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Revisão das 17h23min de 28 de abril de 2010
Predefinição:Político António de Oliveira Salazar GO TE (Vimieiro, Santa Comba Dão, 28 de Abril de 1889 — Lisboa, 27 de Julho de 1970) foi um estadista, político português e professor catedrático da Universidade de Coimbra. Notabilizou-se pelo facto de ter exercido, de forma autoritária e em ditadura, o poder político em Portugal entre 1932 e 1968.
Foi também ministro das Finanças entre 1928 e 1932, procedendo ao saneamento das finanças públicas portuguesas.
Instituidor do Estado Novo (1933-1974) e da sua organização política de suporte, a União Nacional, Salazar dirigiu os destinos de Portugal, como Presidente do Conselho de Ministros, entre 1932 e 1968. Os autoritarismos que surgiam na Europa foram amplamente experienciados por Salazar em duas frentes complementares: a Propaganda e a Repressão. Com a criação da Censura, da organização de tempos livres dos trabalhadores FNAT, da Mocidade Portuguesa, Masculina e Feminina, o Estado Novo garantia a doutrinação de largas massas da população portuguesa, enquanto que a PVDE (posteriormente PIDE a partir de 1945), em conjunto com a Legião Portuguesa, garantiam a repressão de todos os opositores ao regime autoritário, normalmente julgados nos Tribunais Militares Especiais e posteriormente, nos Tribunais Plenários.Uma das características das penas aplicadas era de serem de X tempo.
Apoiando-se na doutrina social da Igreja Católica, Salazar orienta-se para um corporativismo de Estado autoritário, com uma linha de acção económica nacionalista assente no ideal da autarcia. Esse seu nacionalismo económico levou-o a tomar medidas de proteccionismo e isolacionismo de natureza fiscal, tarifária, alfandegária, para Portugal e suas colónias, que tiveram grande impacto sobretudo até aos anos sessenta.
O caminho do poder
Em 1900, após completar os seus estudos na escola primária, com 11 anos de idade, Oliveira Salazar ingressou no Seminário de Viseu, onde permaneceu por oito anos. Em 1908, o seu último ano lectivo no seminário, tomou finalmente contacto com toda a agitação que reinava em Viseu e também em todo o país. Surgiam artigos que atacavam o Governo, o Rei e a Igreja Católica. Foi também nesse ano que se deu o assassínio do Rei D. Carlos e do seu filho, o Príncipe D. Luís Filipe. Não ficando indiferente a esses acontecimentos, Salazar, católico praticante, começou a insurgir-se contra os republicanos jacobinos em defesa da Igreja, escrevendo vários artigos nos jornais. Depois de completar os estudos, permaneceu em Viseu por mais dois anos. Porém, em 1910, mudou-se para Coimbra para estudar Direito. Em 1914, concluiu o curso de Direito com a alta classificação de 19 valores e torna-se, dois anos depois, assistente de Ciências Económicas. Assumiu a presidência da cadeira de Economia Política e Finanças em 1917 a convite do professor José Alberto dos Reis e do professor Aniceto Barbosa, antes de se doutorar em 1918.
Durante esse período em Coimbra, materializa o seu pendor para a política no Centro Académico de Democracia Cristã onde faz amigos como Mário de Figueiredo, José Nosolini, Juvenal de Araújo, os irmãos Dinis da Fonseca, Manuel Gonçalves Cerejeira, Bissaya Barreto, entre outros. Alguns haveriam de colaborar nos seus governos. Combate o anticlericalismo da Primeira República através de artigos de opinião que escreve para jornais católicos. Acompanha Cerejeira em palestras e debates. Enquanto estuda Maurras, Le Play e as encíclicas do Papa Leão XIII, vai consolidando o seu pensamento, explicitando-o em artigos e conferências, onde se revela que "Salazar nasceu para a política pugnando pelo acertar do passo com a Europa, e com a paixão pela Educação".[1]
As suas opiniões e ligações ao Centro Académico de Democracia Cristã levaram-no, em 1921, a concorrer por Guimarães como deputado ao Parlamento. Sendo eleito e não encontrando aí qualquer motivação, regressou à universidade passados três dias. Lá se manteve até 1926.
