Lobo-dourado-africano: diferenças entre revisões

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O '''lobo-dourado-africano''' (''Canis anthus''<ref name=COL2015/> ou ''Canis lupaster''<ref name=Alvares2019/>) é um [[Canídeos|canídeo]] nativo do [[Norte da África]] e do [[Chifre da África]]. Descende de uma mistura genética de canídeos, sendo 72% do [[Lobo|lobo-cinzento]] e 28% de ancestrais do [[lobo-etíope]].<ref name=gopalakrishnan2018/> Ocorre no [[Senegal]], [[Nigéria]], [[Chade]], [[Marrocos]], [[Argélia]], [[Tunísia]], [[Líbia]], [[Quénia|Quênia]], [[Egito]] e [[Tanzânia]]. Está classificado como [[Espécie pouco preocupante|Pouco Preocupante]] na [[Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais|Lista Vermelha da IUCN]]. Na [[Cordilheira do Atlas]], foi avistado em até 1 800 m de altitude.<ref name="tarik2013"/> É primariamente um predador, caçando [[invertebrados]] e mamíferos até o tamanho de filhotes de [[Gazella|gazelas]], embora às vezes animais maiores também sejam caçados. Sua dieta também inclui carcaças de animais, refugos humanos e frutas. O lobo-dourado-africano é uma espécie monogâmica e territorial, cujos filhotes permanecem com a família para auxiliar a cuidar dos filhotes mais novos dos seus pais.<ref name="estes1992">{{cite book |author=Estes, R. |date=1992 |title=The behavior guide to African mammals: including hoofed mammals, carnivores, primates |publisher=University of California Press |isbn=0-520-08085-8 |chapter= |pages=[https://archive.org/details/isbn_0520080858/page/398 398–404] |url=https://archive.org/details/isbn_0520080858/page/398 }}</ref>
{{Sem notas|data=julho de 2020}}

{{Info/Taxonomia
Ele foi anteriormente classificado como uma variante africana do [[chacal-dourado]], sendo pelo menos uma subespécie (''Canis anthus lupaster'') classificada como um lobo. Em 2015, uma série de análises do [[ADN mitocondrial|DNA mitocondrial]] e do [[genoma]] [[ADN nuclear|nuclear]] da espécie demonstrou que ela era na verdade distinta tanto do chacal-dourado quanto do lobo-cinzento.<ref name=koepfli2015/><ref name="urios2015"/> O lobo-dourado-africano, entretanto, é suficientemente próximo do chacal-dourado para produzir crias híbridas, como indicaram testes genéticos em chacais em Israel<ref name=koepfli2015/> e um experimento de cruzamento interespecífico em cativos no século XIX.<ref name="cuvier3"/>
| nome = Lobo-dourado-africano

| imagem = Canis anthus - Cécile Bloch 2.png
Ele tem um papel proeminente em algumas culturas africanas: no folclore norte-africano, ele é visto como um animal não confiável, de cujo corpo algumas partes podem ser usadas em práticas medicinais e ritualísticas,<ref name="osborn1980"/><ref name="bidwell2005"/><ref name="westermarck2013"/> enquanto é tido em alta estima na [[religião Serer]] do Senegal, tendo sido a primeira criatura criada pelo deus Roog.<ref name="gavrand1990"/>
| estado =

| estado_ref =
== Nomes locais e indígenas ==
| reino = [[Animalia]]
{| class="wikitable collapsed"
| filo = [[Chordata]]
|-
| classe = [[Mammalia]]
! Grupo ou área linguística!! Nome indígena
| ordem = [[Carnivora]]
|-
| família = [[Canidae]]
| <small>[[Língua afar|Afar]]</small> || <small>''Wucharia''</small><ref name="tiwari2004"/>
| género = ''[[Canis]]''
|-
| espécie = '''''Canis anthus'''''
| <small>[[Línguas berberes|Tamazigue]]</small> || <small>''Ouchan asian'' (para ''C. a. algirensis'')<ref name="tarik2013"/></small><br/><small>''Ouchan akhatar'' (para ''C. a. lupaster'')<ref name="tarik2013"/></small>
| subespécie =
|-
| trinomial = ''Canis anthus''
| <small>[[Língua amárica|Amárico]]</small> || <small>ተረ ቀበሮ (''Tera kebero'')</small><ref name="jhala2004"/>
| trinomial_autoridade = [[F. Cuvier]] , 1820
|-
| subdivisão_nome =
| <small>[[Língua árabe|Árabe]]</small>|| <small>ابن آوى (''Ibn awa'')</small><ref name="hoath2009">Hoath, Richard (2009), ''A Field Guide to the Mammals of Egypt'', American Univ in Cairo Press, pp. 70-73, {{ISBN|9774162544}}</ref><br/><small> ذئب (''Deeb'')</small><ref name="osborn1980">Osborn, Dale. J.; Helmy, Ibrahim (1980). [https://archive.org/stream/contemporaryland05osbo#page/360/mode/2up "The contemporary land mammals of Egypt (including Sinai)"]. Field Museum of Natural History, pp. 360-371</ref><br /><small>أبو سليمان (''Abu soliman'')<ref name="osborn1980"/></small>
| subdivisão =
|-
| mapa = Canis lupaster range.png
| <small>[[Língua fula|Fula]]</small> || <small>''Sundu''</small><ref name="jhala2004"/>
| mapa_legenda = O lobo-dourado é uma espécie muito distribuída
|-
}}
| <small>[[Língua hauçá|Hauçá]]</small> || <small>''Dila''</small><ref name="jhala2004"/>
O '''Lobo-dourado-africano''' (''Canis anthus'') é uma espécie de [[lobo]] nativa da África, tais vezes confundido com [[Chacal|chacais]] ou [[Chacal-egípcio|lobo-egípcio]] é uma espécie distinta e que poucos sabem de sua existência.
|-
| <small>[[Línguas songai|Songai]]</small> || <small>''Nzongo''</small><ref name="jhala2004"/>
|-
| <small>[[Língua suaíli|Suaíli]] (padrão)<br/>Suaíli (Tanzânia)</small> || <small>''Bweha wa mbuga''</small><ref name="jhala2004"/><ref name="kingdon1988">Kingdon, Jonathan (1988). "East African mammals: an atlas of evolution in Africa, Volume 3, Part 1". University of Chicago Press. p. 18-22. {{ISBN|0-226-43721-3}}.</ref><br/><small>''Bweha dhahabu''</small><ref name="jhala2004"/>
|-
| <small>[[Língua tigrínia|Tigrínia]]</small> || <small>ቡኳርያ (''bukharya'')</small><ref name= "Aerts2019">{{cite book |last1=Aerts |first1=Raf |title=Forest and woodland vegetation in the highlands of Dogu'a Tembien. In: Nyssen J., Jacob, M., Frankl, A. (Eds.). Geo-trekking in Ethiopia's Tropical Mountains - The Dogu'a Tembien District |date=2019 |publisher=SpringerNature |isbn=978-3-030-04954-6 |url=https://www.springer.com/gp/book/9783030049546 |accessdate=18 Junho 2019}}</ref>
|-
| <small>[[Língua wolof|Wolof]]</small> || <small>''Tili''</small><ref name="jhala2004"/>
|}

== Descrição física ==
[[File:Journal.pone.0042740.g006.png|left|thumb|Vários [[fenótipo]]s de C. anthus, variando do tipo esbelto do chacal até o mais robusto do lobo.]]

O lobo-dourado-africano tem tamanho intermediário entre os chacais africanos ([[Chacal-de-dorso-negro|''C. mesomelas'']] e ''[[Canis adustus|C. adustus]]'') e as pequenas subespécies de lobos-cinzentos,<ref name=viranta2017/> com ambos os sexos pesando entre 7 e 15 kg e medindo 40 cm de altura.<ref name="estes1992"/> Entretanto, há um alto grau de variação de tamanho geograficamente, sendo os espécimes da África Ocidental e do Norte maiores do que os seus primos da África Oriental.<ref name=viranta2017/> Ele tem focinho e orelhas relativamente longos, enquanto a cauda é comparativamente curta, com comprimento de 20 cm. A cor do pelo varia individualmente, geograficamente e com a época do ano, embora a coloração típica seja do amarelado a cinza prateado, com patas ligeiramente avermelhadas e pintas pretas na cauda e ombros. As marcas na garganta, abdômen e face são normalmente brancas e os olhos são cor de âmbar. As fêmeas possuem de dois a quatro pares de tetas.<ref name="estes1992"/> Embora seja superficialmente similar ao chacal-dourado (particularmente na África Oriental), o lobo-dourado-africano tem um focinho mais pontudo e dentes mais afiados e robustos.<ref name=koepfli2015/> As orelhas do lobo-dourado-africano são mais longas, e o crânio possui uma testa mais elevada.<ref name="mivart41">Mivart, George (1890), ''[https://archive.org/stream/dogsjackalswolve00mivauoft#page/n115/mode/2up Dogs, Jackals, Wolves and Foxes: A Monograph of the Canidæ]'', R.H. Porter, London, pp. 41–43</ref>

== História taxonômica ==
=== Registros iniciais ===
[[File:Beitrag zur Kenntnis der nordafrikanischen Schakale nebst Bemerkungen über deren verhältnis zu den haushunden, insbesondere uordafranischen und altägyptischen Hunderassen (1908) C. l. lupaster & C. a. aureus.png|thumb|left|Crânio de lobo-dourado-africano (esquerda) e chacal-dourado (direita). Note-se a testa mais elevada<ref name="mivart41"/> e o focinho mais estreito<ref name=koepfli2015/> do primeiro.]]
[[Aristóteles]] escreveu que lobos viviam no Egito, mencionando que eles eram menores que o que existia na Grécia. [[Georg Ebers]] escreveu que o lobo estava entre os animais sagrados do Egito, descrevendo-o como uma “variedade menor” daquele da Europa e notando que o nome [[Licópolis]], a cidade do [[Antigo Egito]] dedicada a [[Anúbis]], significa “cidade do lobo”.<ref name=rueness2011/><ref name="ferguson1981">{{Cite journal|author=Ferguson, W.W.|year= 1981|title= The systematic of ''Canis aureus lupaster'' (Carnivora : Canidae) and the occurrence of ''Canis lupus'' in North Africa, Egypt and Sinai|journal= Mammalia |volume=45|issue= 4|pages= 459–465|doi=10.1515/mamm.1981.45.4.459}}</ref>

