Cisgeneridade: diferenças entre revisões
m Sbonetti moveu Cisgénero para Cisgeneridade: o sufixo implica num adjetivo masculino e dividindo acentos de lusofonia portuguesa e brasileira, neutraliza-se |
Etiqueta: Inserção de predefinição obsoleta |
||
Linha 2: | Linha 2: | ||
{{Nota:|Cis redireciona aqui. Se procura a comuna italiana, veja: [[Cis (comuna)]]}} |
{{Nota:|Cis redireciona aqui. Se procura a comuna italiana, veja: [[Cis (comuna)]]}} |
||
{{transgeneridade}} |
{{transgeneridade}} |
||
Em [[estudos de gênero]], é um termo para pessoas cuja identidade de gênero corresponde ao sexo que lhes foi atribuído no nascimento. Por exemplo, alguém que se identifica como mulher e foi designada como mulher ao nascer é uma mulher cisgênero. O termo cisgênero é o oposto da palavra ''[[transgênero]]''.<ref name="Schilt">{{Cite journal| title = Doing Gender, Doing Heteronormativity: 'Gender Normals,' Transgender People, and the Social Maintenance of Heterosexuality| journal = Gender & Society| volume = 23|issue = 4| pages = 440–464 [461]|doi =10.1177/0891243209340034|acessodata=6 de dezembro de 2012}}</ref><ref>{{Cite news|url=https://www.theatlantic.com/entertainment/archive/2014/09/cisgenders-linguistic-uphill-battle/380342/|title=Will the Word "Cisgender" Ever Go Mainstream?|work=The Atlantic|acessodata=6 de dezembro de 2012|language=en-US}}</ref> |
|||
Em [[estudos de gênero]], '''cissexual''' ou '''cisgênero''' são termos utilizados para se referir às pessoas cujo [[gênero (sociedade)|gênero]] é o mesmo que o designado em seu nascimento. Isto é, configura uma concordância entre a [[identidade de gênero]] de um indivíduo com o gênero associado ao seu sexo biológico e/ou designação social. Ou seja, masculino é homem e feminino é mulher. O termo referencia o fenômeno social, e não se trata de uma das identidades de gênero, mas sim o seu alinhamento, de forma que pessoas [[intersexo]] podem ser cisgênero ou [[transgênero|não]]. Por vezes, a definição de cisgênero leva em conta também o comportamento ou papel de gênero do indivíduo designado menino ao nascer de identidade masculina [[binário de gênero|binária]] e do indivíduo designado menina ao nascer de identidade feminina binária estar relativamente dentro do que é considerado socialmente aceito para tais gêneros.<ref name="crethar">Crethar, H. C. & Vargas, L. A. (2007). ''Multicultural intricacies in professional counseling.'' In J. Gregoire & C. Jungers (Eds.), The counselor’s companion: What every beginning counselor needs to know. Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum. ISBN 0805856846. p.61.</ref><ref name=fword>{{citar web|url=http://www.thefword.org.uk/features/2008/03/trans_101|título= The F-Word's Trans 101|acessodata=2008-03-17|autor = Helen G.|data=2008-03-17|publicado=Thefword.org.uk/}}</ref> |
|||
== Etimologia e terminologia == |
|||
Em algumas situações, cisgênero começa a ser usado para identificar uma [[identidade de género|identidade de gênero]] concordante com um dos géneros binários, considerando menos o sexo biológico do indivíduo, e mais a [[socialização]] que este teve em relação ao gênero.<ref>{{citar web |
|||
O sexólogo alemão Volkmar Sigusch usou o neologismo cissexual (zissexuell em alemão) em uma publicação revisada por pares. Em seu ensaio de 1998, "A Revolução Neosexual", ele cita seu artigo de duas partes de 1991, "Transsexuais e não noser com Blick" ("Transexuais e nossa visão nosomórfica") como a origem do termo.<ref>{{Cite journal| title = The Neosexual Revolution| journal = Archives of Sexual Behavior| volume = 27| pages = 331–359|acessodata=6 de dezembro de 2012| issue = 4| doi = 10.1023/A:1018715525493| pmid = 9681118}}</ref> |
|||
|url=http://www.thefword.org.uk/features/2008/03/trans_101 |
|||
|título= The F-Word's Trans 101 |
|||
|acessodata= 2008-3-17 |
|||
|autor = Helen G |
|||
|data= 2008-3-17 |
|||
|publicado= Published on thefword.org.uk/}}</ref> Nesta perspectiva, cisgênero é o contraste de [[transgênero]]. |
|||
