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Enéas Carneiro: diferenças entre revisões

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'''Enéas Ferreira Carneiro''' ([[Rio Branco]], [[5 de novembro]] de [[1938]] — [[Rio de Janeiro]], [[6 de maio]] de [[2007]])<ref name="g1" /> foi um [[polímata]], [[militar]], [[medicina|médico]] [[cardiologia|cardiologista]],<ref>{{citar web|URL = http://www2.camara.leg.br/deputados/pesquisa/layouts_deputados_biografia?pk=107993&tipo=0|título = Conheça os Deputados|data = 01/02/2003|acessadoem = |autor = Biografia|publicado = Câmara dos Deputados}}</ref> [[professor]], [[escritor]] e [[político]] brasileiro.<ref name="agencia.camara">{{Citar web|url=http://www2.camara.gov.br/agencia/noticias/102558.html|titulo=Saiba mais sobre a vida de Enéas|data=6 de maio de 2007|acessodata=11 de março de 2017|publicado=|ultimo=|primeiro=|autor=[[Agência Câmara (Brasil)|Agência Câmara]]}}</ref><ref name="Partido da República"/> É considerado o maior ícone do [[Conservadorismo nacional|conservadorismo nacionalista]] no Brasil,<ref name="BBC-Br">{{citar web |URL=https://www.bbc.com/portuguese/brasil-40833881 |último=Fellet |primeiro=João |título=O retorno de Enéas, ícone da extrema-direita e 'herói' de Bolsonaro |data=7 de agosto de 2017 |publicado=[[BBC Brasil]] |acessodata=1 de junho de 2019}}</ref><ref name="Dia-logos"/><ref name="Acervo Folha"/><ref name="Acervo Globo"/> e como político, fundou o extinto [[Partido de Reedificação da Ordem Nacional]], o PRONA.<ref name="g1" /><ref name="agencia.camara" /> Foi filiado a ele de 1989, sua fundação, até 2006, quando ocorreu sua fusão com o [[Partido Liberal (1985)|Partido Liberal]], surgindo o [[Partido Liberal (2006)|Partido da República]],<ref>{{Citar web|url=http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u85879.shtml|titulo=Folha Online - Brasil - Prona e PL se unem e criam o Partido da República - 26/10/2006|acessodata=2017-03-19|obra=www1.folha.uol.com.br}}</ref> Atualmente [[Partido Liberal (2006)|Partido Liberal]], do qual foi filiado de 2006 a 2007, ano de sua morte.
'''Enéas Ferreira Carneiro''' ([[Rio Branco]], [[5 de novembro]] de [[1938]] — [[Rio de Janeiro]], [[6 de maio]] de [[2007]])<ref name="g1" /> foi um [[polímata]]{{Citation needed}}, [[militar]], [[medicina|médico]] [[cardiologia|cardiologista]],<ref>{{citar web|URL = http://www2.camara.leg.br/deputados/pesquisa/layouts_deputados_biografia?pk=107993&tipo=0|título = Conheça os Deputados|data = 01/02/2003|acessadoem = |autor = Biografia|publicado = Câmara dos Deputados}}</ref> [[professor]], [[escritor]] e [[político]] brasileiro.<ref name="agencia.camara">{{Citar web|url=http://www2.camara.gov.br/agencia/noticias/102558.html|titulo=Saiba mais sobre a vida de Enéas|data=6 de maio de 2007|acessodata=11 de março de 2017|publicado=|ultimo=|primeiro=|autor=[[Agência Câmara (Brasil)|Agência Câmara]]}}</ref><ref name="Partido da República"/> É considerado o maior ícone do [[Conservadorismo nacional|conservadorismo nacionalista]] no Brasil,<ref name="BBC-Br">{{citar web |URL=https://www.bbc.com/portuguese/brasil-40833881 |último=Fellet |primeiro=João |título=O retorno de Enéas, ícone da extrema-direita e 'herói' de Bolsonaro |data=7 de agosto de 2017 |publicado=[[BBC Brasil]] |acessodata=1 de junho de 2019}}</ref><ref name="Dia-logos"/><ref name="Acervo Folha"/><ref name="Acervo Globo"/> e como político, fundou o extinto [[Partido de Reedificação da Ordem Nacional]], o PRONA.<ref name="g1" /><ref name="agencia.camara" /> Foi filiado a ele de 1989, sua fundação, até 2006, quando ocorreu sua fusão com o [[Partido Liberal (1985)|Partido Liberal]], surgindo o [[Partido Liberal (2006)|Partido da República]],<ref>{{Citar web|url=http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u85879.shtml|titulo=Folha Online - Brasil - Prona e PL se unem e criam o Partido da República - 26/10/2006|acessodata=2017-03-19|obra=www1.folha.uol.com.br}}</ref> Atualmente [[Partido Liberal (2006)|Partido Liberal]], do qual foi filiado de 2006 a 2007, ano de sua morte.