O lobo-dourado-africano foi pela primeira vez reconhecido como uma espécie distinta do chacal-dourado por [[Frédéric Cuvier]] em 1820, que o descreveu como um animal mais elegante, com uma voz mais melodiosa e um odor menos forte. A [[nomenclatura binomial]] que escolheu para ele derivava da família [[Arcádia|arcadiana]] Anthus descrita por [[Plínio, o Velho]] na sua [[História Natural (Plínio)|História Natural]], cujos membros eram sorteados para se tornarem [[Lobisomem|lobisomens]].<ref name="cuvier">{{cite book |last1=Cuvier |first1=F. |year=1824 |title=Histoire naturelle des mammifères |volume=Tome 2 |location=Paris |publisher=A. Belin |pages=34–36 |chapter=Le Chacal du Sénégal |language=fr |chapterurl=https://archive.org/stream/HistoirenaturelIIGeof#page/n33/mode/2up}}</ref> [[Wilhelm Peter Eduard Simon Rüppell|Eduard Rüppell]] propôs que o animal seria o ancestral dos cães [[lebréu]]s, e lhe deu o nome Wolf’s-hund (cão-lobo),<ref name="ruppell1826">{{cite book |last1=Rüppell |first1=E. |year=1826 |title=Atlas zu der Reise im nördlichen Afrika |location=Frankfurt am Main |publisher=Senckenbergische Naturforschende Gesellschaft |pages=44–46 |chapter=Canis Anthus |language=de |chapterurl=https://archive.org/stream/atlaszuderreisei00rupp#page/n95/mode/2up}}</ref> enquanto [[Charles Hamilton Smith]] o chamou de “thoa” ou “cão thous”.<ref name="smith1839">Smith, Charles Hamilton; Jardine, Sir William (1839). ''[https://archive.org/stream/naturalhistoryof139smit#page/192/mode/2up The natural history of dogs : canidae or genus canis of authors; including also the genera hyaena and proteles]'', Volume I. Edinburgh : W. H. Lizars. pp. 193–194</ref> Uma tentativa foi feita em 1821 para hibridizar as duas espécies em cativeiro, resultando no nascimento de cinco filhotes, três dos quais morreram antes do desmame. Constatou-se que os dois sobreviventes nunca brincavam entre si e tinham comportamentos completamente contrastantes; um herdou a timidez do chacal, enquanto o outro se afeiçoou aos seus captores humanos.<ref name="cuvier3"> Cuvier, Frédéric (1824), ''[https://archive.org/stream/HistoirenaturelIIIGeof#page/n243/mode/2up Histoire naturelle des mammifères]'', tome 3, A Paris : Chez A. Belin ...</ref> O biólogo inglês [[George Jackson Mivart]] enfatizou as diferenças entre o lobo-dourado-africano e o chacal-dourado em seus escritos:
[[File:Histoire naturelle des mammifères, t. 3 (1824) Canis anthus x aureus.png|thumb|Ilustração dos híbridos do chacal-dourado e do lobo-dourado-africano criados em cativeiro (1821).]]

{{quote|&nbsp;é uma boa questão se o chacal comum do Norte da África deveria ou não ser visto como a mesma espécie [do chacal-dourado]... Certamente as diferenças de coloração que existem entre essas formas não são nem próximas de ser tão grandes quanto as que são encontradas entre as diferentes variedades locais de C. lupus. Apesar disso nós estamos inclinados ... a manter distintos os chacais norte-africano e indiano... A razão pela qual nós preferimos mantê-los provisoriamente distintos é que embora a diferença entre as duas formas (africana e indiana) seja pequena quanto à coloração, ela parece ser muito constante. Em 17 peles da forma indiana, nós somente encontramos uma que escapa da característica principal quanto à diferença de tonalidade. As orelhas também parecem ser relativamente mais curtas do que na forma norte-africana. Mas também há outra característica à qual nós atribuímos um peso maior. Por mais que as diferentes raças de lobos difiram em tamanho, nós não conseguimos encontrar nenhuma característica distintiva constante na forma do crânio ou nas proporções dos lóbulos de qualquer dos dentes. Até agora, pelo que pudemos observar, essas diferenças existem entre os chacais indianos e norte-africanos.|Mivart (1890)<ref name="mivart36">Mivart, George (1890), [https://archive.org/stream/dogsjackalswolve00mivauoft#page/36/mode/2up ''Dogs, Jackals, Wolves and Foxes: A Monograph of the Canidæ''], R.H. Porter, London, pp. 36–37</ref>}}
[[File:Jackalvarieties.jpg|thumb|Ilustração comparativa de ''[[Canis aureus|C. aureus]]'' (alto) and ''C. anthus'' (embaixo).]]
Os canídeos presentes no Egito em particular foram considerados tão mais similares ao lobo-cinzento, em comparação com as populações de outros locais da África, que [[Wilhelm Hemprich]] e [[Christian Gottfried Ehrenberg]] deram-lhes a denominação binomial ''Canis lupaster'' em 1832. Da mesma forma, [[Thomas Henry Huxley]], notando as similaridades entre os crânios do ''C. lupaster'' com os lobos-indianos, classificou o animal como uma subespécie do lobo-cinzento. Entretanto, o animal foi subsequentemente considerado [[Sinonímia (taxonomia)|sinônimo]] do chacal-dourado por [[Ernst Schwarz]] em 1926.

Em 1965, o paleontologista finlandês [[Björn Kurtén]] escreveu:


{{quote|A taxonomia dos chacais no Oriente Próximo ainda é matéria de discussão. Com base no material do esqueleto, entretanto, pode-se declarar que o lobo chacal é especificamente distinto do muito menor chacal-dourado.<ref>{{cite journal|last1=Kurtén|first1=B.|title=The Carnivora of the Palestine Caves|journal=Acta Zool. Fenn.|publisher=Societas pro Fauna et Flora Fennica|issue=107|year=1965|page=41|hdl=10138/37761}}</ref>}}
== Características ==
[[Ficheiro:Journal.pone.0042740.g006.png|esquerda|miniaturadaimagem|Várias variações do lobo-dourado, como podemos ver alguns se assemelham a chacais e outros a lobos.]]
Os lobos-dourados são canídeos de pequeno porte pesando de 7.5 a 15kg,sendo as vezes vistos exemplares tendo 25kg de peso porém sendo raros e até duvidosa sua existência.


Em 1981, o zoólogo Walter Ferguson argumentou em favor de ''lupaster'' ser uma subespécie do lobo-cinzento, baseado em medições do crânio, declarando que a classificação do animal como um chacal se baseava unicamente no seu pequeno tamanho, e era anterior à descoberta de ''Canis lupus arabs'', que é intermediário em tamanho de ''C. l. lupus'' e ''lupaster''.<ref name="ferguson1981" />
O lobo-dourado é muito semelhantes aos [[Chacal-dourado|chacais-dourados]] (''Canis aureus'') a ponto de no passado ter sido considerado sua subespécie porém com estudos recentes foi dito como uma espécie própria.


=== Descobertas do século XXI ===
== Taxonomia ==
'''Árvore filogenética dos canídeos semelhantes ao lobo existentes atualmente, com tempos em milhões de anos'''


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|1=[[Cão|Cão doméstico]]
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|2=[[Lobo|Lobo-cinzento]] [[Holoártico]]
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|2=Lobo-etíope [[File:Dogs, jackals, wolves, and foxes (Plate VI).jpg|50 px]]
|2=Lobo-etíope [[File:Dogs, jackals, wolves, and foxes (Plate VI).jpg|50 px]]
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|2=[[Chacal-de-dorso-negro]] [[File:Dogs, jackals, wolves, and foxes (Plate XII).jpg|50 px]]
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Dúvidas posteriores sobre o lobo-dourado-africano ser [[coespecífico]] com o chacal-dourado da Eurásia surgiram em dezembro de 2002, quando um canídeo foi avistado no [[Deserto de Danakil]], na [[Eritreia]], cuja aparência não correspondia à do chacal-dourado nem das outras seis espécies reconhecidas da área, mas se parecia fortemente com o lobo-cinzento. A região era praticamente inexplorada por causa do seu clima hostil e a confusão na [[Guerra de Independência da Eritreia]] e a subsequente [[Guerra Eritreia-Etiópia]], embora os habitantes da etnia local [[Afares|afar]] conhecessem o animal e se referissem a ele como ''wucharia'' (lobo).<ref name="tiwari2004">{{cite journal | last1 = Tiwari | first1 = J. K. | last2 = Sillero-Zubiri | first2 = C. | year = 2004 | title = Unidentified Canid in Horn of Africa | url = http://www.canids.org/canidnews/7/Unidentified_canid_in_horn_of_Africa.pdf | journal = Canid News | volume = 7 | page = 5 | access-date = 2015-08-13 | archive-url = https://web.archive.org/web/20071012144659/http://www.canids.org/canidnews/7/Unidentified_canid_in_horn_of_Africa.pdf | archive-date = 2007-10-12 | }}</ref>
Os lobos-dourados tem uma taxonomia um tanto incerta,em 1981 foram classificados como uma subespécie do lobo-cizento baseado em semelhanças cranianas.


As características semelhantes ao lobo do animal foram confirmadas em 2011, quando se descobriu que várias populações do “chacal” dourado no Egito e no Chifre da África, identificadas como ''Canis aureus lupaster'',<ref name=viranta2017>{{cite journal|doi=10.1186/s40850-017-0015-0|title=Rediscovering a forgotten canid species|journal=BMC Zoology|volume=2|year=2017|last1=Viranta|first1=Suvi|last2=Atickem|first2=Anagaw|last3=Werdelin|first3=Lars|last4=Stenseth|first4=Nils Chr.|url=http://nrm.diva-portal.org/smash/get/diva2:1089580/FULLTEXT01|}}</ref> tinham sequências de [[DNA mitocondrial]] mais próximas das encontradas nos lobos-cinzentos do que dos chacais-dourados.<ref name=rueness2011/> Essas sequências de mtDNA semelhantes aos lobos foram encontradas em uma área de 6 mil quilômetros de largura, englobando Argélia, Mali e Senegal. Além disso, os espécimes africanos amostrados apresentavam uma diversidade de [[nucleotídeo]]s e [[haplótipo]]s muito maior do que a presente nos lobos-indianos e do himalaia, indicando assim uma população ancestral muito maior e uma população efetivamente existente em torno de 80 mil fêmeas. Ambos os estudos propuseram reclassificar ''Canis aureus lupaster'' como uma subespécie do lobo-cinzento.<ref name="gaubert2012">{{Cite journal |vauthors=Gaubert P, Bloch C, Benyacoub S, Abdelhamid A, Pagani P, etal |year=2012|title= Reviving the African Wolf ''Canis lupus lupaster'' in North and West Africa: A Mitochondrial Lineage Ranging More than 6,000 km Wide|journal=PLOS ONE|volume=7|issue=8|page=e42740|doi=10.1371/journal.pone.0042740|pmid=22900047|pmc=3416759|bibcode=2012PLoSO...742740G}}</ref>
Acredita-se que o lobo-dourado tenha se divergido do lobo e do coiote a 1,7 milhões de anos e portanto sua semelhança com o chacal-dourado seria puramente uma [[Convergência evolutiva|evolução paralela]] que teria acontecido devido a similaridade de ocupação de nichos.

