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Fernão de Magalhães[editar | editar código-fonte]

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Fernão de Magalhães
Retrato de Fernão de Magalhães, Kunsthistorisches Museum, Viena.
Conhecido(a) por Começou a primeira viagem de circum-navegação
Nascimento 1480Sabrosa, Reino de Portugal
Morte 27 de abril de 1521 (41 anos)

Reino de Mactan (atual Cidade do Lapu-Lapu, Filipinas)

Nacionalidade Português
Ocupação Navegador e explorador
Assinatura

Fernão de Magalhães (Sabrosa, Primavera de 1480Mactan, 27 de abril de 1521) foi um navegador português que se notabilizou por ter encabeçado a primeira viagem de circum-navegação ao globo de 1519 até 1522, ao serviço da Coroa de Castela. A expedição espanhola Magalhães-Elcano.

Nascido numa família nobre, em 1505 viajou para as Índias Ocidentais, participando de várias expedições militares. Em 1512 foi na armada de António de Abreu à descoberta das Molucas, também conhecidas como as Ilhas das Especiarias, mas só o navio de Francisco Serrão, tresmalhado, chegaria às Molucas do norte (Ternate, Tidore, etc...), produtoras do desejado cravo, pois os demais navios regressariam a Malaca após irem apenas às Molucas do sul ou arquipélago de Banda (Buru, Ambom, Seram) produtoras de noz-moscada e maçã, o que fez com que Magalhães não tivesse conhecimento direto das Molucas do cravo, as mais importantes economicamente à época.

A serviço do rei de Castela, Carlos V do Sacro Império Romano-Germânico (também rei de Aragão e Itália entre outros títulos), planeou e comandou a expedição marítima que efetuou a primeira viagem de circum-navegação ao globo. Foi o primeiro a alcançar a Terra do Fogo no extremo sul do continente americano, a atravessar o estreito que hoje leva seu nome e a cruzar o Oceano Pacífico, que nomeou. Fernão de Magalhães foi morto em batalha em Cebu, nas Filipinas durante a expedição, posteriormente chefiada por Juan Sebastián Elcano até ao regresso em 1522.

O Pinguim-de-magalhães recebeu o seu nome como homenagem, já que Magalhães foi o primeiro Europeu a ter visto um. As aptidões de navegação de Fernão também foram reconhecidas na nomeação de objetos associados à astronomia, incluindo as Nuvens de Magalhães, as crateras lunares de Magalhães, e as crateras marcianas de Magalhães e sonda espacial da NASA Magellan (versão inglesa do nome). A sua vida e a viagem de circum-navegação é descrita ao pormenor no romance biográfico "Fernão de Magalhães e a Ave-do-Paraíso" do escritor João Morgado.

Índice[editar | editar código-fonte]

Juventude[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte]

Casa de Sabrosa, que ostenta o brasão dos Magalhães. Fernão de Magalhães nasceu no norte de Portugal, ca. de 1480. A freguesia da do Porto, Vila Nova de Gaia e Ponte da Barca reclamam a sua naturalidade. A vila de Sabrosa outrora reclamou ser o berço do navegador e assim consta em muitas obras. No entanto, hoje sabe-se, para além de qualquer dúvida razoável, que essa presunção se baseou em documentação falsificada por António Luís Alvares Pereira, descendente de lavradores do lugar da Pereira, em Sabrosa, com o intuito de se habilitar à herança de Fernão de Magalhães no Arquivo das Índias. Fernão de Magalhães era filho de Rui (por vezes Rodrigo) de Magalhães, nascido cerca de 1442, Cavaleiro que exerceu cargos de governação no Porto, e de sua primeira mulher Alda de Mesquita, nascida cerca de 1445, e casado pela segunda vez com Inês Vaz Moutinho, filha de Pedro Vaz Moutinho, cidadão do Porto, cidade onde foi Vereador, e de sua mulher Inês Gonçalves de Mesquita. Estátua de Fernão de Magalhães em Sabrosa Era irmão de Duarte de Sousa, Diogo de Sousa, Isabel de Magalhães, Leonor ou Genebra de Magalhães, casada com João Fernandes Barbosa, com geração, e Aires de Magalhães, que seguiu uma carreira eclesiástica, recebeu ordens de epístola em 1509 em Braga e, nessa matrícula, seus pais acima nomeados são ditos moradores na Sé do Porto.