O cisgênero tem sua origem no prefixo derivado de latim cis- , que significa "deste lado de", que significa o oposto de trans- , que significando "em frente de" ou "do outro lado de". Este uso pode ser visto na distinção cis-trans em química, o cis-trans ou teste de complementação em genética, em Ciscaucasia (do ponto de vista russo), no antigo termo romano Cisalpine Gaul (isto é, "Gália deste lado do Alpes"), Ciskei e Transkei (separados pelo rio Kei) e, mais recentemente, [[Cisjordânia]], como distinto da [[Transjordânia]]. No caso do sexo, cis descreve o alinhamento de identidade de género com o sexo atribuído.<ref name=MW>{{cite web | url=http://www.merriam-webster.com/dictionary/cisgender | title=Definition of cisgender | publisher=Merriam Webster |acessodata=6 de dezembro de 2012}}</ref> |
|||
De acordo com Jaqueline Gomes de Jesus, cisgênero é "um conceito que abarca as pessoas que se identificam com o gênero que lhes foi determinado no momento de seu nascimento, ou seja, as pessoas não-transgênero".<ref>{{citar web|url=http://www.sertao.ufg.br/pages/35655|título=Orientações sobre Identidade de Gênero: Conceitos e Termos|acessodata=6 de dezembro de 2012|autora=J G JESUS}}</ref> |
|||
Os sociólogos Kristen Schilt e Laurel Westbrook definem o cisgênero como um rótulo para "indivíduos que têm uma correspondência entre o gênero em que foram atribuídos no nascimento, seus corpos e sua identidade pessoal".<ref name="Schilt" /> Um número de derivados dos termos cisgénero e cissexual incluem macho cis para "macho atribuído macho ao nascimento", fêmea cis para "fêmea atribuída fêmea no nascimento", analogamente homem cis e mulher cis,<ref name=advo>{{cite web | url=http://www.advocate.com/transgender/2015/07/31/true-meaning-word-cisgender | title=The true meaning of the word 'cisgender' | work=The Advocate |acessodata=6 de dezembro de 2012}}</ref> e cissexism e cissexual suposição.<ref>{{Cite book|title = Whipping Girl: A Transsexual Woman on Sexism and the Scapegoating of Femininity|last = Serano|first = Julia|publisher = Seal Press|year = 2007|isbn = 978-1580051545|location = Berkeley|pages = 164–165}}</ref> Além disso, um estudo publicado no ''Journal of International AIDS Society'' usou o termo cisormatividade, semelhante à [[heteronormatividade]] dos estudos de diversidade sexual.<ref>{{cite journal |last1= Logie|first1= Carmen|last2= James|first2= Lana|last3= Tharao|first3= Wangari|last4= Loutfy|first4= Mona|title= ''We don't exist'': a qualitative study of marginalization experienced by HIV-positive lesbian, bisexual, queer and transgender women in Toronto, Canada|journal= Journal of the International AIDS Society|volume= 15|issue= 2|pages= 17392|url= http://www.jiasociety.org/index.php/jias/article/view/17392|doi=10.7448/ias.15.2.17392|pmid= 22989529|pmc= 3494165}}</ref><ref>{{cite journal|year= 2011|title= Identity, Refugeeness, Belonging: Experiences of Sexual Minority Refugees in Canada|journal= Canadian Review of Sociology|volume= 48|issue= 3|pages= 241–274|doi=10.1111/j.1755-618X.2011.01265.x|pmid= 22214042}}</ref> Um adjetivo relacionado é normativo ao gênero porque, como Eli R. Green escreve, "'cisgênero' é usado [em vez do mais popular 'normativo de gênero'] para se referir a pessoas que não se identificam com um gênero experiência diversificada, sem impor a existência de uma expressão normativa de gênero ".<ref>{{Cite journal| last1 = Green| first1 = Eli R.| title = Debating Trans Inclusion in the Feminist Movement: A Trans-Positive Analysis| journal = Journal of Lesbian Studies| volume = 10| issue = 1/2| pages = 231–248 [247]| year = 2006| doi=10.1300/j155v10n01_12| pmid = 16873223}}</ref> Desta forma, cisgênero é preferível porque, ao contrário do termo gênero-normativo, não implica que as identidades transgênero são anormais. |
|||
A origem da palavra vem do [[latim]], onde o prefixo ''cis-'' significa "ao lado de" ou "no mesmo lado de", fazendo alusão à identificação, à concordância da identidade de gênero da pessoa com sua configuração genital e hormonal. O prefixo ''cis-'' é o oposto latino ao prefixo ''trans-''. |
|||
Julia Serano definiu cissexual como "pessoas que não são transexuais e que só experimentaram os seus sexos físico e mental como estando alinhados", enquanto cisgênero é um termo um pouco mais restrito para aqueles que não se identificam como transgênero (uma categoria cultural maior do que transexual que é mais clínico).<ref name="Serano">{{cite book |title= Whipping Girl: A Transsexual Woman on Sexism and the Scapegoating of Femininity|last= Serano|first= Julia|year= 2007|publisher= Seal Press|isbn= 978-1-58005-154-5|page= 12}}</ref> Para Jessica Cadwallader, o cissexual é "uma maneira de chamar a atenção para a norma não marcada, contra a qual trans é identificada, na qual uma pessoa sente que sua identidade de gênero combina com seu corpo/sexo".<ref>{{Cite book| last1 = Sullivan | last2 = Murray| first1 = Nikki | first2 = Samantha| title = Somatechnics: queering the technologisation of bodies| publisher = Ashgate Publishing| location = Surrey, England| year = 2009| page = 17| isbn = 978-0-7546-7530-3 }}</ref> |
