três fármacos. A Escherichia coli é mais vulnerável à amicacina (98,6 por cento), gentamicina (96,2 por cento), nitrofurantoína (96,3 por cento), e às quinolonas (90,9 por cento) e norfloxacina (89,8 por cento), sendo mais resistente à sulfametoxazol-trimetoprima (50,6 por cento). A escolha do antibiótico é feita por testes in vitro de susceptibilidade. É recomendado também repouso e beber muita água potável para repor os líquidos perdidos por diarreia, suor e vômito.[8]

Uma complicação grave possível é a síndrome hemolítico-urêmica (SHU) causada por substâncias tóxicas produzidas por algumas espécies de bactérias que destroem as células vermelhas do sangue, causando danos nos rins. Pode exigir cuidados intensivos, diálise renal e transfusões de sangue. Esse tipo de complicação é raro nos países desenvolvidos (apenas 1 caso em cada 100.000 habitantes por ano), mas são mais de 20 vezes mais comuns em países latinos e africanos.

História

O seu nome vem do descobridor, Theodor Escherich (1857-1911), um médico alemão-austríaco nascido na Baviera. A descoberta ocorreu em 1885 e o seu nome foi dado à bactéria em 1919.

Utilização científica e industrial

A E.coli foi e é muito estudada enquanto modelo geral para os mecanismos biológicos das bactérias, na disciplina de biologia molecular, tendo também um papel muito importante em bioengenharia e microbiologia industrial.

A E. coli é usada pela engenharia genética para produzir proteínas recombinantes. Em 1977 foi usada pela primeira vez para produzir insulina "humana" em laboratório.

Na Coreia do Sul, um experimento na universidade KAIST (Korea Advanced Institute of Science and Technology),[9] produziu pequenas quantidades de biocombustível num processo que empregou micro-organismos.[10] [11] Anteriormente, micro-organismos geneticamente modificados geraram biodiesel, mas os pesquisadores coreanos conseguiram produzir biogasolina usando bactérias do tipo E.coli.[10] [11]

Ver também

Referências

  1. Reid G, Howard J, Gan BS (September 2001). "Can bacterial interference prevent infection?". Trends Microbiol. 9 (9): 424–428. doi:10.1016/S0966-842X(01)02132-1. PMID 11553454.
  2. Murray, Patrick R (2004). Microbiologia Médica 4ª ed. [S.l.]: Elsevier 
  3. Lan R, Reeves PR (September 2002). "Escherichia coli in disguise: molecular origins of Shigella". Microbes Infect. 4 (11): 1125–32. doi:10.1016/S1286-4579(02)01637-4. PMID 12361912.
  4. TIETZ MARQUES, SANDRA MÁRCIA; BANDEIRA, CLÁUDIA; MARINHO DE QUADROS, ROSILÉIA. Prevalência de enteroparasitoses em Concórdia, Santa Catarina, Brasil. Parasitol. latinoam., Santiago , v. 60, n. 1-2, jun. 2005. Disponible en <http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0717-77122005000100014&lng=es&nrm=iso>. accedido en 03 agosto 2014. http://dx.doi.org/10.4067/S0717-77122005000100014.
  5. http://www.webmd.com/a-to-z-guides/e-coli-infection-topic-overview
  6. http://whqlibdoc.who.int/publications/2011/9789241548243_eng.pdf
  7. http://www.foodsafety.gov/poisoning/causes/bacteriaviruses/ecoli/
  8. http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&base=LILACS&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=471344&indexSearch=ID
  9. KAIST - Site oficial, (em inglês) Acessado em 14/06/2016.
  10. a b Eurekalert - KAIST announced a novel technology to produce gasoline by a metabolically engineered microorganism. 29 de Setembro de 2013. (em inglês) Acessado em 14/06/2016.
  11. a b Inovação Tecnológica - Biogasolina é produzida por bactérias pela primeira vez. Redação do Site Inovação Tecnológica, 7 de Outubro de 2013. Acessado em 14/06/2016.