Da pasta das Finanças à Presidência do Conselho
Com a crise económica e a agitação política da 1ª República (que se prolongou inclusive após o Golpe militar de 28 de Maio de 1926), a Ditadura Militar chamou o Dr.Salazar em Junho de 1926 para a pasta das finanças; passados treze dias renuncia ao cargo e retorna a Coimbra por não lhe haverem satisfeitas as condições que achava indispensáveis ao seu exercício.
Em 27 de Abril de 1928, após a eleição do Marechal Carmona e na sequência do fracasso do seu antecessor em conseguir um avultado empréstimo externo com vista ao equilíbrio das contas públicas, reassumiu a pasta, mas exigindo o controlo sobre as despesas e receitas de todos ministérios. Satisfeita a exigência, impôs forte austeridade e rigoroso controlo de contas, conseguindo um superavit, um "milagre" nas finanças públicas logo no exercício económico de 1928-29.
Sei muito bem o que quero e para onde vou. - afirmara, denunciando o seu propósito na tomada de posse.
Na imprensa, que era controlada pela censura, Salazar seria muitas vezes retratado como salvador da pátria. O prestígio ganho, a propaganda, a habilidade política na manipulação das correntes da direita republicana, de alguns sectores monárquicos e dos católicos consolidavam o seu poder. A Ditadura dificilmente o podia dispensar e o Presidente da República consultava-o em cada remodelação ministerial. Enquanto a oposição democrática se desvanecia em sucessivas revoltas sem êxito, procurava-se dar rumo à Revolução Nacional imposta pela ditadura. Salazar, recusando o regresso ao parlamentarismo e à democracia da Primeira República, cria a União Nacional em 1930, visando o estabelecimento de um regime de partido único.
Em 1932 era publicado o projecto de uma nova Constituição que seria aprovada em 1933 através de um plebiscito. Com esta constituição, Salazar cria o Estado Novo, uma ditadura antiliberal e anticomunista, que se orienta segundo os princípios conservadores autoritários: Deus, Pátria e Família. Toda a vida económica e social do país estava organizada em corporações de nomeação e direcção estatal - era também um Estado Corporativo. Mantendo as doutrinas coloniais que vingaram na Primeira República, Portugal afirmava-se como "um Estado pluricontinental e multirracial". Durante o Estado Novo, os Presidentes da República, que foram regularmente eleitos por sufrágio universal até 1958, tinham na prática funções meramente cerimoniais. O detentor real do poder era o Presidente do Conselho de Ministros e era ele que dirigia os destinos da Nação.
Salazar e Franco
Na Guerra Civil Espanhola, deflagrada em Julho de 1936, Salazar, apoiou o General Francisco Franco. Ainda que tenha havido referências ao envio de forças militares, não existe nenhuma prova factual de tal intervenção. O apoio português foi essencialmente logístico, tendo Salazar facilitado o envio de armamento para as forças franquistas na fase inicial da guerra.
Ao contrário do que durante muito tempo foi sustentado, as relações entre Franco e Salazar foram sempre muito frias e pautadas pela desconfiança. Desde o inicio da guerra civil que, ainda que podendo impedi-lo, a censura portuguesa permite a publicação de relatos sobre os massacres efectuados pelos franquistas em Badajoz.
A divulgação daquelas notícias teve um impacto tremendo no evoluir da situação espanhola e foi uma demonstração de força de Salazar perante Franco. Após a II Guerra Mundial, Salazar chegou a sugerir ao presidente norte-americano D.Eisenhower que Portugal não se oporia à substituição de Franco, caso o governo de Washington considerasse essa possibilidade.
Salazar e os Comunistas
Em 8 de Setembro de 1936, teve lugar em Lisboa a Revolta dos Marinheiros, também conhecida como Motim dos Barcos do Tejo, mais uma aparatosa acção levada a cabo durante a Guerra Civil Espanhola contra a ditadura portuguesa.
A acção foi desencadeada pela Organização Revolucionária da Armada (ORA), estrutura criada em 1932 para agrupar as células do Partido Comunista Português (PCP) da Marinha. A organização editava um mensário intitulado O Marinheiro Vermelho.
Os marinheiros comunistas sublevaram as tripulações dos navios de guerra Dão, Bartolomeu Dias e Afonso de Albuquerque, procurando sair com eles da Barra do Tejo. Após uma intensa troca de tiros travada entre estes e o Forte de São Julião, que causou a morte de 10 marinheiros, a revolta fracassou e os sublevados foram presos.