Em 2015, um estudo comparativo mais completo dos [[genoma]]s mitocondrial e nuclear, em uma amostra maior de canídeos africanos similares ao lobo do norte, leste e oeste africanos, mostrou que de fato eles eram todos distintos do chacal-dourado, com uma [[divergência genética]] de aproximadamente 6,7%,<ref name=koepfli2015/><ref name=lewis2017/><ref name=itis2017/> o que é maior do que a entre lobos-cinzentos e coiotes (4%) e a entre lobos-cinzentos e [[Cão|cães domésticos]] (0,2%).<ref>{{cite journal | last1 = Wayne | first1 = Robert K. | year = 1993 | title = Molecular evolution of the dog family | journal = Trends in Genetics | volume = 9 | issue = 6| pages = 218–224 | doi = 10.1016/0168-9525(93)90122-X | pmid=8337763}}</ref> Além disso, o estudo mostrou que esses canídeos similares ao lobo (renomeados ''Canis anthus'' ou lobos-dourados-africanos) eram mais proximamente relacionados aos lobos-cinzentos e coiotes do que aos chacais-dourados,<ref name=koepfli2015/><ref name=zachos2016/> e que ''C. a. lupaster'' representa simplesmente um [[fenótipo]] do lobo-dourado-africano em vez de um lobo-cinzento. A [[árvore filogenética]] acima é baseada em sequências nucleares.<ref name=koepfli2015/>

Estima-se que o lobo-dourado-africano tenha divergido do clado lobo-coiote há 1,0-1,7 milhão de anos, durante o [[Pleistoceno]], e, portanto, sua similaridade superficial com o chacal-dourado (particularmente na África Oriental, onde os lobos-dourados-africanos são similares em tamanho aos chacais-dourados) seria um caso de [[evolução paralela]]. Considerando sua posição filogenética e o [[Fóssil|registro fóssil]] de canídeos, é provável que o lobo-dourado-africano tenha evoluído de ancestrais maiores e se tornado progressivamente mais do tamanho do chacal ao popular a África, por conta de [[competição interespecífica]] com [[carnívoros]] indígenas, tanto maiores quanto menores. Traços do DNA do lobo-dourado-africano foram identificados em chacais-dourados em [[Israel]], que faz fronteira com o Egito, indicando a presença de uma zona híbrida.<ref name=koepfli2015/> Os achados do estudo foram corroborados no mesmo ano por cientistas espanhóis, mexicanos e marroquinos analisando o MtDNA de lobos no Marrocos, que descobriram que os espécimes analisados eram distintos tanto dos chacais-dourados quanto dos lobos-cinzentos, mas tinham uma relação mais próxima com esses últimos.<ref name="urios2015"> Urios, Vicente; Donat-Torres, Maria P.; Ramírez, Carlos; Monroy-Vilchis, Octavio; Hamid Rgribi-Idrissi (2015): [http://figshare.com/articles/El_an_lisis_del_genoma_mitocondrial_del_c_nido_estudiado_en_Marruecos_manifiesta_que_no_es_ni_lobo_Canis_lupus_ni_chacal_euroasi_tico_Canis_aureus_/1524971 El análisis del genoma mitocondrial del cánido estudiado en Marruecos manifiesta que no es ni lobo (Canis lupus) ni chacal euroasiático (Canis aureus)]. figshare.
{{doi|10.6084/m9.figshare.1524971}}</ref> Estudos em [[Sequenciamento de fragmentos de DNA associados a sítios de restrição (RADseq)|sequências RAD]] encontraram exemplos de lobos-dourados-africanos hibridizando com cães ferais e com lobos-etíopes.<ref>Bahlk, S. H. (2015). ''Can hybridization be detected between African wolf and sympatric canids?'' . Master of Science Thesis. Center for Ecological and Evolutionary Synthesis Department of Bioscience Faculty of Mathematics and Natural Science, University of Oslo, Norway</ref>

Em 2017, foi proposto por cientistas das Universidades de [[Universidade de Oslo|Oslo]] e [[Universidade de Helsinque|Helsinque]] que a nomenclatura binomial ''C. anthus'' era um ''[[nomen dubium]]'', porque a descrição de Cuvier de 1820 do [[holótipo]], uma fêmea coletada no Senegal, parece descrever o [[Canis adustus|chacal-listrado]] e não realmente o lobo-dourado-africano, e não corresponde à aparência do espécime macho descrito por Cuvier em seus registros posteriores. Esta ambiguidade, junto com o desaparecimento dos restos do holótipo, levou os cientistas a proporem dar prioridade ao nome ''C. lupaster'' de Hemprich e Ehrenberg, que tinha um [[Tipo nomenclatural|espécime-tipo]] com descrição mais detalhada e consistente, e seus restos podem ainda ser examinados no ''[[Museum für Naturkunde]]''.<ref name=viranta2017/> No ano seguinte, um grande estudo genético das espécies de ''Canis'' também se referiu ao lobo-dourado-africano como ''Canis lupaster''.<ref name=gopalakrishnan2018/>

Em 2019, um seminário organizado pelo Grupo Especialista em Canídeos da [[União Internacional para a Conservação da Natureza|IUCN]] recomendou que, como o espécime identificado como ''Canis anthus'' Cuvier, 1820 era incerto, a espécie deveria ser conhecida como ''Canis lupaster'' Hemprich e Ehrenberg, 1832, até que ''Canis anthus'' possa ser validada.<ref name=Alvares2019/>

=== Mistura com outras espécies de ''Canis'' ===
Em 2018, o [[sequenciamento do genoma completo]] foi usado para comparar membros do gênero ''Canis''. O estudo indica que o lobo-dourado-africano é distinto do chacal-dourado, e que o lobo-etíope é geneticamente [[Basal (filogenética)|basal]] aos dois. Duas populações geneticamente distintas do lobo-dourado-africano existem no noroeste e no leste da África. Isto sugere que os [[Lobo-etíope|lobos-etíopes]] – ou um parente próximo extinto – já teve uma área muito maior na África para se misturar com outros canídeos. Há evidência de fluxo de genes entre a população do leste e o lobo-etíope, o que levou a população do leste a ser distinta da do noroeste. O ancestral comum de ambas as populações do lobo-dourado-africano era um canídeo geneticamente misturado, com 72% do lobo-cinzento e 28% do ancestral do lobo-etíope. Há evidência de fluxo de genes entre lobos-dourados-africanos, chacais-dourados e lobos-cinzentos. Um lobo-dourado-africano da [[Sinai|Penísula do Sinai]] egípcia mostrou alta mistura com o lobo-cinzento e cães do Oriente Médio, mostrando o papel da ponte terrestre entre a África e os demais continentes na evolução dos canídeos. Os lobos-dourados-africanos formam um clado-irmão com os lobos-cinzentos do Oriente Médio com base no DNA mitocondrial, mas com coiotes e lobos-cinzentos, quando se toma por base o DNA nuclear.<ref name=gopalakrishnan2018/>

=== Relação com o lobo-do-himalaia ===
Entre 2011 e 2015, dois estudos de mtDNA concluíram que o [[lobo-do-himalaia]] e o [[Canis lupus pallipes|lobo-indiano]] eram mais próximos do lobo-dourado-africano do que do lobo-cinzento [[holoártico]]. Em 2017, um estudo de DNA mitocondrial, marcadores do [[Cromossoma X (humano)|cromossoma X]] (linhagem materna) e do cromossoma Y (linhagem paterna) determinou que o lobo-do-himalaia é geneticamente basal para o lobo-cinzento holoártico. O lobo-do-himalaia compartilha uma linhagem materna com o lobo-dourado-africano e possui uma linhagem paterna única que se enquadra entre o lobo-cinzento e o lobo-dourado-africano.<ref name=werhahn2017/>


=== Subespécies ===
=== Subespécies ===
Embora no passado diversas tentativas tenham sido feitas para [[Sinonímia (taxonomia)|sinonimizar]] muitos dos nomes propostos, a posição taxonômica dos lobos africanos ocidentais, em particular, é muito confusa para se chegar a qualquer conclusão precisa, uma vez que os materiais de estudo coletados são poucos. Antes de 1840, seis das dez supostas subespécies do oeste africano eram nomeadas ou classificadas quase que inteiramente com base na cor da pelagem.<ref name="r38">Rosevear, Donovan Reginald (1974). "The carnivores of West Africa". London : Trustees of the British Museum (Natural History). pp. 38–44. {{ISBN|1-175-10030-7}}.</ref>

{| class="wikitable collapsed"
!Subespécies
! Autoridade trinomial
!Descrição
!Região
!Sinônimos
|-
|'''Lobo argelino'''<br />''Canis a. algirensis''
[[File:Canis anthus algirensis.jpg|150 px]]
|[[Johann Andreas Wagner|Wagner]], 1841
|Uma subespécie escura, com cauda marcada com três anéis. Similar em tamanho à [[raposa-vermelha]].<ref name="lydekker1908">Lydekker, Richard (1908). [https://archive.org/stream/gameanimalsofafr00lydeiala#page/458/mode/2up "The Game Animals of Africa"]. London, R. Ward, limited. pp. 459-461</ref>

|[[Argélia]], [[Marrocos]] e [[Tunísia]]
|<small>''barbarus'' (C. E. H. Smith, 1839)</small><br />
<small>''grayi'' (Hilzheimer, 1906)</small><br />
<small>''tripolitanus'' (Wagner, 1841)</small>
|-
|'''Lobo-senegalês'''<br />''Canis a. anthus''
[[File:Senegalesegoldenjackal.png|150 px]]
|[[Frédéric Cuvier|F. Cuvier]], 1820
|Similar ao ''lupaster'', porém menor e de constituição mais leve, pelo mais pálido e focinho mais agudo.<ref name="lydekker1908"/>

|[[Senegal]]
|<small>''senegalensis'' (C. E. H. Smith, 1839)</small>
|-
|'''Lobo-do-serengeti'''<br />''Canis a. bea''
[[File:African wolf digging 4.jpg|150 px]]
|Heller, 1914
|Menor e mais claro que as formas do norte.<ref>Heller, E. (1914). Four new subspecies of large mammals from equatorial Africa. Smithsonian Miscellaneous Collections, 61, No. 22. Washington, DC: Smithsonian Institution</ref>

|[[Quênia]], norte da [[Tanzânia]]
|
|-
|'''Lobo-egípcio'''<br />''[[Chacal-egípcio|Canis a. lupaster]]''
[[File:Lupaster.png|150 px]]
|[[Wilhelm Friedrich Hemprich|Hemprich]] e [[Christian Gottfried Ehrenberg|Ehrenberg]], 1833
|Uma subespécie grande e encorpada, com orelhas proporcionalmente pequenas e apresentando um fenótipo muito semelhante ao lobo-cinzento, medindo 40,6 cm de altura nos ombros e comprimento de 127 cm. As partes superiores são cinza-amareladas tingidas de preto, enquanto o focinho, as orelhas e as superfícies externas das patas são amarelo-avermelhadas. O pelo ao redor da boca é branco.<ref name="gaubert2012"/><ref name="lydekker1908"/>

|[[Egito]], [[Argélia]], [[Mali]], [[Planalto da Etiópia]] e [[Senegal]]
|<small>''C. aureus lupaster''</small><br />
<small>''C. lupus lupaster''</small><br />
<small>''C. lupaster''</small><br />
<small>''C. sacer'' (Hemprich e Ehrenberg, 1833)</small>
|-
|'''Lobo-somali'''<br />''Canis a. riparius''
|[[Wilhelm Friedrich Hemprich|Hemprich e Ehrenberg]], 1832
|Uma subespécie anã, medindo apenas 30,5 cm na altura do ombro, tem geralmente cor amarelo-acinzentada, mesclada com apenas uma pequena proporção de preto. O focinho e as patas são mais decididamente amarelos e as partes inferiores são brancas.<ref name="lydekker1908"/>

|[[Somália]] e costa da [[Etiópia]] e [[Eritreia]]
|<small>''hagenbecki'' (Noack, 1897)</small><br />
<small>''mengesi'' (Noack, 1897)</small><br />
<small>''somalicus'' (Lorenz, 1906)</small>
|-
|'''Lobo-variegado'''<br />ou '''Lobo-núbio'''<br />''Canis a. soudanicus''
[[File:Atti della Societitaliana di scienze naturali e del Museo civico di storia naturale di Milano (1902) (20160257140).jpg|150 px]]
|[[Oldfield Thomas|Thomas]], 1903
|Uma subespécie pequena, medindo 38 cm na altura do ombro e com comprimento de 102 cm. O pelo é geralmente cor de camurça pálido, com manchas pretas.<ref name="lydekker1908"/>
|[[Sudão]] e [[Somália]]
|<small>''doederleini'' (Hilzheimer, 1906)</small><br />
<small>''nubianus'' (Cabrera, 1921)</small><br />
<small>''thooides'' (Hilzheimer, 1906)</small><br />
<small>''variegatus'' (Cretzschmar, 1826)</small>
|}