Em sua juventude, Enéas se interessou pela leitura dos textos de [[Friedrich Engels|Engels]], que o tornou num entusiasta do [[socialismo científico]]. Segundo suas próprias palavras, ele sonhava com a [[União Soviética]] que emergia na [[Guerra Fria]], mas deixou de ser socialista pois, segundo ele, "quando o Estado toma conta dos [[meios de produção]], a [[Concorrência (economia)|competição]] some, e satisfeitas as necessidades básicas, como habitação, a sociedade entra em [[letargia]] e não se desenvolve".<ref name=":10">Entrevista Dr. Enéas - Programa Questão de Ordem - 1994</ref>
Em sua juventude, Enéas se interessou pela leitura dos textos de [[Friedrich Engels|Engels]], que o tornou num entusiasta do [[socialismo científico]]. Segundo suas próprias palavras, ele sonhava com a [[União Soviética]] que emergia na [[Guerra Fria]], mas deixou de ser socialista pois, segundo ele, "quando o Estado toma conta dos [[meios de produção]], a [[Concorrência (economia)|competição]] some, e satisfeitas as necessidades básicas, como habitação, a sociedade entra em [[letargia]] e não se desenvolve".<ref name=":10">Entrevista Dr. Enéas - Programa Questão de Ordem - 1994</ref>

Revisão das 16h37min de 24 de fevereiro de 2021

Enéas Carneiro
Enéas Carneiro
Deputado Enéas Carneiro falando à Comissão da Amazônia, em 2004
Presidente do
Partido de Reedificação da Ordem Nacional
Período 20 de junho de 1989
a 26 de outubro de 2006
Antecessor(a) Cargo criado
Sucessor(a) Cargo extinto
Deputado federal por São Paulo
Período 1 de fevereiro de 2003
a 6 de maio de 2007
Dados pessoais
Nome completo Enéas Ferreira Carneiro
Nascimento 5 de novembro de 1938
Rio Branco, Acre
Morte 6 de maio de 2007 (68 anos)
Rio de Janeiro
Nacionalidade brasileiro
Progenitores Mãe: Mina Ferreira Carneiro
Pai: Eustáquio José Carneiro
Alma mater Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro (atual Unirio)
Cônjuge Jamile Augusta Ferreira (divorciado)
Selena Maria (divorciado)
Adriana Lorandi (divorciado)
Filhos(as) Gabriela Guimarães Carneiro
Janete Ferreira Carneiro
Lígia Lorandi Ferreira Carneiro
Partido PRONA (1989-2006)
PR (2006-2007)
Religião Católico[1]
Profissão
Serviço militar
Anos de serviço 1959 - 1965
Graduação Sargento
Condecorações Medalha Marechal Hermes

Enéas Ferreira Carneiro (Rio Branco, 5 de novembro de 1938Rio de Janeiro, 6 de maio de 2007)[2] foi um polímata[carece de fontes?], militar, médico cardiologista,[3] professor, escritor e político brasileiro.[4][5] É considerado o maior ícone do conservadorismo nacionalista no Brasil,[6][7][8][9] e como político, fundou o extinto Partido de Reedificação da Ordem Nacional, o PRONA.[2][4] Foi filiado a ele de 1989, sua fundação, até 2006, quando ocorreu sua fusão com o Partido Liberal, surgindo o Partido da República,[10] Atualmente Partido Liberal, do qual foi filiado de 2006 a 2007, ano de sua morte.

