Estação Ferroviária do Estoril
Estoril
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panorâmica da estação de Estoril, em 2018 | |||||||||||
Identificação: | 69245 ESL (Estoril)[1] | ||||||||||
Denominação: | Estação de Estoril | ||||||||||
Administração: | Infraestruturas de Portugal (até 2020: centro;[2] após 2020: sul)[3] | ||||||||||
Classificação: | E (estação)[1] | ||||||||||
Tipologia: | B [3] | ||||||||||
Linha(s): | Linha de Cascais (PK 23+668) | ||||||||||
Altitude: | 10 m (a.n.m) | ||||||||||
Coordenadas: | 38°42′11.83″N × 9°23′55.5″W (=+38.70329;−9.39875) | ||||||||||
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Município: | Cascais | ||||||||||
Serviços: | |||||||||||
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1980s: | |||||||||||
Coroa: | Coroa 3 Navegante | ||||||||||
Conexões: | |||||||||||
Equipamentos: | |||||||||||
Inauguração: | [quando?] | ||||||||||
Website: |
A Estação Ferroviária do Estoril é uma estação da Linha de Cascais, que serve a localidade de Estoril, no município de Cascais, em Portugal.
Descrição
[editar | editar código-fonte]Localização e acessos
[editar | editar código-fonte]Esta interface situa-se entre a Avenida Marginal e a praia, na localidade do Estoril.[4]
Infraestrutura
[editar | editar código-fonte]O edifício de passageiros situa-se do lado norte da via (lado direito do sentido ascendente, a Cascais).[5] Em Janeiro de 2011, a estação ferroviária do Estoril contava com três vias de circulação, que tinham 244 a 219 m de comprimento; as plataformas tinham ambas 200 m de extensão, e 110 cm de altura;[6] em 2022 esta configuração havia sido reduzida a apenas duas vias de circulação, identificadas como LA e LD.[3]
Serviços
[editar | editar código-fonte]Em dados de 2023, esta interface é servida por comboios de passageiros da C.P. de tipo urbano no serviço “Linha de Cascais” tipicamente com 69 circulações diárias em cada sentido entre Cais do Sodré e Cascais.[7]
História
[editar | editar código-fonte]Antecedentes
[editar | editar código-fonte]Em meados do século XIX, a região costeira a Oeste de Lisboa, incluindo o Estoril, era uma zona subdesenvolvida, ponteada apenas por pequenas povoações de pescadores e algumas mansões senhoriais.[8] A rede de estradas era muito fraca, sendo as comunicações até Cascais feitas principalmente através da navegação costeira.[9] Esta situação começou a mudar a partir das décadas de 1850 e 1860, devido à instalação da família real e da nobreza na região até Cascais, e à progressiva introdução do turismo balnear, que aumentaram a procura das famílias mais abastadas de Lisboa.[10] Por exemplo, o Estoril tornou-se uma dos locais preferidos para a construção de casas de campo.[11] Assim, também se começaram a desenvolver as comunicações na zona costeira, com a construção de novas estradas, e surgiu a ideia de trazer o comboio até Cascais.[12] O primeiro projecto foi apresentado pelo engenheiro M. A. Thomé de Gamond, em 1870 que propunha a construção de uma linha férrea de Lisboa até Colares, servindo Cascais e Sintra.[13] Esta linha seguiria toda a zona marginal desde Lisboa até Cascais, passando pelo Estoril.[13]
Planeamento e inauguração
[editar | editar código-fonte]Aquele projecto não teve resultados, mas a ideia de construir uma via férrea ao longo da orla marítima foi várias vezes retomada durante o século XIX, tendo a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses sido autorizada a construir uma linha de Lisboa até Cascais por um alvará de 9 de Abril de 1887.[13] No ano seguinte, esta linha já estava em obras.[13]
Construção e inauguração
[editar | editar código-fonte]Esta interface insere-se no troço entre Pedrouços e Cascais, que foi aberto ao serviço pela Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses no dia 30 de Setembro de 1889.[14]
Século XX
[editar | editar código-fonte]A estação de Estoril foi por várias vezes servida pelo comboio Sud Expresso, ao longo do século XX, serviço que foi interrompido devido à Segunda Guerra Mundial e à Guerra Civil Espanhola.[15] Esta ligação era feita através de uma carruagem directa, que era atrelada ou desatrelada ao comboio principal na estação de Campolide.[16]
Década de 1910
[editar | editar código-fonte]Nos princípios do século XX começou-se a pensar em transformar a região do Estoril, até então utilizada principalmente pelos habitantes da capital e por estrangeiros em curtas estadias de Inverno, num grande centro internacional de turismo.[17] Considerava-se que o sistema de tracção da Linha de Cascais, utilizando locomotivas a vapor, não era adequado para as características da linha, que cada vez se afirmava mais como um importante eixo de transporte turístico e suburbano, pelo que se iniciou o processo de planeamento para a sua adaptação à energia eléctrica.[17]
Em 7 de agosto de 1918 a Linha de Cascais foi subarrendada à Sociedade Estoril, com a obrigação de a electrificar.[17] A Sociedade Estoril tinha sido formada por Fausto de Figueiredo para aumentar o potencial turístico da região através da construção de grandes empreendimentos e outras iniciativas, estando por isso directamente interessada no desenvolvimento dos caminhos de ferro.[17] O principal componente do projecto seria um grande complexo hoteleiro no Estoril, que ficaria quase em frente da gare ferroviária.[18] Nessa altura, a estação do Estoril já servia uma unidade hoteleira situada nas proximidades, o Hotel Paris.[19]