Seu pai, Rui de Magalhães, foi Cavaleiro Fidalgo da Casa de D. Afonso, 1.º Conde de Faro, 2.º Conde de Odemira jure uxoris, 5.º Senhor de Mortágua jure uxoris, Senhor de Aveiro e Alcaide-Mor do Castelo de Estremoz. Rui de Magalhães terá sido Alcaide-Mor do Castelo de Aveiro onde está documentado em 1486. Entre junho de 1472 e junho de 1488 está documentado no Porto onde exerce os cargos de Juiz Ordinário, Procurador da Câmara e Vereador.

Ao serviço da Coroa Portuguesa[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte]

Fernão de Magalhães tinha cerca de dez anos quando se tornou Pajem da Corte da Rainha D. Leonor, consorte de D. João II. Casou-se em Sevilha, em Dezembro de 1517 com Beatriz Barbosa, sua parente, filha de Diogo Barbosa e de sua mulher Maria Caldeira, e teve dois filhos: Rodrigo, que faleceu muito novo, e Carlos, que faleceu ao nascer.

Em Março de 1505, com 25 anos, alistou-se na Armada da Índia, na frota de 22 navios enviada para instalar D. Francisco de Almeida como primeiro vice-rei da Índia. Embora o seu nome não figure nas crônicas, sabe-se que ali permaneceu oito anos, e que esteve em Goa, Cochim e Quíloa. Participou em várias batalhas, incluindo a batalha naval de Cananor em 1506, onde foi ferido, e a decisiva batalha de Diu. Em 1509 partiu com Diogo Lopes de Sequeira na primeira embaixada a Malaca, onde seguia também Francisco Serrão, seu grande amigo e possivelmente primo. Chegados a Malaca em setembro, foram vítimas de uma conspiração e a expedição terminou em fuga, na qual Magalhães teve um papel crucial avisando Sequeira e salvando Francisco Serrão que havia desembarcado. Para trás ficaram dezenove prisioneiros. A sua atuação valeu-lhe honras e uma promoção. Efígie de Fernão de Magalhães no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, Portugal.

Ao serviço do novo governador, Afonso de Albuquerque, participou junto com Serrão na conquista de Malaca em 1511 e só regressou a Lisboa em 1513. Magalhães, sob o comando de António de Abreu, chegou às ilhas de Banda, Ambom e Seram (produção de noz-moscada e maça), em 1512, mas não às Molucas do norte (que eram as Molucas em sentido restrito), onde quem chegou, a Ternate, foi o seu amigo Francisco Serrão no seu junco que se separou da armada de Abreu arrastado por uma tempestade, o qual aí permaneceu e casou com uma mulher de Amboina, tornando-se conselheiro militar do sultão de Ternate. As suas cartas para Magalhães seriam decisivas, que dele obteve informações quanto à situação dos lugares produtores de cravo (Molucas do norte). Fernão de Magalhães, após se ausentar sem permissão, perdeu influência. Em serviço em Azamor (Marrocos), onde foi ferido em combate, foi depois acusado de comércio ilegal com os mouros, com várias das acusações comprovadas cessaram as ofertas de emprego a partir de 15 de maio de 1514 e, novamente em Lisboa, D. Manuel I recusa-lhe aumento de tença. Mais tarde, em 1515, surgiu uma oferta para membro da tripulação de um navio de Português, mas Magalhães rejeitou-a. Em Lisboa dedicou-se a estudar as mais recentes cartas, investigando uma passagem para o pacífico pelo Atlântico Sul e a possibilidade de as Molucas estarem na zona castelhana definida pelo Tratado de Tordesilhas, em parceria com o cosmógrafo Rui Faleiro.

Ao serviço da Coroa de Castela[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte]

Em 1517 foi a Sevilha com Rui Faleiro, tendo encontrado no feitor da "Casa de la Contratación" da cidade um adepto do projecto que entretanto concebera: dar a Castela a possibilidade de atingir as Molucas pelo Ocidente, por mares não reservados aos portugueses no Tratado de Tordesilhas e, além disso, segundo Faleiro, provar que as ilhas das especiarias se situavam no hemisfério castelhano.