== Comportamento ==
=== Comportamentos sociais e reprodutivos ===
A organização social do lobo-dourado-africano é extremamente flexível, variando com a disponibilidade e distribuição de alimento. A unidade social básica é um casal reprodutor, seguido por suas crias atuais, ou crias de ninhadas anteriores que permanecem como “ajudantes”.<ref name="jhala2004"/> Grupos grandes são raros, e sua ocorrência foi registrada apenas em áreas com rejeitos humanos abundantes. Relações familiares entre lobos-dourados-africanos são pacíficas, em comparação com as do [[chacal-de-dorso-negro]]; embora o comportamento sexual e territorial dos filhotes crescidos seja suprimido pelo casal reprodutor, eles não são ativamente afastados até que se tornem adultos. Os lobos-dourados-africanos também se deitam juntos e se limpam mutuamente com muito maior frequência do que os chacais-de-dorso-negro. No Serengeti, os pares defendem territórios permanentes abrangendo 2–4&nbsp;km², e só desocupam seu território para beber ou quando atraídos por uma carcaça grande.<ref name="estes1992"/> O casal patrulha e [[Território (animal)|marca o seu território]] em paralelo. Tanto parceiros quando ajudantes reagem agressivamente contra intrusos, embora a maior agressão seja reservada para intrusos do mesmo sexo; os membros do casal não se ajudam para repelir intrusos do sexo oposto.<ref name="estes1992"/>
[[File:Canis anthus threat postures.png|thumb|Posturas de ameaça em ''C. a. lupaster'' (esquerda) and ''C. a. anthus'' (direita)]]
Os rituais de corte do lobo-dourado-africano são notavelmente longos, durante os quais o casal permanece junto quase constantemente. Antes da [[Sexualidade animal|cópula]], o par patrulha e [[Território (animal)|marca o território com o seu cheiro]]. A cópula é precedida pela fêmea mantendo sua cauda levantada em ângulo, de forma que sua genitália fique exposta. Os dois se aproximam choramingando, levantando suas caudas e arrepiando o pelo, bem como apresentando diversas intensidades de comportamento ofensivo e defensivo. A fêmea cheira e lambe os genitais do macho, enquanto o macho fuça o pelo da fêmea. Eles podem rodar um em volta do outro e lutar brevemente. A ligação da cópula dura em torno de quatro minutos. No final do estro, o par se separa, com a fêmea se aproximando do macho de uma forma mais submissa. Antecipando o papel que passará a desempenhar na criação dos filhotes, o macho regurgita ou cede todo alimento que tem para a fêmea. No Serengeti, os filhotes nascem em dezembro-janeiro e começam a comer alimentos sólidos depois de um mês. O [[desmame]] se inicia com dois meses de idade e termina aos quatro meses. Neste estágio, os filhotes são semi-independentes, arriscando-se a até 50 metros da toca, e até dormindo ao ar livre. Suas brincadeiras ficam progressivamente mais agressivas, com os filhotes competindo pela graduação entre eles, que é estabelecida após seis meses. A fêmea alimenta os filhotes mais frequentemente do que o macho e os ajudantes, embora a presença desses últimos permita que o casal deixe a toca para caçar sem deixar a ninhada desprotegida.<ref name="estes1992"/>

A vida do lobo-dourado-africano está centrada em uma toca, que normalmente consiste de um buraco abandonado e modificado de [[porco-formigueiro]] ou de [[javali-africano]]. A estrutura interior da toca é pouco conhecida, embora acredite-se que consista de uma câmara central única, com duas ou três rotas de escape. A toca pode estar localizada em áreas isoladas ou surpreendentemente próxima à de outros predadores.<ref name="r47"/>

=== Comunicação ===
Os lobos-dourados-africanos limpam-se reciprocamente com frequência, particularmente durante a corte, quando isto pode durar até 30 minutos. Mordiscar a face e o pescoço é observado durante cerimônias de acolhimento. Quando luta, o lobo-dourado-africano golpeia seu oponente com as patas, morde e sacode o ombro. As posturas da espécie são tipicamente caninas e ela tem mais mobilidade facial do que o [[chacal-de-dorso-negro]] e o [[Canis adustus|chacal-listrado]], sendo capaz de expor os seus [[Canino (dente)|dentes caninos]] como um cão.<ref name="estes1992"/>


O vocabulário do lobo-dourado-africano é similar ao do cão doméstico, tendo sido registrados sete sons.<ref name="kingdon1988"/> As vocalizações incluem uivos, latidos, rosnados, ganidos e cacarejos.<ref name="estes1992"/> Subespécies podem ser reconhecidas por diferenças nos seus uivos.<ref name="kingdon1988"/> Um dos sons mais comumente ouvidos é um lamento alto e penetrante, do qual há três variedades: um longo uivo contínuo em um único tom, um lamento que sobe e cai e uma série de uivos curtos em ''staccato''. Esses uivos são usados para repelir intrusos e atrair membros da família. Acredita-se que uivos em coro reforcem ligações familiares, assim como estabeleçam status territorial.<ref name="estes1992"/> Uma análise comparativa dos uivos do lobo-dourado-africano e de algumas subespécies de lobo-cinzento demonstrou que os uivos dos primeiros têm similaridades com os do lobo-indiano, sendo de tom alto e de duração relativamente curta.<ref>{{cite journal | last1 = Hennelly | first1 = Lauren | last2 = Habib | first2 = Bilal | last3 = Root-Gutteridge | first3 = Holly | last4 = Palacios | first4 = Vicente | last5 = Passilongo | first5 = Daniela | year = 2017 | title = Howl variation across Himalayan, North African, Indian, and Holarctic wolf clades: tracing divergence in the world's oldest wolf lineages using acoustics | url = | journal = Current Zoology | volume = 63 | issue = 3| pages = 341–348 | doi=10.1093/cz/zox001| pmid = 29491993 | pmc = 5804178 }}</ref>


=== Comportamento de caça ===
Os lobos-dourados possuem 6 subespécies ao longo de toda sua distribuição na África.
[[File:Golden Wolf, navigating Wildebeest, Ngorongoro.jpg|thumb|right|Um lobo-do-serengeti (''C. a. bea'') caminha através de um rebanho de [[Gnu-de-cauda-preta|gnus-de-cauda-preta]] no [[Ngorongoro|Parque Nacional de Ngorongoro]], [[Tanzânia]]]]


O lobo-dourado-africano raramente caça lebres, devido a sua velocidade. [[Gazella|Gazelas]] mães (frequentemente agindo em grupos de duas ou três) são formidáveis quando defendem suas crias contra lobos isolados, que são muito mais bem-sucedidos em caçar filhotes de gazelas quando trabalham em pares. Um par de lobos procura metodicamente filhotes de gazelas escondidos dentro dos rebanhos, da grama alta, arbustos ou em outros esconderijos prováveis.<ref name="estes1992"/>
* ''Canis a. Anthus'' - [[Lobo-senegalês]]
* ''Canis a. Bea -'' Lobo-da-savana
* ''Canis a. Riparus'' - Lobo-somaliano
* ''Canis a. Soudanicus -'' Lobo-núbio
* ''Canis a. Algirensis'' - Lobo-argelino
* ''Canis a. Lupaster -'' [[Chacal-egípcio|Lobo-egípcio]]


Embora seja conhecido por matar animais de até três vezes o seu próprio peso, o lobo-dourado-africano visa mamíferos com muito menor frequência do que o chacal-de-dorso-negro.<ref name="estes1992"/> Na captura de presas grandes, o lobo-dourado-africano não busca matá-las; em vez disso, ele rasga o ventre e come as entranhas. Presas pequenas são tipicamente mortas sendo sacudidas, embora cobras possam ser comidas vivas a partir da cauda. O lobo-dourado-africano frequentemente carrega mais alimento do que pode consumir e esconde o excesso, que é geralmente recuperado dentro de 24 horas.<ref name="r47"/> Quando forrageando por insetos, o lobo-dourado-africano revira excrementos para descobrir besouros. Durante as estações secas, ele escava bolas de excrementos para encontrar larvas. Gafanhotos e cupins são apanhados saltando sobre eles tanto no chão quanto no ar. Ele é ferozmente intolerante a outros necrófagos, sendo conhecido por dominar [[abutre]]s em cadáveres – um lobo pode afastar dezenas de abutres por meio de ameaças, mordidas e investindo contra eles.<ref name="estes1992"/>
No caso da última subespécie,é muito debatido se é um ''Canis lupus'' ou ''Canis anthus''.


== Ecologia ==
== Ecologia ==
=== Distribuição e hábitat ===
Achados de fósseis datados do [[Pleistoceno]] indicam que a distribuição da espécie não foi sempre restrita à África, tendo restos sido encontrados no [[Levante (Mediterrâneo)|Levante]] e na [[Arábia Saudita]].<ref name=viranta2017/> Na [[Tanzânia]], o lobo-dourado-africano está limitado a uma pequena área do norte, entre as elevações ocidentais do [[Kilimanjaro|monte Kilimanjaro]] e o centro do [[Serengeti]]. Nesta última área, ele ocorre principalmente nas planícies de grama baixa, no piso da [[Ngorongoro|cratera Ngorongoro]] e nas planícies entre as crateras Olmoti e Empakai, sendo relativamente raro no [[Parque Nacional de Serengeti]], em Loliondo e na reserva de Maswa. A espécie também habita a área do [[lago Natron]] e o Kilimanjaro oeste. Ele é às vezes encontrado na parte norte do Parque Nacional Arusha, e mais ao sul em [[Manyara (região)|Manyara]]. Em áreas onde ele é comum, como as planícies de grama baixa do Parque Nacional de Serengeti e a cratera de Ngorongoro, a densidade populacional varia entre 0,5 e 1,5 espécime por km². Um decréscimo populacional de 60% foi registrado nas planícies do sul do Parque Nacional de Serengeti desde o início dos anos 1970, mas as razões são desconhecidas.<ref>Foley, C. et al. (2014), ''A Field Guide to the Larger Mammals of Tanzania'', Princeton University Press, pp. 102-103, {{ISBN|1400852803}}</ref>


O lobo-dourado-africano habita diversos hábitats diferentes; na Argélia ele vive em áreas de [[clima mediterrânico]], litorâneas e montanhosas (inclusive fazendas cercadas, áreas de vegetação baixa, florestas de pinheiros e de carvalhos), enquanto populações no Senegal habitam zonas [[Clima tropical|tropicais]] de clima semiárido, inclusive savanas [[Sahel|sahélicas]].<ref name="gaubert2012"/> Populações de lobo no [[Mali]] foram documentadas em [[maciço]]s sahélicos áridos. No [[Egito]], o lobo-dourado-africano habita áreas cultivadas, terras devastadas, margens de desertos, áreas rochosas e penhascos. No lago Nasser, ele vive perto da borda do lago.<ref name="hoath2009"/> Em 2012, lobos-dourados-africanos foram fotografados na província [[Azilal (província)|Azilal]] do [[Marrocos]], numa elevação de 1 800 metros.<ref name="tarik2013"> Rachid Tarik, [http://www.lematin.ma/reader/files/lematin/2013/04/29/files/assets/basic-html/page18.html "Le loup apparaît dans la région d'Azilal"]{{dead link|date=October 2016 |bot=InternetArchiveBot |fix-attempted=yes }}, ''Le Matin'' (Abril 29, 2013)</ref><ref> Moliner, V. U., Ramírez, C., Gallardo, M. & Idrissi, H. R. (2012), "Detectan el lobo en Marruecos gracias al uso del foto-trampeo", ''Quercus'', 319:14-15, ISSN 0212-0054</ref> Ele aparentemente se dá bem em áreas onde a densidade populacional humana é alta e as populações de presas são baixas, como é o caso do distrito de Enderta no norte da Etiópia.<ref>Yirga, G. et al. "Densities of spotted hyaena (''Crocuta crocuta'') and African golden wolf (''Canis anthus'') increase with increasing anthropogenic influence", ''[[Elsevier]]'', Volume 413, Part B, 22 agosto 2016, Pages 7–14</ref> Este lobo já foi registrado no deserto muito seco da [[Depressão de Danakil]] na costa da Eritreia, na África Oriental.<ref>{{cite web|title=Unidentified canid in the Danakil desert of Eritrea, Horn of Africa - Field report|url=http://www.canids.org/canidnews/7/Unidentified_canid_in_horn_of_Africa.pdf|authors=Jugal Tiwari and Claudio Sillero-Zubiri|year=2002|access-date=2015-08-13|archive-url=https://web.archive.org/web/20071012144659/http://www.canids.org/canidnews/7/Unidentified_canid_in_horn_of_Africa.pdf|archive-date=2007-10-12|}}</ref>
=== Alimentação ===
O lobo-egípcio é um animal [[Omnívoro|ornívoro]] como os demais canídeos de seu porte,com sua alimentação constituindo 68% de carne e 42% de plantas.