Salazar e os Monárquicos
Salazar conseguiu alimentar durante muito tempo a lenda dos seus sentimentos monárquicos. O conhecimento que hoje temos dos seus "escritos de juventude",[2] a observação cuidada dos acontecimentos políticos da época e o conteúdo da correspondência entre Salazar e Caetano, revelam que o seu alegado "monarquismo" se inseriu num habilidoso jogo político através do qual Salazar conseguiu obter o apoio de alguns monárquicos para sustentar o seu "Estado Novo".[3]
O seu antimonarquismo começou a revelar-se dentro do Centro Católico, quando, no seu Congresso de 1922, vinga a tese de Salazar de que o Centro deveria aceitar o regime republicano "sem pensamento reservado". Monárquicos católicos, com destaque, entre outros, para Fernando de Sousa (Nemo), Alberto Pinheiro Torres, Pacheco de Amorim, abandonaram então o Centro Católico.
Ao chegar ao poder, no discurso que proferiu em 9 de Junho de 1928, a solução do "problema político" do regime (Monarquia ou República) surgia ainda em último lugar nas suas prioridades. Uma resolução tomada dois anos depois, porém, revelava a grande distância que ia entre as suas palavras e os seus actos. Após a falhada Monarquia do Norte, em 1919, umas centenas de oficiais do exército foram afastados do serviço ou demitidos, quando dominava a cena política o Partido Democrático de Afonso Costa. Mais tarde, o governo de António Maria da Silva, para amainar os ânimos já muito exaltados contra a 1ª República, apresentou no Parlamento e no Senado um projecto visando a reintegração no serviço activo daqueles oficiais. O golpe militar de 28 de Maio de 1926 interrompeu o processo, mas, em 1930, o tenente-coronel Adriano Strecht de Vasconcelos apresentou ao presidente Carmona um documento intitulado "A Situação Jurídica dos militares afastados do serviço do Exército em 1919", pedindo justiça. Oliveira Salazar reagiu impedindo a reintegração daqueles oficiais monárquicos.
Na sequência da morte de D. Manuel II, em 2 de Julho de 1932, a ilusão do "monarquismo" de Salazar caiu por completo quando o seu Governo se apropriou dos bens da Casa de Bragança instituindo a Fundação da Casa de Bragança. A derradeira prova de que Salazar não queria a Monarquia deu-se em 1951 no Congresso da União Nacional, em Coimbra. Em discurso encomendado por Salazar, Marcello Caetano vem a travar naquele congresso as teses da Restauração da Monarquia.[4]
A concordata
A questão da indemnização da Igreja Católica pela nacionalização dos seus bens durante a 1ª República foi reivindicada e considerada. Salazar rejeita porém tal hipótese e adopta um regime de separação de poderes entre o Estado e a Igreja, que virá a ficar definido na Concordata entre a Santa Sé e Portugal, em 1940.
A Segunda Guerra Mundial
Salazar assumira a pasta dos negócios estrangeiros desde a Guerra Civil Espanhola. Com a Segunda Guerra Mundial o imperativo do governo de Salazar é manter a neutralidade. Próximo ideologicamente do Fascismo Italiano o regime português não hostilizou as potências do Eixo, mas distanciou-se dos movimentos fascistas e nazistas, que tornou ilegais, prendendo os seus líderes. O regime português escuda-se nessa afinidade com o Fascimo italiano e também na aliança com a Inglaterra para manter uma política de neutralidade. Esta assentava num esforço de não afrontamento a qualquer dos lados em beligerância. Antes e durante o conflito mundial, Portugal comprou armas tanto à Alemanha como à Grã-Bretanha.
Primeiramente, uma intensa actividade diplomática junto de Franco tenta evitar que a Espanha se alie à Alemanha e à Itália (caso em que previsivelmente os países do Eixo com a Espanha olhariam a ocupação de Portugal como meio de controlar o Atlântico e fechar o Mediterrâneo, o que desviaria o teatro da guerra para a Península Ibérica).