Décadas de 1920 e 1930
[editar | editar código-fonte]Porém, as consequências económicas da Primeira Guerra Mundial atrasaram o projecto de modernização da Linha de Cascais, cujas obras só se puderam iniciar na década de 1920.[17] Além da electrificação da via férrea e da introdução de material circulante eléctrico, a Sociedade Estoril planeava reconstruir totalmente as principais estações da linha, incluindo a do Estoril.[17] Em 1 de Agosto de 1926, a Gazeta dos Caminhos de Ferro reportou que já tinha sido construído o novo edifício da estação do Estoril, que utilizava um estilo arquitectónico semelhante ao dos edifícios em redor do parque.[20] Em 15 de Agosto desse ano, foi realizada a cerimónia de inauguração da tracção eléctrica da Linha de Cascais,[21] tendo o comboio inaugural parado na estação do Estoril, para os convidados procederem a um almoço no Casino Estoril.[22]
Em 14 de fevereiro de 1937, foi organizado um comboio especial do Cais do Sodré até Cascais, para a inauguração de quatro novas carruagens para a Linha de Cascais, e na viagem de regresso, o comboio parou no Estoril, para os convidados participarem numa festa no Tamariz.[23]
Década de 1970
[editar | editar código-fonte]Em 1976, terminou o contrato com a Sociedade Estoril, tendo a Linha de Cascais voltado a ser explorada directamente pela Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses.[24]
Século XXI
[editar | editar código-fonte]Em 1988 esta interface tinha ainda classificação de apeadeiro,[25] tendo sido promovida a estação[quando?] antes de 2011.[1]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b c (I.E.T. 50/56) 56.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50 : Rede Ferroviária Nacional. IMTT, 2011.10.20
- ↑ Diretório da Rede 2021. IP: 2019.12.09
- ↑ a b Diretório da Rede 2024. I.P.: 2022.12.09
- ↑ «Cálculo de distância pedonal (38,70332; −9,39914 → 38,70265; −9,39942)». OpenStreetMaps / GraphHopper. Consultado em 24 de novembro de 2023: 156 m: desnível acumulado de +1−3 m
- ↑ (anónimo): Mapa 20 : Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1985), CP: Departamento de Transportes: Serviço de Estudos: Sala de Desenho / Fergráfica — Artes Gráficas L.da: Lisboa, 1985
- ↑ «Linhas de Circulação e Plataformas de Embarque». Directório da Rede 2012. Rede Ferroviária Nacional. 6 de Janeiro de 2011. p. 71-85
- ↑ Comboios Urbanos : Lisboa : Cais do Sodré ⇄ Cascais («horário em vigor desde 02 maio 2023»). Esta informação refere-se aos dias úteis.
- ↑ COLAÇO e ARCHER, 1999:16
- ↑ Colaço e Archer, 1999:17
- ↑ COLAÇO e ARCHER, 1999:18
- ↑ Colaço e Archer, 1999:22
- ↑ COLAÇO e ARCHER, 1999:21
- ↑ a b c d MARTINS et al, 1996:29-30
- ↑ TORRES, Carlos Manitto (16 de Janeiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1682). p. 61-64. Consultado em 17 de Março de 2017
- ↑ REIS et al, 2006:36
- ↑ «"Sud-Express"» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 51 (1240). 16 de Agosto de 1939. p. 393. Consultado em 17 de Março de 2017
- ↑ a b c d e f «Sociedade "Estoril"» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 62 (1476). 16 de Junho de 1949. p. 423-425. Consultado em 17 de Março de 2017
- ↑ HENRIQUES, 2001:83-84
- ↑ HENRIQUES, 2001:82
- ↑ «A Electrificação da Linha de Cascais» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 39 (927). 1 de Agosto de 1926. p. 228. Consultado em 17 de Março de 2017
- ↑ MARTINS et al, 1996:99
- ↑ «A Electrificação da Linha de Cascais» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 39 (928). 16 de Agosto de 1926. p. 245. Consultado em 17 de Março de 2017
- ↑ «Sociedade Estoril: Inauguração de Carruagens» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 49 (1182). 16 de Março de 1937. p. 151-153. Consultado em 17 de Março de 2017
- ↑ REIS et al, 2006:117
- ↑ Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1988), C.P.: Direcção de Transportes: Serviço de Regulamentação e Segurança, 1988
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- COLAÇO, Branca; ARCHER, Maria (1999). Memórias da Linha de Cascais. Cascais: Câmaras Municipais de Cascais e Oeiras. 370 páginas. ISBN 972-637-066-3
- HENRIQUES, João (2001). Cascais: Do Final da Monarquia ao alvorecer da República (1908-1914). Cascais: Edições Colibri e Câmara Municipal de Cascais. 214 páginas. ISBN 972-772-268-7
- MARTINS, João; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel; et al. (1996). O Caminho de Ferro Revisitado: O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas
- REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X
Leitura recomendada
[editar | editar código-fonte]- CARVALHO, António Carvalho, HENRIQUES, João Miguel; et al. (2011). O Estoril e as origens do turismo em Portugal, 1911-1931. Cascais: Câmara Municipal de Cascais. 112 páginas. ISBN 978-972-637-242-4
- CERVEIRA, Augusto; CASTRO, Francisco Almeida e (2006). Material e tracção: os caminhos de ferro portugueses nos anos 1940-70. Col: Para a História do Caminho de Ferro em Portugal. 5. Lisboa: CP-Comboios de Portugal. 270 páginas. ISBN 989-95182-0-4
- SALGUEIRO, Ângela (2008). A Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses: 1859-1891. Lisboa: Univ. Nova de Lisboa. 145 páginas