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René Guénon: diferenças entre revisões

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'''René-Jean-Marie-Joseph Guénon'''<ref name="Chacornac">{{citar livro|último1 =Chacornac|primeiro1 =Paul|título=The Simple Life of Rene Guenon|data=1 de maio de 2005|publicado=Sophia Perennis|isbn=1-59731-055-7|página=7|url=https://books.google.com/books?id=V-w9UxolIXgC&lpg=PP1&pg=PA7#v=onepage&q&f=false|acessodata=2 de maio de 2017}}</ref> ({{IPA-fr|ʁəne ʒɑ̃ maʁi ʒozɛf ɡenɔ̃|lang}}; ([[Blois]], 15 de novembro de 1886 — [[Cairo]], 7 de janeiro de 1951) também conhecido como '''Abd al-Wāḥid Yaḥyá''' ({{lang-ar|عبد الواحد يحيى}}), foi um intelectual [[esoterismo|esotérico]] francês influente no domínio da [[Metafísica]], que escreveu sobre temas que vão desde a [[crítica social]]<ref>René Guénon's works dealing with various aspects of sacred science are collected in the book which appeared in its first English translation as ''Fundamental Symbols: The Universal Language of Sacred Science'', Quinta Essentia, 1995, {{ISBN|0-900588-77-2}}, then, in another translation, as ''Symbols of Sacred Science'', translated by Henry D. Fohr, Sophia Perennis, 2001, {{ISBN|0-900588-78-0}}. There were two original French editions, both under the title ''Symboles fondamentaux de la Science sacrée'', Editions Gallimard, Paris. The first contained a foreword followed by notes and comments by Michel Valsan, the second did not contain these additions.</ref> e [[Filosofia perene|estudos perenes]]<ref>"Traditional studies" is a translation of the French ''Les Etudes Traditionnelles''— the title of the journal in which many of René Guénon's articles were published</ref> ao [[simbolismo]] e [[iniciação]].
'''René-Jean-Marie-Joseph Guénon'''<ref name="Chacornac">{{citar livro|último1 =Chacornac|primeiro1 =Paul|título=The Simple Life of Rene Guenon|data=1 de maio de 2005|publicado=Sophia Perennis|isbn=1-59731-055-7|página=7|url=https://books.google.com/books?id=V-w9UxolIXgC&lpg=PP1&pg=PA7#v=onepage&q&f=false|acessodata=2 de maio de 2017}}</ref> ({{IPA-fr|ʁəne ʒɑ̃ maʁi ʒozɛf ɡenɔ̃|lang}}; ([[Blois]], 15 de novembro de 1886 — [[Cairo]], 7 de janeiro de 1951) também conhecido como '''Abd al-Wāḥid Yaḥyá''' ({{lang-ar|عبد الواحد يحيى}}), foi um escritor [[esoterismo|esotérico]]. Escreveu sobre temas que vão desde a [[crítica social]]<ref>René Guénon's works dealing with various aspects of sacred science are collected in the book which appeared in its first English translation as ''Fundamental Symbols: The Universal Language of Sacred Science'', Quinta Essentia, 1995, {{ISBN|0-900588-77-2}}, then, in another translation, as ''Symbols of Sacred Science'', translated by Henry D. Fohr, Sophia Perennis, 2001, {{ISBN|0-900588-78-0}}. There were two original French editions, both under the title ''Symboles fondamentaux de la Science sacrée'', Editions Gallimard, Paris. The first contained a foreword followed by notes and comments by Michel Valsan, the second did not contain these additions.</ref> e [[filosofia da religião]]<ref>"Traditional studies" is a translation of the French ''Les Etudes Traditionnelles''— the title of the journal in which many of René Guénon's articles were published</ref> ao [[simbolismo]] e [[iniciação]].


Ele escreveu e publicou em francês, e seus trabalhos foram traduzidos para diversos idiomas. Ele é considerado um dos fundadores da escola [[escola perenialista|perenialista]].
Ele escreveu e publicou em francês, e seus trabalhos foram traduzidos para diversos idiomas. Ele é considerado fundador do [[escola perenialista|perenialismo]].


