Portuno

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Templo de Portuno, em Roma.

Na religião da Roma Antiga, Portuno (em latim: Portunes, Portumnes ou Portunus) era o deus das chaves, portas e do gado, além de proteger os depósitos onde se depositavam os cereais. Provavelmente por causa das associações populares entre o termo porta ("porta", "portão") e portus ("porto", a "porta para o mar"), Portuno passou a ser confundido depois com Melicertes (Palaemon) e evoluiu para um deus primordialmente relacionado com os portos[1]. No adjetivo latino "importunus", seu nome foi utilizado para descrever as ondas e o clima desfavoráveis e s ventos contrários, um termo que ecoa no termo em português "oportuno" e no seu antônimo, "inoportuno", que significam "em boa hora" e "em má hora". Assim, Portuno seria o responsável pelas "oportunidades".

Seu festival, celebrado em 17 de agosto, o décimo-sétimo dia antes das calendas de setembro, era a Portumnalia ou Portunália, um feriado menor no ano romano. Neste dia, as chaves eram atiradas no fogo para dar boa sorte de uma forma solene e lúgubre. Seu atributo era uma chave e seu templo principal em Roma, o Templo de Portuno, ainda está no Fórum Boário.

Portuno aparentemente estava muito ligado ao deus Jano, com quem divide uma série de características, funções e até mesmo o símbolo da chave[2]. Assim como Janos, Portuno também era representado como um ser de duas cabeças, cada uma olhando para uma direção, em moedas e na proa dos navios. Ele era considerado um "deus portuum portarumque praeses" (literalmente "deus dos portos e portões")[3].

A relação entre os dois deuses é sublinhada pelo fato de a data escolhida para a dedicação do templo reconstruído de Janos no Fórum Holitório pelo imperador Tibério foi o dia da Portunália[4].

Seu flâmine, chamado "flâmine portunal", um dos flâmines menores, realizava o ritual de ungir a lança (hasta) da estátua do deus Quirino, com um unguento especialmente preparado para este fim e armazenado numa pequena vasilha chamada persillum[5].

Referências

  1. "Portuno concede ao marinheiro segurança perfeita ao atravessar os mares; mas por que o mar bravio provocou tantos naufrágios tão cruéis?" pergunta o apologista Arnóbio (c. 300) ("Sete Livros Contra os Pagãos" III.23 Arquivado em 30 de setembro de 2007, no Wayback Machine.).
  2. Paul. p. 161 L2
  3. escólio Veron. sobre Eneida V.241
  4. Georges Dumézil La religion romaine archaïque Paris, 1974, part I, chap.4
  5. Fest. p. 321 L2

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