=== Dieta ===
Grande parte de sua alimentação consiste de roedores e aves, porém costuma caçar [[Gazela-de-thomson|gazelas-de-thomson]] principalmente os exemplares juvenis.
[[File:Golden wolf eating agama.jpg|thumb|Lobo-do-Serengeti (''C. a. bea'') comendo um [[agama]]]]
Na [[África Ocidental]], o lobo-dourado-africano está praticamente restrito a pequenas presas, como [[lebre]]s, [[rato]]s, [[Esquilo-terrestre|esquilos-terrestres]] e [[Ratazana-do-capim|ratazanas-do-capim]]. Outras presas incluem lagartos, cobras e aves que fazem ninhos no chão, como [[Francolim|francolins]] e [[abetarda]]s. Ele também consome grande quantidade de insetos, como [[besouro]]s, [[larva]]s, [[Isoptera|cupins]] e [[gafanhoto]]s. Ele também mata jovens [[Gazella|gazelas]], ''[[Cephalophinae|duikers]]'' e [[javali-africano|javalis-africanos]].<ref name="r47">Rosevear, Donovan Reginald (1974). "The carnivores of West Africa". London : Trustees of the British Museum (Natural History). pp. 46–47. {{ISBN|1-175-10030-7}}.</ref> Na África Oriental, ele consome invertebrados e frutas, embora 60% da sua dieta consista de roedores, lagartos, cobras, aves, lebres e [[Gazela-de-thomson|gazelas-de-thomson]].<ref name="jhala2004">Jhala, Y. V. & Moehlman, P. D. 2004. [http://www.canids.org/species/Golden_jackal.pdf Golden jackal ''Canis aureus''] {{webarchive|url=https://web.archive.org/web/20071012143552/http://www.canids.org/species/Golden_jackal.pdf |date=2007-10-12 }}. In Sillero-Zubiri, C., Hoffman, M. & MacDonald, D. W., ed., ''Canids: Foxes, Wolves, Jackals and Dogs - 2004 Status Survey and Conservation Action Plan'', 156-161. IUCN/SSC Canid Specialist Group, {{ISBN|2-8317-0786-2}}</ref> Durante a temporada de filhotes de [[gnu]], os lobos-dourados-africanos alimentam-se quase exclusivamente dos seus recém-nascidos.<ref name="kingdon1988"/> No Serengeti e na cratera de Ngorongoro, menos de 20% da sua dieta se compõe de carniça.<ref name="estes1992"/> No Senegal, onde ''C. a. anthus'' e ''C. a. lupaster'' coexistem, algum grau de [[diferenciação de nicho]] é aparente na sua escolha de presas; os primeiros são conhecidos por se alimentar principalmente de cordeiros, enquanto os últimos atacam presas maiores, como carneiros, cabras e vacas.<ref name="gaubert2012"/>


=== Hábitos sociais ===
=== Inimigos e competidores ===
O lobo-dourado-africano geralmente tenta evitar a competição com os [[Chacal-de-dorso-negro|chacais-de-dorso-negro]] e [[Canis adustus|listrado]], ocupando um hábitat diferente (campos, em oposição aos bosques fechados e abertos preferidos por essas espécies) e sendo mais ativo durante o dia.<ref name="fuller">{{cite journal | last1 = Fuller | first1 = T.K. | last2 = Biknevicius | first2 = A.R. | last3 = Kat | first3 = P.W. | last4 = Van Valkenburgh | first4 = B. | last5 = Wayne | first5 = R.K. | year = 1989 | title = The ecology of three sympatric jackal species in the rift valley of kenya | url = | journal = African Journal of Ecology | volume = 27 | issue = 4| pages = 313–323 | doi=10.1111/j.1365-2028.1989.tb01025.x}}</ref> O lobo-dourado-africano é conhecido por matar os filhotes do chacal-de-dorso-negro,<ref name="jhala2004"/> mas em compensação observou-se que é dominado pelos adultos durante disputas por carcaças.<ref name="kingdon1988"/> Ele frequentemente come junto com os [[Cão-selvagem-africano|cães-selvagens-africanos]] e mantém a posição se os cães tentam ameaçá-lo.<ref name="estes1992"/> Encontros com [[Lobo-etíope|lobos-etíopes]] são usualmente antagônicos, com os lobos-etíopes dominando os lobos-dourados-africanos se estes entram em seus territórios e vice-versa. Embora os lobos-dourados-africanos sejam caçadores ineficientes de roedores, e, portanto, não compitam diretamente com os lobos-etíopes, é provável que a pesada perseguição humana impeça que os primeiros atinjam números suficientemente altos para deslocar completamente os últimos.<ref>Gutema, T. M., [http://www.rufford.org/files/16215-1%20Detailed%20Final%20Report.pdf Foraging ecology and trophic niche overlap between sympatric African wolf and Ethiopian wolf in the Ethiopian Highlands], ''The Rufford Foundation'' (Novembro 2015)</ref> Entretanto, há pelo menos um registro de uma matilha de lobos-dourados-africanos adotando um lobo-etíope macho.<ref name="zm1994">{{cite journal | last1 = Sillero-Zubiri | first1 = C. | last2 = Gottelli | first2 = D. | year = 1994 | title = Canis simensis | url = http://www.science.smith.edu/msi/pdf/i0076-3519-485-01-0001.pdf | journal = Mammalian Species | volume = 385 | issue = 485| pages = 1–6 | access-date = 2015-08-01 | archive-url = https://web.archive.org/web/20150924122230/http://www.science.smith.edu/msi/pdf/i0076-3519-485-01-0001.pdf | archive-date = 2015-09-24 doi = 10.2307/3504136 | jstor = 3504136 }}</ref>
São seres normalmente solitários porém costumam formar pares ou grupos,cujo os quais se unem somente na época reprodutiva ou em caçadas coordenadas.


Os lobos-dourados-africanos alimentam-se juntamente com [[Hiena-malhada|hienas-malhadas]], embora sejam perseguidos se se aproximam demais. As hienas-malhadas algumas vezes seguem os lobos durante a temporada de filhotes de gazela, uma vez que os lobos são efetivos em localizar e capturar animais jovens. Os dois animais tipicamente se ignoram quando nenhum alimento ou filhote está em jogo.<ref name="Kruuk">{{cite book |last=Kruuk |first=Hans |year=1972 |title=The Spotted Hyena: A Study of Predation and Social Behaviour |publisher=University of Chicago Press |location=Chicago |isbn=978-0-226-45507-5 |url=https://archive.org/details/spottedhyenastud0000kruu }}</ref> Os lobos confrontam uma hiena que se aproxima muito de suas tocas, revezando-se para morder as patas da hiena até que ela se afaste.<ref name="estes1992"/>


Os lobos-dourados-africanos são conhecidos por portarem o [[Parvovírus|parvovírus canino]], o [[Herpesvírus|herpesvírus canino]], o [[Coronavírus|coronavírus canino]] e o [[Hepatite infecciosa canina|adenovírus canino]].<ref name=jhala2004/>
== Ver também ==
* [[Lobo|Lobo-cinzento]](''Canis lupus'')
* [[Lobo-vermelho]](''Canis rufus'')
* [[Lobo-etíope]](''Canis simensis'')


== Na literatura e arte ==
[[File:Amulet of a Jackal LACMA 45.23.31.jpg|thumb|Amuleto de bronze em forma de lobo, do Período Ptolemaico do Egito (711 – 30 a.C.)]]
O lobo foi base para numerosas [[Panteão egípcio|divindades do antigo Egito]], incluindo [[Anúbis]], [[Upuaut]] e [[Duamutefe]].<ref>Remler, P. (2010), ''Egyptian Mythology, A to Z'', Infobase Publishing, p. 99, {{ISBN|1438131801}}</ref> De acordo com [[Diodoro Sículo]], a cidade egípcia de [[Licópolis]] foi nomeada em honra a uma matilha de lobos que repeliu uma invasão etíope.<ref>Burton, Anne (1973), ''Diodorus Siculus, Book 1: A Commentary'', BRILL, p.259, {{ISBN|9004035141}}</ref> O folclore egípcio árabe assegura que o lobo pode fazer as galinhas desmaiar de medo simplesmente passando por baixo dos galos, e associa partes do seu corpo com várias formas de magia popular: acredita-se que colocar uma língua de lobo numa casa faz com que os seus moradores briguem, e que sua carne seja útil no tratamento da insanidade e epilepsia. Acredita-se que o coração proteja o portador de ataques de animais, enquanto o olho protege contra [[mau-olhado]].<ref name="osborn1980"/>


Embora seja considerado ''[[haraam]]'' nas leis da dieta islâmica, o lobo é importante na medicina popular marroquina.<ref name="bidwell2005">Bidwell, M. & Bidwell, R. (2005), ''The Traveller's Companion'', Second Edition, Tauris Parke Paperbacks, p. 228, {{ISBN|1845111079}}</ref> Edvard Westermarck escreveu sobre diversos remédios derivados do lobo no Marrocos, inclusive o uso de sua gordura como loção, o consumo da sua carne para tratar doenças respiratórias e a queima dos seus intestinos em rituais de fumigação visando aumentar a fertilidade de casais. Dizia-se que a [[vesícula biliar]] do lobo tinha vários usos, inclusive curar a impotência sexual e servir como amuleto para mulheres querendo se divorciar de seus maridos. Westermarck notou, entretanto, que o lobo também estava associado a qualidades mais nefastas: dizia-se que uma criança que comesse carne de lobo antes de chegar à puberdade seria amaldiçoada para sempre com má-sorte, e que escribas e pessoas santificadas deveriam evitar consumi-la mesmo em lugares onde isto fosse socialmente aceitável, pois fazê-lo tornaria inúteis os seus dons.<ref name="westermarck2013">Westermarck, E. (2013), ''Ritual and Belief in Morocco: Vol. II'', Routledge Revivals, {{ISBN|1317912616}}</ref>
{{Referências}}
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# Alvares, Francisco; Bogdanowicz, Wieslaw; Campbell, Liz AD; Godinho, Rachel; Hatlauf, Jennifer; Jhala, Yadvendradev V .; Kitchener, Andrew C .; Koepfli, Klaus-Peter; Krofel, Miha; Moehlman, Patricia D .; Senn, Helen; Sillero-Zubiri, Claudio; Viranta, Suvi; Werhahn, Geraldine (2019). "Velho Mundo Canis spp. Com ambiguidade taxonômica: conclusões e recomendações da oficina. CIBIO. Vairão, Portugal, 28 a 30 de maio de 2019" (PDF) . ''Grupo de Especialistas Canid da IUCN / SSC'' . Consultado em 6 de março de 2020 .


