Altersexo

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Altersexo (composto de alter e sexo) é um termo guarda-chuva para uma possibilidade alternativa ou alienável (nos sentidos de extra-humana ou alterável) referindo-se às características sexuais primárias e secundárias, tais como genitálias, gônadas, fenótipo, genótipo (genética/cariótipo) ou hormônios.[1]

Altersexualidade foi criada para ser usada em grande escala, mas não exclusivamente, para personagens fictícias. Outro uso também descreve planos corporais que são uma mistura de coisas, em vez de configurações naturalmente encontradas, tais como salmaciana (ambigenital ou bigenital)[2][3] ou bigonadal (ovotestis) e angenital (agenital).[4]

Ficção[editar | editar código-fonte]

Personagens fictícios com um sexo alternativo, por não descreverem a realidade material, são chamados de altersexo, embora tais personagens já tenham sido descritos como hermafrodíticos ou intersexuais, o que é tido como intersexismo, também por considerar-se que hermafrodita seja pejorativo. Embora a androginia também possa se aplicar, seu uso atual faz referência mais a expressão de gênero e características sexuais secundárias. Um exemplo popular de um tipo altersexo na ficção é futanari.[5]

Furries, personagens humanóides e antropomórificos, e pessoas envolvidas nessa subcultura, costumam usar 'herm', abreviado de hermafrodita, especialmente com aspectos afeminados ou femmes com seios, falo e vagina (ginomórficos), masculinizados ou butch com peitos planos e vagina (andromórficos), e neutralizados ou agênero com tentáculos para genitálias, chamados de xenogenital.[6]

Plano corporal[editar | editar código-fonte]

Um plano corpóreo é o tipo de partes do corpo que alguém possuí ou não, como um pênis, testículos, uma vulva, um clitóris e seios desenvolvidos, semelhante a transexualidade ou disforia de gênero nesses casos, altersexuais podem obter cirurgia de redesignação sexual para ter uma euforia de gênero, também conhecida popularmente como mudança de sexo, como (vulvo)vaginoplastia, faloplastia, metoidioplastia ou (peno)escrotoplastia.[7] Porém altersexo é uma categoria de todo plano de corpo fora do padrão convencional, incluindo aqueles que são fantásticos ou imaginários ou fisiologicamente não possíveis na vida real ou na espécie homo sapiens.[8]

A palavra vem sido adotada por pessoas transgênero em não-conformidade de gênero, por não pertencerem ao padrão diádico ou dualístico (binarizado) e cissexual do endossexo (não-intersexo ou perissexo), tornando-a uma alternativa para denotar dissidência para com as classificações cisnormativas do sexo biológico e anatômico, constantemente socializado por gêneros identitários.[9][6]

Operações cirúrgicas de redesignação sexual que não envolvem estritamente uma vulvovaginoplastia (neovaginoplastia) ou penoplastia (neofaloplastia) são chamadas de não-binárias, mesmo embora nem todas as pessoas, que realizam ou desejam realizar tais operações, sejam não-binárias ou mesmo transgêneras,[10] alguns exemplos dessas cirurgias não-conformes de gênero são a nulificação genital (penectomia ou falectomia),[11] vulvoplastia com preservação peniana (androginoplastia, escrotectomia com vaginoplastia),[12] orquiectomia sem labiaplastia e metoidioplastia com preservação vaginal, entre outros. Vale ressaltar que algumas cirurgias, que são tidas como transexualizadoras, também são feitas em pessoas intersexo, sem necessariamente serem transexuais.[13][14]

Uma transição de gênero transneutra, tanto social quanto corporalmente (não essencialmente genital), pode ser alcançada como uma neutralidade idealizada ou uma socialização de gênero para com o corpo.[15]

Intangibilidade[editar | editar código-fonte]