|||
Os termos cigênero e cissexual foram usadas em um artigo de 2006 no ''Journal of Studies Lesbian''<ref>Green, Eli R. (2006). "Debating Trans Inclusion in the Feminist Movement: A Trans-Positive Analysis," ''Journal of Lesbian Studies''. Volume: 10 Issue: 1/2. pp. 231−248. ISSN 1089-4160</ref> e o livro, ''Whipping Girl'' de Serano,<ref name="Serano" /> após o qual o termo ganhou alguma popularidade entre os ativistas que falam Inglês e estudiosos.<ref>{{Cite journal| title = Trans (Formative) Relationships: What We Learn About Identities, Bodies, Work and Families from Women Partners of Trans Men| journal = Ph.D Dissertation, Department of Sociology, University of Michigan| year = 2009}}</ref><ref>{{Cite journal| title = Contradictory Realities, Infinite Possibilities: Language Mobilization and Self-Articulation Amongst Black Trans Women | journal = Penn McNair Research Journal | volume = 2| issue = 1|acessodata=6 de dezembro de 2012}}</ref><ref>{{Cite journal| title = Queer Diagnoses: Parallels and Contrasts in the History of Homosexuality, Gender Variance, and the ''Diagnostic and Statistical Manual''| journal = Archives of Sexual Behavior| doi = 10.1007/s10508-009-9531-5 |acessodata=6 de dezembro de 2012| volume = 39| issue = 2| pages = 427–460| pmid = 19838785}}</ref> Jillana Enteen escreveu em 2009 que o cissexual é "feito para mostrar que existem suposições embutidas codificadas na expectativa dessa conformidade perfeita".<ref>{{Cite book| title = Virtual English: Queer Internets and Digital Creolization (Volume 6 of Routledge studies in new media and cyberculture)| publisher = Taylor & Francis| location = New York City, New York| year = 2009| page = 177| isbn =978-0-415-97724-1 }}</ref> |
|||
Serano também usa o termo relacionado ao cissexismo , "que é a crença de que os gêneros identificados pelos transexuais são inferiores ou menos autênticos que os dos cissexuais".<ref>Serano (2007) also defines cisgender as synonymous with "non-transgender" and cissexual with "non-transsexual" (p. 33).</ref> Em 2010, o termo privilégio cisgênero apareceu na literatura acadêmica, definida como o "conjunto de vantagens imerecidas que os indivíduos que identificam como o gênero ao qual foram atribuídos no nascimento se acumulam unicamente devido a ter uma identidade cisgênera".<ref>Walls, N. E., & Costello, K. (2010). "Head ladies center for teacup chain": Exploring cisgender privilege in a (predominantly) gay male context. In S. Anderson and V. Middleton ''Explorations in diversity: Examining privilege and oppression in a multicultural society, 2nd ed.'' (pp. 81−93). Belmont, CA: Brooks/Cole. Quote appears on p.83.</ref> |
|||
Enquanto alguns acreditam que o termo cisgênero é meramente [[politicamente correto]],<ref name="International">{{cite web |url=http://www.ibtimes.com.au/whats-your-choice-male-female-transgender-intersex-other-gender-options-now-available-facebook-users |title=What's Your Choice – Male, Female, Transgender, Intersex?: Other Gender Options Now Available for Facebook Users |last1=Hernandez |first1=Vittorio |website=International Business Times |acessodata=6 de dezembro de 2012}}</ref><ref name="Telegraph">{{cite news |title=Was 2014 the year political correctness went stark raving mad?: This year has seen political correctness turn sinister, thanks to the outraged, sanctimonious reactions of social media's PC police, argues Martin Daubney |url=https://www.telegraph.co.uk/men/thinking-man/11294974/Was-2014-the-year-political-correctness-went-stark-raving-mad.html |newspaper=[[The Daily Telegraph]]|acessodata=6 de dezembro de 2012}}</ref><ref name="Spectator">{{cite magazine |title=The march of the new political correctness |url=http://new.spectator.co.uk/2015/02/the-march-of-the-new-political-correctness/ |deadurl=yes |magazine=The Spectator |location=London |publisher= |acessodata=6 de dezembro de 2012 }}</ref><ref name="CBC">{{cite web |url=http://www.cbc.ca/news/world/mansplaining-the-return-of-political-correctness-1.2999060 |title='Mansplaining' the return of political correctness:The scourge of the '90s, PC seems to be gaining a new foothold on college campuses |last1=Macdonald |first1= Neil |website=CBC.ca |acessodata=6 de dezembro de 2012 |quote=}}</ref><ref name="Spectator2">{{cite magazine |title=How we ended up 'cisgender':The history of a tendentious word |url=http://new.spectator.co.uk/2015/11/how-we-ended-up-cisgender/ |magazine=The Spectator|acessodata=6 de dezembro de 2012 }}</ref> acadêmicos médicos usam o termo e reconheceram sua importância em estudos transgêneros desde a década de 1990.<ref name="Aultman">{{cite journal |title= Cisgender|journal= TSQ: Transgender Studies Quarterly|volume= 1|issue= 1–2|last= Aultman|first= B|year= 2014|doi= 10.1215/23289252-2399614|page= 61}}</ref><ref name="Psychology & Psychiatry Journal">{{cite journal |date=2015 |title= Re-assessing the Role of Gender-Related Cognitions for Self-Esteem: The Importance of Gender Typicality for Cisgender Adults |url= |journal= Psychology & Psychiatry Journal |volume= 72|issue= 5–6|pages= 221–236|doi= 10.1007/s11199-015-0458-0 |access-date=|last1= Tate |first1= Charlotte Chucky |last2= Bettergarcia |first2= Jay N. |last3= Brent |first3= Lindsay M. }}</ref><ref name="Mental Health Weekly Digest">{{cite journal |date=2015 |title= New Mental Health Study Findings Have Been Reported by Investigators at Brown University (Gender Minority Stress, Mental Health, and Relationship Quality: A Dyadic Investigation of Transgender Women and Their Cisgender Male Partners)|url= |journal= Mental Health Weekly Digest |volume= 9|pages= 224|access-date=}}</ref> |
|||
Em fevereiro de 2014, o Facebook começou a oferecer opções de gênero "personalizadas", permitindo que os usuários se identifiquem com um ou mais termos relacionados a gênero de uma lista selecionada, incluindo cis, cisgênero e outros.<ref>{{cite web |url=http://www.cnn.com/2014/02/13/tech/social-media/facebook-gender-custom/index.html |title=Facebook goes beyond 'male' and 'female' with new gender options |author=Brandon Griggs |acessodata=6 de dezembro de 2012}}</ref><ref>{{cite web |url=http://bigstory.ap.org/article/facebooks-new-gender-identity-options |title=Facebook's New Gender Identity Options|author=The Associated Press}}</ref> Cisgênero também foi adicionado ao ''[[Oxford English Dictionary]]'' em 2013, definido como "designar uma pessoa cujo senso de identidade pessoal corresponde ao sexo e gênero atribuído a ela no nascimento (em contraste com transgênero)".<ref>{{cite web|last1=Martin|first1=Katherine|title=New words notes June 2015|url=http://public.oed.com/the-oed-today/recent-updates-to-the-oed/june-2015-update/new-words-notes-june-2015/|website=Oxford English Dictionary|publisher=Oxford University Press|acessodata=6 de dezembro de 2012}}</ref> |
|||
==Críticas == |
|||
===Do feminismo e estudos de gênero === |
|||
Krista Scott-Dixon escreveu em 2009: "Eu prefiro o termo não-trans a outras opções, como cissexual / Cisgeneridade".<ref>{{Cite journal| title = Public health, private parts: A feminist public-health approach to trans issues| journal = Hypatia| doi = 10.1111/j.1527-2001.2009.01044.x| volume = 24| issue = 3| pages = 33–55| year = 2009}}</ref> Ela sustenta essa opinião porque acredita que o termo "não-trans" é mais claro para as pessoas comuns e ajudará a normalizar os indivíduos transgêneros. |
|||
A estudiosa de Estudos de Gênero e Mulheres, Mimi Marinucci, escreve que alguns consideram o binário "cisgênero-transgênero" como tão perigoso ou autodestrutivo quanto o binário masculino-feminino, porque agrupa pessoas que se identificam como lésbicas, gays ou bissexuais (LGB) de forma arbitrária e excessivamente simplista com uma classe heteronormativa de pessoas em oposição a pessoas transexuais. Caracterizar indivíduos LGB junto com pessoas heterossexuais e não trans pode sugerir, de forma problemática, que os indivíduos LGB, ao contrário dos indivíduos transgêneros, "não experimentam nenhum descompasso entre sua própria identidade de gênero e expressão de gênero e expectativas culturais em relação à identidade e expressão de gênero".<ref>{{cite book|last=Marinucci|first=Mimi|publisher=Zed Books|year=2010|title=Feminism is Queer: The Intimate Connection between Queer and Feminist Theory|pages=125–126}}</ref> |