Com a influência do bispo de Burgos conseguiram a aprovação do projecto por parte de Carlos V, e começaram os morosos preparativos para a viagem, cheios de incidentes; o cartógrafo de origem portuguesa Diogo Ribeiro que começara a trabalhar para C em 1518, na Casa de Contratación em Sevilha participou no desenvolvimento dos mapas utilizados na viagem. Depois da ruptura com Rui Faleiro, Magalhães continuou a aparelhagem dos cinco navios que, com 256 homens de tripulação, partiram de Sanlúcar de Barrameda em 20 de setembro de 1519. A esquadra tinha cinco navios e uma tripulação total de 234 homens, com cerca de 40 portugueses entre os quais Álvaro de Mesquita, primo co-irmão de Magalhães, Duarte Barbosa, primo da mulher de Magalhães, João Serrão, primo ou irmão de Francisco Serrão e Estevão Gomes. Seguia também Henrique de Malaca. Estátua em Ponte da Barca Fernão de Magalhães fez um segundo testamento em Sevilha a 24 de agosto de 1519, onde institui Morgado de boa parte de seus bens, que deixa a seu filho Rodrigo de Magalhães e, na falta dele, a seus irmãos Diogo de Souza de Magalhães e Isabel de Magalhães. Obriga o administrador a usar o nome de Magalhães e as suas armas («trayga las armas de magallanes segun e de la manera que yo las traygo que son de magallanes e sosa»).

Antonio Pigafetta, escritor italiano que havia pago do seu próprio bolso para viajar com a expedição, escreveu um diário completo de toda a viagem, possibilitado pelo facto de Pigafetta ter sido um dos 18 homens a retornar vivo à Europa na nau Victoria. Dessa forma, legou à posteridade um raro e importante registo de onde se pode extrair muito do que se sabe sobre este episódio da história.

Viagem às Molucas[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte]

A armada fez escala nas ilhas Canárias e alcançou a costa da América do Sul, chegando em 13 de dezembro ao Rio de Janeiro. Prosseguindo para o sul, atingiram Puerto San Julian à entrada do estreito, na extremidade da atual costa da Argentina, onde o capitão decidiu hibernar. Irrompeu então uma revolta que ele conseguiu dominar com habilidosa astúcia. Após cinco meses de espera, período no qual a nau "Santiago" foi perdida em uma viagem de reconhecimento, tendo os seus tripulantes conseguido ser resgatados, Magalhães encontrou o estreito que hoje leva seu nome, aprofundando-se nele. Em outra viagem de reconhecimento, outra nau foi perdida, mas desta vez por um motim na nau "San Antonio" onde a tripulação aprisionou o seu capitão Álvaro de Mesquita, primo de Magalhães, e iniciou uma viagem de volta com o piloto Estêvão Gomes (realmente estes completaram a viagem, espalhando ofensas contra Fernão de Magalhães na Espanha).

Apenas em novembro a esquadra atravessaria o Estreito, penetrando nas águas do Mar do Sul (assim baptizado por Balboa), e baptizando o oceano em que entravam como «Pacífico» por contraste às dificuldades encontradas no Estreito. Depois de cerca de quatro meses, a fome, a sede e as doenças (principalmente o escorbuto) começaram a dizimar a tripulação. Foi também no Pacífico que encontrou as nebulosas que hoje ostentam o seu nome - as nebulosas de Magalhães.

Em março de 1521, alcançaram a ilha de Ladrões no atual arquipélago de Guam, chegando à ilha de Cebu nas atuais ilhas Filipinas em 7 de abril. Imediatamente começaram com os nativos as trocas comerciais; boa parte das grandes dificuldades da viagem tinham sido vencidas. Dias depois, porém, Fernão de Magalhães morreu em combate com os nativos na ilha de Mactan, atraído a uma emboscada, sendo morto pelo nativo Lapu-Lapu. Ainda hoje, se tenta perceber se Fernão de Magalhães conseguiu de facto fazer uma Viagem de Circum-Navegação do Globo pessoal, sabe-se que Fernão de Magalhães já tinha viajado como membro da tripulação em expedições Portuguesas ao extremo oriente, a segunda em Malaca, alguns historiadores atestam que Fernão de Magalhães possa ter ido com Francisco Serrão às ilhas Molucas, o que a ser verdade tornaria automaticamente Magalhães como o primeiro homem a circunavegar o mundo, não num estrito senso de começar e a acabar a viagem no mesmo local, mas uma circum-navegação latitudinal visto que o local onde faleceu e por consequente deixou de comandar a expedição, foi em Cebu, nas Filipinas, a ocidente das ilhas Molucas, hipoteticamente explorados pelo navegador.