Em sua juventude, Enéas se interessou pela leitura dos textos de Engels, que o tornou num entusiasta do socialismo científico. Segundo suas próprias palavras, ele sonhava com a União Soviética que emergia na Guerra Fria, mas deixou de ser socialista pois, segundo ele, "quando o Estado toma conta dos meios de produção, a competição some, e satisfeitas as necessidades básicas, como habitação, a sociedade entra em letargia e não se desenvolve".[11]

Após se candidatar três vezes à Presidência da República (1989, 1994 e 1998) e uma vez à prefeitura de São Paulo (2000),[2] em 2002, foi eleito Deputado Federal pelo estado de São Paulo, recebendo votação recorde: mais de 1,57 milhão de votos, a segunda maior votação já registrada no país.[12] Tornou-se muito famoso em todo o Brasil a partir de 1989 (em sua candidatura à Presidência da República daquele ano), por seu bordão "Meu nome é Enéas!",[11] usado sempre ao término de seus pronunciamentos no horário eleitoral gratuito brasileiro.

Era conhecido por seu nacionalismo e oposição ao neoliberalismo,[13] por ser contrário ao comunismo[14] e por seu conservadorismo.[7][8][9] Seus posicionamentos políticos são colocados por vezes na extrema-direita,[6][15][16] porém o próprio Enéas afirmou ser contrário a classificação esquerda-direita, definindo-se como nacionalista, somente.[17][18][19] Alguns críticos ainda tentaram associá-lo a uma espécie de novo símbolo do Movimento Integralista, devido a semelhanças entre opiniões do eleitorado do PRONA e dos extintos partidos integralistas.[20]

Biografia

Enéas quando tinha 6 meses de idade

Enéas Ferreira Carneiro nasceu na cidade de Rio Branco, no estado do Acre, em 1938. Filho de Eustáquio José Carneiro, barbeiro, e Mina Ferreiro Carneiro, dona de casa.[21] Perdeu o pai aos nove anos de idade, sendo obrigado a trabalhar desde essa idade para sustentar a si e à sua mãe.[5] Quando nasceu, sua família estava em condições de miséria. Mudou-se para Belém do Pará, com condições financeiras um pouco melhores, onde morou em um barraco e tinha como alimentação farinha e café.[22]

Foi casado com Jamile Augusta Ferreira, que conheceu na Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro. Enéas a conheceu quando estava lendo um livro de ciências exatas, sendo abordado por ela, interessada pela leitura, posteriormente tornando-se sua namorada.[23] O casal teve uma filha, quando terminaram os estudos na escola de medicina, chamada Janete. Cinco anos mais tarde teve outra filha chamada Gabriela com Selene Maria, relacionamento que, como o anterior, não foi duradouro. Enéas, por volta de 1982, casou-se com a promotora da auditoria militar, Adriana Lorandi. Com ela teve sua terceira filha, Lígia. O casal se separou pois para criar o PRONA Enéas precisou se desfazer de muitos bens.[24] "Ela não aguentou. Torrei todo meu patrimônio, uns imóveis e joias porque queria construir o PRONA".[23]

Carreira

Estudos e serviço militar

Em 1958 iniciou seus estudos no Rio de Janeiro, na Escola de Saúde do Exército. Em 1959 formou-se terceiro-sargento auxiliar de anestesiologia, sendo primeiro lugar de sua turma.[5]

Em 1960 iniciou seus estudos na Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro.[5]

Em fevereiro de 1962, prestou exame vestibular para a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Estado da Guanabara (atual UERJ), curso de licenciatura em matemática e física. Aprovado em primeiro lugar. No mesmo ano iniciou atividade como professor destas disciplinas, preparando alunos para vestibulares.[25]

Enéas quando era estudante da Universidade do Estado da Guanabara

Em 1965 formou-se médico pela supracitada Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro, pedindo então baixa do Exército, após 8 anos de serviço ativo no Hospital Central do Exército, onde auxiliou os médicos em mais de 5 mil anestesias, já tendo recebido a medalha Marechal Hermes.[5]

Em 1968 diplomou-se licenciado em Matemática e Física pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Estado da Guanabara e fundou o Curso Gradiente, pré-universitário, do qual foi diretor-presidente e onde lecionou matemática, física, química, biologia e português.[5]

Em 1969 fez o curso de especialização em cardiologia na 6ª Enfermaria da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro e, a partir daí, foi integrado como assistente naquele Serviço de Cardiologia.[5]

De 1973 a 1975 fez um mestrado em cardiologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Nesse período ministrou também aulas de fisiologia e semiologia cardiovascular na mesma universidade. Em 1975 apresentou a primeira versão de seu famoso curso O Eletrocardiograma, no Rio de Janeiro, mais tarde ministrado em São Paulo (1983), Quito - Equador (1985) e novamente no Rio de Janeiro (1986), dessa vez como curso nacional, ocorrido no Copacabana Palace.[5]

Apesar de ser referido como "Doutor Enéas", Enéas não defendeu uma tese de doutorado, recebendo este título então por ser um médico e uma pessoa culta.[26] Seu título de mestre era o maior grau acadêmico de pós-graduação que obteve.