== Vida e obra ==
== Vida e obra ==

Revisão das 15h21min de 1 de abril de 2022

René Guénon
René Guénon
René Jean Marie Joseph Guénon em 1925, aos 38 anos.
Nascimento 15 de novembro de 1886
Blois, Loir-et-Cher, França
Morte 7 de janeiro de 1951 (64 anos)
Cairo, Egito
Nacionalidade francês
Escola/tradição
Principais interesses Iniciação, Mitos, Gnosticismo, Maçonaria, Filosofia da Matemática, Crítica social, Religiões comparadas
Ideias notáveis Perenialismo
Assinatura

René-Jean-Marie-Joseph Guénon[1] (francês: [ʁəne ʒɑ̃ maʁi ʒozɛf ɡenɔ̃]; (Blois, 15 de novembro de 1886 — Cairo, 7 de janeiro de 1951) também conhecido como Abd al-Wāḥid Yaḥyá (em árabe: عبد الواحد يحيى), foi um escritor esotérico. Escreveu sobre temas que vão desde a crítica social[2] e filosofia da religião[3] ao simbolismo e iniciação.

Ele escreveu e publicou em francês, e seus trabalhos foram traduzidos para diversos idiomas. Ele é considerado fundador do perenialismo.

Vida e obra

Símbolos do Centro
Guénon dedicou uma série de artigos para a revista Regnabit sobre o "simbolismo do centro".[4]

Nascido em 1886, em uma família católica de Blois, ele estudou nos estabelecimentos religiosos da cidade antes de se estabelecer em Paris em 1904 para preparar exames de admissão para as grandes universidades francesas. Contudo, já em 1905, ele decidiu mergulhar nos círculos ocultistas da capital e fazer da busca metafísica o objetivo de sua vida. Frequentou círculos esotéricos e contribuiu para muitas publicações dedicadas às religiões. No ano de seu casamento com uma amiga da família, Berthe Loury, em 1912, ele foi recebido como maçom e iniciou o sufismo sob o nome de Abdel Wahed Yahia (Servo do Único). Após a morte de sua esposa em 1928, ele deixou Paris e partiu para o Egito. Estabeleceu vida no Cairo em 1930, casou-se com a filha de um sheik em 1934 e morreu na terra árabe em 1951.[5]

Seu primeiro livro, intitulado "Introdução ao estudo das doutrinas hindus" (1921), constitui o fundamento de todo o seu trabalho. Nele, Guenón postula que qualquer tradição autêntica é uma forma secundária da "Tradição Primitiva" de origem supra-humana. Daqui resulta que, de qualquer forma tradicional relacionada a uma fonte não humana, podemos redescobrir o mesmo fundamento, a verdade comum, o Princípio único na origem do que quer que seja.[5]

Para Guenón, os símbolos são os verdadeiros veículos da transmissão do conhecimento tradicional. Sem os símbolos, o acesso à fonte do conhecimento ancestral seria drenado há muito tempo, pois o símbolo é capaz de sugerir uma realidade de ordem superior baseada em uma representação de ordem inferior.[5]

Ainda segundo o autor, a era contemporânea pode ser distinguida por: “sua necessidade de agitação incessante, de mudança sem fim, de velocidade sempre crescente ... É dispersão na multiplicidade e numa multiplicidade que não é mais unificada pela consciência de qualquer princípio superior”. Portanto, “uma materialização cada vez mais pronunciada para a matéria é essencialmente multiplicidade e divisão ... Quanto mais se afunda na matéria, mais os elementos de divisão e oposição ganham força e espaço; por outro lado, quanto mais se eleva em direção à espiritualidade, mais se aproxima dessa unidade, que só pode ser plenamente realizada pela consciência dos princípios universais.”[5]

René Guénon insistia constantemente no declínio do Ocidente e na sua entrada na Idade do Ferro ou Kali Yuga, como os hindus chamam. O “período mais sombrio desta idade das trevas” tocou primeiramente o Ocidente e, como resultado indireto, toda a humanidade. A principal razão para esse declínio é o esquecimento dos princípios universais. Somente o renascimento da Tradição além das cisões entre "Oriente e Ocidente" (1924) permitirá ao homem sair da "crise do mundo moderno" (1927) e desta idade das trevas caracterizada pelo "reinado da quantidade e os sinais dos tempos” (1945).[5]