Com a Espanha fora da guerra, a estratégia de neutralidade é um imperativo da diplomacia por forma a não provocar a hostilidade nos beligerantes e Salazar não tolerou desvios dos diplomatas que arriscassem a sua política externa. Quando o cônsul português, Aristides de Sousa Mendes, em Bordéus concedeu vistos em grande quantidade a judeus em fuga aos nazis, ignorando instruções do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Salazar foi implacável com ele e demitiu-o.
O escritor belga Maurice Maeterlinck, Prémio Nobel da Literatura, esteve em Portugal na véspera da II Guerra Mundial sob a protecção de Salazar, e em 1937 prefaciou a edição francesa do pensamento político do estadista português intitulada "Une revolution dans la paix".
A exoneração de Aristides
Salazar deu instruções explícitas aos seus embaixadores para que limitassem a concessão de vistos a pessoas que pretendiam fugir da França, quando esta foi invadida pela Alemanha. No Verão de 1940, milhares de pessoas em fuga, muitas delas judeus que receavam pela sua vida caso caíssem nas mãos dos nazis, dirigem-se às embaixadas e postos consulares portugueses em França, suplicando pelo direito a um visto de entrada no país.
Contrariando as instruções de Salazar, Aristides de Sousa Mendes, cônsul português em Bordéus, concedeu esses vistos em grandes números. Salazar viria a demitir Aristides, retirando-lhe os direitos à totalidade da pensão de reforma, acabando o ex-cônsul por passar o final da sua vida na miséria em Portugal.
Da mesma forma viria Salazar a agir com o embaixador de Portugal em Londres, Armindo Monteiro, por haver manifestado publicamente uma posição anglófila.
Papel dos Açores
Em 1943 os Aliados procuram utilizar a Base das Lajes nos Açores, como base de apoio para as missões no Oceano Atlântico e no Teatro de Operações Europeu. O governo de Portugal, não evitando a pressão, cede. Mas Salazar negocia como contrapartida o fornecimento de armamento (poderia a Alemanha vir a atacar Portugal) e a garantia da restituição da soberania portuguesa a Timor no fim da Guerra, depois de aquele território ter sido invadido pelos aliados holandeses e australianos e posteriormente pelos japoneses.
Rescaldo da neutralidade portuguesa
A posição da neutralidade de Portugal e a consequente abertura dos canais diplomáticos e comerciais com ambas as partes beligerantes, a balança comercial portuguesa manteve saldo positivo durante boa parte do conflito, nomeadamente nos anos de 1941, 1942 e 1943. Nestes anos, as exportações ultrapassaram as importações, facto que não se verificava desde dezenas de anos, e que até a actualidade ainda não se verificou. Esta hábil gestão da neutralidade trouxe-lhe, no final da guerra, os benefícios da paz sem ter de pagar o preço da guerra. Portugal foi uma das poucas zonas de paz num mundo a "ferro e fogo", serviu de refúgio a muitas pessoas de várias proveniências. Um desses refugiados foi o arménio Calouste Gulbenkian, que permaneceu no país tendo legado uma das mais importantes instituições ao serviço da cultura em Portugal. Esta situação económica conseguiu também atenuar os problemas provocados pela Guerra Civil Espanhola (1936-1939) e pela própria Segunda Guerra Mundial, que trouxeram problemas de escassez de géneros (Portugal era deficitário quanto a alimentos) e a inflação que disparou.
Em Portugal, embora se reconhecesse o mérito da obra de Salazar no que respeita à reorganização financeira, à restauração económica e à defesa da paz, muitos entenderam que tinha chegado a oportunidade de mudança política.
Política Externa após a Segunda Guerra Mundial
Terminando a segunda guerra mundial, Salazar dirigiu a política externa Portuguesa claramente para o "bloco Ocidental", como já tinha sido patente nos últimos anos da Guerra pela cada vez maior colaboração com os Aliados, que incluiu a cessão da Base das Lajes.
Do ponto de vista militar, Portugal foi membro fundador da NATO em 1949 ao lado do Reino Unido, sempre visto por Salazar como o tradicional aliado de Portugal.
Do ponto de vista de integração económica, foi também membro fundador em 1960 da Associação Europeia de Comércio Livre (EFTA no seu acrónimo em Inglês), juntamente com a Áustria, Dinamarca, Noruega, Suécia, Suíça e Reino Unido. Isto permitiu uma maior abertura ao comércio internacional da economia Portuguesa que, deste modo, cresceu exponencialmente nos anos que se seguiram. Entre 1960 e 1972 o volume do comércio externo Português quadruplicou. Nesse ano já cerca de 70% do comércio externo da Metrópole era feito com os outros estados membros da EFTA, representando as colónias uma percentagem bem mais diminuta.