Em 1976 defendeu sua dissertação de mestrado, "Alentecimento da Condução AV", e recebeu o título de mestre em cardiologia pela UFRJ. Ainda em 1976 escreveu o livro O Eletrocardiograma, referência no gênero.[5] Publicado em 1977 e reeditado em 1987 como O Eletrocardiograma: 10 anos depois, essa obra é conhecida no meio médico como a "bíblia do Enéas".[27]

De acordo com Enéas, ele já trabalhou numa construção civil como apontador de obras, foi tradutor de inglês, trabalhou em açougue e foi auxiliar de escritório.[28]

Carreira política

Candidaturas à presidência

Eleições de 1989

Enéas fundou, em 1989, o PRONA, lançando-se imediatamente candidato à presidência nas primeiras eleições diretas do Brasil, após o período da ditadura militar. O seu tempo na propaganda eleitoral gratuita era de quinze segundos.[29] Todavia, aliada a uma fala rápida e a um discurso inflamado e nacionalista (terminado sempre por seu bordão: "Meu nome é Enéas"), fez com que o então desconhecido político angariasse mais de 360 mil votos,[2] colocando-o em 12º lugar entre 21 candidatos. A propaganda vinha sempre acompanhada pela Sinfonia n.º 5 de Ludwig van Beethoven.

Eleições de 1994

Lançou-se candidato nas eleições de 1994 com o tempo 1 minuto e 17 segundos no horário gratuito. Mesmo sendo o PRONA um partido ainda sem expressão, o resultado surpreendeu os especialistas em política. Enéas foi o terceiro mais votado, com mais de 4,6 milhões de votos (7%),[2][4] posicionando-se à frente de políticos consagrados, como o então governador do Rio de Janeiro Leonel Brizola e o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia, ficando atrás apenas de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.[4]

Eleições de 1998

Em 1998, com 35 segundos disponíveis no horário eleitoral[30] — na soma total, um tempo menor do que em 1989 —, Enéas expôs seu discurso em que defendeu questões polêmicas como a construção da bomba atômica, a ampliação do efetivo militar[4] e a nacionalização dos recursos minerais do subsolo brasileiro. Nas eleições presidenciais daquele ano, foi o quarto colocado,[4] com um total de 1 447 090 votos.[2][4]

Segundo o candidato, sua entrada na vida política deve-se às reclamações de sua esposa, que estava saturada de suas queixas à situação do país e aos políticos.[31]

Candidatura à prefeitura de São Paulo

Em 2000 candidatou-se à prefeitura de São Paulo, obtendo 3% dos votos,[2] e conseguiu reunir votos para a eleição de sua candidata a vereadora Havanir Nimtz.

Candidatura a deputado federal e reeleição

Em 2002 candidatou-se a deputado federal por São Paulo, obtendo a maior votação da história brasileira para aquele cargo: cerca de 1,57 milhão de votos, recorde que permanecia não superado[12][2] até 2018, quando Eduardo Bolsonaro obteve 1,8 milhão de votos.[32][33] Seu partido obteve votos suficientes para, através do sistema proporcional, eleger mais cinco deputados federais, todos homens fundadores do partido,[34] para atuação em Brasília (mesmo com votações inexpressivas, abaixo dos mil votos). Este episódio ficou marcado pela polêmica de que alguns destes candidatos teriam mudado de colégio eleitoral de forma ilegal apenas para serem eleitos pelo princípio da proporcionalidade, confiando nos votos conferidos ao partido através de Enéas. Enéas também participou ativamente das eleições para prefeitos e vereadores em 2004, ajudando a eleger vereadores em várias capitais, como Rio e São Paulo, e prefeitos em pequenas cidades.