René Guénon morreu num domingo, no dia 7 de janeiro de 1951, aos 64 anos; sua última palavra foi "Allah".[6]

Recepção e legado

Religiões comparadas

Nasr foi parcialmente influenciado por Guenon

René Guénon exerceu influência discreta no campo das religiões comparadas,[7] particularmente no início de carreira de Mircea Eliade. Carl Schmitt escreveu em 1942 que Guénon era um "professor" importante para Mircea Eliade. No entanto, o próprio Eliade atestou que preferia os escritos do perenialista Ananda Coomaraswamy a Guénon e Evola, definidos como "diletantes" em um ensaio escrito em 1937.[8] Eliade também achava que Sri Aurobindo era mais preciso do que Guénon.[9] George Santayana demonstrou simpatia por guenon, ao compará-lo com C. S. Lewis.[10]

A influência direta mais reconhecida que Guenon exerceu foi sobre o escritor suíço Frithjof Schuon. Schuon, no entanto, fez várias críticas a Guénon que se tornariam recorrentes, assinalando seu caráter a-histórico[11] e as tendências generalizantes do autor (como suas concepções maniqueistas, dicotômicas e idealizadas de oriente e ocidente, tradicional e moderno, etc.)[11] além de fatos inverificáveis como a crença de que o cristianismo antes de se tornar "exotérico", era supostamente esotérico e iniciático.[11] O impacto de Guénon ainda pode ser visto, direta ou indiretamente, nos demais autores filiados à escola perenialista, como nas obras dos acadêmicos Hossein Nasr e Huston Smith.[12]

Logo após a Primeira Guerra Mundial, Guénon esteve próximo de alguns círculos neotomistas, sobretudo daqueles influenciados por Jacques Maritain, e alguns membros do movimento político de direita Action Française. Maritain, como muitos católicos, cortou qualquer ligação com a Action Française após a condenação papal do movimento em 1926.[13][14] O principal objetivo de Guénon durante este período foi convencer Maritain e a Igreja Católica a revitalizarem o cristianismo através de um diálogo com as religiões orientais. Guénon imaginou uma restauração da "intelectualidade" tradicional no Ocidente com base no catolicismo romano e na maçonaria.[15] O projeto não foi bem-sucedido. Vários autores enxergam Guénon como um sucessor do monarquista ultramontanista Joseph de Maistre, que foi maçom como Guénon.[13]

Artes

No campo das artes, o impacto do trabalho de Guénon foi mais amplo, influenciando muitos artistas, em particular no movimento surrealista. Exemplos de escritores e artistas influenciados por Guénon incluem André Malraux, André Breton, Antonin Artaud, Marco Pallis, Raymond Queneau e Georges Bataille.[16]

Movimentos ideológicos

Antonin Artaud foi o artista mais proeminente influenciado por Guénon.

Guénon se declarava apolítico e rejeitou qualquer interpretação política de seu trabalho.[17] Contudo, ele influenciou vários escritores considerados da extrema-direita do espectro político, tais como o italiano próximo do fascismo Julius Evola, com quem manteve uma correspondência epistolar. Carl Schmitt, que se tornaria membro do partido nazista, também manifestou em algumas ocasiões simpatia e interesse pela obra de Guénon.[9]

Guénon permanece nas listas de influência de algumas personalidades classificadas como de Extrema-Direita.[18][19][20] Por exemplo, o trabalho do autor russo Aleksandr Dugin[21][22][23] é influenciado por René Guénon e Julius Evola. Dugin afirmou diversas vezes que considera Guénon como um de seus professores. O escritor brasileiro Olavo de Carvalho[24][25] e o estrategista político Steve Bannon[26] também integram a lista de autores influenciados pela obra guenoniana.