|||
Glosswitch escreveu na revista britânica ''[[New Statesman]]'' que, se um binário de gênero essencial não existe, então a ideia de que a identidade de uma pessoa combina com seu gênero é manter um estereótipo.<ref>{{Cite web|url=http://www.newstatesman.com/lifestyle/2014/02/i-dont-feel-i-match-my-gender-so-what-does-it-mean-be-called-cis|title=I don't feel I "match" my gender, so what does it mean to be called cis?|website=www.newstatesman.com|access-date=2016-09-09}}</ref> |
|||
===Das organizações intersexuais === |
|||
{{Artigo principal|[[Intersexo]]}} |
|||
Pessoas [[intersexuais]] nascem com características sexuais físicas atípicas que podem complicar a atribuição sexual inicial e levar a tratamento médico involuntário ou coagido.<ref name="Dreger">{{cite book |last=Domurat Dreger |first=Alice |title=Hermaphrodites and the Medical Invention of Sex |year=2001 |publisher=Harvard University Press |location=USA |isbn=978-0-674-00189-3 }}</ref><ref name="jointun">[http://www.who.int/reproductivehealth/publications/gender_rights/eliminating-forced-sterilization/en/ Eliminating forced, coercive and otherwise involuntary sterilization, An interagency statement], [[World Health Organization]], May 2014.</ref> O termo cisgênero "pode ficar confuso" em relação a pessoas com condições intersexuais, embora algumas pessoas intersex usem o termo, de acordo com o projeto ''Interact Advocates for Intersex Youth Inter / Act''.<ref>[http://interactyouth.org/post/97343969730/inter-act-has-been-working-with-mtvs-faking-it-on Inter/Act Youth • Inter/Act has been working with MTV's Faking It on...] Interact Advocates for Intersex Youth|Inter/Act Youth. Retrieved October 17, 2014.</ref> Hida Viloria da Campanha Intersex pela Igualdade observa que, como uma pessoa nascida com um corpo intersex que tem um senso não-binário de identidade de gênero que "combina" com seu corpo, ela é tanto cisgênero quanto não-conformista, presumivelmente opostos de acordo com a definição de cisgênero; que isso evidencia a base do termo em um modelo sexual binário que não leva em conta a existência das pessoas intersexuais. Ele/ela também critica o fato de que o termo "sexo atribuído ao nascimento" é usado em uma das definições de cisgênero sem notar que bebês são designados como homens ou mulheres independentemente do status intersexo na maior parte do mundo, afirmando que isso ofusca o nascimento de bebês intersexuais e molduras de identidade de gênero dentro de um modelo sexual binário masculino/feminino que não leva em conta tanto a existência de identidades de gênero não conformes de gênero congruentemente nativas.<ref>[http://hidaviloria.com/caught-in-the-gender-binary-blind-spot-intersex-erasure-in-cisgender-rhetoric/ Caught in the Gender Binary Blind Spot: Intersex Erasure in Cisgender Rhetoric], Hida Viloria, August 18, 2014. Retrieved October 17, 2014.</ref> |
|||
{{Referências|refs=Jesus, Jaqueline Gomes de. |
{{Referências|refs=Jesus, Jaqueline Gomes de. |
||
Linha 20: | Linha 37: | ||
Jesus. Brasília: Autor, 2012. |
Jesus. Brasília: Autor, 2012. |
||
24p. : il. (algumas color.)}} |
24p. : il. (algumas color.)}} |
||
==Ligações externas== |
|||
* [https://web.archive.org/web/20130319051227/http://ddce.utexas.edu/genderandsexuality/frequently-asked-questions/ Gender and Sexuality Center FAQ], University of Texas at Austin Division of Diversity and Community Engagement |
|||
* [http://www.huffingtonpost.com/todd-clayton/queer-community-transphobic_b_2727064.html The Queer Community Has to Stop Being Transphobic: Realizing My Cisgender Privilege], Todd Clayton, ''The Huffington Post'' |
|||
{{Identidade sexual}} |
{{Identidade sexual}} |
Revisão das 04h27min de 3 de maio de 2019
Parte da série sobre a |
Transgeneridade |
---|
|
Acadêmico |
Portal LGBT |
Em estudos de gênero, é um termo para pessoas cuja identidade de gênero corresponde ao sexo que lhes foi atribuído no nascimento. Por exemplo, alguém que se identifica como mulher e foi designada como mulher ao nascer é uma mulher cisgênero. O termo cisgênero é o oposto da palavra transgênero.[1][2]
Etimologia e terminologia