Apesar de não ter relações diplomáticas com países do bloco Comunista, manteve relações comerciais quer com a República Popular da China, que durante as décadas de cinquenta e sessenta fazia uma boa parte do seu comércio externo através de Macau, e outros países Socialistas Asiáticos.
Em 1961, no seguimento da invasão do Estado Português da Índia corta relações diplomáticas com a União Indiana.
Nesse mesmo ano, tem início início a Guerra Colonial. Nos termos da Resolução 1514 da Assembleia Geral das Nações Unidas, a ONU e muitos dos seus Estados membros começam a pressionar o governo de Salazar para acelerar a descolonização. Este recusa a descolonização mas colabora sempre com o Comité de Tutela das Nações Unidas. Desde a adesão de Portugal à ONU e colocação das colónias Portuguesas na lista de territórios sob tutela, que o governo de Salazar providencia anualmente estatísticas e dados nos quais demonstra os esforços Portugueses em melhorar a vida das populações dos territórios ultramarinos Portugueses. Nessa altura são fundadas as primeiras Universidades na África Portuguesa, bem como uma rede de escolas e hospitais que ainda corresponde hoje em dia, com poucas alterações, às redes escolar e hospitalar dos países independentes que formavam o Império Português.
Guerra Colonial
Desde o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, que a comunidade internacional e a ONU vinham a defender a implementação de uma política de descolonização em todo o mundo. O Estado português recusou-se a conceder a autodeterminação aos povos das regiões colonizadas. Salazar, praticando uma política de isolacionismo internacional sob o lema Orgulhosamente sós, levou Portugal a sofrer consequências extremamente negativas a nível cultural e económico.
Em Março de 1961, no norte de Angola acaba por estalar uma sangrenta revolta, com o assassínio de colonos civis. A chacina merece de Salazar a resposta Para Angola rapidamente e em força. Defensor de uma política colonialista, Salazar alimenta as fileiras da guerra colonial, que se espalha à Guiné e a Moçambique, com o propósito de manter as chamadas províncias ultramarinas sob a bandeira portuguesa.
A Guerra Colonial teve como consequências milhares de vítimas entre os povos que acabariam por se tornar independentes e entre portugueses. Teve forte impacto económico em Portugal, e nas colónias, aonde o desenvolvimento económico foi muito acelerado em tempo de guerra; mas abalou as estruturas políticas e sociais do País, tendo sido uma das causas da queda do regime e do 25 de Abril.
Últimos anos
O princípio do fim de Salazar começou a 3 de Agosto de 1968, no Forte de Santo António, no Estoril. A queda de uma cadeira de lona, deixada em segredo primeiro, acabou por ditar o seu afastamento do Governo.
António de Oliveira Salazar preparava-se para ser tratado pelo calista Hilário, quando se deixou cair para uma cadeira de lona. Com o peso, a cadeira cedeu e o chefe do Governo caiu com violência, sofrendo uma pancada na cabeça, nas lajes do terraço do forte onde anualmente passava as férias, acompanhado pela governanta D. Maria de Jesus. Levantou-se atordoado, queixou-se de dores no corpo, mas pediu segredo sobre a queda e não quis que fossem chamados médicos, segundo conta Franco Nogueira.[5] Outra testemunha, o barbeiro Manuel Marques, contraria esta tese. Segundo ele, Salazar não caiu na cadeira, que estava fora do lugar, mas tombou no chão desamparado. Ainda outra testemunha diz que Salazar não caiu de uma cadeira, e sim de uma banheira, testemunha essa que acompanhou Salazar da casa de banho até ao quarto no dia do sucedido.[6]
A vida de António Oliveira Salazar prosseguiu normalmente e só três dias depois é que o médico do Presidente do Conselho, Eduardo Coelho, soube do sucedido.[7] Só 16 dias depois, a 4 de Setembro, Salazar admite que se sente doente: «Não sei o que tenho». A 6 de Setembro, à noite, sai um carro de São Bento. Com o médico, Salazar e, no lugar da frente, o director da PIDE, Silva Pais. Salazar é internado no Hospital de São José e os médicos não se entendem quanto ao diagnóstico - hematoma intracraniano ou trombose cerebral -, mas concordam que é preciso operar, o que acontece a 7 de Setembro. Foi afastado do Governo em 1968 após ser vitimado por um hematoma craniano, que lhe causou danos cerebrais graves, após a queda, quando passava férias no forte de S. António do Estoril.