A expedição prosseguiu sob o comando de João Lopes Carvalho, deixando Cebu no início de março de 1522. Dois meses depois, seria comandada por Juan Sebastián Elcano.

O regresso[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte]

Mapa da expedição: a vermelho a rota percorrida por Magalhães, a laranja a rota percorrida por Elcano. Decidiram incendiar a nau Concepción, visto o pequeno número de homens para operá-la, e finalmente conseguiram chegar às Molucas, onde obtiveram seu suprimento de especiarias. Trinidad acabou ali permanecendo para reparos e a Victoria voltou sozinha para casa, contornando o Índico pelo sul, a fim de não encontrar navios portugueses. A Trinidad, após os reparos tentou seguir uma rota pelo Pacífico até a América Central, onde poderia contatar os espanhóis e levar sua carga, no entanto acabou tendo de retornar às Molucas onde seus tripulantes foram aprisionados pelos portugueses que haviam chegado. A nau Victoria dobrou o Cabo da Boa Esperança em 1522, fez escala em Cabo Verde, onde alguns homens foram detidos pelos portugueses, alcançando finalmente o porto de San Lúcar de Barrameda, com apenas 18 homens na tripulação.

Uma única nau tinha completado a circum-navegação do globo ao alcançar Sevilha em 6 de setembro de 1522. Juan Sebastián Elcano, a restante tripulação da expedição de Magalhães e o último navio da frota regressaram decorridos três anos após a partida. A expedição de facto trouxe poucos benefícios financeiros, não tendo a tripulação chegado a receber o pagamento.

Curiosidade: Na época não existia a Linha Internacional de Data, sendo que ao chegarem a Sevilha a tripulação não subtraiu um dos 1081 dias que permaneceram a bordo da expedição. A precariedade das medições não foi suficiente para conter a discussão que se seguiu sobre a duração da viagem, sugerindo que fosse enviada ao Vaticano uma comissão internacional sobre expedições ao redor da Terra.

Impacto no Brasil[editar | editar código-fonte]

A expedição de Fernão de Magalhães permaneceu por pouco tempo no Brasil. A frota aportou primeiramente no Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco, no dia 29 de novembro de 1519. Tratou-se de uma rápida estadia destinada ao abastecimento das naus. Algum tempo depois a expedição chegou na baía de Guanabara onde permaneceu por duas semanas, de 13 a 26 de dezembro do mesmo ano. As estadias na costa do Brasil foram breves porque a expedição não estava autorizada a aportar em terras portuguesas devido ao Tratado de Tordesilhas. Durante a passagem pelo Brasil, os marinheiros mantiveram contatos com os povos tupis que habitavam a costa. Eles estabeleceram relações comerciais com os índios, usualmente conhecidas como escambo. Compraram produtos frescos e variados em troca de objetos europeus. Algumas destas transações foram registradas pelo cronista da expedição, o veneziano Antonio Pigafetta.[1]

Mural de azulejos localizado na entrada do Museu Naval no centro do Rio de Janeiro. Representa as grandes navegações do final do século XV e início do XVI, inclusive a primeira circum-navegação da terra realizada por Fernão de Magalhães.

Como todo acontecimento histórico global, a primeira viagem de circum-navegação da terra gerou impacto nos lugares por onde passou e no Brasil não foi diferente. A Marinha do Brasil chegou a refazer a viagem no século XIX com a Corveta Vital de Oliveira[2], iniciando o trajeto em 1879. Alguns anos depois, a Marinha refez novamente o trajeto, desta vez com o Cruzador Almirante Barroso (1888-1890), cujo objetivo era realizar a instrução da turma de guardas-marinha formada em 1886. Esta viagem, que percorreu 36.691 milhas náuticas, foi registrada em um livro escrito pelo seu comandante. Durante o trajeto ocorreu um fato curioso. Devido à Proclamação da República do Brasil, o neto do Imperador, e Segundo-Tenente da Armada Imperial, Príncipe Dom Augusto Leopoldo, que fazia parte da tripulação, teve que desembarcar em Colombo (Sri Lanka).[3] A Marinha possui um interesse na temática que se reflete em várias seções da instituição, sobretudo na Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha (DPHDM). No Museu Naval há uma referência à expedição na entrada da exposição permanente, assim como artefatos do século XVI, incluindo instrumentos de navegação. Ademais, na Revista Marítima foram publicados artigos sobre a importância de Fernão de Magalhães na arte da navegação, assim como das posteriores comemorações da sua viagem, sobretudo o quarto centernário.