No início de 2006, Enéas passou por sérios problemas de saúde, uma pneumonia e uma leucemia mieloide aguda, fazendo com que ele optasse por retirar sua emblemática barba, antes que a quimioterapia o fizesse. Ainda em função de seus problemas de saúde, em junho de 2006 Enéas anunciou que desistiria de sua candidatura à Presidência da República e que concorreria novamente à Câmara de Deputados. Na nova campanha, mudou seu bordão para "Com barba ou sem barba, meu nome é Enéas". Foi reeleito com a quarta maior votação no estado de São Paulo, atingindo 386 905 votos, cerca de 1,90% dos votos válidos no estado.[4][35]

Após o primeiro turno das eleições presidenciais de 2006, seu partido, o PRONA, se funde com o PL e então é fundado um novo partido, o Partido da República.

Posições principais

Espectro político

Enéas Carneiro se opôs a classificação esquerda-direita, dizendo que não via, "no mundo moderno, condição para que se fale em esquerda e direita",[17][18] confirmando este pensamento em uma entrevista ao IstoÉ, ao ser interrogado se acha a esquerda "burra". Em resposta político disse que "a discussão, ao meu ver, não é mais entre esquerda e direita. É de um lado, a globalização; de outro, o Estado nacional soberano".[36]

Em um evento realizado na Universidade de São Paulo, Enéas foi indagado por "parecer" ser um conservador, no que respondeu: “eu não pareço, eu sou conservador”. Definiu seu conservadorismo como “o respeito àquilo que é clássico”, e o “clássico não é aquilo que é velho, clássico é aquilo que é eterno”.[7]

Economia e geopolítica

No programa especial do PRONA, o candidato criticou o estado mínimo, alegando que o pensamento de que o estado deve ser o menor possível é "modernismo". Em seguida o candidato ataca a política de privatizações, alegando que elas são "negociatas feitas para transferir o formidável patrimônio público para uma minoria privilegiada de representantes legítimos do sistema financeiro internacional".[28]

Em seu livro Um Grande Projeto Nacional, Enéas critica várias privatizações, como a privatização da Vale e das telecomunicações: "Sua alienação é inconstitucional. Não há valor para elas (as ações da empresa) e, se houvesse, esse valor estaria acima de dois trilhões de dólares, e muito mais quando se levam em conta cenários do comércio mundial diferentes do absurdo de hoje, em que não se dá valor às riquezas naturais".[37]

Também em seu livro, Enéas critica o neoliberalismo, definindo-o como a liberdade absoluta. "A liberdade absoluta leva a um verdadeiro massacre dos mais fracos pelos mais fortes", disse. Mais à frente, no mesmo livro, Enéas alega que o estado defendido por ele e seus aliados é um estado forte, técnico e intervencionista.[13]

Para ele, o Estado deve agir, sempre que necessário, como órgão interventor restabelecendo "a ordem, a justiça, a igualdade de oportunidades e o direito ao trabalho, à moradia, à educação, à saúde, aos transportes e à sadia necessidade de criação de riquezas, intervindo, se necessário, na produção e na Economia como um todo".[38]

Em seu primeiro discurso parlamentar, Enéas levantava um brado contra o sistema financeiro internacional, encontrando na questão bancária a questão central da qual todas as outras decorrem. Ele declarou, categoricamente, que as potências hegemônicas neocolonialistas, carentes de suas necessidades básicas, determinam que sejam privatizadas as estatais brasileiras, subtraindo-as, assim, do controle do Estado, "lídimo representante do povo brasileiro", e continuando a obrigar ao Brasil que venda suas riquezas minerais sob preços aviltados.[39]

Para o candidato, os Estados Unidos da América se encontravam sob a égide do sistema financeiro internacional. Ele declarou que "não há nenhuma razão para se agir como se agiu contra o Afeganistão, atingindo civis inocentes, como se está fazendo agora". Disse, ainda, que o Ministério da Defesa e as autoridades militares deveriam acordar do "sono letárgico" em que estavam fazendo o povo mergulhar, para que soubessem que, em um futuro próximo, poderia ser o Brasil no lugar do Iraque.[40]

Em vistas de entender o processo da invasão armada americana a um país "livre e soberano", "longe [...] de representar uma preocupação com os destinos da humanidade, [...] e muito menos de significar apreço pelas condições de liberdade e de democracia do povo iraquiano", Enéas remonta ao acordo de Bretton Woods de 1944, com a definição do dólar como moeda referência nas transações internacionais, garantida por um certo equivalente em ouro depositado em Fort Knox. Após o rompimento das regras estabelecidas em Bretton Woods por Richard Nixon em 1971, os Estados Unidos passam a ser a "Casa da Moeda do Mundo". Para Enéas, a invasão do Iraque é fruto da adoção do euro como moeda de troca internacional por este país no ano 2000.