O lobo-dourado-africano não é comum na arte em pedra do Neolítico, embora ele apareça ocasionalmente; um retrato bem definido é mostrado na caverna Kef Messiouer na província de [[Tébessa (província)|Tébessa]] da Argélia, onde ele está comendo uma carcaça de javali junto com um grupo de leões. Ele participa na [[mitologia berbere]], particularmente a do Ait Seghrouchen do Marrocos, onde ele tem nas histórias populares um papel similar ao da raposa nas fábulas medievais europeias, embora seja frequentemente vítima do mais esperto [[ouriço-caixeiro]].<ref name="camps1993">G. Trécolle & G. Camps, " Chacal ", in 12 | Capsa – Cheval, Aix-en-Provence, Edisud (" Volumes ", no 12) , 1993 [online], published online 1 Março 2012, consulted 19 November 2015. URL : http://
{{Portal3|Caninos}}
encyclopedieberbere.revues.org/2099</ref>
{{Controle de autoridade}}


O lobo-dourado-africano tem um papel proeminente no mito da criação da [[religião Serer]], onde ele é visto como a primeira criatura viva criada por Roog, o Deus Supremo e Criador.<ref name="gavrand1990"> Gravrand, Henry (1990), "La Civilisation Sereer - Pangool", vol. 2. ''Les Nouvelles Editions Africaines du Senegal'', pp. 201−203, ISBN|2-7236-1055-1</ref><ref name="thiaw"> Issa Laye Thiaw, "Mythe de la création du monde selon les sages sereer", pp. 45−50, 59−61 [in] "Enracinement et Ouverture" – "Plaidoyer pour le dialogue interreligieux", Konrad Adenauer Foundation (23–24 June 2009), Dakar</ref> Em um aspecto, ele pode ser visto como um enviado de Roog à Terra, em outro, como um profeta caído por desobediência às leis do divino. O lobo foi a primeira criatura inteligente na Terra, e acredita-se que ele permanecerá na Terra quando os seres humanos retornarem para o divino. Os Serer acreditam que ele não só sabe antecipadamente quem vai morrer, como segue antecipadamente as trilhas daqueles que irão ao funeral. Os movimentos do lobo são cuidadosamente observados, porque o animal é visto como um [[Clarividência|vidente]] que veio da transcendência e mantém ligações com ela. Embora se acredite que ele tenha sido rejeitado na mata pelos outros animais e desprovido da sua inteligência original, ele ainda é respeitado porque se atreveu a resistir ao ser supremo, que ainda o mantém vivo.<ref name="gavrand1990"/>
[[Categoria:Lobos| ]]

[[Categoria:Mamíferos da África]]
==Referências==
{{Reflist|refs=

<ref name=Alvares2019>{{cite web |first1=Francisco|last1=Alvares|first2=Wieslaw|last2=Bogdanowicz|first3=Liz A.D.|last3=Campbell|first4=Rachel|last4=Godinho|first5=Jennifer|last5=Hatlauf|first6=Yadvendradev V.|last6=Jhala|first7=Andrew C.|last7=Kitchener|first8=Klaus-Peter|last8=Koepfli|first9=Miha|last9=Krofel|first10=Patricia D.|last10=Moehlman|first11=Helen|last11=Senn |first12=Claudio|last12=Sillero-Zubiri|first13=Suvi|last13=Viranta|first14=Geraldine|last14=Werhahn|year=2019|website=IUCN/SSC Canid Specialist Group|url=https://www.canids.org/CBC/Old_World_Canis_Taxonomy_Workshop.pdf|title=Old World Canis spp. with taxonomic ambiguity: Workshop conclusions and recommendations. CIBIO. Vairão, Portugal, 28th - 30th May 2019|access-date=6 Março 2020}}</ref>

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Revisão das 20h37min de 22 de julho de 2020

O lobo-dourado-africano (Canis anthus[1] ou Canis lupaster[2]) é um canídeo nativo do Norte da África e do Chifre da África. Descende de uma mistura genética de canídeos, sendo 72% do lobo-cinzento e 28% de ancestrais do lobo-etíope.[3] Ocorre no Senegal, Nigéria, Chade, Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia, Quênia, Egito e Tanzânia. Está classificado como Pouco Preocupante na Lista Vermelha da IUCN. Na Cordilheira do Atlas, foi avistado em até 1 800 m de altitude.[4] É primariamente um predador, caçando invertebrados e mamíferos até o tamanho de filhotes de gazelas, embora às vezes animais maiores também sejam caçados. Sua dieta também inclui carcaças de animais, refugos humanos e frutas. O lobo-dourado-africano é uma espécie monogâmica e territorial, cujos filhotes permanecem com a família para auxiliar a cuidar dos filhotes mais novos dos seus pais.[5]

Ele foi anteriormente classificado como uma variante africana do chacal-dourado, sendo pelo menos uma subespécie (Canis anthus lupaster) classificada como um lobo. Em 2015, uma série de análises do DNA mitocondrial e do genoma nuclear da espécie demonstrou que ela era na verdade distinta tanto do chacal-dourado quanto do lobo-cinzento.[6][7] O lobo-dourado-africano, entretanto, é suficientemente próximo do chacal-dourado para produzir crias híbridas, como indicaram testes genéticos em chacais em Israel[6] e um experimento de cruzamento interespecífico em cativos no século XIX.[8]

Ele tem um papel proeminente em algumas culturas africanas: no folclore norte-africano, ele é visto como um animal não confiável, de cujo corpo algumas partes podem ser usadas em práticas medicinais e ritualísticas,[9][10][11] enquanto é tido em alta estima na religião Serer do Senegal, tendo sido a primeira criatura criada pelo deus Roog.[12]

Nomes locais e indígenas

Descrição física

Vários fenótipos de C. anthus, variando do tipo esbelto do chacal até o mais robusto do lobo.

O lobo-dourado-africano tem tamanho intermediário entre os chacais africanos (C. mesomelas e C. adustus) e as pequenas subespécies de lobos-cinzentos,[18] com ambos os sexos pesando entre 7 e 15 kg e medindo 40 cm de altura.[5] Entretanto, há um alto grau de variação de tamanho geograficamente, sendo os espécimes da África Ocidental e do Norte maiores do que os seus primos da África Oriental.[18] Ele tem focinho e orelhas relativamente longos, enquanto a cauda é comparativamente curta, com comprimento de 20 cm. A cor do pelo varia individualmente, geograficamente e com a época do ano, embora a coloração típica seja do amarelado a cinza prateado, com patas ligeiramente avermelhadas e pintas pretas na cauda e ombros. As marcas na garganta, abdômen e face são normalmente brancas e os olhos são cor de âmbar. As fêmeas possuem de dois a quatro pares de tetas.[5] Embora seja superficialmente similar ao chacal-dourado (particularmente na África Oriental), o lobo-dourado-africano tem um focinho mais pontudo e dentes mais afiados e robustos.[6] As orelhas do lobo-dourado-africano são mais longas, e o crânio possui uma testa mais elevada.[19]

História taxonômica

Registros iniciais

Crânio de lobo-dourado-africano (esquerda) e chacal-dourado (direita). Note-se a testa mais elevada[19] e o focinho mais estreito[6] do primeiro.

Aristóteles escreveu que lobos viviam no Egito, mencionando que eles eram menores que o que existia na Grécia. Georg Ebers escreveu que o lobo estava entre os animais sagrados do Egito, descrevendo-o como uma “variedade menor” daquele da Europa e notando que o nome Licópolis, a cidade do Antigo Egito dedicada a Anúbis, significa “cidade do lobo”.[20][21]

O lobo-dourado-africano foi pela primeira vez reconhecido como uma espécie distinta do chacal-dourado por Frédéric Cuvier em 1820, que o descreveu como um animal mais elegante, com uma voz mais melodiosa e um odor menos forte. A nomenclatura binomial que escolheu para ele derivava da família arcadiana Anthus descrita por Plínio, o Velho na sua História Natural, cujos membros eram sorteados para se tornarem lobisomens.[22] Eduard Rüppell propôs que o animal seria o ancestral dos cães lebréus, e lhe deu o nome Wolf’s-hund (cão-lobo),[23] enquanto Charles Hamilton Smith o chamou de “thoa” ou “cão thous”.[24] Uma tentativa foi feita em 1821 para hibridizar as duas espécies em cativeiro, resultando no nascimento de cinco filhotes, três dos quais morreram antes do desmame. Constatou-se que os dois sobreviventes nunca brincavam entre si e tinham comportamentos completamente contrastantes; um herdou a timidez do chacal, enquanto o outro se afeiçoou aos seus captores humanos.[8] O biólogo inglês George Jackson Mivart enfatizou as diferenças entre o lobo-dourado-africano e o chacal-dourado em seus escritos:

Ilustração dos híbridos do chacal-dourado e do lobo-dourado-africano criados em cativeiro (1821).
 é uma boa questão se o chacal comum do Norte da África deveria ou não ser visto como a mesma espécie [do chacal-dourado]... Certamente as diferenças de coloração que existem entre essas formas não são nem próximas de ser tão grandes quanto as que são encontradas entre as diferentes variedades locais de C. lupus. Apesar disso nós estamos inclinados ... a manter distintos os chacais norte-africano e indiano... A razão pela qual nós preferimos mantê-los provisoriamente distintos é que embora a diferença entre as duas formas (africana e indiana) seja pequena quanto à coloração, ela parece ser muito constante. Em 17 peles da forma indiana, nós somente encontramos uma que escapa da característica principal quanto à diferença de tonalidade. As orelhas também parecem ser relativamente mais curtas do que na forma norte-africana. Mas também há outra característica à qual nós atribuímos um peso maior. Por mais que as diferentes raças de lobos difiram em tamanho, nós não conseguimos encontrar nenhuma característica distintiva constante na forma do crânio ou nas proporções dos lóbulos de qualquer dos dentes. Até agora, pelo que pudemos observar, essas diferenças existem entre os chacais indianos e norte-africanos.
— Mivart (1890)[25]
Ilustração comparativa de C. aureus (alto) and C. anthus (embaixo).

Os canídeos presentes no Egito em particular foram considerados tão mais similares ao lobo-cinzento, em comparação com as populações de outros locais da África, que Wilhelm Hemprich e Christian Gottfried Ehrenberg deram-lhes a denominação binomial Canis lupaster em 1832. Da mesma forma, Thomas Henry Huxley, notando as similaridades entre os crânios do C. lupaster com os lobos-indianos, classificou o animal como uma subespécie do lobo-cinzento. Entretanto, o animal foi subsequentemente considerado sinônimo do chacal-dourado por Ernst Schwarz em 1926.