Segundo o seu barbeiro pessoal, Salazar costumava ser distraído e tinha o hábito de «saltar para as cadeiras». Nesse dia, preparando-se para ler o jornal, caiu onde habitualmente estava uma cadeira, mas que nesse dia tinha sido movida.[8] Américo Tomás então Presidente da República chamou, então, a 27 de Setembro de 1968, Marcello Caetano para substituir Salazar.[9] Até morrer, em 1970, continuou a receber visitas como se fosse ainda Presidente do Conselho, nunca manifestando sequer a suspeita de que já o não era - no que não era contrariado pelos que o rodeavam.[10]
Biografia cronológica
- 1889: Nasce em Vimieiro, Santa Comba Dão.
- 1914: Em Coimbra, conclui o curso de Direito.
- 1918: Professor de Ciência Económica.
- 1926: Após o golpe de 28 de Maio é convidado para Ministro das Finanças; ao fim de 13 dias renuncia ao cargo.
- 1928: É novamente convidado para Ministro das Finanças; nunca mais abandonará o poder.
- 1930: Nasce a União Nacional.
- 1932: Presidente do Conselho de Ministros.
- 1933: É plebiscitada uma nova constituição que dá início ao Estado Novo. Fim da ditadura militar.
- 1936: Na Guerra Civil de Espanha apoia Franco; cria a Legião Portuguesa e a Mocidade Portuguesa; abre as colónias penais do Tarrafal e de Peniche
- 1937: Escapa a um atentado dos comunistas.
- 1939: Iniciada a Segunda Guerra Mundial, Salazar conseguirá manter a neutralidade do país.
- 1940: Exposição do Mundo Português.
- 1943: Cede aos Aliados uma base militar nos Açores.
- 1945: A PIDE substitui a PVDE.
- 1949: Contra Norton de Matos, Carmona é reeleito Presidente da República; Portugal é admitido como membro da NATO.
- 1951: Contra Quintão Meireles, Craveiro Lopes é eleito Presidente da República.
- 1958: Contra Humberto Delgado, Américo Tomás é eleito Presidente da República; o Bispo do Porto, António Ferreira Gomes critica a política salazarista
- 1961: 22/01, ataque ao navio Santa Maria por anti-salazaristas, que se asilam no Brasil logo após a posse de Janio Quadros; 04/02, assalto às prisões de Luanda; 11/03, tentativa de golpe de Botelho Moniz; 21/04, resolução da ONU condenando a política africana de Portugal; 19/12, a União Indiana invade Goa, Damão e Diu; 31 de dezembro de 1961 para 1 de janeiro de 1962, revolta de Beja.
- 1963: O PAIGC abre nova frente de batalha na Guiné.
- 1964: A FRELIMO inicia a luta pela independência, em Moçambique.
- 1965: Crise académica; a PIDE assassina Humberto Delgado.
- 1966: Salazar inaugura a ponte sobre o Tejo.
- 1968: Na sequência de um acidente (queda de uma cadeira), Salazar fica fisicamente incapacitado para governar.
- 1970: Morte de Salazar.
- 2007: Foi eleito o maior Português de todos os tempos, através de um concurso realizado na R.T.P. (Rádio e Televisão de Portugal)
Genealogia
Na cultura popular
Televisão
- Foi interpretado por Diogo Morgado na série "A Vida Privada de Salazar", produzida pela SIC em 2009.
Programa da RTP Os Grandes Portugueses
No programa da RTP Os Grandes Portugueses, realizado em Março de 2007, Salazar foi a mais votada das personalidades em jogo, com 42% dos votos expressos,[11] seguido de Álvaro Cunhal, com 19%,[12] e de Aristides de Sousa Mendes, com 13%.[13]
O concurso é desvalorizado por alguns historiadores como José Mattoso, António Reis, António Manuel Hespanha e Fernando Rosas, que acusaram a RTP de desinformação e manipulação num texto publicado no jornal Expresso. Em declarações ao Diário de Notícias, Nuno Santos, ex-director de programas da RTP, considera que a acusação é de mau gosto e revela má-fé.