Enéas defendia ainda a suspensão unilateral do pagamento da dívida pública pelo Estado brasileiro. Para ele, a fim de combater a França e a Alemanha, dois países passíveis de retaliar o Brasil, deveria se adotar a energia da biomassa, gerando uma independência nacional do petróleo. Anos antes da formação do BRICS, Enéas ainda acertava: "Tanto a China como a Rússia e a Índia, além de vários outros países, poderão ser excelentes parceiros comerciais, no caso de retaliações advindas do império americano."[41]

Aborto, legalização das drogas e homossexualidade

O político também declarava-se contrário ao aborto e à legalização de drogas.[4] Ao referir-se, em entrevista, ao aborto, Enéas disse que ele está dentro do projeto mundial neo-malthusiano, que visa diminuir a população brasileira para que o território não possa ser defendido, em virtude da baixa natalidade. Completou afirmando que o "aplauso ao homossexualismo" faz parte dessas políticas. Apesar de condenar a "ovação em torno do homossexualismo", o político negou atacar a existência de homossexuais.[42] Devido às suas críticas ao que ele considera como uma ovação ao homossexualismo, Enéas foi acusado várias vezes de ser homofóbico, acusação que ele desmentiu em duas das entrevistas em que participou.[43][42]

Em um debate para a prefeitura de São Paulo, transmitido pela Rede Bandeirantes, Enéas foi criticado sobre sua afirmação de que Lula teria assinado uma campanha de combate a guerra às drogas. Em resposta, Enéas afirmou que um documento publicado pelo The New York Times mostra a assinatura de na campanha, cujo organizador principal é George Soros, citado por Enéas como o verdadeiro dono da privatização da Vale. Enéas, em crítica ao documento, definiu-se como sendo radicalmente contra a legalização das drogas, e afirmou que é absolutamente imperdoável que um homem público ponha sua assinatura nisto.[44]

Forças Armadas e ditadura militar

Na entrevista concedida ao jornal Tribuna da Imprensa, Enéas disse que defendia, no mínimo, triplicar o efetivo das forças armadas para ter um braço armado do povo.[45] Na mesma entrevista, ao ser perguntado se aumentar o efetivo das forças armadas não subjugaria o povo, disse que "o respeito às forças armadas foi uma tônica não só de nossa população como de todas as outras", e depois afirmou que "no curto período em que os generais governaram o país, com um governo muito ruim, agigantou o fosso que existia entre o Brasil e as potências do atual G-7", referindo-se à ditadura militar de 1964.

Enéas defendia a construção da bomba atômica. "Não para jogar em ninguém, mas para sermos respeitados". Enéas afirmou à IstoÉ que isso permitiria ao país "conversar em condições de igualdade" com as potências militares globais.[36]

Greve, parlamentarismo e pena de morte

Ao ser entrevistado no Roda Viva da TV Cultura, afirmou que "a greve é um direito inalienável do trabalhador [...] isto é uma coisa, outra coisa é viver da greve", ao receber uma afirmação que insinuava que o político era contra o ato.[46] Em outra entrevista, Enéas propôs uma greve geral por um dia, apelando a quem tem capacidade de organizá-la, como forma de alertar os dirigentes da nação.[47]

No programa Tribuna Independente, ao ser indagado se o comunismo seria a solução, afirmou: "Não, não é. A experiência histórica é o maior de todos os mestres" e que "o comunismo nem chegou a existir, o que existiu foi o socialismo, a fase pré-comunista".