No entanto, outros estudos acadêmicos descartam qualquer conexão intelectual direta entre Guénon e a política de extrema direita.[27] Em um estudo baseado nas correspondências trocadas entre Guénon e Evola e em alguns artigos, P.-G. de Roux destacou a dura crítica do autor em relação a Evola.[28] Guénon consentiu em ter trechos de seus escritos publicados no jornal fascista Regime Fascista, um jornal com curadoria de Evola, mas sempre se recusou a publicar os livros e artigos do italiano.[29][30][31]

O autor Xavier Accart contesta a conexão feita entre a escola perenialista e os movimentos da extrema direita. Ele afirma, por exemplo, que Guénon era altamente crítico dos envolvimentos políticos de Evola e se mostrava preocupado com a possível confusão entre suas ideias e as de Evola. Guénon também denunciou claramente a ideologia dos regimes fascistas na Europa antes e durante a Segunda Guerra Mundial.[32] Para Accart, Guénon era um opositor declarado do conceito de raça ariana ou raça indo-europeia e de qualquer forma de nacionalismo.[32] Charles Maurras, líder do movimento nacionalista Action Française falou de Guénon em tom jocoso: "seja o que for que René Guénon pense, emaranhado em sua Kali-Yuga e sua Manvanture, nossa cultura ocidental tem a seu favor obras bastante poderosas e seu tesouro espiritual. Apesar dos tempos bárbaros, [o ocidente] reserva esperanças suficientemente sublimes para que possamos pode cruzar com cabeça erguida a porta estreita que nos abrirá para épocas menos sombrias."[33] Accart também aponta para o fato de que o autor também influenciou muitos escritores e artistas considerados da esquerda política ou mesmo apolíticos.[32][34]

Alain de Benoist, considerado o fundador da Nova Direita, declarou em 2013 que a influência da obra de Guénon em sua escola política tem sido globalmente muito fraca.[35]

Outras críticas

O semiólogo Umberto Eco dedicou um capítulo de seu livro Os limites da interpretação (1990) à crítica de algumas teses guenonianas. Nomeado de Rene Guénon; Guénon: Deriva e Navio de loucos, o capítulo aponta que quase todas as características do que o autor chama de “pensamento hermético” podem ser encontradas nos procedimentos argumentativos de Guénon.[36] Eco critica o fato de Guénon defender a existência de um suposto “centro espiritual secreto”, governado por um "rei do mundo", que direcionaria todas as ações humanas. Para Eco, esses textos carecem de toda confiabilidade científica, assim como o a validade do próprio perenialismo do qual Guénon é adepto.[36] Simone de Beauvoir também chamou atenção para a obscuridade das afirmações de Guénon, declarando que não valia a pena se deter em suas ideias "esfumaçadas".[37] Além disso, o autor perenialista Marco Pallis criticou Guénon por aceitar a existência geográfica da cidade lendária de Agartha, argumentando que "ninguém ouviu falar sobre o Rei do Mundo na Índia ou no Tibete".[38]