O sexólogo alemão Volkmar Sigusch usou o neologismo cissexual (zissexuell em alemão) em uma publicação revisada por pares. Em seu ensaio de 1998, "A Revolução Neosexual", ele cita seu artigo de duas partes de 1991, "Transsexuais e não noser com Blick" ("Transexuais e nossa visão nosomórfica") como a origem do termo.[3]
O cisgênero tem sua origem no prefixo derivado de latim cis- , que significa "deste lado de", que significa o oposto de trans- , que significando "em frente de" ou "do outro lado de". Este uso pode ser visto na distinção cis-trans em química, o cis-trans ou teste de complementação em genética, em Ciscaucasia (do ponto de vista russo), no antigo termo romano Cisalpine Gaul (isto é, "Gália deste lado do Alpes"), Ciskei e Transkei (separados pelo rio Kei) e, mais recentemente, Cisjordânia, como distinto da Transjordânia. No caso do sexo, cis descreve o alinhamento de identidade de género com o sexo atribuído.[4]
Os sociólogos Kristen Schilt e Laurel Westbrook definem o cisgênero como um rótulo para "indivíduos que têm uma correspondência entre o gênero em que foram atribuídos no nascimento, seus corpos e sua identidade pessoal".[1] Um número de derivados dos termos cisgénero e cissexual incluem macho cis para "macho atribuído macho ao nascimento", fêmea cis para "fêmea atribuída fêmea no nascimento", analogamente homem cis e mulher cis,[5] e cissexism e cissexual suposição.[6] Além disso, um estudo publicado no Journal of International AIDS Society usou o termo cisormatividade, semelhante à heteronormatividade dos estudos de diversidade sexual.[7][8] Um adjetivo relacionado é normativo ao gênero porque, como Eli R. Green escreve, "'cisgênero' é usado [em vez do mais popular 'normativo de gênero'] para se referir a pessoas que não se identificam com um gênero experiência diversificada, sem impor a existência de uma expressão normativa de gênero ".[9] Desta forma, cisgênero é preferível porque, ao contrário do termo gênero-normativo, não implica que as identidades transgênero são anormais.
Julia Serano definiu cissexual como "pessoas que não são transexuais e que só experimentaram os seus sexos físico e mental como estando alinhados", enquanto cisgênero é um termo um pouco mais restrito para aqueles que não se identificam como transgênero (uma categoria cultural maior do que transexual que é mais clínico).[10] Para Jessica Cadwallader, o cissexual é "uma maneira de chamar a atenção para a norma não marcada, contra a qual trans é identificada, na qual uma pessoa sente que sua identidade de gênero combina com seu corpo/sexo".[11]
Os termos cigênero e cissexual foram usadas em um artigo de 2006 no Journal of Studies Lesbian[12] e o livro, Whipping Girl de Serano,[10] após o qual o termo ganhou alguma popularidade entre os ativistas que falam Inglês e estudiosos.[13][14][15] Jillana Enteen escreveu em 2009 que o cissexual é "feito para mostrar que existem suposições embutidas codificadas na expectativa dessa conformidade perfeita".[16]
Serano também usa o termo relacionado ao cissexismo , "que é a crença de que os gêneros identificados pelos transexuais são inferiores ou menos autênticos que os dos cissexuais".[17] Em 2010, o termo privilégio cisgênero apareceu na literatura acadêmica, definida como o "conjunto de vantagens imerecidas que os indivíduos que identificam como o gênero ao qual foram atribuídos no nascimento se acumulam unicamente devido a ter uma identidade cisgênera".[18]
Enquanto alguns acreditam que o termo cisgênero é meramente politicamente correto,[19][20][21][22][23] acadêmicos médicos usam o termo e reconheceram sua importância em estudos transgêneros desde a década de 1990.[24][25][26]
Em fevereiro de 2014, o Facebook começou a oferecer opções de gênero "personalizadas", permitindo que os usuários se identifiquem com um ou mais termos relacionados a gênero de uma lista selecionada, incluindo cis, cisgênero e outros.[27][28] Cisgênero também foi adicionado ao Oxford English Dictionary em 2013, definido como "designar uma pessoa cujo senso de identidade pessoal corresponde ao sexo e gênero atribuído a ela no nascimento (em contraste com transgênero)".[29]
Críticas
Do feminismo e estudos de gênero
Krista Scott-Dixon escreveu em 2009: "Eu prefiro o termo não-trans a outras opções, como cissexual / Cisgeneridade".[30] Ela sustenta essa opinião porque acredita que o termo "não-trans" é mais claro para as pessoas comuns e ajudará a normalizar os indivíduos transgêneros.