Em uma entrevista dada ao Programa Delas, Enéas Carneiro criticou o parlamentarismo. "Eles são uma fileira enorme de medíocres lutando contra a liderança", afirmou o político, completando com a afirmação "eles são uma fila de mentecaptos, cada um esperando sua vez de chegar ao poder".[48]

O político também se pronunciou a respeito da pena de morte, dizendo:

Morte

Em 6 de maio de 2007, aos 68 anos, Enéas Carneiro faleceu em sua casa, vitimado pela leucemia mieloide aguda, após ter desistido do tratamento quimioterápico e abandonado o hospital onde era tratado, o Hospital Samaritano, por acreditar que seu tratamento não mais surtiria efeito. Seu corpo foi velado na manhã do dia 7 de maio no Memorial do Carmo (que fica no Cemitério São Francisco Xavier), e cremado, na tarde do mesmo dia, no crematório da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. O último pedido de Enéas foi que sua família jogasse suas cinzas na Baía de Guanabara.[2][50] Sua suplente na Câmara foi Luciana Castro de Almeida (PR, candidata pelo PRONA), que conseguira apenas 3 980 votos na eleição de 2006.[51]

Enéas foi homenageado em uma passeata contra o aborto, em Brasília, no dia 8 de maio de 2007. Segundo o Partido da República, o político era um dos organizadores do evento.[52]

Atualmente, um projeto de lei visa incluí-lo como herói da pátria e colocar seu nome no "Livro de Aço" do Panteão da Pátria.[53]

Livros

  • O Eletrocardiograma (1977)
  • O Eletrocardiograma - 10 Anos Depois (1987) - Reedição comemorativa
  • Um Grande Projeto Nacional (1994) - Livro lançado pelo PRONA para a campanha presidencial de 1994
  • O Brasil em Perigo (1996)
  • Um Grande Projeto Nacional (1998) - Livro lançado pelo PRONA para a campanha presidencial de 1998

Ver também

Wikiquote
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Referências

  1. [1]
  2. a b c d e f g h i «Morre o deputado federal Enéas Carneiro». Portal G1. 6 de maio de 2007. Consultado em 6 de maio de 2007 
  3. Biografia (1 de fevereiro de 2003). «Conheça os Deputados». Câmara dos Deputados 
  4. a b c d e f g h i Agência Câmara (6 de maio de 2007). «Saiba mais sobre a vida de Enéas». Consultado em 11 de março de 2017 
  5. a b c d e f g h i Brasil perde Dr. Enéas Carneiro
  6. a b Fellet, João (7 de agosto de 2017). «O retorno de Enéas, ícone da extrema-direita e 'herói' de Bolsonaro». BBC Brasil. Consultado em 1 de junho de 2019 
  7. a b c Lopes, Guilherme Esteves Galvão (2016). «ENÉAS CARNEIRO E O PRONA: NACIONALISMO E CONSERVADORISMO NO BRASIL PÓS-DITADURA MILITAR». Dia-Logos: Revista dos alunos de Pós-graduação em História. 10 (2) 
  8. a b Ryff, Luiz Antonio (21 de julho de 1998). «Campeão da rejeição, Enéas prega moralidade». Folha de S.Paulo. Consultado em 10 de abril de 2019 
  9. a b Correa Lima, Natasha (28 de abril de 2017). «Nacionalista, Enéas Carneiro fez história com bordão e apenas 15 segundos na TV». Acervo, jornal O Globo. O Globo. Consultado em 10 de abril de 2019. A retórica conservadora de Enéas, que o acompanhou até o fim da vida, trazia similaridades com as ideologias autoritárias da Europa nos anos 1930 (...) e, hoje, encontra espaço na fala de líderes ultraconservadores, como a francesa Marine Le Pen, que disputa o segundo turno nas eleições presidenciais na França. 
  10. «Folha Online - Brasil - Prona e PL se unem e criam o Partido da República - 26/10/2006». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 19 de março de 2017 
  11. a b Entrevista Dr. Enéas - Programa Questão de Ordem - 1994
  12. a b Com 1,35 mi de votos, quase bate recorde para deputado federal[ligação inativa]
  13. a b «Um Grande Projeto Nacional (1998) - Enéas Carneiro - Alta resolução». Scribd (em inglês). Consultado em 19 de fevereiro de 2017 
  14. Dr. Enéas - Tribuna Independente - 1997 - Rede Vida
  15. «Entrevista - Revista Isto é». 12 de março de 2007. Consultado em 22 de março de 2017 
  16. «e a extrema-direita que quer aparecer». Portal Fórum. 28 de julho de 2015. Consultado em 19 de março de 2017 
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