Em 1965, o paleontologista finlandês Björn Kurtén escreveu:

A taxonomia dos chacais no Oriente Próximo ainda é matéria de discussão. Com base no material do esqueleto, entretanto, pode-se declarar que o lobo chacal é especificamente distinto do muito menor chacal-dourado.[26]

Em 1981, o zoólogo Walter Ferguson argumentou em favor de lupaster ser uma subespécie do lobo-cinzento, baseado em medições do crânio, declarando que a classificação do animal como um chacal se baseava unicamente no seu pequeno tamanho, e era anterior à descoberta de Canis lupus arabs, que é intermediário em tamanho de C. l. lupus e lupaster.[21]

Descobertas do século XXI

Árvore filogenética dos canídeos semelhantes ao lobo existentes atualmente, com tempos em milhões de anos

Caninae 3.5 Ma
3.0
2.5
2.0
0.96
0.60
0.38
0.25
0.12
0.08
0.031

Cão doméstico

Lobo-cinzento Holoártico

Lobo do final do Pleistoceno †

Lobo-indiano

Lobo-do-himalaia

Coiote

0.11

Lobo-dourado-africano noroeste da África

Lobo-dourado-africano leste da África

Chacal-dourado

Lobo-etíope

Cão-selvagem-asiático

Cão-selvagem-africano

2.6

Chacal-listrado

Chacal-de-dorso-negro

Dúvidas posteriores sobre o lobo-dourado-africano ser coespecífico com o chacal-dourado da Eurásia surgiram em dezembro de 2002, quando um canídeo foi avistado no Deserto de Danakil, na Eritreia, cuja aparência não correspondia à do chacal-dourado nem das outras seis espécies reconhecidas da área, mas se parecia fortemente com o lobo-cinzento. A região era praticamente inexplorada por causa do seu clima hostil e a confusão na Guerra de Independência da Eritreia e a subsequente Guerra Eritreia-Etiópia, embora os habitantes da etnia local afar conhecessem o animal e se referissem a ele como wucharia (lobo).[13]

As características semelhantes ao lobo do animal foram confirmadas em 2011, quando se descobriu que várias populações do “chacal” dourado no Egito e no Chifre da África, identificadas como Canis aureus lupaster,[18] tinham sequências de DNA mitocondrial mais próximas das encontradas nos lobos-cinzentos do que dos chacais-dourados.[20] Essas sequências de mtDNA semelhantes aos lobos foram encontradas em uma área de 6 mil quilômetros de largura, englobando Argélia, Mali e Senegal. Além disso, os espécimes africanos amostrados apresentavam uma diversidade de nucleotídeos e haplótipos muito maior do que a presente nos lobos-indianos e do himalaia, indicando assim uma população ancestral muito maior e uma população efetivamente existente em torno de 80 mil fêmeas. Ambos os estudos propuseram reclassificar Canis aureus lupaster como uma subespécie do lobo-cinzento.[27]

Em 2015, um estudo comparativo mais completo dos genomas mitocondrial e nuclear, em uma amostra maior de canídeos africanos similares ao lobo do norte, leste e oeste africanos, mostrou que de fato eles eram todos distintos do chacal-dourado, com uma divergência genética de aproximadamente 6,7%,[6][28][29] o que é maior do que a entre lobos-cinzentos e coiotes (4%) e a entre lobos-cinzentos e cães domésticos (0,2%).[30] Além disso, o estudo mostrou que esses canídeos similares ao lobo (renomeados Canis anthus ou lobos-dourados-africanos) eram mais proximamente relacionados aos lobos-cinzentos e coiotes do que aos chacais-dourados,[6][31] e que C. a. lupaster representa simplesmente um fenótipo do lobo-dourado-africano em vez de um lobo-cinzento. A árvore filogenética acima é baseada em sequências nucleares.[6]

Estima-se que o lobo-dourado-africano tenha divergido do clado lobo-coiote há 1,0-1,7 milhão de anos, durante o Pleistoceno, e, portanto, sua similaridade superficial com o chacal-dourado (particularmente na África Oriental, onde os lobos-dourados-africanos são similares em tamanho aos chacais-dourados) seria um caso de evolução paralela. Considerando sua posição filogenética e o registro fóssil de canídeos, é provável que o lobo-dourado-africano tenha evoluído de ancestrais maiores e se tornado progressivamente mais do tamanho do chacal ao popular a África, por conta de competição interespecífica com carnívoros indígenas, tanto maiores quanto menores. Traços do DNA do lobo-dourado-africano foram identificados em chacais-dourados em Israel, que faz fronteira com o Egito, indicando a presença de uma zona híbrida.[6] Os achados do estudo foram corroborados no mesmo ano por cientistas espanhóis, mexicanos e marroquinos analisando o MtDNA de lobos no Marrocos, que descobriram que os espécimes analisados eram distintos tanto dos chacais-dourados quanto dos lobos-cinzentos, mas tinham uma relação mais próxima com esses últimos.[7] Estudos em sequências RAD encontraram exemplos de lobos-dourados-africanos hibridizando com cães ferais e com lobos-etíopes.[32]

Em 2017, foi proposto por cientistas das Universidades de Oslo e Helsinque que a nomenclatura binomial C. anthus era um nomen dubium, porque a descrição de Cuvier de 1820 do holótipo, uma fêmea coletada no Senegal, parece descrever o chacal-listrado e não realmente o lobo-dourado-africano, e não corresponde à aparência do espécime macho descrito por Cuvier em seus registros posteriores. Esta ambiguidade, junto com o desaparecimento dos restos do holótipo, levou os cientistas a proporem dar prioridade ao nome C. lupaster de Hemprich e Ehrenberg, que tinha um espécime-tipo com descrição mais detalhada e consistente, e seus restos podem ainda ser examinados no Museum für Naturkunde.[18] No ano seguinte, um grande estudo genético das espécies de Canis também se referiu ao lobo-dourado-africano como Canis lupaster.[3]

Em 2019, um seminário organizado pelo Grupo Especialista em Canídeos da IUCN recomendou que, como o espécime identificado como Canis anthus Cuvier, 1820 era incerto, a espécie deveria ser conhecida como Canis lupaster Hemprich e Ehrenberg, 1832, até que Canis anthus possa ser validada.[2]

Mistura com outras espécies de Canis

Em 2018, o sequenciamento do genoma completo foi usado para comparar membros do gênero Canis. O estudo indica que o lobo-dourado-africano é distinto do chacal-dourado, e que o lobo-etíope é geneticamente basal aos dois. Duas populações geneticamente distintas do lobo-dourado-africano existem no noroeste e no leste da África. Isto sugere que os lobos-etíopes – ou um parente próximo extinto – já teve uma área muito maior na África para se misturar com outros canídeos. Há evidência de fluxo de genes entre a população do leste e o lobo-etíope, o que levou a população do leste a ser distinta da do noroeste. O ancestral comum de ambas as populações do lobo-dourado-africano era um canídeo geneticamente misturado, com 72% do lobo-cinzento e 28% do ancestral do lobo-etíope. Há evidência de fluxo de genes entre lobos-dourados-africanos, chacais-dourados e lobos-cinzentos. Um lobo-dourado-africano da Penísula do Sinai egípcia mostrou alta mistura com o lobo-cinzento e cães do Oriente Médio, mostrando o papel da ponte terrestre entre a África e os demais continentes na evolução dos canídeos. Os lobos-dourados-africanos formam um clado-irmão com os lobos-cinzentos do Oriente Médio com base no DNA mitocondrial, mas com coiotes e lobos-cinzentos, quando se toma por base o DNA nuclear.[3]

Relação com o lobo-do-himalaia

Entre 2011 e 2015, dois estudos de mtDNA concluíram que o lobo-do-himalaia e o lobo-indiano eram mais próximos do lobo-dourado-africano do que do lobo-cinzento holoártico. Em 2017, um estudo de DNA mitocondrial, marcadores do cromossoma X (linhagem materna) e do cromossoma Y (linhagem paterna) determinou que o lobo-do-himalaia é geneticamente basal para o lobo-cinzento holoártico. O lobo-do-himalaia compartilha uma linhagem materna com o lobo-dourado-africano e possui uma linhagem paterna única que se enquadra entre o lobo-cinzento e o lobo-dourado-africano.[33]

Subespécies

Embora no passado diversas tentativas tenham sido feitas para sinonimizar muitos dos nomes propostos, a posição taxonômica dos lobos africanos ocidentais, em particular, é muito confusa para se chegar a qualquer conclusão precisa, uma vez que os materiais de estudo coletados são poucos. Antes de 1840, seis das dez supostas subespécies do oeste africano eram nomeadas ou classificadas quase que inteiramente com base na cor da pelagem.[34]

Comportamento

Comportamentos sociais e reprodutivos

A organização social do lobo-dourado-africano é extremamente flexível, variando com a disponibilidade e distribuição de alimento. A unidade social básica é um casal reprodutor, seguido por suas crias atuais, ou crias de ninhadas anteriores que permanecem como “ajudantes”.[14] Grupos grandes são raros, e sua ocorrência foi registrada apenas em áreas com rejeitos humanos abundantes. Relações familiares entre lobos-dourados-africanos são pacíficas, em comparação com as do chacal-de-dorso-negro; embora o comportamento sexual e territorial dos filhotes crescidos seja suprimido pelo casal reprodutor, eles não são ativamente afastados até que se tornem adultos. Os lobos-dourados-africanos também se deitam juntos e se limpam mutuamente com muito maior frequência do que os chacais-de-dorso-negro. No Serengeti, os pares defendem territórios permanentes abrangendo 2–4 km², e só desocupam seu território para beber ou quando atraídos por uma carcaça grande.[5] O casal patrulha e marca o seu território em paralelo. Tanto parceiros quando ajudantes reagem agressivamente contra intrusos, embora a maior agressão seja reservada para intrusos do mesmo sexo; os membros do casal não se ajudam para repelir intrusos do sexo oposto.[5]

Posturas de ameaça em C. a. lupaster (esquerda) and C. a. anthus (direita)

Os rituais de corte do lobo-dourado-africano são notavelmente longos, durante os quais o casal permanece junto quase constantemente. Antes da cópula, o par patrulha e marca o território com o seu cheiro. A cópula é precedida pela fêmea mantendo sua cauda levantada em ângulo, de forma que sua genitália fique exposta. Os dois se aproximam choramingando, levantando suas caudas e arrepiando o pelo, bem como apresentando diversas intensidades de comportamento ofensivo e defensivo. A fêmea cheira e lambe os genitais do macho, enquanto o macho fuça o pelo da fêmea. Eles podem rodar um em volta do outro e lutar brevemente. A ligação da cópula dura em torno de quatro minutos. No final do estro, o par se separa, com a fêmea se aproximando do macho de uma forma mais submissa. Antecipando o papel que passará a desempenhar na criação dos filhotes, o macho regurgita ou cede todo alimento que tem para a fêmea. No Serengeti, os filhotes nascem em dezembro-janeiro e começam a comer alimentos sólidos depois de um mês. O desmame se inicia com dois meses de idade e termina aos quatro meses. Neste estágio, os filhotes são semi-independentes, arriscando-se a até 50 metros da toca, e até dormindo ao ar livre. Suas brincadeiras ficam progressivamente mais agressivas, com os filhotes competindo pela graduação entre eles, que é estabelecida após seis meses. A fêmea alimenta os filhotes mais frequentemente do que o macho e os ajudantes, embora a presença desses últimos permita que o casal deixe a toca para caçar sem deixar a ninhada desprotegida.[5]

A vida do lobo-dourado-africano está centrada em uma toca, que normalmente consiste de um buraco abandonado e modificado de porco-formigueiro ou de javali-africano. A estrutura interior da toca é pouco conhecida, embora acredite-se que consista de uma câmara central única, com duas ou três rotas de escape. A toca pode estar localizada em áreas isoladas ou surpreendentemente próxima à de outros predadores.[37]