A estudiosa de Estudos de Gênero e Mulheres, Mimi Marinucci, escreve que alguns consideram o binário "cisgênero-transgênero" como tão perigoso ou autodestrutivo quanto o binário masculino-feminino, porque agrupa pessoas que se identificam como lésbicas, gays ou bissexuais (LGB) de forma arbitrária e excessivamente simplista com uma classe heteronormativa de pessoas em oposição a pessoas transexuais. Caracterizar indivíduos LGB junto com pessoas heterossexuais e não trans pode sugerir, de forma problemática, que os indivíduos LGB, ao contrário dos indivíduos transgêneros, "não experimentam nenhum descompasso entre sua própria identidade de gênero e expressão de gênero e expectativas culturais em relação à identidade e expressão de gênero".[31]
Glosswitch escreveu na revista britânica New Statesman que, se um binário de gênero essencial não existe, então a ideia de que a identidade de uma pessoa combina com seu gênero é manter um estereótipo.[32]
Das organizações intersexuais
Pessoas intersexuais nascem com características sexuais físicas atípicas que podem complicar a atribuição sexual inicial e levar a tratamento médico involuntário ou coagido.[33][34] O termo cisgênero "pode ficar confuso" em relação a pessoas com condições intersexuais, embora algumas pessoas intersex usem o termo, de acordo com o projeto Interact Advocates for Intersex Youth Inter / Act.[35] Hida Viloria da Campanha Intersex pela Igualdade observa que, como uma pessoa nascida com um corpo intersex que tem um senso não-binário de identidade de gênero que "combina" com seu corpo, ela é tanto cisgênero quanto não-conformista, presumivelmente opostos de acordo com a definição de cisgênero; que isso evidencia a base do termo em um modelo sexual binário que não leva em conta a existência das pessoas intersexuais. Ele/ela também critica o fato de que o termo "sexo atribuído ao nascimento" é usado em uma das definições de cisgênero sem notar que bebês são designados como homens ou mulheres independentemente do status intersexo na maior parte do mundo, afirmando que isso ofusca o nascimento de bebês intersexuais e molduras de identidade de gênero dentro de um modelo sexual binário masculino/feminino que não leva em conta tanto a existência de identidades de gênero não conformes de gênero congruentemente nativas.[36]
Referências
- ↑ a b «Doing Gender, Doing Heteronormativity: 'Gender Normals,' Transgender People, and the Social Maintenance of Heterosexuality». Gender & Society. 23 (4): 440–464 [461]. doi:10.1177/0891243209340034
- ↑ «Will the Word "Cisgender" Ever Go Mainstream?». The Atlantic (em inglês). Consultado em 6 de dezembro de 2012
- ↑ «The Neosexual Revolution». Archives of Sexual Behavior. 27 (4): 331–359. PMID 9681118. doi:10.1023/A:1018715525493
- ↑ «Definition of cisgender». Merriam Webster. Consultado em 6 de dezembro de 2012
- ↑ «The true meaning of the word 'cisgender'». The Advocate. Consultado em 6 de dezembro de 2012
- ↑ Serano, Julia (2007). Whipping Girl: A Transsexual Woman on Sexism and the Scapegoating of Femininity. Berkeley: Seal Press. pp. 164–165. ISBN 978-1580051545
- ↑ Logie, Carmen; James, Lana; Tharao, Wangari; Loutfy, Mona. «We don't exist: a qualitative study of marginalization experienced by HIV-positive lesbian, bisexual, queer and transgender women in Toronto, Canada». Journal of the International AIDS Society. 15 (2). 17392 páginas. PMC 3494165. PMID 22989529. doi:10.7448/ias.15.2.17392
- ↑ «Identity, Refugeeness, Belonging: Experiences of Sexual Minority Refugees in Canada». Canadian Review of Sociology. 48 (3): 241–274. 2011. PMID 22214042. doi:10.1111/j.1755-618X.2011.01265.x
- ↑ Green, Eli R. (2006). «Debating Trans Inclusion in the Feminist Movement: A Trans-Positive Analysis». Journal of Lesbian Studies. 10 (1/2): 231–248 [247]. PMID 16873223. doi:10.1300/j155v10n01_12
- ↑ a b Serano, Julia (2007). Whipping Girl: A Transsexual Woman on Sexism and the Scapegoating of Femininity. [S.l.]: Seal Press. p. 12. ISBN 978-1-58005-154-5
- ↑ Sullivan, Nikki; Murray, Samantha (2009). Somatechnics: queering the technologisation of bodies. Surrey, England: Ashgate Publishing. p. 17. ISBN 978-0-7546-7530-3
- ↑ Green, Eli R. (2006). "Debating Trans Inclusion in the Feminist Movement: A Trans-Positive Analysis," Journal of Lesbian Studies. Volume: 10 Issue: 1/2. pp. 231−248. ISSN 1089-4160
- ↑ «Trans (Formative) Relationships: What We Learn About Identities, Bodies, Work and Families from Women Partners of Trans Men». Ph.D Dissertation, Department of Sociology, University of Michigan. 2009
- ↑ «Contradictory Realities, Infinite Possibilities: Language Mobilization and Self-Articulation Amongst Black Trans Women». Penn McNair Research Journal. 2 (1)
- ↑ «Queer Diagnoses: Parallels and Contrasts in the History of Homosexuality, Gender Variance, and the Diagnostic and Statistical Manual». Archives of Sexual Behavior. 39 (2): 427–460. PMID 19838785. doi:10.1007/s10508-009-9531-5
- ↑ Virtual English: Queer Internets and Digital Creolization (Volume 6 of Routledge studies in new media and cyberculture). New York City, New York: Taylor & Francis. 2009. p. 177. ISBN 978-0-415-97724-1
- ↑ Serano (2007) also defines cisgender as synonymous with "non-transgender" and cissexual with "non-transsexual" (p. 33).