Bibliografia


Notas e referências

  1. Chacornac, Paul (1 de maio de 2005). The Simple Life of Rene Guenon. [S.l.]: Sophia Perennis. p. 7. ISBN 1-59731-055-7. Consultado em 2 de maio de 2017 
  2. René Guénon's works dealing with various aspects of sacred science are collected in the book which appeared in its first English translation as Fundamental Symbols: The Universal Language of Sacred Science, Quinta Essentia, 1995, ISBN 0-900588-77-2, then, in another translation, as Symbols of Sacred Science, translated by Henry D. Fohr, Sophia Perennis, 2001, ISBN 0-900588-78-0. There were two original French editions, both under the title Symboles fondamentaux de la Science sacrée, Editions Gallimard, Paris. The first contained a foreword followed by notes and comments by Michel Valsan, the second did not contain these additions.
  3. "Traditional studies" is a translation of the French Les Etudes Traditionnelles— the title of the journal in which many of René Guénon's articles were published
  4. L'idée du Centre dans les traditions antiques, publié dans Regnabit en mai 1926, ,
  5. a b c d e «The being of the metaphysics revival "One always speaks about moral, one hardly speaks about doctrine" (The Crisis of the Modern World)» (em inglês) 
  6. Paul Chacornac, The simple life of René Guénon, 2005, p. 98.
  7. Oxford University Press, Description: "Against the Modern World. Traditionalism and the Secret Intellectual History of the Twentieth Century"
  8. Grottanelli Cristiano 1942. pp. 325-356
  9. a b Mircea Eliade’s The Portugal Journal, trans. Mac Linscott Ricketts (Albany, N.Y.: SUNY Press, 2010)
  10. Daniel Cory, Santayana: The Later Years: A Portrait with Letters (New York: G. Braziller, 1963), p. 267.
  11. a b c Frithjof Schuon, « Quelques critiques », Dossiers H : René Guénon, p. 60 a 80.
  12. The Huston Smith Reader: Edited, with an Introduction, by Jeffery Paine, p. 6.
  13. a b Lindenberg Daniel. René Guénon ou la réaction intégrale. In: Mil neuf cent, n°9, 1991. Les pensées réactionnaires. pp. 69-79.
  14. Paul Chacornac, Simple Life of René Guénon
  15. Cf. among others his Aperçus sur l'ésotérisme chrétien (Éditions Traditionnelles, Paris, 1954) and Études sur la Franc-maçonnerie et le Compagnonnage (2 vols, Éditions Traditionnelles, Paris, 1964–65) which include many of his articles for the Catholic journal Regnabit.
  16. Prévost, Pierre : Georges Bataille et René Guénon, Jean Michel Place, Paris. (ISBN 2-85893-156-9).
  17. Review by: Daniel Lindenberg Source: Esprit, No. 332 (2) (Février 2007), pp. 218-222. Reviewed Work(s): GUÉNON OU LE RENVERSEMENT DES CLARTÉS. Influence d'un métaphysicien sur la vie littéraire et intellectuelle française (1920–1970) by Xavier Accart
  18. Against the Modern World: Traditionalism and the Secret Intellectual History of the Twentieth Century by Mark Sedgwick. Oxford University Press, 2004.
  19. Roger Griffin, ed., Fascism, 1995, page 353
  20. Enquêtes sur la droite extrême, (1992), le journaliste R. Monzat
  21. Russian Fascism: Traditions, Tendencies, Movements by S. Shenfield. M.E. Sharpe, 2001. p.192.
  22. «L'œuvre de Douguine au sein de la droite radicale française». www.diploweb.com. Consultado em 17 de março de 2018 
  23. A. Shekhovtsov & Andreas Umland: Is Aleksandr Dugin a Traditionalist? “Neo-Eurasianism” and Perennial Philosophy. In: The Russian Review. 68, Oktober 2009
  24. de Carvalho, Olavo (agosto de 1981). «O homem e a sua lanterna, RENÉ GUÉNON O MESTRE DA TRADIÇÃO CONTRA O REINO DA DETURPAÇÃO» 107 ed. Planeta (revista) 
  25. «A derradeira análise da obra de Olavo de Carvalho, para nunca ter de lê-lo». Época (revista) 
  26. Here's How Breitbart And Milo Smuggled White Nationalism Into The Mainstream
  27. C.f. André Lefranc, « Julius Evola contre René Guénon » and P. Geay "René Guénon récupéré par l'Extrême-Droite " LRA 16, 2003.
  28. Pierre-Guillaume de Roux in Cahiers de l'Unité, n°5, 2017.
  29. Fascism: Post-war fascisms edited by Roger Griffin, Matthew Feldman
  30. Julius Evola, Ricognizioni: uomini e problemi (Rome: Edizioni Mediterranee, 1974).
  31. Patrick Geay : René Guénon récupéré par l'extrême droite, La Règle d'Abraham, september 2015, Ubik éditions.
  32. a b c Accart, Xavier : Guénon critique des régimes totalitaires dans les années 1930, La Règle d'Abraham, september 2015, Ubik éditions.
  33. Accart Xavier, René Guénon ou a inversão da clareza, Paris, Archè Editit,2005, pág. 210
  34. Daniel Lindenberg, revue , février 2007, p. 218-222.
  35. On Radio Courtoisie (20 May 2013), during the programme Le Libre Journal de la resistance française presented by Emmanuel Ratier and Pascal Lassalle.
  36. a b Eco, Umberto. Los límites de la interpretación. [S.l.]: Lumen. p. 109-103. ISBN 84-264-1214-9 
  37. David Bisson, René Guénon, une politique de l'esprit, Paris, Pierre-Guillaume de Roux, 2013, 528 p. (ISBN 978-2-36371-058-1)
  38. Lachman, Gary. Politics and the Occult: The Left, the Right, and the Radically Unseen. [S.l.: s.n.] p. 255 

Ligações externas