Comunicação

Os lobos-dourados-africanos limpam-se reciprocamente com frequência, particularmente durante a corte, quando isto pode durar até 30 minutos. Mordiscar a face e o pescoço é observado durante cerimônias de acolhimento. Quando luta, o lobo-dourado-africano golpeia seu oponente com as patas, morde e sacode o ombro. As posturas da espécie são tipicamente caninas e ela tem mais mobilidade facial do que o chacal-de-dorso-negro e o chacal-listrado, sendo capaz de expor os seus dentes caninos como um cão.[5]

O vocabulário do lobo-dourado-africano é similar ao do cão doméstico, tendo sido registrados sete sons.[16] As vocalizações incluem uivos, latidos, rosnados, ganidos e cacarejos.[5] Subespécies podem ser reconhecidas por diferenças nos seus uivos.[16] Um dos sons mais comumente ouvidos é um lamento alto e penetrante, do qual há três variedades: um longo uivo contínuo em um único tom, um lamento que sobe e cai e uma série de uivos curtos em staccato. Esses uivos são usados para repelir intrusos e atrair membros da família. Acredita-se que uivos em coro reforcem ligações familiares, assim como estabeleçam status territorial.[5] Uma análise comparativa dos uivos do lobo-dourado-africano e de algumas subespécies de lobo-cinzento demonstrou que os uivos dos primeiros têm similaridades com os do lobo-indiano, sendo de tom alto e de duração relativamente curta.[38]

Comportamento de caça

Um lobo-do-serengeti (C. a. bea) caminha através de um rebanho de gnus-de-cauda-preta no Parque Nacional de Ngorongoro, Tanzânia

O lobo-dourado-africano raramente caça lebres, devido a sua velocidade. Gazelas mães (frequentemente agindo em grupos de duas ou três) são formidáveis quando defendem suas crias contra lobos isolados, que são muito mais bem-sucedidos em caçar filhotes de gazelas quando trabalham em pares. Um par de lobos procura metodicamente filhotes de gazelas escondidos dentro dos rebanhos, da grama alta, arbustos ou em outros esconderijos prováveis.[5]

Embora seja conhecido por matar animais de até três vezes o seu próprio peso, o lobo-dourado-africano visa mamíferos com muito menor frequência do que o chacal-de-dorso-negro.[5] Na captura de presas grandes, o lobo-dourado-africano não busca matá-las; em vez disso, ele rasga o ventre e come as entranhas. Presas pequenas são tipicamente mortas sendo sacudidas, embora cobras possam ser comidas vivas a partir da cauda. O lobo-dourado-africano frequentemente carrega mais alimento do que pode consumir e esconde o excesso, que é geralmente recuperado dentro de 24 horas.[37] Quando forrageando por insetos, o lobo-dourado-africano revira excrementos para descobrir besouros. Durante as estações secas, ele escava bolas de excrementos para encontrar larvas. Gafanhotos e cupins são apanhados saltando sobre eles tanto no chão quanto no ar. Ele é ferozmente intolerante a outros necrófagos, sendo conhecido por dominar abutres em cadáveres – um lobo pode afastar dezenas de abutres por meio de ameaças, mordidas e investindo contra eles.[5]

Ecologia

Distribuição e hábitat

Achados de fósseis datados do Pleistoceno indicam que a distribuição da espécie não foi sempre restrita à África, tendo restos sido encontrados no Levante e na Arábia Saudita.[18] Na Tanzânia, o lobo-dourado-africano está limitado a uma pequena área do norte, entre as elevações ocidentais do monte Kilimanjaro e o centro do Serengeti. Nesta última área, ele ocorre principalmente nas planícies de grama baixa, no piso da cratera Ngorongoro e nas planícies entre as crateras Olmoti e Empakai, sendo relativamente raro no Parque Nacional de Serengeti, em Loliondo e na reserva de Maswa. A espécie também habita a área do lago Natron e o Kilimanjaro oeste. Ele é às vezes encontrado na parte norte do Parque Nacional Arusha, e mais ao sul em Manyara. Em áreas onde ele é comum, como as planícies de grama baixa do Parque Nacional de Serengeti e a cratera de Ngorongoro, a densidade populacional varia entre 0,5 e 1,5 espécime por km². Um decréscimo populacional de 60% foi registrado nas planícies do sul do Parque Nacional de Serengeti desde o início dos anos 1970, mas as razões são desconhecidas.[39]

O lobo-dourado-africano habita diversos hábitats diferentes; na Argélia ele vive em áreas de clima mediterrânico, litorâneas e montanhosas (inclusive fazendas cercadas, áreas de vegetação baixa, florestas de pinheiros e de carvalhos), enquanto populações no Senegal habitam zonas tropicais de clima semiárido, inclusive savanas sahélicas.[27] Populações de lobo no Mali foram documentadas em maciços sahélicos áridos. No Egito, o lobo-dourado-africano habita áreas cultivadas, terras devastadas, margens de desertos, áreas rochosas e penhascos. No lago Nasser, ele vive perto da borda do lago.[15] Em 2012, lobos-dourados-africanos foram fotografados na província Azilal do Marrocos, numa elevação de 1 800 metros.[4][40] Ele aparentemente se dá bem em áreas onde a densidade populacional humana é alta e as populações de presas são baixas, como é o caso do distrito de Enderta no norte da Etiópia.[41] Este lobo já foi registrado no deserto muito seco da Depressão de Danakil na costa da Eritreia, na África Oriental.[42]

Dieta

Lobo-do-Serengeti (C. a. bea) comendo um agama

Na África Ocidental, o lobo-dourado-africano está praticamente restrito a pequenas presas, como lebres, ratos, esquilos-terrestres e ratazanas-do-capim. Outras presas incluem lagartos, cobras e aves que fazem ninhos no chão, como francolins e abetardas. Ele também consome grande quantidade de insetos, como besouros, larvas, cupins e gafanhotos. Ele também mata jovens gazelas, duikers e javalis-africanos.[37] Na África Oriental, ele consome invertebrados e frutas, embora 60% da sua dieta consista de roedores, lagartos, cobras, aves, lebres e gazelas-de-thomson.[14] Durante a temporada de filhotes de gnu, os lobos-dourados-africanos alimentam-se quase exclusivamente dos seus recém-nascidos.[16] No Serengeti e na cratera de Ngorongoro, menos de 20% da sua dieta se compõe de carniça.[5] No Senegal, onde C. a. anthus e C. a. lupaster coexistem, algum grau de diferenciação de nicho é aparente na sua escolha de presas; os primeiros são conhecidos por se alimentar principalmente de cordeiros, enquanto os últimos atacam presas maiores, como carneiros, cabras e vacas.[27]

Inimigos e competidores

O lobo-dourado-africano geralmente tenta evitar a competição com os chacais-de-dorso-negro e listrado, ocupando um hábitat diferente (campos, em oposição aos bosques fechados e abertos preferidos por essas espécies) e sendo mais ativo durante o dia.[43] O lobo-dourado-africano é conhecido por matar os filhotes do chacal-de-dorso-negro,[14] mas em compensação observou-se que é dominado pelos adultos durante disputas por carcaças.[16] Ele frequentemente come junto com os cães-selvagens-africanos e mantém a posição se os cães tentam ameaçá-lo.[5] Encontros com lobos-etíopes são usualmente antagônicos, com os lobos-etíopes dominando os lobos-dourados-africanos se estes entram em seus territórios e vice-versa. Embora os lobos-dourados-africanos sejam caçadores ineficientes de roedores, e, portanto, não compitam diretamente com os lobos-etíopes, é provável que a pesada perseguição humana impeça que os primeiros atinjam números suficientemente altos para deslocar completamente os últimos.[44] Entretanto, há pelo menos um registro de uma matilha de lobos-dourados-africanos adotando um lobo-etíope macho.[45]

Os lobos-dourados-africanos alimentam-se juntamente com hienas-malhadas, embora sejam perseguidos se se aproximam demais. As hienas-malhadas algumas vezes seguem os lobos durante a temporada de filhotes de gazela, uma vez que os lobos são efetivos em localizar e capturar animais jovens. Os dois animais tipicamente se ignoram quando nenhum alimento ou filhote está em jogo.[46] Os lobos confrontam uma hiena que se aproxima muito de suas tocas, revezando-se para morder as patas da hiena até que ela se afaste.[5]

Os lobos-dourados-africanos são conhecidos por portarem o parvovírus canino, o herpesvírus canino, o coronavírus canino e o adenovírus canino.[14]

Na literatura e arte

Amuleto de bronze em forma de lobo, do Período Ptolemaico do Egito (711 – 30 a.C.)

O lobo foi base para numerosas divindades do antigo Egito, incluindo Anúbis, Upuaut e Duamutefe.[47] De acordo com Diodoro Sículo, a cidade egípcia de Licópolis foi nomeada em honra a uma matilha de lobos que repeliu uma invasão etíope.[48] O folclore egípcio árabe assegura que o lobo pode fazer as galinhas desmaiar de medo simplesmente passando por baixo dos galos, e associa partes do seu corpo com várias formas de magia popular: acredita-se que colocar uma língua de lobo numa casa faz com que os seus moradores briguem, e que sua carne seja útil no tratamento da insanidade e epilepsia. Acredita-se que o coração proteja o portador de ataques de animais, enquanto o olho protege contra mau-olhado.[9]

Embora seja considerado haraam nas leis da dieta islâmica, o lobo é importante na medicina popular marroquina.[10] Edvard Westermarck escreveu sobre diversos remédios derivados do lobo no Marrocos, inclusive o uso de sua gordura como loção, o consumo da sua carne para tratar doenças respiratórias e a queima dos seus intestinos em rituais de fumigação visando aumentar a fertilidade de casais. Dizia-se que a vesícula biliar do lobo tinha vários usos, inclusive curar a impotência sexual e servir como amuleto para mulheres querendo se divorciar de seus maridos. Westermarck notou, entretanto, que o lobo também estava associado a qualidades mais nefastas: dizia-se que uma criança que comesse carne de lobo antes de chegar à puberdade seria amaldiçoada para sempre com má-sorte, e que escribas e pessoas santificadas deveriam evitar consumi-la mesmo em lugares onde isto fosse socialmente aceitável, pois fazê-lo tornaria inúteis os seus dons.[11]

O lobo-dourado-africano não é comum na arte em pedra do Neolítico, embora ele apareça ocasionalmente; um retrato bem definido é mostrado na caverna Kef Messiouer na província de Tébessa da Argélia, onde ele está comendo uma carcaça de javali junto com um grupo de leões. Ele participa na mitologia berbere, particularmente a do Ait Seghrouchen do Marrocos, onde ele tem nas histórias populares um papel similar ao da raposa nas fábulas medievais europeias, embora seja frequentemente vítima do mais esperto ouriço-caixeiro.[49]

O lobo-dourado-africano tem um papel proeminente no mito da criação da religião Serer, onde ele é visto como a primeira criatura viva criada por Roog, o Deus Supremo e Criador.[12][50] Em um aspecto, ele pode ser visto como um enviado de Roog à Terra, em outro, como um profeta caído por desobediência às leis do divino. O lobo foi a primeira criatura inteligente na Terra, e acredita-se que ele permanecerá na Terra quando os seres humanos retornarem para o divino. Os Serer acreditam que ele não só sabe antecipadamente quem vai morrer, como segue antecipadamente as trilhas daqueles que irão ao funeral. Os movimentos do lobo são cuidadosamente observados, porque o animal é visto como um vidente que veio da transcendência e mantém ligações com ela. Embora se acredite que ele tenha sido rejeitado na mata pelos outros animais e desprovido da sua inteligência original, ele ainda é respeitado porque se atreveu a resistir ao ser supremo, que ainda o mantém vivo.[12]

Referências

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