- ↑ Walls, N. E., & Costello, K. (2010). "Head ladies center for teacup chain": Exploring cisgender privilege in a (predominantly) gay male context. In S. Anderson and V. Middleton Explorations in diversity: Examining privilege and oppression in a multicultural society, 2nd ed. (pp. 81−93). Belmont, CA: Brooks/Cole. Quote appears on p.83.
- ↑ Hernandez, Vittorio. «What's Your Choice – Male, Female, Transgender, Intersex?: Other Gender Options Now Available for Facebook Users». International Business Times. Consultado em 6 de dezembro de 2012
- ↑ «Was 2014 the year political correctness went stark raving mad?: This year has seen political correctness turn sinister, thanks to the outraged, sanctimonious reactions of social media's PC police, argues Martin Daubney». The Daily Telegraph. Consultado em 6 de dezembro de 2012
- ↑ «The march of the new political correctness». The Spectator. London. Consultado em 6 de dezembro de 2012 [ligação inativa]
- ↑ Macdonald, Neil. «'Mansplaining' the return of political correctness:The scourge of the '90s, PC seems to be gaining a new foothold on college campuses». CBC.ca. Consultado em 6 de dezembro de 2012
- ↑ «How we ended up 'cisgender':The history of a tendentious word». The Spectator. Consultado em 6 de dezembro de 2012
- ↑ Aultman, B (2014). «Cisgender». TSQ: Transgender Studies Quarterly. 1 (1–2): 61. doi:10.1215/23289252-2399614
- ↑ Tate, Charlotte Chucky; Bettergarcia, Jay N.; Brent, Lindsay M. (2015). «Re-assessing the Role of Gender-Related Cognitions for Self-Esteem: The Importance of Gender Typicality for Cisgender Adults». Psychology & Psychiatry Journal. 72 (5–6): 221–236. doi:10.1007/s11199-015-0458-0
- ↑ «New Mental Health Study Findings Have Been Reported by Investigators at Brown University (Gender Minority Stress, Mental Health, and Relationship Quality: A Dyadic Investigation of Transgender Women and Their Cisgender Male Partners)». Mental Health Weekly Digest. 9. 224 páginas. 2015
- ↑ Brandon Griggs. «Facebook goes beyond 'male' and 'female' with new gender options». Consultado em 6 de dezembro de 2012
- ↑ The Associated Press. «Facebook's New Gender Identity Options»
- ↑ Martin, Katherine. «New words notes June 2015». Oxford English Dictionary. Oxford University Press. Consultado em 6 de dezembro de 2012
- ↑ «Public health, private parts: A feminist public-health approach to trans issues». Hypatia. 24 (3): 33–55. 2009. doi:10.1111/j.1527-2001.2009.01044.x
- ↑ Marinucci, Mimi (2010). Feminism is Queer: The Intimate Connection between Queer and Feminist Theory. [S.l.]: Zed Books. pp. 125–126
- ↑ «I don't feel I "match" my gender, so what does it mean to be called cis?». www.newstatesman.com. Consultado em 9 de setembro de 2016
- ↑ Domurat Dreger, Alice (2001). Hermaphrodites and the Medical Invention of Sex. USA: Harvard University Press. ISBN 978-0-674-00189-3
- ↑ Eliminating forced, coercive and otherwise involuntary sterilization, An interagency statement, World Health Organization, May 2014.
- ↑ Inter/Act Youth • Inter/Act has been working with MTV's Faking It on... Interact Advocates for Intersex Youth|Inter/Act Youth. Retrieved October 17, 2014.
- ↑ Caught in the Gender Binary Blind Spot: Intersex Erasure in Cisgender Rhetoric, Hida Viloria, August 18, 2014. Retrieved October 17, 2014.
Ligações externas
- Gender and Sexuality Center FAQ, University of Texas at Austin Division of Diversity and Community Engagement
- The Queer Community Has to Stop Being Transphobic: Realizing My Cisgender Privilege, Todd Clayton, The Huffington Post