Notas
- ↑ «José Manuel Quintas, "Origens do pensamento de Salazar", História, nº 4/5, Julho / Agosto 1998, pp. 77-83.»
- ↑ «Publicados por Manuel Braga da Cruz; cf. José Manuel Quintas, "Origens do pensamento de Salazar", História, nº 4/5, Julho / Agosto 1998, pp. 77-83.»
- ↑ Mário Saraiva, Sob o Nevoeiro, Lisboa, 1987, pp. 223-235.
- ↑ Marcelo Caetano, Minhas Memórias de Salazar, pp. 391, 581-583
- ↑ Salazar, Volume VI - O Último Combate (1964-70).
- ↑ «Salazar caiu na banheira e na cadeira" in Diário de Notícias»
- ↑ «Descoberta da queda do Presidente do Conselho in Sol»
- ↑ DACOSTA, Fernando - Máscaras de Salazar, Lisboa, Casa das Letras, 2006, ISBN 972-46-0851-4
- ↑ Ver Decreto N° 48597 da Presidência da República.
- ↑ «Salazar, o Príncipe encarcerado, Fundação Oliveira Salazar»
- ↑ «Correspondente a 0,6% da população portuguesa.»
- ↑ Correspondente a 0,2% da população portuguesa.
- ↑ Correspondente a 0,15% da população portuguesa.
- CAETANO, Marcello. Minhas memórias de Salazar. Lisboa, Verbo, 1977.
- COELHO, Antonio Macieira. Salazar, o fim e a morte: história de uma mistificação. Lisboa, D. Quixote, 1995. ISBN 972-20-1272-X.
- KARIMI, Kian-Harald. 'Es wird nicht diskutiert!' Die Ordnung des Diskurses im Neuen Staat, in: Henry Thorau (ed.): Portugiesische Literatur. Frankfurt/Main, Suhrkamp, 1997, pp. 236–258.
- LOUÇÃ, António. Hitler e Salazar: Comércio em tempos de guerra, 1940-1944. Lisboa, Terramar, 2000.
- MEDINA, João. Salazar, Hitler e Franco: estudos sobre Salazar e a ditadura. Lisboa, Livros Horizonte, 2000.
- MONTEIRO, Fernando Amaro. Salazar e a Rainha. Lisboa, Prefácio, 2006. ISBN 989-8022-01-09.
- NOGUEIRA, Franco. Salazar. Porto, Livraria Civilização, 1985.
- PAÇO, António Simões do. Salazar (biografia). Lisboa, Editora Planeta de Agostini, 2006.
- PINTO, António Costa Pinto. Os camisas azuis: ideologia, elite e movimentos fascistas em Portugal, 1914-1945. Lisboa, Editorial Estampa, 1994. ISBN 972-33-0957-2.
- QUINTAS, José Manuel. As origens do pensamento de Salazar, in História, n.º 4/5, Julho/Agosto de 1998, pp. 77–83.
- SARAIVA, Mário. Sob o nevoeiro: ideias e figuras. Lisboa, Edições Cultura Monárquica, 1987.
- PINTO, Jaime Nogueira. António de Oliveira Salazar: O outro retrato. Lisboa, A Esfera dos Livros, 2007. ISBN 978-989-626-072-9
Ligações externas
- «Salazar - O Obreiro da Pátria»
- «Bio no Vidas Lusófonas»
- «Biografia»
- «Salazar e Franco»
- «Fundação Oliveira Salazar»
Precedido por ? |
Ministro das Finanças 1928- 1932 |
Sucedido por ? |
Precedido por Domingos da Costa Oliveira |
Presidente do Conselho de Ministros 1932 - 1968 |
Sucedido por Marcello Caetano |
Precedido por ? |
Ministro dos Negócios Estrangeiros 1939-1946 ? |
Sucedido por ? |
Precedido por Óscar Carmona |
Presidente da República Portuguesa 1951 (interino) |
Sucedido por Craveiro Lopes |
Precedido por Botelho Moniz |
Ministro da Defesa 1961-1962 |
Sucedido por Gomes de Araújo |