A viagem foi também refeita pela Família Schürmann, famosos velejadores brasileiros, no marco da expedição Magalhães Global Adventure. Eles partiram em 23 de novembro de 1997 no veleiro Aysso, percorrendo 32.657 milhas durante 912 dias. A viagem foi concluída com a chegada a Lisboa no momento das comemorações dos 500 anos do Descobrimento do Brasil. A aventura foi registrada em um documentário, O Mundo em Duas Voltas. Por ocasião da viagem da família, a escola de samba Embaixada Copa Lord, integrante da liga das escolas de samba de Florianópolis (Liesf), realizou uma homenagem à expedição de Fernão de Magalhães em 2001. O samba-enredo, intitulado "Vento em sinfonía, a família Schurmann vai zarpar", conquistou o segundo lugar do desfile.

Fernão de Magalhães também inspirou algumas produções culturais brasileiras, que tratavam de sua história e participação na circum-navegação. Uma revista em quadrinhos da série "Descobrimento", publicada em 1959 pela editora EBAL, conta a sua biografia. A coleção 'Biografias em Quadrinhos' tinha um caráter educativo, que buscava mudar a percepção que esta forma literária tinha então. A influência de Magalhães perdurou na sociedade brasileira por várias décadas. Ele foi, por exemplo, homenageado pela "Gaviões Imperiais", escola de samba virtual que apresenteou o mesmo enredo duas vezes, em 2009 e em 2015. O desfile conta a história da circum-navegação, cujo título é: "Por Mares Nunca Antes Navegados... O Sonho de Fernão de Magalhães".[1] A escola integra a Liga Independente das Escolas Virtuais (LIESV).

Por ocasião das comemorações do 5º Centenário da viagem uma série de iniciativas foi desenvolvida no Brasil, sobretudo no Rio de Janeiro. A Marinha do Brasil, em parceria com a Marinha Portuguesa, fez diversos eventos relacionados à efeméride. O primeiro ocorreu em outubro de 2019, o I Simpósio de História Marítima “Por uma História Marítima e suas perspectivas no campo historiográfico brasileiro”[4] realizado no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB). No mesmo ano, o Brasil sediou o seminário internacional sobre o “5º Centenário da primeira volta ao mundo: a estadia da frota no Rio de Janeiro”. Realizado no Museu Histórico Nacional, contou com a participação de historiadores espanhóis, portugueses, brasileiros e demais latino-americanos. Em 2020, uma cerimônia que contou com a presença de autoridades lusitanas e brasileiras deu o nome de “Praça da Circum-Navegação” a uma localidade que fica nos arredores da Baía de Guanabara, ao lado da Rio Star, maior roda-gigante da América Latina, fazendo uma alusão à volta ao mundo e ao reforço do caráter redondo da Terra, resultado da viagem de Magalhães-Elcano.[5]

Reacção em Portugal[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte]

As notícias da viagem de Fernão de Magalhães às Molucas ao serviço de Carlos V, por mares reclamados por Portugal e supostamente interditos à passagem de navios pela Coroa de Castela tal como estipulado pelo Tratado de Tordesilhas, tanto à ida pelo Atlântico sul, como no regresso pelo Oceano Índico e de novo pelo Atlântico, causaram alguma apreensão na Corte portuguesa. A viagem deu origem a uma disputa internacional entre Portugal e Castela, dado que ambas as nações reclamavam agora soberania sobre as ilhas alcançadas e descobertas primeiramente por Francisco Serrão em 1512, sem que fosse no entanto possível determinar em que hemisfério se localizava o arquipélago, uma vez que era impossível à época determinar a longitude com grande precisão. Esta disputa, doravante conhecida como a Questão das Molucas, foi resolvida mediante o pagamento de um resgate de 350 000 ducados de ouro por parte de D. João III ao seu cunhado, o Imperador Carlos V, pelo direito à posse das ilhas. Em relação a Magalhães e à sua viagem, escreveria mais tarde Luís de Camões no Canto X d'Os Lusíadas: "O Magalhães, no feito, com verdade,/Português, porém não na lealdade", referindo-se aos seus serviços em favor da Coroa de Castela.