As conceituações originárias do termo altersexo visam uma intangibilidade imaterial perante o espectro bimodal de sexo,[16][8] o que significa que uma pessoa pode conceitualizar sua corporalidade, seu corpo físico, de outra forma, na perspectiva cognitiva dela, como idealizando seu corpo como a de um animal não-humano.[5] O espectro de sexo é geralmente tido como bimodal,[17] dessa forma, as tipicidades tendem a parecer ou mais machas ou mais femeais, havendo também intermediários, chamados de intersexos,[18] logo, o espectro é ainda tido como um continuum.[19] Esse espectro não se limita somente a gametas.[20][21]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Intersex, Intergender, and Altersex. Do Intersex Transexuals Exist?». Mx. Anunnaki Ray Marquez (em inglês) 
  2. «Salmacian resources». Transgender Map (em inglês). 17 de março de 2022. Consultado em 18 de julho de 2023 
  3. Kupper, Carly (1 de janeiro de 2021). «Non-Binary Identities: How Non-Binary People Move Through A Gendered World». Honors Undergraduate Theses. Consultado em 18 de julho de 2023 
  4. «Intersex Glossary». Cópia arquivada em 10 de dezembro de 2018 
  5. a b V. Fort, Alexander. «Sex and the Impossible». scripties.uba.uva.nl. Stigma and Sexualities of Online Fantasy Fetish Content Creators. University of Amsterdam. Consultado em 30 de março de 2021. Cópia arquivada em 18 de abril de 2021 
  6. a b «ALTERSEX: Sex/Gender Slurs And The Alternatives -- farorenightclaw's Journal». www.furaffinity.net (em inglês). Consultado em 30 de março de 2021 
  7. Ashton, Mia. «New surgery provides trans patients with BOTH male and female genitals». The Post Millennial (em inglês). Consultado em 18 de julho de 2023 
  8. a b «Altersex - body descriptor and alternative to fetish terms? — Weasyl». www.weasyl.com. Cópia arquivada em 10 de dezembro de 2018 
  9. Marquez, Mx Anunnaki Ray (12 de dezembro de 2019). «Biological and Anatomical Sex: Endosex, Intersex & Altersex». Mx. Anunnaki Ray Marquez (em inglês). Consultado em 1 de janeiro de 2020 
  10. «Non-Binary Options For Bottom Surgery». MTFsurgery.net (em inglês). Consultado em 16 de abril de 2021 
  11. «Non-Binary Surgery». Crane Center for Transgender Surgery (em inglês). Consultado em 16 de abril de 2021 
  12. Baum, Sarah Emily (14 de novembro de 2022). «Trans People Are Seeking Nonbinary Bottom Surgeries». Vice (em inglês). Consultado em 18 de julho de 2023 
  13. Oliveira, Diego Estevam Gomes; da Cruz, Marcela Leal; Liguori, Riberto; Garrone, Gilmar; Leslie, Bruno; Ottoni, Sérgio Leite; Souza, Geórgia Rubiane; Ortiz, Valdemar; de Castro, Roberto (fevereiro de 2016). «Neophalloplasty in boys with aphallia: A systematic review». Journal of Pediatric Urology (1): 19–24. ISSN 1873-4898. PMID 26778186. doi:10.1016/j.jpurol.2015.10.003. Consultado em 16 de abril de 2021 
  14. Bastu, Ercan; Akhan, Suleyman Engin; Mutlu, Mehmet Firat; Nehir, Asli; Yumru, Harika; Hocaoglu, Emre; Gungor-Ugurlucan, Funda (2012). «Treatment of vaginal agenesis using a modified McIndoe technique: Long-term follow-up of 23 patients and a literature review». The Canadian Journal of Plastic Surgery (4): 241–244. ISSN 1195-2199. PMC 3513253Acessível livremente. PMID 24294018. Consultado em 16 de abril de 2021 
  15. «» Transneutre». Consultado em 16 de abril de 2021 
  16. «Gender Spectrum: A Scientist Explains Why Gender Isn't Binary». Cade Hildreth (em inglês). 22 de abril de 2021. Consultado em 2 de junho de 2021 
  17. «Debunking the Bimodal "Sex Spectrum" Graph». Ministry of Truth (em inglês). 23 de março de 2021. Consultado em 22 de agosto de 2021 
  18. Montañez, Amanda. «Visualizing Sex as a Spectrum». Scientific American Blog Network (em inglês). Consultado em 2 de junho de 2021 
  19. Admin (27 de novembro de 2019). «The Intersex Continuum». Redline (em inglês). Consultado em 2 de junho de 2021 
  20. Joel, Daphna; Berman, Zohar; Tavor, Ido; Wexler, Nadav; Gaber, Olga; Stein, Yaniv; Shefi, Nisan; Pool, Jared; Urchs, Sebastian (15 de dezembro de 2015). «Sex beyond the genitalia: The human brain mosaic». Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America (50): 15468–15473. ISSN 1091-6490. PMC 4687544Acessível livremente. PMID 26621705. doi:10.1073/pnas.1509654112. Consultado em 25 de fevereiro de 2023 
  21. Fausto‐Sterling, Anne (2005). «The Bare Bones of Sex: Part 1—Sex and Gender». Signs (2): 1491–1527. ISSN 0097-9740. doi:10.1086/424932. Consultado em 25 de fevereiro de 2023