Cronologia[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte]

Tripulação[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte]

Estes 18 homens regressaram a Sevilha na Nau Victoria em 1522:
Juan Sebastián Elcano, de Getaria Mestre
Francisco Albo, de Axio Piloto
Miguel de Rodes Piloto
Juan de Acurio, de Bermeo Piloto
António Lombardo (Pigafetta), de Vicenza Supernumerário
Martinho de Judicibus, de Génova (Savona) Chefe de embarcação
Hernando de Bustamante, de Alcántara Marinheiro
Nicolas o Grego, de Nápoles Marinheiro
Miguel Sánchez, de Rodes Marinheiro
Antonio Hernández Colmenero, de Huelva Marinheiro
Francisco Rodriguez, de Sevilha Marinheiro
Juan Rodríguez, de Huelva Marinheiro
Diego Carmena Marinheiro
Hans de Aachen (João de Aquisgrão) Artilheiro
Juan de Arratia, de Bilbao Marinheiro
Vasco Gómez Gallego, de Baiona Marinheiro
Juan de Santandrés, de Cueto Grumete
Juan de Zubileta, de Barakaldo Pajem - Registado no livro de bordo Juan de Vizcaya com 14 anos de idade.

Apenas quatro homens dos 55 da tripulação original do Trinidad finalmente regressaram a Espanha em 1525.

Conferências na Internet[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte]

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Notas[editar | editar código-fonte]

  1. Muitas vezes referido como Fernando de Magalhães
  2. O Alexandre Parafita escreveu que “desde tempos imemoriais, a naturalidade de Magalhães foi dada, como inequívoca, na vila de Sabrosa. Contribuiu para isso a existência de dois testamentos, um de 1504 (quando o navegador partiu para os oceanos) e outro de 1580 (dum seu sobrinho-neto exilado no Brasil), reforçados por um auto oficial de 1798 em que seis escrivães e quatro testemunhas confirmavam a genealogia do navegador ligada a esta vila. Nestes documentos são identificados bens efectivamente localizados em Sabrosa, tais como uma casa (a Casa da Pereira), a quinta da Souta (ainda hoje existente em frente ao Vale da Porca) e o legado de missas anuais no altar do Senhor Jesus da Igreja de São Salvador do qual ainda existem vestígios na actual Igreja Matriz da vila. A existência, na referida casa, do brasão da família Magalhães com as armas picadas e arrasadas, traduzindo um castigo que, no tempo de D. Manuel I, era corrente aplicar sobre quem praticasse actos considerados de traição à Pátria, assim tendo sido entendida a missão de Magalhães ao serviço da coroa de Espanha, corroboravam a mesma tese. Entretanto, há muitas décadas atrás, a veracidade destes documentos começou a ser posta em causa. Desde logo por o primeiro testamento referir a expressão “sua majestade” em relação a D. Manuel I, quando se sabe que, ao tempo, não havia esse tratamento, mas sim “sua alteza”. Ainda que no documento notarial de 1798 esteja dito que foi “fielmente copiado menos algumas palavras que por estarem mal escritas em letra gótica e o papel carcomido do tempo não foi possível poder ler”, não tem faltado quem procure todos os pretextos para desvalorizar o teor dos testamentos, como não falta também quem tal tenha rebatido, a exemplo do Abade de Baçal, que o fez minuciosamente. Estas dúvidas permitiram que outras hipóteses de naturalidade fossem sendo entretanto equacionadas. Por exemplo, do Porto se diz existir uma declaração que alude à expressão “Vecino de la cidade del puerto” e que isso indicaria ser dali natural. Contudo, sabe-se também que, num testamento feito mais tarde em Espanha, se declara do mesmo jeito: “vesino q soy desta muy noble e muy leal çibdad de Sevylha”. O que vale então esta palavra “vecino” em tais documentos? Nada de mais relevante. Apenas que Magalhães pode ter vivido nessas cidades. (…). Importa ter presente que as questões divergentes da naturalidade de Magalhães foram sendo geradas muito depois da sua morte, quando se percebeu que haveria uma notável fortuna a reivindicar da coroa de Espanha, por ser devida ao Navegador uma parte dos territórios descobertos mundo além. Foi então que vários supostos parentes foram surgindo em diversas localidades do País (incluindo Ponte da Barca), uns e outros logo impugnados e desacreditados nas suas pretensões pelo poder castelhano, que dessa forma assegurava a intocabilidade do seu património. (…)” (Alexandre Parafita - “Fernão de Magalhães: símbolo inequívoco da tradição de Sabrosa”, in Jornal de Notícias, Suplemento "Terra de Fernão Magalhães", 5 de setembro de 2009).

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Tratado de Tordesilhas
  2. Hogan 2008
  3. From the Gazetteer of Planetary Nomenclature, maintained by the USGS, in cooperation with IAU: Magelhaens on Moon, Magelhaens A on Moon, and Magelhaens on Mars. Accessed 2012-08-27.
  4. TAVEIRA, António. Fernão de Magalhães “o do estreito” de Santa Maria da Sé do Porto. Porto: edição do autor, 2010. Depósito Legal:314545/10
  5. BARROS, Amândio. O Homem que Navegou o Mundo. Em busca das origens de Magalhães. Braga: AL-Publicações, 2015
  6. FREITAS, Manuel Alcino Martins de. Fernão de Magalhães Nasceu em Sabrosa (Vila Real - Trás-os-Montes) Vila Real: Min. Transmontana, 1980.
  7. William J. Bernstein, "A Splendid Exchange: How Trade Shaped the World", p.183-185, Grove Press, 2009, ISBN 0-8021-4416-0
  8. artic.ua.es/biblioteca - pdf
  9. José Manuel Garcia, Documentos existentes em Portugal sobre Fernão de Magalhães e as suas viagens Academia Portuguesa da História / Academia de Marinha
  10. "The New Cambridge Modern History, Geoffrey Rudolph Elton, Volume 2 of Reformation, 1520-1559", p. 632, Cambridge University Press, 1990, ISBN 0-521-34536-7
  11. Na Vila de Sabrosa ou na freguesia da Sé da cidade do Porto, em Portugal.

Bibliografia[editar | editar código-fonte][editar | editar código-fonte]

  • ZWEIG,Stefan - Fernão de Magalhäes. Lisaboa, Relógio D'Água, 2017.
  • TAVEIRA, António. “Fernão de Magalhães “o do estreito” de Santa Maria da Sé do Porto.” Porto: edição do autor, 2010. Depósito Legal:314545/10
  • PIGAFETTA, Antonio. A Primeira Viagem ao Redor do Mundo. Porto Alegre: L&PM, 1986. Coleção Descobertas. ISBN 8525414328
  • ALVES, Francisco M. (Abade de Baçal) – “Fernão de Magalhães e a autenticidade dos testamentos de 1504 e 1580”, in Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança, Vol. VI, Porto, 1928, pp. 503–509.
  • ALVES, Francisco M. (Abade de Baçal) – “O grande navegador Fernão de Magalhães” [Colecção de cinco documentos (…) que encontrou em Vila Flor (…) e se lhe afiguram necessários na divulgação pela luz que projectam referente ao grande navegador], in O Instituto, Vol. 68 de Junho de 1921, pp. 65–80
  • Fernão de Magalhães: Historiador defende naturalidade do navegador em Ponte da Barca (c/FOTOS)
  • Ponte da Barca junta especialistas para descobrir onde nasceu navegador Fernão de Magalhães[ligação inativa]
  • Fernão de Magalhães: Historiador defende naturalidade do navegador em Ponte da Barca

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

  1. ANTONIO PIGAFETTA. PRIMEIRA VIAGEM AO REDOR DO MUNDO. [Place of publication not identified]: L & PM POCKET. OCLC 1104049046 
  2. «Alimentação e saúde na primeira circum-navegação da Marinha Imperial Brasileira | História, Ciências, Saúde – Manguinhos». Consultado em 27 de abril de 2021 
  3. «Viagens de Circum-navegação | DPHDM». www.marinha.mil.br. Consultado em 27 de abril de 2021 
  4. «I Simpósio de História Marítima - Praticagem do Brasil». Consultado em 27 de abril de 2021 
  5. «Praça na Zona Portuária que homenageia marco da navegação mundial é revitalizada». Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro - prefeitura.rio. 11 de fevereiro de 2020. Consultado em 30 de abril de 2021